A pior parte nem foi cair o rio subterrâneo e quase morrer afogado ou ser despedaçado nas rochas, mas sim ser empurrado encosta abaixo por aquele que era considerado o seu melhor amigo.

Hiro lutava para ser manter na superfície do rio, mas a correnteza continuava a puxa-lo para baixo. Enquanto lutava para sobreviver ele tentava entender o que ele fez de errado para acabar dessa maneira.

Tudo começou quando o seu melhor amigo Eduard, um paladino o chamou para uma Dungeon recém descoberta no centro da Floresta Lua Prateada. Embora ele tenha estranhado que um paladino de terceira classe tenha chamado um espadachim de quinta classe para uma Dungeon praticamente inexplorada, Hiro aceitou sem nem duvidar das intenções de Eduard.

— Não tem problema eu chamar mais alguns amigos? — perguntou Eduard.

— Quanto mais gente melhor! — Hiro passava seu ar descontraído de sempre como se nada o preocupasse.

Seguindo por uma pequena trilha no meio da floresta, eles finalmente chegaram na entrada da Dungeon onde os companheiros do paladino os esperavam. Entretanto, alguma coisa naqueles caras encapuzados despertou o senso de perigo do espadachim.

Ninguém sabe exatamente como uma Dungeon é criada, ela simplesmente surge onde tem uma grande concentração de éter. O único fator confirmado é que elas são labirintos que geram monstros e quando os monstros ficam sem alimentos, tendem a explorar os arredores das masmorras transformando o lugar em um deserto estéril. Embora elas não possuem portas separando os andares os monstros tendem a ficar em seus respectivos territórios, somente monstros de elite tendem a perambular entre andares devorando os mais fracos.

A Dungeon surgiu a apenas uma semana por isso a única coisa que indicava a sua localização era um pequeno posto de guarda para evitar que aventureiros despreparados procurem a morte, ou, os monstros que a habitam saiam para a superfície.

— Vocês tem a permissão? — perguntou o soldado encarregado.

— Sim! Está aqui — disse Ed como Hiro o chamava, tirando um cartão do tamanho de uma identidade da sua bolsa.

— Um paladino de rank C hein! Sou só um soldado de classe 5 — disse o soldado devolvendo o cartão.

— Esquenta não, meu amigo aqui também é do rank E — Por algum motivo Hiro sentiu que Ed queria enfatizar essa parte.

— Vocês podem passar, mas lembre-se, nós mapeamos até o quinto nível, depois disso, só vai depender de vocês para acharem o caminho de volta — advertiu o guarda antes de abrir o caminho.

A entrada da Dungeon se resumia em um buraco no chão com três metros de largura por cinco metros de comprimento. A passagem descia por uns 15 metros em um ângulo de 45 graus o que forçou os primeiros exploradores a construírem uma escadaria rudimentar.

Nesse momento, o grupo estava prestes a adentrar no primeiro andar. A passagem de cinco metros de altura se ampliou para uma gruta de 20 metros com musgos fluorescentes que pareciam ter sidos colocados sistematicamente. Entretanto, não havia sinal algum de monstros, a sala estava completamente vazia.

— Será que alguém veio aqui antes? — perguntou Hiro.

— Não, se fosse assim não teria deixado a gente entrar — respondeu Ed.

Eles seguiram até o outro lado onde havia uma passagem retangular. A medida que avançavam pela passagem estreita começaram a ouvir sons de mastigação.

Ed começou a fazer sinais para que eles ficassem próximos a parede e seguissem em silencio. Hiro, então se abaixou e olhou a origem do som e o que ele viu gelou até o ultimo fio de cabelo do seu corpo.

Lá estava a maior massa de carne que ele já viu na vida. A primeira vista parecia uma massa de carne de disforme, mas assim que ela se mexeu revelou seus braços musculosos que pareciam troncos de arvores, uma pança imensa, uma cabeça pequena em relação ao corpo imenso de muitas maneiras com suas orelhas pontudas, mas o que mais o assustava era as presas de hipopótamo ensanguentadas que saiam de sua boca.

