Capítulo 30 – O Adeus.

Narração: Edward Cullen.

Não, eu não podia suportar aquilo. Havia momentos em que não queria nem mesmo cruzar o olhar com o seu. O terror e o medo eram mais devastadores do que o amor que tinha por ela… por nós. Sentir que tudo poderia não durar além daquele próximo dia que tínhamos me tornava amargo.

Eu cumpriria a promessa de que voltaria? Aliás, podia prometer isso a Isabella? Mesmo que pudesse, como saberia? Tudo é incerteza. Certeza naquele instante era apenas a angústia e dor que cada um de nós carregava. Um fardo pesando toneladas em nossas costas, nos empurrando para baixo. Mais e mais. Não queria que ninguém chegasse ao chão, principalmente Bella.

Era irônico, e nada mais que isso.

A forasteira que invade minha vida e conta-me sua história triste sobre seu irmão que vai para a guerra pra um dia morrer, e acabar com todo o amor e apoio que havia em sua vida. Então, com o estrago feito de danos irreparáveis, ela encontra uma nova forma de amar. Me amar. Amar o cara mais idiota que ela podia encontrar.

Então, ela se reinventa, supera e dividi o amor que estava contido. Começa a aprender a viver para que, um dia, quando tudo estivesse bem e em seu lugar, o mundo começasse a ruir novamente da mesma forma: Um amor, uma convocação, uma guerra, uma separação e um adeus. Da mesma forma de antes, o amor de Bella se recolhia para dormir.

Podíamos resistir a isso? Penso que teríamos que ser muito fortes.

Não quis lhe contar quando chegamos em casa que na manhã seguinte teria que ir a base da Península Olimpyc cortar os cabelos. O maldito General Churchill tinha feito tudo as pressas, e até os mais devotados soldados não gostaram de ter apenas dois dias até partirem. Primeiro iríamos à Califórnia, ficaríamos alguns dias na base e então partiríamos. Eu nem sequer sabia carregar uma arma, como poderia prestar serviço militar?

Durante o jantar Alice se esforçava para animar a todos, mas era difícil. Sentia que todos me davam como morto desde já. Bella me surpreendia, com uma animação e fé no futuro que não me pareciam em nada falsas.

“Estou aproveitando enquanto ainda tenho seu calor ao meu redor. Depois serão apenas suas lembranças até seu retorno.” Explicou-me ela durante a tarde na base. Não protestei.

Ficamos na sala até tarde conversando sobre as coisas mais bobas que poderiam existir, como um novo seriado musical sobre adolescentes que Alice estava viciada, ou um desenho que Emmet queria que eu deixasse ilustrar no Maserati. Meu irmão dizia que tinha feito pensando em mim. Todos só pensavam em mim naquele tempo.

Meu pai abraçava mamãe como se estivesse a mantendo em seu lugar. Alice perdia seu olhar em algum canto e o sorriso brincalhão morria por um segundo. Rosalie falava mais comigo do que o normal. Emm trocara suas famosas piadinhas infames por um papo sobre o que nos agradava e o que nos fazia feliz… coisas banais. Jasper estava mais recluso, as poucas palavras saiam engasgadas, porém toda vez que nos encontrávamos pelos corredores da casa ele me tocava ou abraçava. Bella… Bem, Bella era o que parecia ser o elo forte ali. Ela lutaria sempre… ou até eu partir.

“Vamos para a cabana antes de…” Ela engasgou. “Antes de você partir?”

“Eu espero que sim.” Me deitei ao seu lado na cama em seu quarto. “Você lembra-se de todas as implicâncias, brigas bobas e juras que trocamos?” A puxei em um abraço.

“Cada palavra dita.”

“Você nunca esquecerá?” Ela se virou para me olhar nos olhos, intrigada com minha pergunta – ao que parecia.

“Nós prometemos um milhão de vezes que sempre estaríamos juntos, que nunca nos separaríamos de novo. Que o amor será eterno e que jamais nos magoaríamos. E veja só, o que está acontecendo conosco agora? Justamente quando pensamos que estávamos mais fortes do que nunca!” Disse ela com frieza.

“O que você quer dizer exatamente com isso Bella? Não entendo seu ponto.” Admiti.

“Sempre e Nunca são duas palavras meramente ilustrativas, Edward. Pura poesia.” As palavras me socaram o peito.

Se era brega ou poesia, cafona ou romântico, não me importava! Fosse o diabo que fosse, sempre e nunca eram as palavras que chegavam o mais próximo para descrever o que sentia algumas vezes. E naquele instante senti que perdia Bella para a obscuridade de seus sentimentos.

“Você não está tendo fé!”

“Não? Ora, Edward! Onde nos encontramos agora? Onde eu me encontro? Novamente entre a vida e a morte de alguém que amo mais que minha própria vida. Quer que eu não reflita sobre tudo? Não pense nos bons e maus momentos que tivemos? Imagina como é difícil te olhar e ter que me lembrar… me fazer acreditar de que de alguma maneira você NUNCA irá me deixar?”

“Mas eu nunca irei te deixar! Nunca! Sempre vou estar ao seu lado! Esperando cada suspiro que você solta pela manhã quando não quer acordar ou suas teimosias infinitas! Sempre!”

“Sempre? Mesmo com sua morte?” Não soube o que dizer, ela cedia a dor, mortal e lentamente ela se entregava e perdia o único resquício de fé que existia.

“Então você é uma deles, não é? Está bem como minha família! Você nota como tem pena em seus olhos? Você nota que minha mãe só pensa em chorar? Você pode ver como meu pai está quieto e suportando o fato de ter que estar aqui para nos manter sãos e unidos, e ainda lutar pela vida de outras pessoas? Enxerga a ironia que roda a vida de Carlisle? Diariamente ele salva vidas e a do próprio filho não está em suas mãos! Você está tão descrente assim de que eu vá sobreviver naquela Guerra Bella? Já estou morto para você, assim como pareço estar para eles?”

Narração: Bella Swan.

