Void

Capítulo 7 - Exposta


A garota não sabia o que dizer quando seu chefe Craford propôs um acordo falso de transferência para Roman Warner sair da Eichen House de Nova York. E o pior, ela não sabia o que falar porque simplesmente o último encontro que teve com Warner só piorou suas tentativas de tentar para de pensar nele. De certa forma, ela não sabia como se sentir em relação á ele.

E lá estava ela, dirigindo para a instituição indo mentir para ele. Ao sair do carro e entrar no salão principal, Zoey avista Barney e logo depois o doutor Heinfield, que abria caminho entre os corredores.

— Isso é inaceitável!! Francamente senhorita Starling, achei ter deixado bem claro que não autorizo sua entrada na Eichen House!

— Estou ciente disso, doutor Thomas. Mas pode discutir sobre isso com meu chefe. Agora, honestamente, eu preciso fazer meu trabalho! – Fala ela o encarando por alguns segundos e logo depois descendo as escadas juntamente com Barney.

O doutor segue para sua sala, furioso! Ao chegar no local, ele segue para seu computador, abrindo a câmera que transmitia as imagens do corredor onde estava a cela de Roman. Ele pretendia ouvir tudo dessa vez, não seria tratado dessa maneira em sua própria instuição!

— Sabe que ele não vai deixar assim, não é Starling? – Pergunta Barney. – Thomas vai arrumar um jeito de prejudicar você. – Zoey suspira com as palavras de Barney, colocando a arma e brincos no recipiente.

— Eu preciso dessa informação, Barney. Tenho que arriscar.

As grades se abrem e ela caminha até a cela. Roman estava sentado, encostado no vidro. Ele a avista.

— Bom dia, senh..Roman. – Zoey carregava alguns papéis consigo.

— Parece hesitante. Ainda com vergonha de mim? – Ela franzi o cenho.

— Vergonha? Do que está falando, Roman? – Ele a olha cinicamente.

— Claro que está! Nossa conversa foi no mínimo interessante da última vez. Mas vejo que está com estes papéis, está tentando negociar minha saída?

— Talvez, se me disser quem ele é. – Zoey abre um dos documentos que carregava, mostrando a foto da nova Instituição Eichen de Los Angeles para ele.

— Vai ter direito a terapia duas vezes por semana, vista para o mar e até poderá tomar banho uma vez por mês. Sobre vigilância da Swat, é claro! Basta me dizer quem é. – Roman morde o lábio inferior e suspira.

— Me mostre as anotações, Starling. – A garota abre o recipiente localizado a esquerda, e coloca os papéis com suas anotações sobre o caso para ele ler.

Roman pega os documentos e começa a lê-los. Starling senta-se no chão, nervosa, aflita e ansiosa. Mesmo com todos esses sentimentos a preocupando, a garota não parava de olhar o rosto do psicopata! Principalmente quando ele faz um biquinho involuntariamente enquanto lia as suas anotações. O coração dela palpitava, porque ele demorava tanto para ler? Será que tinha gostado? Ou tinha odiado? E por que isso importava? Ela desvia o olhar quando Roman a encara.

— Não achei que pudesse avaliar tão bem um perfil! Estou impressionado, Zoey! – Roman a elogia. – Soube que a filha da senadora Catherine desapareceu. É por isso que está aqui não é? De uma forma tão desesperada, eu diria.

— Senhor Warner, por favor. Sabe que no máximo em 3 dias ela vai está morta! Eu trouxe parte dos documentos de sua transferência, é sua vez de me dizer alguma coisa. O que ele busca? Quem ele é? Como posso encontrá-lo?

Warner fecha os olhos, abrindo-os logo depois.

— Como era sua vida em Beacon Hills? – Ela faz uma careta com a pergunta.

— Como?

— Responderei suas perguntas se me responder as minhas.

— Francamente Roman, eu não vou respondê-las! – Ele sorri.

— A pobre filha da senadora pode morrer a qualquer hora! Vamos Zoey, tic-tac!

Ela suspira, o encarando.

— Seu pai batia em você. E sua mãe? O que ela fazia? – Perguntava Warner. Ainda relutante a garota responde, evitando o olhar dele.

