Aquele pesadelo parecia não ter fim, quando estava prestes a sair daquele maldito lugar, seu irmão havia sido raptado. Tentou ligar novamente, talvez as coisas em Silent Hill fossem realmente sobrenaturais.

— Vamos Sammy, atenda! — apenas o mesmo maldito chiado. Sem a sinistra voz, porém seu irmão não atendia.

Dean voltou a olhar o mapa, era incrível o que acabara percebendo, conforme suas andanças pelo hospital, o mapa, digamos que, se atualizava e nesse mesmo mapa, o nome de seu irmão estava circulado.

— E essa agora! — passando os dedos no maxilar, ele colocou o mapa no sentindo do corredor e começou a seguir as indicações em vermelho vivo, que brotavam na folha envelhecida.

Sua lanterna focava o chão e, olhando atentamente podia-se notar uma espessa gosma verde escuro nos cantos das paredes. O loiro abriu mais o foco de sua lanterna, analisou as escritas nas paredes, todas com um certo relevo.

“Isso foi feito com as unhas?” Dean pensou ao colocar seus dedos na parede, dela ainda escorria lentamente a mesma gosma.

Houve uma súbita mudança na temperatura do ambiente, e logo o caçador soube que algo estava prestes a acontecer. O peculiar som de uma melodia tomou conta do lugar, ela era apesar de tudo, comovente e triste. Mas a sensação de perigo continuava presente e o mal era sentido na pele. Cada músculo do corpo do jovem exigia máxima atenção.

— Quem é você? — a voz feminina vinda da penumbra, o fez virar-se rapidamente para a esquerda, onde havia outro corredor.

—Eu é que pergunto. O que é você? —Dean segurou a única coisa que tinha como arma, seu facão.

Aos poucos uma jovem mulher, se aproximava. Ela estava agachada e pelo jeito há algum tempo, pois teve dificuldades para se reerguer.

— Você não é um deles? — a pergunta tranqüilizou o caçador, e soube naquele instante que não estava delirando.

—Não. E o que são eles? — Dean agora estava com a jovem sob a mira de sua lanterna. Ela era morena, com atributos sedutores e prováveis olhos castanhos. Estava com uma minissaia azul e uma blusa preta que deixava seus ombros nus.

— Não sei. Pelo tempo que passei aqui, vi coisas horríveis — a mulher sentiu um nó na garganta, estava prestes a entrar em uma crise de choro.

—Hey. Calma aí. Vou ajudá-la a sair desse lugar. Agora seja firme, e me conte tudo o que aconteceu. Os fantasmas... eles te perseguiam? — Dean sentiu o olhar da mulher se modificar. O medo agora estava estampado neles, e de repente um largo sorriso preencheu sua face rosada.

— Você é louco? Fantasmas não existem! O que vi nesse maldito hospital, foram pessoas, ouviu? Humanos matando humanos. Um deles até veste uma máscara de ferro, eu o vi, pela fresta da porta, decapitar um rapaz. Ví a mulher, que provavelmente trabalhava aqui, ser queimada viva por um grupo de seguidores do capeta. Sim, são adoradores do mal. Eu quero sair deste inferno! — e a moça caiu de joelhos, soluçando.

—Hã, eu sinto muito. Prometo que sairemos daqui. Meu nome é Dean Winchester, e o seu? — Dean estendeu a mão, esperando a mulher aceitar seu convite.

— Alice Lantz — a jovem falou aceitando a mão que lhe era estendida.

— Muito bem Alice, você não está no país das maravilhas. Então sugiro que seguimos por aquela direção — Dean apontou para a ala norte, como estava indicado no mapa.

—Muito engraçado, sua piadinha com meu nome. O que tem lá? Como sabe que é naquela direção? — a morena continuava seu incansável interrogatório, seguindo de perto os passos do caçador.

—Bom, antes de sair daqui. Tenho que encontrar meu irmão. Acredito que esses “adoradores” o seqüestraram. E acredite você ou não, fantasmas existem. E esse mapa é a prova do poder sobrenatural desse lugar — Alice tentava entender todas aquelas palavras. Era mesmo possível que estaria em um lugar sobrenatural? Acabou segurando o braço do loiro.

— Espera aí. Como você lida tão bem com essas coisas? E o que quer dizer, “que esse mapa é a prova”? — Alice disse movendo os dedos em forma de aspas.

— Negócios de família, moça. Caçamos tudo o que não se explica. Venha, olhe aqui — a morena olhou-o desconfiada — aproxime-se não é de mim que você deve ter medo, não agora — ele sorriu maliciosamente, e aquele sorriso acelerou o coração de Alice.

— Não tenho medo — disse com o tom de voz exageradamente alto.

— Ok. Nesse mapa o que fazemos é marcado, como esses traços em vermelho. Nas portas foram as que tentei abrir e estavam fechadas. E, aqui é onde está escrito o nome do meu irmão. Por isso digo que iremos por ali — Alice encarou aqueles olhos verdes refletidos pela pouca luminosidade.

— Você está de brincadeira comigo? — era nítida a incredulidade da jovem.

—Há uma porta detrás de você, certo? Olhe aqui no mapa, e tente abri-la — Dean focou a lanterna na porta e passou para o mapa. Não havia nada marcado, a jovem mulher balançou a cabeça e sorriu.

— Certo. Pronto tentei abrir. Está fechada e daí? — questionou com a mão na cintura, esperando a resposta.

—Veja por si mesma — a moça voltou a olhar para o mapa e o sorriso morreu em seus lábios carnudos.

Os olhos de ambos se encontraram, em um mudo consentimento seguiram pelo estreito corredor. O som da música agora estava cada vez mais próximo. Foi a vez de Dean começar a fazer perguntas para a morena.

— Como veio parar aqui? — ele perguntou desviando e mostrando para a jovem o pequeno buraco à frente.

— Meu pai trabalha nesse hospital. Vim visitá-lo e desde então estou perdida. Eu e meus amigos, Andrea e o Allan. Quando o homem da máscara de ferro apareceu entramos em um quarto e eu acabei entrando em outro. Quando um som estranho soou e... acho que me perdi. Não achei mais eles. Oh, Deus! Será que eles estão bem? — Dean queria acreditar que estavam bem, no entanto seu instinto de caçador ainda o alertava.

— Não sei Alice. Queria poder dizer que sim. Você viu um garoto correndo por esse lugar? — Dean parou encarando-a.

—Garoto? Não. Você viu? — a garota perguntou empurrando um dos fios de seu cabelo atrás da orelha.

— É. Só que ele está tão assustado, que corre quando eu tento ajudar — Dean voltou a seguir pelo corredor. Um cheiro forte e pútrido tomou conta do corredor.

— Ah, que nojo! — a mulher colocou a mão na boca e no nariz, tentando amenizar o odor.

Dean observou algo escuro no canto daquele corredor. Imediatamente voltou seu olhar para a garota e pediu silencio. Por detrás do ombro do loiro ela inclinava a cabeça tentando enxergar, o que causara o repentino comportamento de cautela do rapaz. Não havia dúvidas, aquele amontoado de gosma estava respirando lentamente, como se estivesse dormindo. Dean apertou o facão em sua mão e seguiu em frente, sentindo a mão da jovem em seu braço, impedindo seu trajeto.

— Você é louco? — ela perguntou sussurrando, e o olhar de repreensão desenhou-se em sua frente.

— Shiii, droga! — Dean ouviu claramente o rosnado daquele amontoado de gosma, e a criatura os observava, os olhos cintilantes e vermelhos encaravam os dois jovens.

— Vamos morrer! — a mulher gritou quando a criatura pulou para cima deles.