A resposta ficou presa como farpas em minha garganta por dois segundos. Não acreditei que Edward me perguntava aquilo. Tudo que eu menos queria era pensar que ele morreria. Porém a forma que ele colocou as palavras diante de mim fez com que eu ficasse mais furiosa ainda com sua partida.

“Bem, você quer que eu pense o que quando já estive no mesmo lugar e sei como é o final da história?” Virei-me de costas. Não queria que enxergasse as lágrimas que estavam vindo. “Quer que eu finja que está tudo bem e que eu não tenho medo de te perder? Quer que eu diga: meu amor, fique tranqüilo, são apenas 5 meses? São 5 meses sem você!” As lágrimas começaram a rolar. “Vamos ser realistas aqui Edward… isso pode se tornar uma vida inteira sem você ao meu redor!”

“E por isso precisa agir como se eu já estivesse morto?! Que merda Bella! Você não pode ver o que vai acontecer amanhã!” Edward controlava sua voz para permanecer baixa. Ele não queria parecer furioso comigo. Podíamos fazer uma festa dentro daquele quarto que ninguém ouviria nem um resquício de som… gritos não seriam nada. Mesmo assim, não havia porque gritar.

“Escute, eu não estou agindo como se você estivesse morto, estou só…”

“Então por que está de costas para mim?” Respirei fundo e tentei controlar as lágrimas. “Por que não olha em meus olhos agora e me deixa ver que você ainda tem esperança e acredita em minhas promessas?”

“Porque sou fraca demais!”

“Você é forte!”

“Minhas lágrimas não dizem isso.” Me encolhi. Edward me virou para ele como se fosse uma bolinha de papel que pesava 10 gramas. Puxou meu rosto para cima e me forçou a fitá-lo.

“Suas lágrimas só dizem o quanto você está triste e quanto amor você está sufocando. Não que você é fraca! Bella, você é a pessoa mais forte que eu conheço! Mesmo com toda a dor e perda que você teve em sua vida, você ainda está aqui! Viva!” Suspirei e ele limpou as minhas lágrimas. “Tanto quanto você, eu não gosto dessa situação, mas a vida não é feita apenas do que gostamos, e para enfrentar isso tudo que nos desagrada, precisamos de apenas uma única coisa.”

“Que coisa?”

“Fé.”

(***)

Edward estava certo. Tinha que ter fé. Um bom tanto dela, para falar a verdade. Porém, se tornava tão difícil quando pensava que ele poderia ter o mesmo destino de meu irmão.

Lembro-me que quando Joshua partiu, eu tinha fé. Uma porção esmagadora de fé que foi alimentada até o dia em que recebi a notícia de sua morte. Nesse ponto tudo se perdeu. Não tinha fé nem se conseguiria respirar sozinha. Nada era Deus. Nada mais era divino.

O fato é que mesmo com Edward em minha vida e implorando para que naquele momento eu tivesse fé, não a encontrava dentro de mim. Há muito, muito tempo ela havia se partido em um milhão de pedacinhos que foram roubados de mim. Não sabia se chegaria a reavê-la algum dia. O máximo que conseguiria era tentar; tentar acreditar que ele voltaria vivo para mim.

Quando acordei, ele não estava ao meu lado e me senti desesperada com sua ausência. Será que havia dormido muito e ele já teria partido? Será que tudo que havia vivido tinha sido um sonho intenso, vivo e cheio de cores e sensações? Às vezes a mente nos engana…

Em um pulo me sentei na cama e espalhei os cabelos para longe de meus olhos. Chovia forte naquela manhã. No travesseiro ao lado do meu, um pequeno bilhete esperava para ser lido.

“Bom dia! Espero que quando voltar, seus olhos estejam secos e que seu sorriso esteja pronto para iluminar o meu mundo… inferno! Essa chuva está terrível.

Espere por mim, essa tarde seremos apenas eu e você!”

Te amo.

Ediota”

Edward sabia melhor que qualquer um como me deixar ansiosa. Fazia isso com maestria. Revirei os olhos e juntei o bilhete o guardando em meu diário. Ainda era cedo. Seria uma longa manhã.

Assim que terminei meu banho, desci para tomar um café. Preto, forte e sem açúcar. Esme parecia estar ainda naquele mesmo estado de choque. Quando entrei na cozinha ela estava sentada olhando pela janela e ali ficou. Talvez quisesse ficar sozinha, mas seu olhar era tão desesperado que tudo que ela mais precisava naquele momento era alguém para lhe ouvir.

“Bom dia Esme.” Disse, sentando-me a sua frente. Ela apenas sorriu. “Você está bem?” Nenhuma palavra novamente. Tomei um gole do café que chegou a queimar minha garganta e esperei que minha sogra falasse alguma coisa. Dois minutos – contados no relógio – haviam se passado e ela continuava em completo silêncio. Suspirei.

“Esme ficar assim só piora a situação.” Ela ergueu os olhos para mim. “Já estive nesse mesmo lugar em que nos encontramos hoje: com medo da perda, sentindo a saudade precoce, chorando e gritando por dentro. Porém isso não adianta em nada! Veja, nós temos menos que 24 horas com Edward até que ele parta. E até lá ele está aqui! E quando ele estiver lá, ele ainda estará aqui, Esme.” Minha madrinha respirou fundo e tentou sorrir.

“Eu não quero perder um de meus filhos.”

“Nem eu queria perder um irmão! Assim como não quero perder Edward… e não vamos perdê-lo!”

“Fala como se fosse fácil acreditar.” Bufou.

“E não é! Não estou dizendo que seja… ontem nós brigamos antes de dormir e sabe o que Edward sente Esme?” Ela negou com a cabeça. “Edward sente que todos nessa casa já o consideram morto. Nós já corremos um risco muito grande para não o aproveitarmos agora, está me entendendo?” Concordou comigo. “Minha fé Esme não existe desde que Deus levou a melhor pessoa que houve em minha vida. Não consigo restaurar isso, mas você… você é a mãe dele!”