— Aquilo é um ogro? — perguntou Ed.

— Hei Ed, quais eram os monstros do primeiro andar mesmo? — perguntou Hiro ainda encarando o ogro.

— Goblins, por que? — respondeu Eduard sem desviar o olhar.

— Acho que sei o que aconteceu com eles — Hiro apontou para a pilha de restos atrás do ogro —, ele devorou todos os monstros do andar.

— Isso é impossível! — disse Ed surpreso.

— Não se for um monstro elite que veio dos andares inferiores — A suposição de Hiro deveria estar certa porque assim que ele falou o monstro se levantou com suas pernas tão grossas quanto seus braços.

— Se ele for lá pra cima vai ser um massacre, temos que mata-lo — disse Ed com um olhar feroz.

— Como? — perguntou Hiro incomodado com o fato dos supostos amigos de Ed estarem em silencio até agora, e para piorar ele ainda tinha a sensação de que esses dois estavam tramando alguma coisa.

— Mesmo sendo elite ainda continua sendo burro que nem uma porta, meu escudo deve aguentar um ou dois ataques dele, nesse momento você ataca! — Ed nem deu tempo para Hiro refutar essa ideia e já estava de pé na frente do monstro.

— Hei, seu feioso! — gritou ele.

— HOHOHO! Mais..., comida..., HOHOHO! — disse o monstro pegando sua clava/árvore.

O monstro não usou o tronco como uma clava como todos esperavam, mas sim como um dardo gigante. Ele simplesmente apontou a parte mais fina para Ed e arremessou como se não fosse nada.

Ed não teve outra escolha a não ser desviar e viu em primeira mão como o ogro matava suas vítimas. A ponta do tronco estava vermelha de sangue seco e tinha pedaços de vísceras em decomposição presos nos galhos toscamente quebrados.

Entretanto, assim que tronco passou por ele a sombra do ogro já estava sobre o paladino pronto para esmaga-lo com seus punhos enormes, mas Ed tinha plena confiança em sua esquiva. Com um salto pra traz o paladino saiu do alcance dos punhos do monstro.

— HO? — O Ogro encarou o chão esmagado imaginando para onde a sua comida havia ido.

Porém, assim que ele avistou Ed alguns metros à frente, o Ogro investiu com uma velocidade absurda mal dando tempo do paladino preparar a sua defesa. O seu soco foi tão forte que fez o paladino deslizar alguns centímetros para traz, mas Ed manteve a posição.

— Hiro, agora! — gritou ele fazendo um X com os braços sob o escudo deformado.

Hiro sacou suas lâminas e foi em direção ao braço estendido do monstro. Com um flash resplandecente, as espadas fizeram um amplo arco cortando fora o antebraço do ogro que rugia de dor.

— Comida má! Eu esmagar comida má! — chorou o ogro.

Naquele momento seus olhos se iluminaram enquanto uma aura avermelhada evolvia o seu corpo imenso.

— Ed, cuidado! — Hiro mal teve tempo de avisar o seu amigo que mesmo broqueando com seu escudo saiu voando.

— Quem diria que ele teria um modo berserker — Resmungou Ed estirado no chão.

— É hora de acabar com isso! — disse Hiro vendo o monstro partir para cima de seu amigo novamente.

— Snow time! — Uma habilidade dos espadachins de alto nível que é capaz de reduzir o tempo para o espadachim o permitindo fazer vários ataques em poucos segundos.

— Assassin instinct! — Essa habilidade mostra o ponto fraco dos inimigos e somente mestres espadachins conseguem usar esta técnica.

Usando essas duas habilidades Hiro foi capaz de se mover a uma velocidade absurda. Tanto Ed quanto os outros dois integrantes do grupo mal conseguiram ver a trajetória de suas lâminas enquanto a cabeça do ogro saia voando pelos ares.

— você está bem? — perguntou Hiro estendo a mão para Ed.

— sim! Estou! — respondeu Ed aceitando a ajuda de Hiro —, agora vamos para o próximo nível!

