Respirei fundo ainda deitado na cama, era manhã do dia 23 de dezembro, mas Maka já andava pelo apartamento com velocidade total, deve ter encontrado o cartão da mãe que deixei em baixo de sua porta ontem à noite quando cheguei da quadra.

Devo sempre lembrar que Maka sem dúvidas era cool quando estava feliz, mas era uncool batendo na minha porta com tanto desespero. Olhei para o relógio e ainda era 08h.

—Nem adianta fingir, Soul! — Continuava a bater na porta —Sei que está acordado! —Disse com raiva por eu estar ignorando-a.

—Estou dormindo! —Falei virando para o lado da parede.

Mas seria impossível dormir.

—Até parece que você... —Escutei o barulho da porta abrindo e ela caindo no chão. Me segurei para não ri. —Idiota! —Virei-me a tempo de a olhar levantando-se —Por que não me avisou que estava aberta?!

Sorri de lado.

Óbvio que não iria contar que deseja vê-la tentando abrir como na semana passada e ter um pequeno deslumbre de seu corpo e em seguida levar um combo de Maka-Chop dela, então apenas dei de ombros, ela bufou. Balançou a cabeça como se apagasse aquilo da memória e sorriu. Perdi um batimento só nesse gesto, mas ela não apareceu notar o quanto me afetava e veio toda feliz para cima da cama enquanto eu me sentava.

—Estou tão feliz de ter recebido um cartão da mama —Era quase palpável tamanha a felicidade— Por que não me acordou? Era tão tarde assim?

—Eu não iria te acordar – dei de ombros enquanto ela sentava-se bem perto de mim— Você estudou muito de ontem para hoje. Cheguei por volta das 22 horas. Black e Kid estavam inspirados. —Dei de ombros.

Ela sorriu concordando.

—Estudei mesmo. Mas vai valer a pena. —Sem dúvidas valeria.

—E sua mãe está em qual país dessa vez? —O sorriso dela aumentou.

—Inglaterra! Disse que está aproveitando as férias e está mandando presentes para nós dois semana que vem?

—Nós dois? — Perguntei curvando a sobrancelha.

—Sim— ela deu de ombros como se fosse a coisa mais normal —Disse que gosta de você e que você merecia por me tratar tão bem —Disse levemente corada e desviou o olhar.

—Mal sabe ela o peso dos seus livros —Falei rindo e ela me jogou um.

—Maka-Chop.

—Aí —Grunhi colocando as mãos no lugar enquanto ela sorria.

E só naquele sorriso levou embora minha dor. Isso não era nada legal. Engoli seco enquanto ela saia do quarto falando algo sobre café da manhã, compras natalinas e decoração.

Não era possível que eu estivesse sentindo algo pela rata de livros, mas os indícios diziam que talvez sim e era um sim bem grande.

De uma hora pra outra as outras garotas não pareciam tão legais e comecei a procurar características de Maka nelas. O que não é nada cool.

Não que Maka fosse uma alien e se fosse até que era uma alien interessante com o tanto que mudou. O cabelo estava maior e para ela não usar Maria Chiquinhas eu tinha que pedir muito, as roupas continuavam discretas, mas o corpo crescerá um pouco. E eu era um idiota por estar admirando o corpo dela com tanto interesse, apesar que a mudança não foi apenas na aparência e sim por completo.

Os sorrisos aleatórios não tinham mais graça, somente os dela, as conversas até sobre livros velhos eram mais interessantes e tardes de filmes eram a melhor coisa. Eu realmente não entendia.

Balancei a cabeça tentando não pensar nisso e sai do quarto. Tomei banho, escovei os dentes e lá estava ela falando algo sobre decoração e árvore. Eu só queria correr.

—Mas já está decorado —Falei após lavar meu prato.

—Falta decorar a árvore Soul! —Ela disse sem paciência com aquele jeito de mulher que só falta dizer “você é idiota, pare de discutir” e eu bufei.

—Ok! Mas só pelo Black ter dito que a dele seria a melhor árvore de Death City.

Ela sorriu.

—Vocês dois não tem jeito.

Dei de ombros enquanto ela ia para a sala.

—Vamos assistir algum filme? — Perguntei me jogando no sofá e ela concordou trazendo a caixa de filmes me ajudando a escolher, em seguida colocou e sentou-se ao meu lado.

O dia estava um pouco frio e parecia perfeito para um filme de terror. Maka aparentemente não gostou da ideia, mas sorriu e concordou a cada opção.

(...)

Não estava nos planos, mas fizemos uma maratona de filmes na parte da manhã, parando para fazer comentários e rir de cenas engraçadas, em seguida fizemos almoço juntos e nos sentamos um de frente para o outro.

—Você já comprou os presentes de natal? —Ela perguntou comendo em seguida.

—Tsc. Nem me lembre, Kid aproveitou o embalo de Liz e arrastou eu e Black para o shopping.

—O que você comprou para sua artesã favorita? —Ela perguntou sorrindo. Como se houvesse outra.

Natal mexia realmente com ela.

—Só vai saber amanhã —Sorri enquanto ela fazia bico e olhava para o outro lado.

—Idiota. Vamos arrumar a árvore?

—Posso só ficar escolhendo as musicas enquanto você decora? —Perguntei sorrindo e ela rolou os olhos.

—É obvio que não. Mas pode escolher as músicas. —Disse batendo os dedos no queixo como se tomasse uma decisão importante.

Sorri, só isso já estava ótimo.

Uma hora depois escutávamos jazz e enfeitávamos o apartamento com pisca-pisca e bolinhas de natal. Engoli seco diversas vezes nesse curto período admirando Maka deslizar feliz falando sobre o quanto o natal era legal quando recebia mensagens da mãe ou que estava feliz e que precisava reorganizar os enfeites antigos, pois não estavam simétricos.

