Wander e os Colossos

Capítulo 5 - Terra Amaldiçoada


No dia seguinte, Wander acorda, toma seu café, e segue para a morada de Mono, em plena manhã. Chamando-a, a jovem logo lhe abre a porta.

– Mono...

– Wander...

– Bem... daqui a pouco será o sacrifício, certo?

– Sim, logo me despedirei do povo.

– Então....... Vamos ao seu avô?

– Sim.

Chegando no castelo, procuram por Emon. Logo o encontram, tomando uma grande conversa.

– Olá, minha neta. Está preparada?

– Sim, avô.

– Lorde Emon, tem certeza que quer fazer isso? Você não conseguiria tirá-la dessa maldição?

– Wander, meu jovem, a maldição é o que percorre em nossas essências, ela foi a escolhida, eu não quero. Mas se ela mesma disse, então precisa ser feito. Tente entender que as divindades completamente nos controlam à base de escolhas, Mono foi escolhida pelas divindades, o que reverte a representação de um oráculo é sua impureza, as pessoas puras são as mais queridas, elas são as mais consequentes. Apenas eu conheço Dormin realmente, e a maldição dele ainda vive, revoga a fé e nosso laço ao divino.

– Tento entender, mas meu laço com Mono é real, não consigo. Afinal, o que é a maldição?

– A maldição? Não posso dizer, sinto muito. Apenas digo-lhe, aceite seu destino, não pensando apenas em si, mas os que cercam seu círculo de vida, jovem.

– .....

– Avô, vamos?

– Vamos!

Emon convoca os moradores para o centro da vila, começando seu diálogo, com Wander, Mono, e os sacerdotes, em alto e bom tom.

– Neste momento, convoco vocês para a declaração de um destino. Nosso oráculo, também minha neta, deverá, mesmo para minha tristeza, ser sacrificada.

– AAANH!!! POR QUE? - o povo passa a se espantar.

– O destino não é você quem escolhe, é ele quem escolhe você, e apenas devemos respeitá-lo, e isso os oráculos entendem perfeitamente. Mono é nosso último oráculo, ela será sacrificada por possuir o destino pecaminoso e destruidor para nós. Que causaria um grande impacto contra nós e às divindades.

– Por que? O que é esse destino? - dizem o povo.

– Dormin! É o dono desse destino! Não da... - interrompendo-o.

– Então é você quem guardou a Espada Ancestral por todos esses anos? Possuindo a sabedoria sobre Dormin?

– Quem é você? - diz Emon.

– Afinal, o que está acontecendo aqui? - dizem alguns aldeões.

– Nada! Prossiga, Lorde Emon! - logo esse misterioso ente vai embora.

– Guar... - interrompido por Mono - Prossiga, avô!

– Tudo bem! - em baixa voz, voltando- Pelo mostrado à nós através da bondade das divindades, nos foi revelado que a entidade Dormin usaria Mono. Dormin é uma entidade que fora selada a muitos anos, por possuir seu poder e forma pecaminosa e ofensiva às divindades. Seja para onde o destino lhe levar, aceite-o. E com isso, encerramos!

– Logo, uma atitude "estranha" ocorre com o povo, boa parte dos aldeões pegam flores e dão à Mono, abraçando-a!

– Fique sabendo, que mesmo nós não a conhecermos exatamente, você estará em nossos corações, assim como os oráculos passados! - dizem os aldeões.

A jovem segura as flores dadas, e olhando-as, parece fazer uma expressão melancólica, quando as lágrimas começam a escorrer.
Por que está chorando, minha neta?

– Vocês... vocês simplesmente não me conhecem... como podem dizer isso?

– Mono, nós não precisamos conhecê-la, apenas precisamos ver que você estará em paz, e não nos importa se não haverá mais oráculos, você será libertada. Afinal, o que seria de nós sem o respeito e a bondade?
Emon e Wander parecem não entender as atitudes dos aldeões, muito menos o que disseram. Mas acharam uma ótima atitude à quem será sacrificado.

Agora quem abraça é Mono, abraçando cada aldeão, e lhes agradecendo, ainda chorando.

Logo, os aldeões voltam para suas moradas e afazeres.

Wander, Mono, Emon e os sacerdotes vão ao Templo de Destino, para realizarem o sacrifício. Chegando, eles pegam objetos que influenciam a conexão com o divino. Nesse momento, Wander está completamente com ódio, com lágrimas escorrendo de seus olhos, silenciosamente. Ao começar o ritual de sacrifício, Emon dita algumas palavras:

– Quaeso, dii corpus tueri sua caritate de maledicto et benedicat nobis. - Emon empunha uma espada, apontando ao peito de Mono - chorando - Desculpe, minha neta, mas é preciso, para todo o bem - perfurando-a... A jovem grita de dor, Wander não aguenta, gritando e chorando, corre ao corpo de Mono, sangrando.

– Mono... - escorrendo suas lágrimas melacólicas.

– Wan.... der - Mono conseguindo dizer suas últimas palavras - Obrigado!

– Vamos, deixe-o só, logo voltamos e pegamos o corpo de Mono. Ele precisa! - Emon e os sacerdotes saem do Templo de Destino, com faces tristes, e Emon ainda chorando.

Após alguns minutos segurando o corpo de Mono, ainda chorando e não conseguindo se conformar com o sacrifício, Wander lembra das palavras sobre Emon ao desconhecido Dormin.

– Ainda... posso trazer... sua alma de volta. E eu o farei, nem que para isso... seja preciso me desfazer da vida, Mono!

O jovem limpa o sangue, pegando um manto e cobrindo o corpo. Seguindo para o Campo Iluminado, o cemitério. Cavando, ele coloca o corpo. Seguindo então para sua casa.