— Ela trabalhava em motéis, era empregada e passava o dia fora. Meu pai, ele...ele bebia muito e quando isso acontecia eu fugia de casa, na maioria das vezes.

— Para onde , Zoey? – Ela o encara.

— Para a casa da Allison. Minha mãe me mandava voltar, mas... mas eu não podia! Não podia ouvir ela gritar, não podia deixar ele fazer aquilo!

Zoey se recompõe, tentando controlar seu choro. Não podia chorar!

— Allison, sua amiga. – Afirmava Warner, pensativo. – O que aconteceu com ele? Seu pai?

— Com passar do tempo a família da Allison o denunciou.

— Por que? – Ela revira os olhos.

— Isso não importa para você! Está querendo o quê com isso Warner? O que quer? – Ele suspira.

— Quero conhecer você. – Declara ele por fim, com a voz mais calma do mundo. Starling por sua vez, fica espantada com a calmaria em sua voz.

— Por favor Zoey, eu preciso saber sobre você.

— Precisa? – ela pergunta em um sussurro, encontrando os olhos dele.

Tic tac ! Tic tac ! – Ele sorri.

— Os pais da Allison viram meu rosto machucado e ela contou a verdade para eles. Ele foi embora depois da denúncia. – Ela pigarreia. – Sua vez , Warner.

— Você é muito franca, Zoey. – Diz Roman. – Sua família caipira é um tanto conturbada, eu diria. Entendo seu esforço árduo para sair de Beacon Hills, lembranças ruins. Imagino o quanto você e sua mamãe devem sido o assunto da cidade durante um bom tempo.

Zoey suspira.

— Parece altamente interessado nisso. – Observa ela. – Não vejo como isso tudo condiz com você! – Ele dá de ombros.

— Eu lhe disse, você me deixa curioso. Digamos que eu tento ao máximo juntar peças sobre você, e cada uma que me oferece torna o enigma que é você, ainda mais complicado.

— Não tão complicado quanto o assassino. Acordos são acordos, fui franca com você. Agora me fale sobre ele. – Roman assenti.

— Tem razão. Eu lhe direi, Zoey. Mas antes me permiti uma mais uma pergunta?

— Eu tenho escolha? Foi uma pergunta retórica não é? – Fala ela.

— Esperta! – Ele passa as mãos em seus cabelos. – Andar nas ruas, marcada, exposta nesse lugarzinho caipira, foi pior do que ser impotente quando seu pai batia em você e sua mãe? Ouvir que falavam dela e de você, chamando ambas de fracas. Diga-me, o que foi pior, Starling? – A garota respira fundo, o encara, os olhos lacrimejados.

— Ser chamada de fraca não era uma mentira, eu era! E minha mãe sofreu por isso? Eles não mentiram e isso era o pior! Porque refletia toda a verdade! Por minha causa nós duas sofríamos! Meu silêncio e minha covardia rendiam hematomas em mim e em minha mãe. Eu era covarde, Beacon Hills não estava errada sobre isso.

Ao após falar tudo aquilo, a garota queria sair correndo dali para chorar em seu carro. Mas tudo o que fez foi continuar o encarando, atônica, recuperando seu estado. Anos desenterrados em minutos.

— Obrigado por ser novamente tão franca comigo. Na verdade, acho admirável o quanto verdadeira você é! E se me permiti dizer, acho que não consegue mentir para mim. Assim como eu não consigo dizer não para você!

Zoey é pega de surpresa com a afirmação dele.

— Talvez tenhamos reações inusitadas perto um do outro. – Declara Roman.

— Já negou informações para mim antes! – Argumenta ela, fazendo ele sorri.

— É mais esperta que isso, Zoey. Eu não neguei, apenas adiei para ter um outro encontro com você. – Ele pisca o olho direito. – Outro efeito que causa em mim, eu não para de falar!

— Não diria que isso é um mérito meu. Barney também o faz falar, Roman.

Zoey tentava ao máximo desviar o assunto e retomar o controle. Tentava desesperadamente relembrar do seu real motivo de está ali.

— Warner, o assassino. Quais são as motivações dele? Quem ele é?

— Se prefere desviar da nossa pequena conversa sobre nós dois, eu respeito isso. Falarei sobre ele. – Roman faz uma pausa, contra sua vontade. Como não quisesse ter parado de falar sobre eles dois, sobre o que estava acontecendo desde o dia que se viram pela primeira vez.