“Bella, você já se sentiu assim antes! Isso é tudo tão novo e malditamente inesperado! Como não vou pensar que vou perder Edward se apenas de olhá-lo lembro-me de Joshua? Você sabe como é sentir essa derrota.”

“Sabe quando parei de crer que Joshua voltaria vivo? Quando fui derrotada por toda essa dor?” Esme deu de ombros. “No dia em que me informaram que ele havia morrido e até aquele instante, nunca antes, em nenhum único momento, eu hesitei sobre poder abraçá-lo novamente.”

“Você diz que não tem fé, mas veja isso que diz…” Esme disse apática.

“Eu posso acreditar. Posso sonhar… não posso ter fé. Não consigo.” Ela sorriu um pouco mais contente. “Vamos fazer um trato?”

“Trato?”

“É simples: eu quero que quando seu filho passar por aquela porta daqui a pouco, você corra até ele, o abrace e diga o quanto o ama e que, para você, ele sempre estará aqui.”

“Obrigada menina.” Agradeceu singelamente. “Agora me fale, o que ganha com esse trato?”

“Eu? Nada. Quem ganha é Edward. Força, coragem e paixão para lutar. Não somos nós que temos de ser fortes, cabe a nós fazê-lo invencível.”

(***)

Não me mexi do sofá quando Edward chegou. Tremia incessantemente, tentava ser forte, mas aquele gesto involuntário dizia que em breve eu já não agüentaria.

Esme correu até ele e pude ouvir o choro que ela segurava há dias estourar no abraço que trocaram. Tudo acontecia tão rápido que nem mesmo nossa cabeça conseguia acompanhar, quem dirá nossos sentimentos. Escutei um Edward falando macio e doce como costumava fazer ao tentar nos acalmar. Por um momento quis gravar aquele som que era ele.

Fechei meus olhos e concentrei-me nas palavras suaves que ecoavam pela casa. Fixando suas notas mentalmente para mais tarde ouví-las como uma canção de ninar.

“Bella.” Abri meus olhos com sua voz próxima de mim.

“Meu Deus!” Murmurei de queixo caído. Ele não sorriu, nem ficou ranzinza. Apático. Me aproximei e toquei as pontas dos cabelos, agora quase inexistentes em um corte estilo militar. Suspiramos juntos. Enfiei a mão por todos os lados tentando brincar com uma bagunça de fios que era só ilusão. Ele estava completamente diferente.

“Ah! Eu simplesmente amava sentir seus dedos brincando em minha cabeça!”

“O que estão fazendo com você, Edward? Isso é tão errado!”

(***)

Fiquei com o coração partido quando Edward e eu saímos de casa. Esme ficara na porta nos olhando partir. Tão frágil. Tão triste. Compartilhava dos mesmos medos que ela, mas sabia que aquele era o momento de tê-lo e não de sofrer pela ausência que logo seria concretizada. Parecia que estava a privando de estar com seu filho.

Esme garantiu que estava tudo bem passarmos a tarde juntos, apenas eu e ele. Ela sorriu e disse que faria um belo jantar onde todos estariam juntos naquela noite de despedida. Se tudo fosse como esperado, seriam cinco meses até ele voltar e se juntar a nós na mesa novamente. Todos aguardariam por ele.

A chuva era infinita em Forks naquele dia. Demoramos um pouco mais que o comum até chegar à cabana. E a cada centímetro mais perto de nosso refúgio, mais meu coração se apertava em batidas fortes e sofridas. A cada novo segundo era um segundo a menos com ele.

Corremos para dentro da cabana, tentando fugir do dilúvio que caía, mas não adiantou muito já que a quantidade de água era imensa. Levou menos de 30 segundos na chuva para ficarmos encharcados.

“Você tem alguma roupa aqui Bella? Tem que se secar logo… ficar quente! Sabe como sua imunidade é baixa.” Disse para mim assim que entramos.

“Acho que tenho alguma coisa… e não se preocupe comigo! Você quem precisa disso! Já imaginou como vou ficar preocupada pensando que está com um resfriado no meio do deserto?” Ele riu sem animo.

“Bella… vem aqui.” Puxou-me pelas mãos nos deixando próximos. “Não precisa brincar com isso. Sei que ninguém está feliz, principalmente você. Ontem à noite não quis ser rude com o que te disse, me desculpe?” Falava olhando dentro de meus olhos. Sincero como sempre. Antes de responder tirei sua camiseta e joguei no chão.

“Não estou brincando.” Tirei minha blusa de linha molhada. “Mas veja, enquanto você está aqui, o que posso fazer a não ser isso? Estou tentando aproveitar todas as suas risadas, suspiros, beijos e abraços! Não posso me deixar esquecer. Como vou ouvir sua risada se você não ri?”

“Como você consegue estar tão certa?” Encolhi os ombros com se dissesse que não sabia. Tirei o jeans que congelava e grudava em minhas pernas.

“Acho que tenho um bom parceiro… sabe? Ele me ajuda bastante em ver as coisas mais claras.” Virei-me de costas para ele e apontei o fecho do sutiã. “Abre?”

“O que você está fazendo Bella?” Hesitou.

“Me despindo. Não é óbvio?” Falei por cima do ombro. Não respondeu. “Edward, porque me trouxe aqui?”

“Para ficarmos juntos, mas isso não significa que vamos fazer… isso!”

“ISSO? Amor, Edward! Amor!” Coloquei as mãos na cintura, respirei fundo e achei paciência para não dar um ‘pití’ de mulherzinha. Não precisávamos daquilo. O puxei até o quarto. Lhe coloquei sentado na cama e fiquei ajoelhada a sua frente com o peso sobre meus calcanhares.

“Por que isso? Qual é o problema, meu amor?”

“Eu estou pensando em você. Em como você vai ficar depois que eu partir. Eu vou sentir tanto sua falta, e sei que você a minha. Já faz alguns dias que não ficamos juntos, talvez fosse melhor deixarmos assim.”