Após uma hora, Emon volta ao templo, e não vendo Wander e o corpo de Mono, ele se desespera e vai à morada de Wander... clamando seu nome. O jovem abre a porta.

– Wander! Cadê o corpo de Mono?

– Eu já o enterrei, e como pode ter visto, já limpei todo o sangue derramado!

– Pode me mostrar onde o enterrou?

– Sim!

O jovem o leva até a sepultura de Mono, onde deixara uma flor, para simbolizar sua proteção e seu amor.

– Aqui!

– Hmm... obrigado! Não por isso, mas por ter protegido-a por todo esse tempo, você é um jovem corajoso! Obrigado novamente! - se despedindo do jovem, seguindo para seu castelo.

– ..... - Wander apenas observando a sepultura.

Voltando para casa, o que lhe resta é pensar até o fim do dia.
No dia seguinte, ele acorda bem cedo, e deixa um recado para seu pai, Rednaw, que ainda estava a dormir, seguindo para o castelo de Emon. Agora, ele precisa usar o que aprendeu na caça: confiança e precisão. Ao estar chegando no castelo, ele resolve ir ao estábulo, mas ao chegar lá, apenas se depara com Agro, os outros cavalos não estavam lá. Três dos cinco sacerdotes aparecem.

– Do que precisa uma hora dessas, jovem?

– Onde está Lorde Emon?

– Ele saiu em uma missão urgente, prevemos que ele não volte tão cedo. E deixou o castelo sob nossa responsabilidade.

– Hmm... obrigado!

Os sacerdotes continuam, e Wander volta, entrando no castelo. Ao entrar, aproveitando a solidão do castelo, segue para o cômodo primordial do castelo. Chegando lá, se encontra com a mesma pessoa que havia interrompido o discurso de Emon, estava segurando uma espada, no qual Wander fora atrás.

– É disso de que precisa?

– Sim!

– Faça bom proveito! - dando a espada nas mãos do jovem.

– ... Obrigado!

Com pressa, não pensou em saber do que se trata aquela pessoa, seguindo ao estábulo. Buscando Agro, seguindo ao Campo Iluminado. Chegando, desenterra o corpo de Mono rapidamente, tirando sua areia da roupa, e do manto que usara para cobrí-la, monta em Agro com o corpo e segue ao sul.

Passando-se um dia em sua missão, atravessando por vários lugares, pantanal, ruína, ravina, florestas, por vários climas e ao longo da luz da lua. Após este longo e cansativo dia, Wander chega a um local com pilastras, matos, blocos com símbolos, e uma grande muralha com uma fenda no meio, por onde o jovem passa observando as estruturas.

– Então... é aqui!

Ao passar, ele se depara com um longo terreno inabitado, vazio e silencioso, apenas o ouvir do vento. Pisando numa ponte, que se extende até um castelo à muitos metros de distância, um pouco mais a andar, ao estar chegando na metade da ponte, nota-se que ela é marcada com quatro símbolos iguais, que a percorrem por inteira. Chegando no final, terminando em dois caminhos aparentes, um à esquerda, que o leva à uma elevação, e à sua frente, uma porta se abre, adentrando então o castelo imediatamente. Ao adentrar e ainda se surpreendendo com a beleza do silencioso lugar, desce a rampa, que o leva até uma poça d'água. Assim, chegando numa grande sala com vinte e quatro estátuas, um grande buraco no teto, e mais à frente, um altar. Ele chega perto do altar, descendo de Agro com o corpo, tirando seu manto e colocando-o no altar, deitado. Ao colocá-la e observar por um breve tempo, cinco silhuetas com forma humana negra saem do chão, o jovem estende a espada na direção das silhuetas e uma luz é emitida, as silhuetas desaparecem no ar. Logo, uma forte luz é emitida pelo buraco, ouvindo-se então uma voz, na verdade duas, uma feminina e outra masculina, mas seguindo as mesmas palavras.

– Hmm? Tu possuis a Espada Ancestral? Então, tu és mortal...

– É você, Dormin? Soube que você é capaz de restaurar a alma dos mortos.

– Tu estás correto. Nós somos aqueles conhecidos como Dormin.

– Ela foi sacrificada por possuir um destino amaldiçoado. Eu preciso de você para trazer a alma dela de volta.

– A alma desta donzela? Almas uma vez perdidas não podem ser recuperadas. Não é essa a lei dos mortais?

Wander olha para baixo.

– Com essa Espada portanto... Não é impossível.

– Sério?

– Sim, se tu conseguires cumprir o que Nós pedirmos.

– O que preciso fazer?

– Contemple os ídolos que estão ao longo destas paredes... Tu terás que destruí-los. Mas esses ídolos não podem ser destruídos pelas mãos de um mortal.

– O que devo fazer então?

– Nestas terras, existem colossos que são encarnações desses ídolos. Se tu derrotares esses colossos, os ídolos cairão.

– Entendo...

– Mas preste atenção. O preço que tu pagarás será, de fato, grande...

– Eu não me importo! disse Wander, interrompendo Dormin, que se cala por um momento.

– Muito bem... Levante sua espada para a luz... E vá para o local onde os feixes de luz da Espada se encontram... Então, tu deverás encontrar o colosso que terás que derrotar. Agora, siga seu caminho.

Wander foi até as escadas do templo, onde o solo já era os da Terra Amaldiçoada. Lá, ele levantou sua espada, e vários feixes de luz surgiram, que se juntavam ou se separavam a medida que Wander se mexia. Os raios então, se juntaram em uma pequena montanha na mesma direção da entrada do castelo.

Partindo então, ao seu destino.