Alguns minutos depois, eles seguiram para o próximo andar. Era como Hiro havia dito o ogro veio devorando tudo em seu caminho, não havia sinal de monstros de nenhum tipo até o quinto andar.

— Vamos fazer um acampamento aqui, aquele ogro me drenou por completo — Ed tirou a mochila de suas costas e a jogou no chão.

— Por mim tudo bem! — respondeu Hiro.

Os outros dois não falaram nada e simplesmente jogaram suas mochilas no chão e começaram a juntar predas para a fogueira. Ed por sua vez mandou Hiro ir procurar lenha.

­ — Cara, onde vou achar lenha debaixo da terra? — Hiro perguntou enquanto coçava a sua cabeça.

— Tem uma floresta subterrânea a algumas centenas de metros masmorra abaixo, é por isso que eles ainda não acharam a passagem para o próximo andar — explicou Ed.

— E quanto aos monstros?

— Aqui só há animais selvagens, até os monstros precisam se alimentar, provavelmente existe um acesso ligando cada um dos primeiros andares aqui onde os monstros transitam livremente, mas graças ao nosso amigo ogro não há nenhum monstro aqui por enquanto — Com essa palestra sobre o funcionamento de uma dungeon Hiro foi para a floresta voltando alguns minutos depois com vários gravetos.

A fogueira os mantinha aquecidos enquanto comiam as provisões de Ed. Embora a comida estivesse boa Hiro ainda não conseguia relaxar perto daqueles dois encapuzados, quando.

— Hei, Hiro, o que você quer fazer no futuro? — perguntou Ed, cutucando a cinzas com um graveto.

— Você já sabe a resposta — respondeu Hiro olhando as incontáveis pedras luminosas que pareciam estrelas no topo da Dungeon.

— Você quer explorar todos os lugares e desvendar todos os segredos desse mundo — Ed soltou um suspiro —, e quanto a ...,

— Cara! Você já sabe como eu me sinto, por que fica voltando nesse assunto?

Hiro era obcecado com a ideia de explorar todos os lugares desse mundo de fantasia mesmo que isso ferisse as pessoas mais próximas a ele sofrerem, mas quem poderia culpa-lo?

Na terra ele era conhecido como Koji Kiama. Por causa de uma doença rara ele passou praticamente a sua vida inteira no hospital. A cada ano que passava seu corpo enfraquecia e a doença ficava cada vez mais forte, por 11 anos ele lutou com todas as suas forças. Porém, o seu corpo não aguentou mais duas semanas depois do meu decimo sexto aniversário e quando ele reencarnou jurou que exploraria cada canto do mundo.

— Vou dar uma volta! — disse Hiro se levantando.

Quando Hiro saiu de vista, Eduard encarou as duas pessoas encapuzadas como se estivesse esperando permissão para fazer alguma coisa.

Hiro sentia que estava traindo o se melhor amigo, mas o que aconteceu na noite anterior o pegou de surpresa. De tudo o que poderia acontecer ter o seu primeiro beijo roubado daquele o deixou desnorteado.

— Por que ela tinha que me beijar justo agora? — se perguntava enquanto jogava pedras penhasco abaixo.

Hiro estava tão imerso em seus pensamentos que nem viu Ed chegar até ele se sentar ao seu lado.

— Você está bem? — pergunto Ed.

— To, só que — Ele queria contar para Ed, mas sabia que não deveria —, a escola começa no mês que vem.

— Não se preocupe, este veterano cuidará bem de você novato! — disse Ed enquanto dava um sorriso descolado.

— É mesmo? quem acabou se salvar a sua cara mesmo? — brincou Hiro.

Entretanto, Ed encarava o penhasco. Um olhar afiado e preciso.

— Tem alguma coisa ali! — disse ed.

— Onde? — Perguntou Hiro indo até a beira do precipício.

Nesse momento ele sentiu uma fisgada em suas costas que começaram a arder como se estivessem em chamas. Hiro se virou e encarou o seu melhor amigo.

— Ed, o que você fez? — perguntou ele tendo dificuldade para acreditar que seu melhor amigo o atacaria dessa maneira tão desleal ou melhor, o atacaria de maneira alguma.