“Não, não é melhor.” Meus olhos arderam e a minha visão ficou turva com as lágrimas que já se acumulavam. “Joshua partiu sem me dar um abraço. Eu fui teimosa naquela manhã e não quis dizer adeus. Eu me unia ao meu irmão dessa forma, Edward. Era o gesto mais puro que trocávamos. Abraços. Podia sentir todo o amor que tínhamos em um simples abraço! E mesmo assim, eu o deixei partir para uma guerra, sem um último gesto do amor que tínhamos e, por Deus, você não tem idéia do quanto eu desejo poder voltar no tempo e dar esse abraço!”

“Bella…” Tentou me parar.

“Você não percebe? Quando estamos unidos assim é onde vivemos o que sentimos, e é tão intenso! É o nosso abraço Edward. Puro e cheio desse amor. Você sente isso, já me disse antes. Não quero que isso se repita comigo, porque meu amor, se você não voltar…” Respirei fundo e segurei as lágrimas. “Eu não serei de outro.”

Narração: Edward Cullen.

Olhar em seus olhos naquele momento era ver através de seu corpo, ia além do físico, chegava ao seu espírito. Aquela era a garota mais pura e cheia de amor que alguém poderia encontrar no caminho. Via tanto desse sentimento ali, transbordando em forma de lágrimas, pedindo um pouco em troca. E era tão, tão pouco o que me pedia.

Isabella me tirara todas as palavras e pela primeira vez eu realmente temi pelo o que iria acontecer a partir do dia seguinte. Vê-la com o coração tão exposto, quase implorando para ter um momento para reviver, me cortou em milhões de pequenos pedaços onde todos eram roubados por ela e para ela. Como não dar mais um pouco de amor a quem vai me amar uma vida inteira?

Eu a amava e naquele instante temia se um dia voltaria a estar com Bella novamente. Temia de não poder sentir seu toque ou seu beijo, de ter seus braços em volta do meu pescoço, seus suspiros cortados ou apenas aquele “bom dia” sonolento e arrastado mais uma vez.

Peguei em seus braços e a levantei. Abracei sua cintura e a trouxe para perto de mim. Encostei a cabeça em sua barriga e ganhei um abraço e carinhos nos cabelos e nuca.

Sugarland - Stay

“Você sabe que eu vou te amar para sempre, não sabe?” Disse a ela com a voz arranhada de um choro preso na garganta.

“A cada lufada de ar que puxo para meus pulmões eu tenho mais certeza disso.” Ela respirou fundo, como se quisesse provar para si própria suas palavras.

“Cada vez mais certa… e eu te amo tanto! Me prometa, por favor, Edward, prometa que vai voltar?” Olhei para cima e uma de suas lágrimas caiu em meu rosto.

“Prometo. Eu tenho que voltar. Não vou deixar isso acontecer novamente com você.”

“Acredito em você.” Ela sorriu e secou as lágrimas. “Deus! Como você vai conseguir ter desejos por mim agora? Estou vermelha e inchada de tanto chorar!” Fungou tentando limpar o nariz. “E pior! Estou fungando!” Ri sonoramente a fazendo rir também.

“Você está linda assim… vou te desejar até suja de lama com molho de tomate!” Dei um beijo estalado em sua barriga.

“Eca!”

“Vem cá mulher!” A puxei pelos punhos a jogando na cama. Sua risada tinha uma ponta de melancolia, mas mesmo assim sabia ser perfeita para mim. Rolei e fiquei por cima dela. Lhe olhei nos olhos um instante, gravando aquela alegria envolvida em tristeza, desejo e amor que ela emanava por suas íris cor de chocolate. A beijei.

Narração: Bella Swan.

Quando seus lábios tocaram os meus e sua língua encontrou a minha, meus medos e receios desapareceram. Não havia mais nada no mundo para mim. Apenas aquele momento. E eu o viveria.

Saboreei o gosto de sua boca na minha e o toque macio de suas mãos em minhas costas ao tirar meu sutiã. Pedi que tirasse seu jeans antes que a cama ficasse tão molhada quanto nós, e assim o fez. Nossas peles úmidas se atritavam gélidas, querendo estar quentes.

Meu corpo se aquecia pouco a pouco com o contato suave que dividíamos. Explorando parte por parte de mim e eu dele. Fomos, gradualmente, nos esquecendo do frio atípico que fazia no verão de Forks e lembrando como era nos amarmos tão delicadamente.

Beijada em cada centímetro, lábios e língua reivindicando carne e calor por todo canto. Boca, pescoço, ombros, seios, costelas, umbigo… descendo mais e mais ousado. As mãos brincavam com minhas coxas derrapando para trás dos joelhos, os separando para beijar-me onde mais precisava de Edward. Apenas um beijo e então ele se deitou, medindo seu peso acima de mim.

Preenchendo-me vagarosamente, seus dedos se enroscaram aos meus, unindo nossas mãos ao lado de nossas cabeças no travesseiro. Edward era suave como a brisa dentro de mim. Se movendo tão deliciosamente calmo, dando-me as sensações para serem saboreadas e vividas com o ritmo certo.

Nada de pressa ou apenas desejo. Estávamos pintando um quadro com tinta de cores vivas juntos. Gravando o momento para podermos revivê-lo sempre que a saudade surgisse. Era sublime olhar em seus olhos verdes coloridos como se fossem uma folha de árvore iluminada e ver que ele era o homem que me amaria para toda uma vida e além. Divino sentir seu toque em mim subindo em seu ritmo conforme minha garganta ronronava voluntariosa por mais. E era como atingir o céu tê-lo mais aquela vez junto de mim, me amando como se fosse a primeira e última vez.

Minhas mãos se fechavam com o aperto cada vez mais forte das suas. Mais unidos, mais entregues. Nossas bocas se enroscavam e sussurrávamos o quanto era perfeito estar ali. Movendo-nos em sincronia, éramos incentivados apenas com a respiração que pesava e faltava momento ou outro, gerando gemidos baixinhos de prazer.

De pouco em pouco, como se fossemos um, chegamos ao ponto de não agüentar mais e explodirmos em uma loucura de querer mais e ir além. Mais fundo, mais forte e mais rápido, até nos desfazermos em pedaços no mesmo momento. Derreti na cama sob seu peso.