Zoey faz um movimento positivo com a cabeça, esperando ele falar sobre o assassino. Odiava quando ele falava de todas essas coisas que apenas ambos sabiam que aconteciam quando os dois estavam próximos um do outro. Parecia que nem ela e nem ele enxergavam outra pessoa. Zoey nem conseguia pensar direito em relação aos seus atos ou sobre o que falar. Tentou ao máximo focar no caso, desviou aqueles e interrogações que já estavam ficando constrangedoras e que a levavam para uma estrada tortuosa, perigosa e que poderia não ter volta.

— Disse que ele gosta de holofotes, de fama. Querendo ou não, houve uma mudança de escolha da última vítima. Isso era o esperado, mas o que ele busca? O que ele quer? A primeira pista que me disse, me levou a enxergar que é alguém que foi próximo. Alguém que tinha condições de pagar suas consultas, alguém que sabe sobre você.

A garota respira fundo.

— Me diga Zoey, já ouviu falar sobre a Condessa de Sangue? – A garota o encara, uma expressão interrogativa em seu rosto.

— Provavelmente não. – Continua Roman. – Ela era uma nobre húngara, chamada Elizabeth. Muito sadista pelo visto! Matou, torturou muitas pessoas. Não deram esse apelido para ela á toa. Sempre foi vaidosa e em uma de suas torturas, o sangue de uma bela virgem pingou em uma de suas mãos. – Roman sorri maldosamente. – Ela achou que o sangue que pingou em sua mão havia deixado a pele de sua mão mais jovem. Ela ficou obcecada com isso. Acabou achando que o sangue lhe dava juventude.

— O que essa história tem haver com tudo isso, Warner? – Questionava ela. Ele por sua vez a olha, continuando sua narrativa.

— Obcecada com a idéia, ela construiu um calabouço em seu castelo. Uma gaiola suspensa, cercada por barras onde ela espetava as virgens. O sangue das vítimas caia sobre a condessa e ela se banhava com ele, quase todos os dias.

Roman fecha os olhos.

— Juventude Eterna, Zoey.

— Vai mesmo falar em enigmas, Roman?

— É uma pessoa inteligente, garante que consegue decifrar o que estou tentando lhe dizer. Eram temas constantes nas nossas sessões de terapia.

Starling suspira, estava mentalmente exausta e emocionalmente devastada. Tinha falado demais. Falado para alguém estranho mas que de certo modo parecia tão familiar para ela. Durante todos aqueles dias visitando Roman, a garota tinha falado muito mais sobre si mesmo do que com Kira e Lydia.

— Está pensativa. Tentando encaixar todas as informações? Hein?.

A face de Zoey estava séria.

— Você faz muitas perguntas! – Foi só o que ela conseguiu falar. Depois de uma pausa, ela começa.

— Muitos enigmas, muitas suposições! – As palavras saiam desgovernadas da boca da garota, estava tentando ser forte nesse dia. Mas estava impossível! Ela olha para baixo, respira fundo, fecha os olhos. Warner não poderia perceber a dificuldade a dificuldade que intimamente ela estava enfrentando naquele momento.

— Zoey? Zoey? – Roman a encara. – Senhorita Starling?

A garota respira fundo mais uma vez e levanta seu olhar. Ele nota seus olhos confusos e lacrimejados. Warner desvia o olhar, suspirando.

— Eu fiz outra vez! Eu... eu não tive intenção. Espero que considere meu pedido de desculpas.

Ela morde o lábio, colocando o cabelo castanho atrás da orelha. Estava mais calma, mais sob controle. Isso não era sobre ela, era sobre uma vítima que precisava salvar! Ainda sim, uma pergunta escapou de seus lábios.

— Por que faz isso? – Roman estava o mais próximo possível do vidro, seus olhos vagavam pelo rosto dela.

— Isso o quê, Zoey? – O coração da garota quase solta pela boca, aquela voz calma nunca tinha soado naquele tom tão casual para ela. Suas mãos começaram a tremer com o nervosismo.