— É bem obvio, esfaqueei você! — disse o paladino em tom zombeteiro.

— Por que? ­— preguntou Hiro tentando tirar a adaga de suas costas.

— Você ainda não sabe? — Ed tinha um olhar tão selvagem quanto as chamas de uma fogueira.

— Stella — Quando Hiro disse esse nome seu corpo gelou.

— Isso! Como ela pode escolher você? — Ed andava de um lado para outro —, o terceiro filho de um reles margrave e ainda por cima um espadachim com um rank E lixo. Enquanto eu, o filho de um renomado conde e um paladino rank C.

Hiro conseguiu alcançar a faca.

— E aquela cadela ainda ousou beijar você — nesse momento Hiro sentiu um calafrio sombrio percorrer a sua espinha —, mas quando ela for minha vou mostrar o seu devido lugar!

Nesse momento Hiro tirou a faca de suas costas e a arremessou na direção de Ed. Entretanto, a lâmina parou no ar e começou a emitir um brilho avermelhado.

— Você deveria ter mais cuidado paladino, se não, está adaga envenenada estaria em seu peito agora! — disse um dos caras encapuzados fazendo a adaga explodir com um estalar de dedos.

— Não se meta Ruby! — Ed se voltou para a mulher encapuzada.

Quando a visão de Hiro começou a turvar-se e seu corpo começou a ficar pesado. Por fim, Hiro caiu sobre seus joelhos mal conseguindo manter a consciência.

— Parece que nosso tempo está acabando! — disse Ed voltando a encarar o espadachim.

— Ela nunca ficará com você! — disse Hiro.

— Depois que eu ficar ao seu lado enquanto ela está de luto por você as coisas podem mudar, se não, posso toma-la quando quiser.

— Você! — disse Hiro tentando se levantar.

— Adeus amigo!

Ed colocou o pé em seu ombro e o empurrou penhasco abaixo. A última coisa que ele viu antes de cair na água foi o sorriso perverso Ed.

Bater na agua foi como dar de cara com um poste só que mil vezes mais forte. Hiro foi arrastado pela correnteza. A água deve ter ajudado ele a recuperar os sentidos, porque assim que ele afundou conseguiu pensar com mais clareza.

Ele emergiu, mas no mesmo instante a correnteza furiosa o puxava para baixo. Hiro lutava para ficar na superfície da água tempo o bastante para respirar, mas a dor em suas costas era uma luta por si só quando a primeira rocha o atingiu em cheio.

Assim que ele atingiu a rocha sentiu alguns de seus ossos se partindo e uma quantidade incrível de sangue sendo carregado pela corredeira. Então, veio a segunda, a terceira e assim por diante, mas mesmo depois de ter seu corpo praticamente todo quebrado ele ainda continuava lutando.

Quando ele pensou que o perigo havia passado, Hiro escutou um barulho logo a frente. A medida que era arrastado o barulho ficava cada vez mais auto, até que finalmente viu a queda d’água.

— Á merda! — disse tentando vencer a correnteza, mas já era tarde demais.

Hiro se viu engolido por milhares de litros de agua. A cachoeira deveria desaguar na parte mais profunda da Dungeon. Ele se viu em um tobogã mortal por vários minutos até que finalmente viu o fim da cachoeira.

— Vórtice de vento! — Um círculo magico verde surgiu em sua mão criando um pequeno tornado que ocasionalmente reduzia a sua velocidade, mas ainda foi uma bela pancada na água.

Ele se arrastou até a margem usando somente um braço já que o outro estava quebrado e dilacerado. Hiro sacou a única espada que sobreviveu e a usou para se levantar, mas assim que colocou seu peso sobre a sua perna direita urrou de dor.

— Merda! — disse vendo que seu pé direito estava virado em um ângulo estranho.

Como ele era um aventureiro sabia um pouco sobre primeiros socorros. E como o veneno estava ativo em seu organismo, o máximo que poderia fazer era retarda-lo com sua mana. Então, ele focou no mais importante, seu pé.