“Por favor, diz que posso fugir e ficar te amando todo o resto de vida que temos?” Disse quase que para si próprio depois de nos colocarmos inteiros novamente.

“Eu pego as roupas e você prepara o carro: Las Vegas lá vamos nós!” Respondi e nos abraçamos rindo baixinho.

Aquele momento, para mim e para ele, duraria para sempre. Suspirei e sussurrei baixinho.

“Por que você não fica?” Sem resposta, afagou minhas costas e beijou-me os cabelos. Segundos depois uma lágrima sua deslizou por meu rosto.

Narração: Edward Cullen.

A abraçava forte, desejando nunca sentir o vazio de sua ausência, porém isso seria inevitável no dia seguinte. Ficamos quietos ouvindo a chuva cada vez mais forte bater nas janelas. Torrentes de água correndo de encontro com o mar agitado causavam um som diferente e incessante.

Nos cobri quando senti que todo o frenesi de momentos antes começava a passar e a temperatura começava a voltar ao normal. Ela se encolheu e se aconchegou no travesseiro que puxava e colocava em cima do meu pela metade, apenas para ficarmos mais próximos.

“Conte-me.” Disse ela. “Me conte qual é a história dessa casa? Por que as pessoas tem medo de se aproximar?” Eu ri lembrando da história.

“Não passa de uma lenda da reserva. Você via que a cabana era muito velha, certo?” Concordou. “Bem, dizem que a casa foi construída, por um jovem casal muitos anos atrás, mas muitos mesmo, no final de 1800 talvez. Eles eram felizes, eram almas gêmeas, como dizem por ai, no entanto, muita felicidade causa inveja. Diz a lenda que o irmão do homem era louco por ela e que em uma noite de tormenta… bem como essa de hoje, ele entrou na casa, matou o irmão e quis fazê-la sua. Contam que de alguma forma ela fugiu do ataque e que preferiu a morte do que deixar outro lhe tocar.”

“O que ela fez?”

“São só histórias.” Bocejei.

“O que ela fez, Ediotinha?!” Insistiu.

“Se jogou do penhasco. Dizem que os uivos finos que escutamos por entre as árvores em dias como hoje, não são do vento, e sim dela gritando por seu marido, e para espantar qualquer pessoa que queira invadir, pois aqui era o santuário daquele amor.” Não havia nada mais a ser dito. Forks era pequena e as pessoas ainda acreditavam em lendas. Era isso.

“Bem… se estamos aqui ainda, acho que ela gosta de nós.”

“Aposto que sim.” Bocejei mais uma vez. Bella fez cara torta.

“Não, não! Nada de dormir agora!” Ela levantou. “Vou fazer algo para comermos, me espera?” Balancei a cabeça concordando. “Acordado?”

“Mmmm…” Gemi rolando na cama e me sentando rapidamente. “Sim!” Ela riu.

Narração: Bella Swan.

Soltei um riso baixo quando saía do quarto, vestindo um casaco de moletom velho que ele havia deixado jogado por ali na última vez que fomos à cabana.

Edward parecia uma criança que acabara de ouvir uma história e só esperava pelo leite quente para dormir. Era fácil decifrar que ele estava cansado apenas pela idéia de partir para algo tão violento.

Preparei dois sanduíches com creme de avelã e suco de laranja. Era a única coisa que tinha na geladeira. Não tinhamos tido muito tempo desde que voltamos da Califórnia para fazer compras. E pensar que no caminho de volta da viagem, Edward tinha se queixado que queria voltar para a Califórnia e aproveitar o sol por pelo menos mais um mês. Bem, agora ele voltaria.

Voltei para a cama equilibrando uma bandeja com copos, suco, “sanduíches” e um pacote de ruffles para nós. Passei as cortinas, concentrada em não derrubar nada e me desculpando por aquela refeição medíocre.

“Não critique minhas habilidades culinárias, é você quem vai comandar a nossa cozinha quando casarm…” Calei-me no momento em que o vi. Suspirei e deixei a bandeja de lado. Edward dormia.

Aerosmith - I Don't Wanna Miss a Thing

Deitei-me ao seu lado, nos cobrindo por completo com o edredom branco e macio. Fiz um casulo para nós, onde estávamos a salvo e aquecidos. Protegidos da dor e da saudade.

Ouvi sua respiração baixa ao meu redor e o vi tão calmo e sem preocupações que senti o sono chegar até mim. Porém eu não queria dormir. Queria fazer o que ele costumava fazer comigo em quase todas as noites: ficar velando seu sono e ter certeza de que quando acordasse, estaria bem. Não queria sonhar com ele partindo mais uma vez. Faria com que daquela vez, quando ele abrisse os olhos, visse que os meus estavam lá o vigiando.

Desejei por alguns minutos saber o que ele estava sonhando quando sua testa franziu um centímetro entre os olhos e os lábios se comprimiram. Quis na verdade, invadir seus pensamentos e fazer com que sonhasse apenas comigo. Beijei suavemente seus lábios e ele parecia estar de novo em paz. Parecia indefeso do mundo.

Não poderia perder nada de Edward em mim e queria ter tanta fé quanto ele desejava que tivesse, mas por todo o caminho que tivera em minha vida, fé era algo difícil de conseguir. Pensei que nunca mais passaria por algo assim. Esperei que depois de tanta dor e perda, eu estivesse destinada a ter uma vida livre de dúvidas e medos. Foi diferente de quando Edward esteve no hospital e não sabia se ele acordaria ou não. Mesmo com a incerteza sobre sua melhora, ele ainda estava ali; podia tocá-lo e sentir sua respiração.

Me aproximei dele e me aninhei em seu peito. Edward tinha um sono pesado e puxei seu braço, o fazendo me abraçar. Ouvi seu coração batendo e era tudo que eu precisava para me sentir viva também naquele momento. O abracei forte e não consegui segurar as lágrimas que vieram. Queria viver aquele momento para sempre.