— Pedir desculpas, você não faz isso! Você apenas “joga” com as pessoas sem se importar com as consequências! Você não se importa com a mágoa, dor, desespero ou raiva que pode causar nelas! Então para quê me pede que eu considere suas desculpas se isso é irrelevante para você?

Ele fecha os olhos e sorri. Ao olhá-la novamente, ainda sorri. Parecia maravilhado.

Você. É. Diferente! – Warner fala cada palavra pausadamente, dando destaque para cada uma delas. Seus olhos na paravam de encará-la.

— Com você é completamente diferente, senhorita Starling. Já deverei saber disso desde o momento que nos vimos pela primeira vez.

— Eu não acredito em você! – Diz ela em um sussurro. O coração de Zoey batia muito alto naquele momento.Roman passa a mão em seu queixo.

— Não deveria. Eu sou um criminoso, manipulador e mentiroso. Não seria assustador se acreditasse em mim mesmo que apenas por um segundo? – Ele ironiza aquela situação. Ela sorri, nervosa.

— Está ganhando tempo! – Diz ela.

— Consegue fazer isso Zoey. Tenho plena certeza que fará um bom proveito de todas as informações que lhe entreguei.

Starling sabia que ele não pretendia dizer mais nada sobre o caso. Roman entrega os papéis da garota e ela pega. A garota levanta-se e fala de forma automática com seu tom educado.

— Obrigada pela cooperação, Warner. – Diz ela, organizando sua bolsa para retirar-se. Ela caminha lentamente em direção a saída, mesmo que hesitante.

Roman pensa rapidamente, queria que ela ficasse, que ela permanecesse conversando com ele.

— Enfrentou o doutor Heinfiled apenas para falar comigo? – Zoey para e vira-se, encarando-o outra vez.

— Eu vim pela pessoa desaparecida, Warner. – Fala ela gentilmente. – E sim, passei por Thomas Heinfield. Claro que passei, isso se trata de alguém inocente.

— Entendo. Entendo sua conduta. Mas com certeza está um pouco desapontada e presumo que seja eu o culpado. – Ela suspira.

— Fizemos trocas e talvez você não tenha me dado uma informação literal, mas isso já era previsto. Eu só achei que poderia me dar o nome do assassino, porém não é assim que você “joga” não é?

Warner sorri abertamente.

— Refere-se a transferência da Eichen House. – Afirma ele. – Eu ouvi atentamente o que você tinha a me dizer sobre a proposta, isso lhe garanto.

Ela respira fundo, o olhando.

— Agradeço pelas informações, Roman.

Starling anda em direção á saída. Roman senta-se em sua cama, ela na parecia totalmente bem e muito menos disposta a prolongar a conversa entre eles dois. O assassino esmurra o travesseiro com força, sua curiosidade havia estragado tudo outra vez! Sem contar o modo invasivo de ter perguntado sobre a infância dela. Teve que lutar contra sua língua afiada em tantos momentos durante as entrevistas. Estava tentando ao máximo prolongar, que não se deu conta de que ela realmente não iria mais aparecer. Roman passou as mãos pelo queixo e encarou a fato : Não iria vê-la novamente ! Como poderia reverter isso? E porque ele queria ter outra conversa com ela?

***

O barulho das grades sendo abertas ecoa no local, Roman levanta-se. Será que era ela? Warner mexia os dedos sem parar, ela tinha reconsiderado conversar com ele? Os passos se aproximavam, não era a garota e muito menos seria Barney, não andando de forma tão pesada e agressiva. O campo de visão de Warner é tomado pela visão dos guardas da Eichen House.

— Doutor Heinfield exige uma conversa com você, Warner. Já sabe as regras. Se se mover, agredir ou até mesmo soltar uma gracinha... – Adverte um dos guardas.

Eles abrem a cela, algemando-o e o levando em direção ao andar de cima. É claro que Thomas nunca desceria. Roman pensou um pouco sobre o quê seria aquela conversa, deveria ser algo relacionado ao FBI. Desde que Zoey Starling havia apareido na instituição, o doutor parecia interessado e determinado em ganhar holofotes jornalísticos.

Andando pelos corredores, algemado nas mãos e nos pés, eles chegam em uma sala bastante clara, com duas cadeiras separadas por uma mesa. Sentam Roman em uma das cadeiras e esperam o doutor entrar na sala. E assim ele o faz. Roman percebe que ele carregava uma pasta de arquivos e uma caneta dourada em sua mão.