Queria lembrar o dia exato em que comecei a sentir essa atração por ela, mas acho que ela sempre existiu, sempre a provoquei chamando-a de tabua e rata de livros, mas nunca a trocaria por nenhuma outra pessoa ou artificie. Por ela sempre doarei minha vida em qualquer situação e a cicatriz em meu peito é a prova viva de que não estou brincando. Não que eu achasse que era amor, para ser sincero nem sabia o que era amar alguém, mas se isso que eu sentia por Maka poderia ser definido como amor, sem dúvidas é um sentimento interessante.

—Eii —Ela disse colocando o rosto bem próximo ao meu e corei afastando-me e encostando-me no sofá.

—O quê? —Perguntei sem graça por me tocar que estava parado olhando para o nada e pensando nos sorrisos dela.

—Você estava longe hein? —Disse rindo e me oferecendo uma xicara com algo quente— Toma, é chocolate quente, acho que esta do jeito que você gosta. — Disse sorrindo e corou levemente desviando o olhar em seguida.

—Você é perfeita —Falei sorrindo e bebendo o liquido em seguida, realmente do jeito que eu gosto.

—Queria ser... — Disse baixinho e sentou-se ao meu lado.

—O que disse? —Falei para que ela repetisse, apesar de ter escutado.

—Nada —Disse disfarçando e olhando para o apartamento. —Você vai ter que montar a árvore, ela ficou amassada dentro da caixa.

—Certo, será que terminamos ate amanhã? —Ano passado demoramos um dia, por ela não gostar de onde os enfeites estavam. Talvez a convivência com Kid tenha afetado Maka.

Dois malucos por simetria já era demais.

—Sim, vamos começar? —Disse levantando-se e colocando sua xicara na mesinha de centro.

Cerca de quinze minutos depois ela enfeitava a árvore e cantava a música que tocava, como cantora, ela era uma excelente artesã, mas eu jamais falaria isso ou talvez sim.

As bolinhas mais altas sobravam para mim que já nem ligava mais, apenas colocava onde ela queria. As vezes me sentia um ser hipnotizado pela voz do mestre. Algumas bolinhas caiam no chão e a cada uma eu levava um tapa. Até que ela cismou que queria colocar a estrela no topo.

—Deixa que eu coloco. —Falei sorrindo e passando a mão por cima da cabeça dela que a fez bufar e ameaçar pegar um livro, levantei as mãos em rendição.

—Me pega no colo que eu coloco, esse ano quero ter o prazer de colocar.

E eu por acaso era louco de perder tão oportunidade?

Revirei os olhos enquanto ela parava em minha frente e sorria, eu precisava disfarça que por dentro eu era só felicidade. Será que se ela soubesse que estava quase me matando de tanto acelerar meu coração, ela iria parar?

A peguei no colo enquanto ela guiava para onde eu deveria ir, nossa árvore, deveria ter 1.80 de altura e foi o dinheiro mais triste que eu já gastei, porém, o mais feliz no momento.

—Direita, Soul. Não! Nem tanto. Mais para a esquerda. Para! Isso! Perfeito! —Disse feliz ao termino.

Eu a observava a enquanto ela tentava encaixar a estrela no topo, parecia concentrada e ao concluir sua missão sorriu. Acabei sorrindo também, ela me olhou e colocou as mãos em meus ombros e a desci devagar fazendo algo que meu coração pedia. Maka engoliu seco estranhando provavelmente a reação. Não a soltei como era previsto.

—Soul...

—Maka...

Continuei a olhando.

—O que...

—Não sei, Maka. Mas tem um tempo que é só isso que eu queria fazer.

E sem aviso e principalmente se pensar em qualquer provável consequência, abaixei até a altura de seus lábios e a beijei. Ela me olhava com olhos arregalados e estava firme, fechei os olhos e selei nossos lábios por completo, esperei um pouco para saber qual seria a reação dela e pouco segundos depois ela relaxou um pouco, mordi seus lábios e pela surpresa ela abriu a boca enquanto eu dava inicio ao que foi o beijo mais esperado da minha vida. Já havia ficado com outras garotas, mas nem de longe algum chegou a esse tipo de sensação. Pela primeira vez na vida senti um misto de felicidade e completude.

Maka me abraçou e tentou me acompanhar no que aparentemente era seu primeiro beijo. A esperei e a abracei enquanto a beijava devagar, nossos batimentos se misturaram e eu nem sabia que estava mais ansioso. O gosto de chocolate, o calor, o cheiro de Maka e meu corpo que vibrava de felicidade formavam o clima perfeito. Quando o ar nos faltou, nos separamos apenas o suficiente para encostamos nossas testas.

—Desculpa, mas eu não poderia aguentar por mais tempo —Falei sorrindo.

—Você é um idiota. —Ela disse brava, mas sorriu em seguida.

—Por quê? —Perguntei triste —Foi muito ruim? —Perguntei começando a ficar preocupado e o primeiro pensamento foi que estraguei tudo e iria perde-la.

—Você demorou demais para fazer isso. —Então ela se afastou e me olhou sorrindo enquanto eu tentava digerir tudo aquilo com cara de idiota que a fez sorri ainda mais.

—Vo... você também queria? —Consegui formular algo coerente.

Ela concordou e sorriu. E ao ver isso realmente entendi que todas as outras realmente eram sem graça perto de Maka Albarn.

Sem esperar qualquer outra palavra voltei a beija-la sendo completamente correspondido. Toda a felicidade do momento só me fazia realmente sentir que a partir daquele natal eu realmente seria o cara mais maneiro e feliz de Death City estando ao lado da garota que atiçava meu coração e quem sem dúvidas seria a mais desejada e se possível a mais feliz.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.