O guardaria em cada detalhe; suas imperfeições e perfeições, e mesmo que ele estivesse comigo naquela tarde, ainda sentiria sua falta caso fechasse meus olhos. Por Deus eu já sentia uma saudade enorme para ter coragem de deixá-lo partir na manhã seguinte.

Revivi momentos daqueles meses que estávamos na vida um do outro e chorei um pouco mais quando vi o quanto eu era feliz por tê-lo em minha vida desde o segundo que o conheci. Mesmo com as palavras duras de um primeiro momento ele me fez feliz, permanecia me fazendo feliz. Se Edward morresse em batalha, todo o amor que tive em minha vida após meu irmão terá sido dele, e assim como Josh, vou continuar a amá-lo dia após dia, e até meu último suspiro vou sentir o seu coração batendo junto com o meu como naquele momento.

Os braços de Edward me apertaram com mais força.

“Chorando?” Perguntou e beijou meus cabelos.

“Sim.” Respondi baixinho. “Eu estou com saudade de você.” Soltou um riso baixo.

“Como vai ser depois de amanhã Bella? Como?”

“Vou estar aqui, te esperando todos os dias, até o seu retorno.”

“E se eu não voltar? Ambos sabemos o quanto nós nos amamos minha Bells, mas também sabemos que isso pode acontecer. O que você vai fazer com todo esse amor?”

“Continuar a te amar.” Não era difícil responder, mas seria difícil viver assim.

“Quero que ame outro.”

“O que?”

“Se eu não voltar Bella. Ame outra pessoa, é a única coisa que eu peço. Não continue vivendo um amor que não terá resposta, você é boa e jovem demais para viver essa amargura.”

“Edward, isso não vai acontecer. Depois de você… já não há espaço para mais ninguém. Isso que me pede é absurdo! Eu não vou poder amar alguém dessa forma! Sou sua noiva, se for preciso vou morrer com esse título.”

“Bella! Entenda que o meu amor vai ser sim eterno. Vivo ou morto, vou te amar e estar ao seu lado, quero te ver feliz. Então, prometa que se caso eu não volte, você vai encontrar alguém para amar.”

“Não posso prometer isso.” Não havia discussão, não amaria outro daquela forma.

“Assim como não posso prometer voltar.” A sinceridade de Edward pareceu me chocar contra um muro de pedras. Doeu. Respirei fundo, me sentei e lhe fitei.

“O seu pedido está considerado e arquivado. Não vamos pensar no amanhã. Nós estamos vivendo o hoje, e hoje eu te amo e nunca nessa vida vou amar outro. Assim como nessa tarde você está aqui me amando para sempre. Não quero pensar que vou te perder, como não quero pensar o que vou fazer com esse amor caso isso aconteça. Não podemos fazer promessas que não dependem de nós, Edward.”

Respirou tão fundo quanto eu e pegou em minha mão. Ele estava deitado e ali continuou. Enlaçou nossos dedos e me fitou. Os olhos cheios de água.

“Estou com medo.” Ele admitiu por fim.

“Isso é humano. Também estou.” Sorri para ele.

“Vem aqui. Deite comigo.” Ele pediu. Me encolhi em seus braços, emaranhando minhas pernas às suas e envolvendo meus braços em sua cintura. Ergueu meu rosto pelo queixo e me beijou docemente.

“Me ame novamente.” Sussurrei em seus lábios. Um trovão ecoou no céu naquele instante. Me beijou com mais paixão.

Narração: Edward

Rascal Flatts - Here Comes Goodbye

Guardaria muito bem todos os momentos daqueles últimos dias com minha família. Eles seriam a minha força para lutar e voltar vivo. Seriam 5 meses lutando contra coisas que não faziam o menor sentido para mim, porém seriam meses brigando contra a saudade também.

O dia ainda não tinha nascido quando acordei. Tomei um banho demorado e fui forte o bastante para não chorar como um menininho de seis anos. Me olhei no espelho embaçado e não me reconheci com aquele corte de cabelo. Atrás da porta que separava o banheiro do quarto, Bella ainda dormia.

Evitei olhar muito para ela naquele momento, então tirei o uniforme militar de meu armário e comecei a me vestir. Como um ritual, coloquei a regata branca e justa e abotoei a camisa, fechei a calça, apertei o cinto e ajustei os cadarços das botas. No reflexo que vinha das janelas, aquele não era eu.

Sentei-me na borda da cama e finalmente lhe olhei. As bochechas rosadas e um meio sorriso estampavam seu rosto calmo. As pálpebras eram um pouco inchadas, não só pelas – poucas – horas de sono, mas por estar constantemente chorando nos últimos dias. Na noite anterior, assim como na tarde, eu a amei. Nos entregamos um ao outro esperando que o amanhã nunca chegasse, mas ali estava o amanhecer para a nossa infelicidade.

Respirei fundo e peguei seu diário. Li a última passagem que ela havia escrito:

“Viver é engraçado. Em um momento estamos vivendo no mais alto paraíso e em um piscar de olhos estamos em queda livre, indo de encontro ao fim do mais profundo penhasco. Viver não passa de uma montanha-russa sentimental projetada com loops enormes seguidos de subidas suntuosas, e que no segundo seguinte desemboca em uma queda de 90 graus perigosa e assustadora, na qual, se você não segurar firme o suficiente em seu lugar, pode parar no chão. E irá doer. Ainda assim, será, no mínimo, irônico. Tudo tem um fim, inclusive a montanha-russa.”

Tinha sido na noite em que chegamos a Forks de nossas férias, ela estava calada naquela volta e enquanto eu lia suas palavras, tive certeza absoluta de que ela era forte o bastante para agüentar o que viesse a partir daquele dia. Fosse a distância ou a minha morte. Ela agüentaria, pois já havia estado naquele mesmo lugar e em outros piores e mais obscuros. Junto comigo ela conseguiu ver que sempre há pelo o que lutar, e mesmo não tendo consciência disso, eu daria um jeito de ela ver.