— Ora, ora, ora! Roman Warner. Sabe, nunca achei que você seria útil, parece que a sorte apontou para mim desta vez.

Ele cuidadosamente senta-se de frente para o psicopata.

— Parece desapontado, achou que fosse aquela coisinha linda do FBI? Confesso que até eu poderia mentir daquele jeito que ela fez hoje. – Falava Heinfield cínico.

Roman o encarava e ao mesmo tempo focava seu olhar na caneta que o doutor deixou na mesa, tão disponível. E se ele matasse aquele homem? Resolveria um terço dos seus problemas.

— Parece mudo outra vez!

— O que quer? Parece mais desesperado por atenção do que o normal, Heinfield. – Observa Warner, o sorriso presente. Thomas bufa.

— Vejamos, eu e você poderíamos entrar em um acordo. – O doutor de cabelos grisalhos coloca os arquivos em cima da mesa.

— Sabe que o quê a agente Starling falou sobre a transferência é mentira! Liguei para a senadora Catherine e ela me falou que não existe nenhum tipo de acordo entre o FBI e ela. Você foi manipulado pela Agente Starling!

Roman sorri por dentro. Claro que ele sabia que não existi acordo, Zoey não sabia mentir para ele. Não existia remota possibilidade do acordo ter acontecido. A grande questão é que, esse seria o único jeito de vê-la outra vez. Roman sabia que era arriscado, mas tinha conseguido, tinha a visto, ouvido sua linda voz. Só não sabia como a veria de novo.

— E o que eu devo o desprazer de ter essa conversa com você? – Warner continua o jogo.

— Por sorte, talvez agora exista um acordo entre mim e a senadora. – Roman levanta a sobrancelha direita. – Entende? Bom, você continuará preso por mais 30 anos, mas terá tudo o que pediu para a lindinha. – Roman coloca suas mãos sobre a mesa. O modo nojento de como ele falava de Zoey só o fazia sentir mais desprezo pelo doutor.

O assassino olha a caneta, a distância entre o pescoço ou entre o olho de Heinfiled e e ele eram mínimas.

— Porém terá que dizer o nome do assassino. – Continua Thomas. – Suponho que seja seu companheiro de maluquices e pervesões. O que me diz?

Roman pensa e quase gargalha com a situação. Olha a caneta e arquiteta seu plano naquele momento.

— Ela está disposta a ter a filha de volta a qualquer custo e isso inclui transferir você! E claro que eu ganho os créditos com isso. – Heinfield estica as mãos e estala os dedos.

— Qual sua resposta?

Warner odiava aquele homem, mas todas as oportunidades que esse acordo oferecia fez ele dizer o que o doutor esperava.

— Aceito o acordo. – Heinfield sorri, um sorriso apático e ao mesmo tempo um sorriso de vitória.

— Ótimo, nós dois ganhamos Warner. – Ele levanta-se da mesa, virando-se e esquecendo da caneta. Roman sorrateiramente a pega e coloca em seu bolso. Os guardas o puxam pelos braços e o levam diretamente para a sua cela.

Era até irônico, a única regra da Eichen House era nada de objetos pontudos, afiados e metálicos perto dos residentes e o próprio diretor da instituição havia falhado nessa questão! Mais uma prova do quanto inútil e desprezível era ele, pensa o assassino.

Nos corredores Roman lembrava de Zoey. Talvez se seguisse seu plano, ele a veria de novo. Afinal, os dois sempre acabavam se vendo novamente de algum jeito. Largado de qualquer jeito dentro da cela, sem seus desenhos, sem a doce voz da garota, ele deita em sua cama. Repensa nas conversas e na maciez dos dedos de Zoey, que pareciam que foram feitos para encaixarem nos dedos dele. Poderia passar horas segurando-os e horas mais ouvindo as teorias que a garota criava. Na verdade, ele poderia passar horas ouvindo tudo sobre ela em geral.

