Mais um dia de aula. Ou melhor, mais um ano. Eu iria repetir o 3º ano do Ensino Médio, pois não fazia nenhuma lição. Ficava todo o meu tempo live treinando Roller Derby, jogando minecraft e navegando na minha lenta internet.
Eu tinha meu próprio apartamento há quase um ano. Devido a alguns problemas com drogas, meus pais me expulsaram de casa, para que eu pudesse viver minha vida sozinha. Providenciaram um apartamento para mim e desde então eu pago o resto. Começei a trabalhar numa loja de roupas de uma perua, onde eu não tinha permissão para vestir meus inseparáveis jeans e camisetas de banda, eu era obrigada a vestir roupas que a loja vendia. Eu já pensara em me demitir, mas de lá saía meu dinheiro e seria difícil arranjar outro emprego.
Naquele dia, tudo ficou diferente na minha vida. Acordei às seis e meia da manhã com a ajuda de um despertador, tomei banho, vesti uma camiseta do Aerosmith, uma calça jeans, um sobretudo preto e meu all star de cano alto, peguei uma pera e saí de casa em direção à Palo Verde High School.
Ao chegar, como de costume, as lideres de torcida olharam pra mim com desgosto. Mostrei-lhes o dedo, joguei a minha pera comida numa delas e entrei no colégio.
Eu estava sem amigos. Minha melhor amiga Shay havia se formado, e eu ficara sozinha naquela estúpida escola pública de Las Vegas.
Sentada num banco, isolada, notei um garoto da minha idade sentado em outro banco no outro lado do pátio. Ele olhava para baixo, desanimado. Parecia que eu e ele éramos completamente invisíveis praquele bando de gente que passava no pátio, rindo com os amigos.
Atravessei o pátio empurrando todo mundo e ignorando os xingamentos e palavrões que os indivíduos empurrados por mim soltavam pelas suas bocas inúteis para a sociedade.
Sentei-me ao lado do garoto.

- Oi.

- Oi.

- Sou Billie.

O garoto olhou para mim, e vi seu rosto inteiro. Era lindo. Ele tinha olhos castanhos penetrantes, cabelos também castanhos e lábios carnudos.

- Brendon - ele estendeu a mão pra mim. Apertei.

- Hum... você é novo na escola?
- Não, estou aqui desde o 1º ano. - ele pareceu estranhar.
- É que eu sou repetente e nunca te vi por aqui.
- Você era do 3º A?
- Sim.
- Eu era do 2º B.

- Ah é. Você era do 2º ano.

- Você está em qual sala?
- 3º A, de novo.
- Legal, eu também.

O sinal tocou. Brendon se levantou do banco, me puxou pela mão pra eu levantar e fomos caminhando juntos até a sala de aula.
- Billie! Billie! Acorda! - era Brendon me sacudindo.
- Que foi? - perguntei, sonolenta.
- Você não conheceu o novo professor de inglês.
- Foda-se. Eu tô com sono.
- O que tem de tão bom em dormir na aula?
- É melhor isso do que ouvir esses professores caretas, que mais parecem Jigglypuffs.
- O que são Jigglypuffs?
- Pokemon. Jigglypuff é um Pokemon, Brendon. Um Pokemon que faz dormir.
- Ah tá. Hey, a aula já terminou, você já pode ir embora.
- GRAÇAS A GOKU! - exclamei, arrumando meu material. Eu já estava perto da porta da sala quando Brendon segurou meu braço.
- Ei, Billie.
- Que foooi? - perguntei, depois de revirar os olhos.
- Janta lá em casa?
- Ahn... ok.
Ele sorriu. Saímos da escola juntos, e uns 5 minutos depois já estavamos na casa dele. Brendon abriu a porta, penduramos nossos casacos num cabide e cumprimentamos Boyd, o pai de Brendon, que estava na sala assistindo um jogo de baseball. A mãe dele estava cozinhando.
- Oi mãe. - disse Brendon, beijando a bochecha da mãe.
- Oi Bren! Quem é ela? Sua namorada?
- Não, sra. Urie, somos só amigos.
- Sei. Não se preocupe querida, me chame de Grace.
- Ok.
Subimos as escadas e entramos no quarto de Brendon. Era legal. Assim como quase todos os quartos, havia uma cama, um criado-mudo, um armário e uma escrivaninha. Nas paredes, dois posteres do Blink-182 decoravam o quarto.
- Tô vendo que gosta de Blink.
- Eu adoro eles. - respondeu Brendon, sentando na cama. Sentei-me ao lado dele.
- E aí, o que quer fazer?
- Não sei.
- Hum, seus pais tem uma adega?
- Sim.
- Que tal irmos roubar umas garrafas?
- Ah não, isso não!
- Por que?
- Você já pode beber, mas eu não!
- Ah vai, deixa de frescura!
- Isso não é certo.
- Ok. Então eu vou sozinha.
- Espera! Vou com você. Um pouco de adrenalina faz bem de vez em quando não é? - sorrimos - A adega fica no porão. Vamos?
- Vamos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.