A relva era macia ao toque de suas mãos, leve ao sabor do vento, e concentrava a maior parte dos raios solares, que serpenteavam aquela doce criatura, adorando-a ao criar uma luminosidade única, raramente vista, ainda mais aos parcos olhos humanos, o seu mero vislumbre incapacitava o observador secreto, pelo menos em parte. Em Gotham, em Metrópolis, ou na torre ele podia ser uma sombra, a personificação viva da morte, fosse um corvo, ou como o medo chamava-se morcego, ali e apenas ali, o temido cavaleiro desnudou a alma, parte Bruce parte soldado inabalável, essa podia ser a mente de seu amante, a palavra por muito tempo após a sua ressurreição ainda era amarga, fosse pela culpa de sua morte, fosse por suas visões adversas sobre justiça, o tempo era a cura, e esse era um sentimento que não podia ser replicado em muitos lugares sem que as defesas de seu namorado o afasta-se num decreto injusto, mas ele sabia esperar, ele sabia melhor.

Um meio sorriso surpreendeu-o, era como se cada músculo de seus lábios trabalhassem em sincronia com Clark, o último filho de Krypton, mas aqui nesta terra ele era apenas o filho de Martha e Jonathan, nada mais, era bom não se sentir tão cansado, tão avesso a humanidade, senti-la, ouvi-la erradicava seus bons sentimentos, havia tanto pra perdoar, e tanto pra aceitar.

— Não faça essa cara, meu filho. – E a voz angelical soou como sinos.

- Perdoe-me Mã-Martha! Senhora, é que o Clark se recusa a aceitar o meu pedido, e isso é péssimo pra liga.

Ele quase gargalhou, pro detetive mais famoso do mundo, devia doer ser vencido por um jornalista investigativo, e nascido em Smallville, isso o compeliu a ser ainda mais teimoso que o habitual. Ele amava demais aquele homem pra se sentir mal por suas ações, afinal foi Alfred quem mais sofreu com tantos morcegos com uma forte tendência ao - não. Desta vez ele gargalhou alto o suficiente para que até o senhor sentado na poltrona no batente da porta, e mais próximo de sua mãe, aos pés da escada a esquerda de Bruce, ouvisse com clareza. Ma usava um belo vestido florido, pareciam cerejeiras, presente de seu namorado, elegante demais pra sua cidade, mas era aniversário de Clark, uma concessão foi feita. Ela merecia se sentir uma rainha, seu Pa acabava de sair pra sentar-se próximo de Alfred.

Clark só queria o seu presente, por sugestão de Tim há duas semanas, era pra ele escolher, assim não haveriam erros, certo? Inegavelmente errado, tratando-se do gênio, pai do garoto, era bastante provável a reação efusiva, e a veia masoquista de Kal-El arrepiava-se imaginando as consequências de suas ações, Bruce era um amante como nenhum outro; Tim planejou tudo, era divertido jogar com o mestre, gracejando como uma piada. Obrigado, Tim, todas as saborosas tortas da Ma foram a melhor peça de troca, um mês abastecendo um apreciador de doces caseiros, Ma ficará extasiada por alimentar alguém que comia tanto quanto um Kryptoniano. E a desconfiança de Bruce, deliciosa pra não ser testada com certa frequência, os resultados nunca o decepcionavam.

Nem era tão doloroso quanto ao que ele teve que fazer para libertar Diana de Circe, com aquela música miserável e cruel – solidão, tendo os seus sentimentos tão expostos e destruídos por uma miríade de expectadores, e a visão de calor seria pouco para a atitude repulsiva da bruxa, imortal, mas não incapaz de sentir muita dor. Lembre-se Kal-El, herói não assassino psicopata, chega de loucos, chega de realidades tristes, respire, isso, mais lentamente. Nenhuma lágrima, o homem de aço nem podia força-las, era como se o seu corpo de deus jamais se curva-se aos homens. E não iria.

Clark Joseph Kent.

Sinal ruim, sinal muito ruim, o nome completo, o horror de qualquer filho, e lá estava o seu pai tagarelando com o mordomo/pai de Bruce, sobre coisas tão misteriosas que nem Clark podia dizer o que os seus códigos queriam revelar, afinal ambos lutaram pela rainha, exatamente, a sua avó era inglesa, e Jon cresceu no mesmo bairro que Alfred. E entre eles segredos eram regra, inviolável, ainda mais guardando com tantas chaves e armadilhas, as de suas identidades secretas por tantos anos a fio, não menos esperado dos homens mais fortes e corajosos que ele conheceu.

— Desculpa, mãe.

— Isso Kal, seja um bom escoteiro e peça carros, ou uma ilha deserta, como Jason e Dick, qualquer outra coisa, meu amor. - Ele demandou, típico.

Jason só queria encontrar a ilha Paraíso, lar da Diana, ela era a sua heroína favorita, depois do Batman, assim como a maior parte de heróis e vilões, quem seria louco de negar aquilo?

Enquanto o namorado do capuz, Dick, tinha tudo o que queria, educação afortunada de Bruce, ter um carro como o batmovel era o que preencheria o seu sonho de infância, além do dia a dia do policial, nenhum malfeitor atravessaria o seu caminho, obstinado, e se não fosse por ele, talvez o Jason jamais fosse salvo da escuridão que ele viveu após a sua morte. Aquela era uma luta que ambos compartilhavam, haviam dias bons, e dias terríveis. E dias preenchidos com bats, os seus favoritos.

— Esqueça Bruce, foi tolice a minha querer isso, mas se não quer mesmo fazer, prometo que não vou força-lo, jamais. – E a arma secreta de todo bom Kryptoniano, o olhar de mil sois vermelhos.

Krypton latiu impressionado, sendo seguido por um rosnado de Ace.

Perfeito, mestre Kent. – O sarcasmo inglês, e a aprovação de seus pais aos seus métodos nada tradicionais. – senhor, não nos poupe do presente, até o jovem Damian regressará do mercado com os seus animais de estimação para apreciar o seu pai no seu melhor, e nas palavras do mesmo – inaceitável, Alfred, se Bruce é um cantor experiente, devo aprender a mesma habilidade, como Wayne e futuro Batman, nada pior que ser menos que o meu pai.

Bruce suspirou, Kal esperava ganhar o que exatamente com aquilo, com aquela cena forjada com a sua família? Ele era voto vencido, sempre foi, fosse as aulas de esgrima do pai, e as de piano da mãe, o de canto de Alfred foi o que o levou a ruína. E com a graça de um Wayne, ele venceria, custe o que custar, Clark era mais do que apenas um amante, ele era a sua família.

- E a Bela e a Fera será, pra alegria da nação. – E antes do fim da discussão de semanas. – Sem a liga ou vídeo-chamadas com o Allen ou com o Oliver, manteremos em segredo essa dissolução com a assinatura de todos os envolvidos na trama, no contrato fornecido por Lucius Fox, precauções com o Super-Homem e a sua lendária habilidade jornalística. Não é assim, Kal-El?

Nada menos esperado do bastão da justiça, preparado para tudo. Desta vez um sorriso genuíno, o sol melhorava o seu humor em manhãs que ele acabava recordando de tudo, de toda dor e fragilidade, que um homem como aquele jamais deveria sentir.

Ele estava extasiado, teria toda a sua família, sogro, pais, filhos e o Bruce para si. Não poderia haver nada mais grandioso pra um deus ou pra um mortal, que esses pequenos momentos. Porque sentimentos são...

The End

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.