Será que ela pensava nele desse mesmo jeito? Será que ela perdia algum tempo pensando em alguém que era tão impiedoso? Roman apenas sabia que ela ficava eufórica com sua presença, mesmo que a própria não percebendo isso. Sem falar dos olhares que dava para ele, ninguém o olhava daquele jeito! Um olhar curioso e interessado. Zoey era a única pessoa que nunca transmitiu um olhar de medo e repulsa. Quando ambos se olhavam, Roman tinha a certeza de que o que mais importava era aquele momento e mais nada valia a pena. Isso era o suficiente para ele tentar o que estava planejando fazer, iria por em prática seu plano.

***

Zoey dirigia absorta em pensamentos. Tentou se controlar ao máximo naquele dia. Por que aquilo tudo era importante para ele? Por que? E por que ela sempre falava? Parecia que não conseguia se controlar ou parar de ficar nervosa? Ou até mesmo parar de reparar em como aquelas pintinhas se encaixavam perfeitamente naquele rosto tão bonito?

Mas ainda, por que ela ficava pensando nisso? Pensando nele dessa forma. Pensando nas mãos. Zoey para no sinal vermelho e olha para suas mãos, lembrando da quentura das mãos de Roman. Lembrando de como ele a salvou, as ataduras ainda em seus pulsos serviam para aguçar ainda mais as lembranças.

Você está bem? Está mentindo?

A voz de Roman, o jeito como ele a olhava, como se só ela importasse para ele.

— Pare com isso!! –A garota repreende a si mesmo. Não era de romantizar cada encontro dos dois. Mas ela sabia o porquê dessas aproximações, das segundas intenções por trás de cada palavra, incluindo as de hoje. E ela se sentia mais culpada por isso, ela queria vê-lo, queria mostrar suas anotações, queria sua ajuda e isso absurdamente errado! Por que a única coisa que deveria importar naquele momento era a negociação para salvar a vítima. Ainda tinha a questão do seu pai.

Ela estaciona o carro no departamento do FBI e sai do veículo, indo até o andar onde sua pequena sala se localizava. Ela chega ao seu destino, abre a porta do pequeno lugar e a fecha rapidamente. Zoey coloca os arquivos sobre a mesa e fecha os olhos, as imagens da mãe sendo espancada pelo pai e até imagens dela própria com os machucados voltam a tona.

A garota senta no chão e deixa as lágrimas caírem. Lembrou-se de Allison dizendo que iria ficar tudo bem e que ela iria ficar bem. Zoey controla o soluço provido do choro e apenas chora silenciosamente.

Eu odeio você!

Ela dizia para seu pai enquanto Rachel chorava. A gritaria nunca parava dentro de casa, especialmente de madrugada. A garotinha tampada os ouvidos todas as noite.

Zoey abraça os joelhos, de repente a porta de abre. Theo vestindo uma calça jeans azul e uma camisa da mesma cor entra na sala.

— Zoey, Craford ... – Theo para de falar ao notar que Zoey enxugava rapidamente as lágrimas e tentava desesperadamente levantar-se a tempo.Porém ela desistiu. A garota tinha evitado Theo a manhã inteira por causa do encontro e o beijo que ela não tinha correspondido.

A expressão de Theo era de preocupação, porém tudo que ela fez foi mudar do assunto.

— O que Craford quer? – pergunta ela em um sussurro.

— Isso com certeza pode esperar. – Theo abaixa-se, a encarando ali sentada. – Zoey... ei, o que houve?

— Eu estou bem, eu só... – ela enxuga os olhos lacrimejados. – eu só precisava disso, eu acho. – Theo assenti, pegando a mão esquerda da garota.

— Eu sinto muito, eu não tenho idéia do que seja, mas eu sinto muito. – Ela assenti, se controlando para não chorar mais.

— Eu também sinto. – Fala ela. O rapaz faz uma expressão interrogativa. – Eu não queria ser rude com você ontem, Theo. Eu, você sabe... – Ele sorri.

— Não é hora para se desculpar por algo que você não tem culpa nenhuma, tudo bem? Embora você tenha me evitado hoje. – Ele sorri para, a garota sorrindo concordando com a afirmação e se levantado do chão depois, se recompondo.

— Obrigada!

Talvez Theo fosse realmente alguém que ela pudesse confiar, um amigo. Theo coloca suas mãos nos bolsos da calça.

— O que Craford quer mesmo? – O agente responde.