Hiro se arrastou pela margem até encontrar dois gravetos mais ou menos retos e de mesmo tamanho. Então, ele colocou seu pé entre duas pedras pesadas e torceu sua perna para o outro lado fazendo seu pé voltar ao lugar com um CRACK. A dor foi como levar uma segunda facada, mas o pé estava de volta ao lugar certo.

Hiro fez a tala usando os gravetos, sua correia e alguns xingamentos. Mesmo que ele soubesse magia de cura seu pé ia levar pelo menos uma semana para curar completamente, então, ele teve usar um galho como muletas.

Entretanto, mesmo retardando o veneno seu corpo ainda sentia os seus efeitos, mas o que mais o preocupava era os danos internos. Ele tinha certeza que uma costela havia perfurado um de seus pulmões já que ocasionalmente tossia sangue.

— Droga Ed! Como você pode? — disse para si mesmo tentando entender o que realmente havia acontecido.

Quando seu corpo finalmente começou a colapsar por causa do veneno e vários danos, ele avistou uma fissura enorme na parede da Dungeon.

— Vamos, você ainda não deu tudo de si, ela vai ficar triste se você se for! — disse ele para si mesmo na esperança de encontrar uma forma de sair dali, se não a única saída seria recomeçar tudo de novo.

A fissura não era bem uma fenda na Dungeon, mas sim um portão imenso fundido na rocha solida.

O portão era feito de obsidiana tão negra quanto uma noite de lua nova. Ele também tinha gravuras que emitiram um brilho rubro assim que Hiro as tocou.

Com um rangido, as imensas portas se abriram revelando a última coisa que Hiro esperava ver no fundo de uma Dungeon, uma sala do trono. Havia um corredor com estandartes e braseiros com fogo verde queimando de ambos os lados, e no final havia um trono no topo de alguns degraus.

Assim que Hiro entrou na sala sentiu uma energia sendo emitida do trono. Entretanto, não era o trono que emanava energia, mas sim a criatura que estava sentada nele.

— Quem ousa invadir os meus domínios! — A criatura tinha uma voz áspera e profunda, mas tinha alguma errada em seu tom.

— Sou ..., — Hiro não conseguia pronunciar som algum.

Ele caiu no chão enquanto linhas negras começaram a percorrer todo o seu corpo. O monstro encarou o garoto caído e então, fez um gesto com sua mão, no mesmo instante dois círculos mágicos negros surgiram nos braços de Hiro e o tiraram do chão, e com outro gesto do monstro os círculos trouxeram Hiro até ele.

— Parece que você enfrentou um assassino demoníaco — disse o monstro examinado o rosto do garoto.

— Como, como você sabe? — Hiro se forçou a falar.

— Esse veneno é uma especialidade do clã demoníaco, ele mata um demônio em uma hora e um humano saldável em dez minutos, mas vendo como ele se propaga em você, devo dizer que você bateu todas as expectativas usando sua mana como um retardam-te — Hiro ficou espantado de como o monstro descobriu a sua situação com apenas um olhar —, é uma pena, mas logo você morrerá.

— Já esperava por isso! — disse Hiro.

— Não tem medo da morte? — Perguntou o monstro.

— Todo mundo morre, isso é inevitável — Hiro estava conformado com isso já que ele morreu uma vez, mas ele ainda tinha uma carta na manga.

— Interessante! Você possui uma segunda vida neste mundo — Hiro não sabia se era por causa do veneno ou se seu corpo estava mesmo tremendo.

— Como? — perguntou ele.

— Meu olhar da penitencia pode revelar os segredos mais obscuros de uma pessoa e volta-los contra eles, mas você, não tem nenhum pecado, seu amigo por outro lado carrega muitos.

­— Você é um anjo? — perguntou Hiro vendo como o monstro viu dentro de seu coração.

— HAHAHA! Você é a primeira pessoa que me chama de anjo, talvez seja hora de desfazer essa ilusão — O monstro estalou os dedos e a sua ilusão de sombras de desfez.