Ela se encolheu atrás de mim e abraçou meu travesseiro, sua respiração pesada dava denúncias de que não iria acordar tão cedo. Bella era forte, mas eu não. Não o bastante para lhe dar adeus e ver suas lágrimas novamente. Queria guardar aquela imagem de Bella: tranqüila, sem preocupações e tão linda quanto um dia de sol. Não queria ver seus olhos perderem o brilho diante de mim e nem ver o mesmo vazio que vi quando ela chegou aqui ou de quando recebemos a minha convocação.

Estava decidido. Peguei seu diário e escrevi tudo o que estava em meu coração. Escrevi e dessa vez nada pude fazer a respeito das lágrimas. Colei um post-it na capa pedindo que o lesse assim que acordasse.

Quando acabei, lhe dei um beijo nos lábios e acariciei seus cabelos, em seu ouvido, sussurrei.

“Prometo para você meu amor, meu sol, eu vou voltar.”

Lhe olhei por uma última vez antes de partir. Fechei a porta. Estava deixando meu mundo e minha vida para trás.

Narração: Bella Swan.

Vazio e frio.

Abri meus olhos em um susto quando senti os lençóis gelados embaixo de meu corpo. Sentei-me olhando ao redor e vendo o dia claro e cinza pelas janelas. Não havia som ou qualquer sinal de Edward no quarto. O relógio de cabeceira não estava ali, nem meu celular para ver que horas eram. Pedi a Deus para ele ainda estar em casa.

Corri pelo corredor, desci as escadas como um jato, olhei para todos os lados e pelas janelas vi Esme andando pela entrada da casa e brincando com os cascalhos com a ponta de seu pé. Fui a todos os cômodos de baixo e não existia mais sua presença. Subi em direção ao escritório de Carlisle e abri a porta em um ímpeto, meu sogro ergueu a cabeça de suas mãos, atrás da mesa. Os olhos inchados.

Sem poder pensar direito, comecei a chamar por seu nome, mas nenhuma resposta vinha de lugar algum. Abri meu quarto, por fim, e o vazio foi maior ainda. Voltei ao quarto dele e senti o que não queria. Ele havia partido e junto, levado meu coração. Deslizei pela parede e sentei no chão. Aquilo não era realidade, não estava de fato acontecendo e não conseguia acreditar que não o teria para me aquecer ou para me abraçar quando me sentisse solitária. Queria berrar e chorar. Deixar transbordar toda aquela dor em meu peito, mas estava tudo preso entre minha garganta e meu coração. Sufocando-me.

Presa em um estado entre o real e o imaginário, não conseguia digerir e discernir nada. Choque por sua partida. Triste. Fitei o quarto em cada canto e na minha mente o vi andando apenas de calça de moletom com um livro de biologia aberto nas mãos, concentrado. Pisquei e já não estava mais lá.

Olhei para cama pedindo que aquilo fosse um sonho e que metade de seu corpo aparecesse pedindo para que eu voltasse a dormir. Isso não aconteceu. O que vi, foram dois travesseiros sobrepostos, os lençóis bagunçados, as lembranças de nossa noite e meu diário… Meu diário? Rastejei até a cama e sem sair do chão o peguei. Um post-it dava o recado: Leia assim que acordar, E.Abri na página marcada com uma pequena dobra no papel.

A primeira coisa que li, no topo da página, foram as palavras que sufoquei durante a viagem da Califórnia para cá, mas em seguida a letra já não era minha. Era de Edward.

James Blunt - Goodbye My Lover

“Bom dia meu amor! Não fique irritada comigo por ter pegado seu diário, é uma boa causa afinal de contas. Acredito que nesse momento, você já deve ter vasculhado a casa inteira e ter visto que não estou mais aqui. Me desculpe, Bella, fui fraco.

Fui fraco quando lhe vi essa manhã, dormindo como uma criança frágil, e soube que não poderia ficar e lhe ver chorar mais uma vez. Soube que não poderia lhe dar adeus. Já tentamos isso antes e doeu demais. Meu amor, quando acabar de ler o que vou lhe dizer, saiba que não importa o que aconteça comigo ou com você, estaremos, de alguma forma, juntos. Isso não é uma promessa vaga, é uma afirmação do que somos.

Por todos esses meses tenho lhe amado a cada dia mais, e isso é interminável. Vou nessa viagem de corpo, mas meu coração e alma ficam aqui ao seu lado. Sei que você irá tomar cuidado com eles. Porém quero mais ainda que tome cuidado com o seu coração, essa pequena parcela de você que me faz tão feliz a cada dia desde que entrou em minha vida. Obrigada por todo amor que me deu, me dá e que me dará.

Cuide dele com carinho, não o maltrate e nem o deixe sofrer muito. Lembre-se que em breve eu voltarei. Vou lutar por isso… e você tem idéia de como sou teimoso, não tem? Haha. Bella, minha Bella, eu te vi chorar, te vi sorrir e por noites te assisti

enquanto dormia. Conheço seus medos e você aos meus, pode ser que duvidamos do que tínhamos uma vez ou outra, mas escute o que eu digo, serei o pai de seus filhos e passarei minha vida ao se lado. Sou um viciado em você e eu te amo, eu juro, é verdade!

Gostaria de ter tido coragem para ficar e lhe abraçar nessa manhã, mas não pude. Me perdoe por não ser o que você precisa dessa vez. É tão massacrante isso que estou sentindo, e tudo que quero ter são as melhores e mais felizes memórias de nós dois. Tenho noção de que meu ato vai te deixar partida, mas não ficaria mais partida de nos ver ganhando distância? Sei que sim, não queria ver tristeza em seus olhos, assim como não queria que visse que a saudade já toma conta de mim.

Toda manhã quero que se levante e me dê bom dia, assim como nas noites um desejo de boa noite. Assim eu o farei. Quero que vá visitar Amber e comer bolo de chocolate semanalmente. Faça compras com Alice, e não se esqueça dos lingeries (precisaremos quando eu voltar). Quero que quando estiver se sentindo só, peça a Emmet para te levar ao cinema ou te entreter de alguma maneira, e que quando precisar brigar com alguém, chame Jake e Jazz e comece a falar sobre as bandas que você odeia e que eles adoram. Quando estiver se sentindo feia e sem incentivo, pegue Rosalie e diga pra ela fazer você ver a mulher maravilhosa que é. Quando precisar de um abraço verdadeiro chame minha mãe e meu pai. E quando nenhum deles bastar, apenas pense em mim, pegue seu diário, leia essas linhas e lembre-se do quanto eu te amo. Estarei pensando em você.

Escreverei todas as semanas, uma ou duas vezes se possível, nem que seja apenas um bilhete rabiscado dizendo que sinto sua falta. Não posso perder o hábito, ainda penso que deveria ter te pedido em casamento da mesma forma que te pedi em namoro! E quando der eu vou ligar para ouvir sua voz.

Como último pedido, só quero uma única coisa de você: tenha fé. Se não em Deus, em nós. Ter fé é acreditar que existe algo muito maior e mais poderoso que nossa compreensão. Tenha fé no dia de amanhã e tenha fé na vida. Tenha fé que em poucos meses estarei ao seu lado, segurando sua mão e te segurando em meu abraço.

Adeus meu amor, você é a única para mim. Não posso viver sem você.

Com o amor maior do mundo, Edward.”

Quando terminei de ler não estava chorando copiosamente, apenas sorria entre as lágrimas que caiam manchando a folha com sua letra e marcas de sua tristeza. Não, não estava feliz, estava partida e derrotada. Porém Edward tinha o poder de me fazer ver as coisas um pouco melhores. E suas palavras estavam ali me lembrando do amor que nos engolia.

Não sabia se o sentimento de letargia e breve otimismo permaneceriam por muito tempo, pois sabia que a noite chegaria e não haveria ninguém para abraçar. Eu conhecia aquela tristeza, conhecia toda aquela dor, mesmo não querendo sentir, não podia me desligar. Aquele era apenas o primeiro dia de muitos que viriam.

Fechei o diário e me deitei em nossa cama. Olhei pela janela e a cortina de chuva apenas aumentava. O reflexo nos vidros era incomum para mim: apenas eu olhando a mim mesma. Desde a primeira vez que olhei por aqueles vidros éramos Edward e eu em reflexo. Agora era apenas eu. Eu e o seu travesseiro. Eu e seu cheiro. Eu e sua ausência.

Passei a mão pela fronha, sentindo a pequena ondulação no tecido azul macio onde, todas as noites, sua cabeça ficava deitada. Deslizei pelos lençóis frios e enrugados os imaginando aquecidos sob meus dedos. Suspirei e fechei meus olhos.

“Bom dia, Edward.”

“Bom dia, Bella.” Ouvi sua resposta ecoando em minha memória.

Mais uma lágrima rolou.

Continua…

N/A: O capítulo fala por si. Como disse tudo se encaminha para a reta final. Nao sei quantos capítulos temos pela frente, mas acredito que não mais que 5.

Por favor, comentem muito! É importante para mim, saber o que acham e seus sentimentos a respeito... E agora com a palavra: a beta!

N/B: Ai meu Santo Deus! Alguém me socorre que eu estou a ponto de ter um troço!

Se a Bella não estava chorando copiosamente quando terminou de ler o que o Edward escreveu, podem ter certeza que eu estou!

Aliálías, acho que "chorando copiosamente" é muito, muito pouco para descrever minha condição nesse momento..

É a primeira vez que eu escrevo minha nota logo após ler o capítulo... Eu sempre leio, releio e vou betando, e leio mais uma vez pra confirmar que tá tudo certo, e só então escrevo minha nota..

Hoje eu não dei conta de fazer isso... Se eu não escrevesse e colocasse tudo pra fora, eu imagino que teria mesmo um troço!

As coisas que ele disse... Deus! São tão intensas, tão... verdadeiras! Juro pra vcs que por incontáveis vezes eu esqueço que se trata de uma fic, de uma história... Tudo é tão intenso e real, que me mobiliza demais!

Penso que é porque a Grasi escreve sentimentos... Não são apenas palavras encadeadas umas nas outras para formar simples frases. Em cada linha, cada palavra escrita é cheia de verdade, sentimento e emoção... Por isso WU é tão real!

Esse capítulo, mais do que qualquer outro, em especial esse fim, foi de longe o que mais mexeu comigo!

Falar que o Edward é lindo, é perfeito, que queremos um desse pra gente...simplesmente é tão "bobo"! Não me entendam mal: claro que todas querem um desse! Eu mesma quero muito!

Mas o que eu mais quero mesmo, e quero com todo o meu coração, é encontrar um AMOR como esse! Seja esse homem quem for!

Eu quero amar e ser amada desse jeito, com toda a verdade e intensidade que existe! Eu quero ser capaz de dar todo o meu amor pra uma pessoa, assim como a Bella faz.. e quero achar um sentido pra minha vida, um sentido pra viver, da mesma forma que o Edward achou ao conhecer a Bella..

Eu sei que não existe um amor tal e qual o deles... Mas eu acredito fervorosamente que existe um amor que se aproxima do deles em sua essência... No sentido mais vivo e doce do que verdadeiramente é amar... A cumplicidade deles, a entrega de um ao outro, em todos os sentidos...

Deus! O quão idiota eu sou?! hahaha

Mas querem saber?! Pode ser brega, pode ser idiota...pode ser o que for! Ainda assim é o meu desejo mais presente e verdadeiro!

Enfim...que capítulo! Eu amo ver como eles amadureceram...ficaram mais fortes...se encontraram verdadeiramente!

Pra mim esse capítulo pode ser descrito em palavras como VERDADE e INTENSIDADE. Sejam as ações, os comportamentos, os sentimentos... Tudo é muito verdadeiro e intenso!

Pois bem...vou parando por aqui pq quanto mais eu escrevo, mais eu choro! hahahaha

Beijos meus amores... espero que vocês também estejam roendo as unhas de curiosidade pra saber o que vem pela frente!