Diante de Hiro estava um homem de cabelos vermelhos com uma pele tão pálida quanto gelo, mas o que chamou a atenção do garoto era os chifres negros nas extremidades de sua cabeça. Seus olhos eram outro ponto a ser destacado, eram vermelhos vendidos. Ele vestia uma armadura negra com adornos vermelhos, mas a armadura estava danificada em seu franco esquerdo revelando uma ferida horrenda.

— Como pode ver eu também estou morrendo — disse o demônio compadecendo do garoto.

— Você é o antigo rei demônio Deggial — Hiro se lembrou que dez anos atrás um general demoníaco desafiou o rei demônio e venceu —, mas falaram que você havia morrido.

— De fato esse ferimento é letal, mas encontrei uma linha de Lei nesta localização e usei feitiços antigos para retardar a minha morte, mas em uma semana irei finalmente morrer — Deggial parecia conformado com o seu destino assim como Hiro, mas então.

— Você quer fazer um pacto comigo? — disse o rei demônio caído.

— Você pode me curar? — perguntou Hiro.

— Não, mas posso te dar o conhecimento de um rei demônio. — Hiro sentiu uma corrente elétrica passar pelo seu corpo.

­— O que preciso fazer? — perguntou ele.

— Não posso passar meus poderes de uma vez isso iria sobrecarregar a sua alma, por isso quero volte neste mesmo dia quando você renascer e te contarei o que precisa fazer para cumprir a sua parte do pacto — Deggial não parecia estar mentindo, mas Hiro tinha uma péssima mania de se enganar.

— Eu aceito — disse ele sentindo que a sua vida já estava no fim.

— Então, vamos começar! — Deggial cravou sua mão no peito de Hiro e começou a transferir energia — desculpe, mas para isso funcionar preciso estar em contato direto com o seu coração.

WAAAAAAAAAAAAAAAAAH! — Linhas vermelhas começaram a espalhar pelo corpo do espadachim.

Hiro podia sentir o rei demônio marcando a sua alma, ele também podia sentir a sua mente sendo dilacerada, seu corpo estava sendo destruído de dentro para fora. A partir deste ponto ele perdeu o controle da mana e o veneno em seu corpo voltou a se espalhar ainda mais rápido fazendo Hiro cair sobre seus joelhos praticamente morto.

— Este é o meu último ato de misericórdia! — disse o demônio desferindo um golpe com sua espada.

Hiro se viu em pé sobre um piso que lembrava um tabuleiro de xadrez. A sua frente havia uma linda mulher de cabelos negros em uma túnica romana.

— Nos encontramos novamente Koji, ou melhor, Hiro — disse a mulher com um sorriso gentil.

— Faz somente quinze anos fortuna, mas é bom ver você de novo — respondeu Hiro.

— Vejo que você vai carregar algumas coisas para sua próxima vida, mas cuidado, ou você domina o poder demoníaco ou ele domina você — advertiu a deusa.

— Sei que você é solitária, mas tenho certeza que tem alguém esperando uma audiência com você parar ver sua sorte na próxima vida.

— Sim! Você tem razão — a deusa estalou os dedos e uma roleta russa surgiu do nada —, como pode ver a vida extra não está mais disponível na roleta, então esta será a sua última reencarnação.

— Eu sei — respondeu Hiro —, agora vamos ver se a minha sorte não mudou.

Hiro agarrou a roleta e então, com toda a sua força impulsionou a roda. A roleta girava, girava e girava até que ela finalmente parou.

— Ara? Tenho que admitir você é bem sortudo — disse a deusa vendo o resultado da roleta.

— Eu, eu consegui afinidade com todas as magias — disse Hiro mal acreditando na cagada que fez.

— Agora, viva bem Rei Demônio — disse Fortuna se desfazendo como se fosse feita de nevoa.

— Hei! espera! O que você quis dizer com isso? ­— gritou Hiro antes de se desfazer em um milhão de partículas.

E assim começa a sua segunda vida em um mundo de fantasia, mas desta vez ele será um rei demônio.

私は異世界の魔王になりました

Watashi wa i sekai no maō ni narimashita