— É sobre Roman Warner e sobre o caso. Eu posso enrolá-lo um pouco até você se recompor.

— Minha cara de choro está tão ruim assim? – Ele sorri.

— Eu diria que está evidente. Mas seu rosto nunca ficaria ruim, Zoey. – A garota revira os olhos, Theo não perdia uma oportunidade! Porém as coisas estavam diferentes, ele era uma boa pessoa e talvez merecesse confiança da parte dela.

— Tudo bem, prometo que em dois minutos eu apareço.

Ele assenti e se retira da sala. Zoey prende os longos cabelos e limpa o rosto. Repensa sobre o caso, tentando tirar Roman, o pai e todas as outras coisas que haviam surgido dede que se mudara para Nova York. Saiu da sala disposta a resolver aquilo de uma vez por todas.

***

Allison olhava o celular, zero mensagens de Zoey, embora desde cedo houvesse mandado vários perguntas sobre o encontro, a vida em Nova York e até mesmo tinha mandado fotos dela e de Kira e Lydia, perguntando qual ela deveria postar. Havia alertado sobre o possível novo romance entre a Kira e Scott, o mais novo assunto entre elas. Sem falar do jogo de lacrosse do irmão que estava próximo. Em resumo,Allison sentia muita falta da melhor amiga.

Seu celular toca, era o Isaac.

— Alô? – Allison comia, estava no intervalo do almoço.

Alli? Você está bem? Sabe que sempre ligo antes avisando se vou aparecer ou não.

Está atrasado já que esse é o caso!— Ela fala dramaticamente. – E o papai disse que prefere que você apareça no jogo do Liam.

— Ele não disse isso!— Isaac sorri, sabia que o senhor Argent não tinha dito isso.

Bom, não especificamente isso. Mas eu escutei algo que ele comentou com a mamãe. Tipo, “quero todos no jogo do meu filho e blá blá.

Não reclame dele, aposto que você e as meninas já começaram a fazer os cartazes.

Allison come seu macarrão e volta a falar com a boca cheia.

— Claro que não! Os cartazes vão ser feitos com a Zoey! É uma tradição desde que Liam entrou para o time e espero mesmo que ela não tenha se esquecido disso!

***

Zoey estava na sala de Jack Craford, Juntamente com Theo e Malia, todos tensos por que a expressão do chefe não parecia nada contente.

— A senadora Catherine ligou diretamente para o departamento, exigindo que nós fossemos processados! Acreditam nisso?

Zoey olha para Theo.

— Espera ai, ela nos processaria por que exatamente? – Ele pergunta.

— Mentimos sobre o acordo de transferência de Roman Warner e ela descobriu. Ela disse que Thomas Heinfield a contatou e tudo ficou esclarecido.

— Ah merda! – Braveja Malia. – Viram? A idéia genial no que deu? – Fala Malia olhando para Zoey que por sua vez se controla para não revidar, apenas mordendo o lábio. Odiava o doutor.

— Porém, acabamos de saber que Roman Warner está sendo transferido para outra instituição.

— Quê? – Zoey exclama, sua voz um pouco alterada. Como assim? Ele havia sido mandado embora da Eichen de Nova York? O que estava acontecendo?

— Fizeram um acordo com ele. Ele concordou em dizer todos os detalhes sobre o assassino para a senadora. – Informa Craford a ela.

— Então ele fez um acordo com o Heinfield. – Theo comenta. – Isso significa que...

— O caso não é mais nosso, praticamente o perdemos! Nos tornamos incompetentes, inúteis. – Malia comenta, a raiva transparecendo em sua voz.

— Obrigada, novata!

Apesar das provocações, Zoey permanecia raciocinando, olhando as fotos, as informações , o que Roman disse. A ficha cai.

— Eu conheço os métodos do assassino, era isso que ele queria! Que eu soubesse o que ele faz, o que ele busca? – Zey se levanta.

— Aonde vai, Starling? – Craford ingada.

— Se o senhor estiver certo, não temos muito tempo e Roman irá ser transferido no máximo amanhã. – Fala ela abrindo a porta.

A garota anda até seu carro, numa velocidade surpreendente. Ela é surpreendida por Theo.

— Zoey, o que pretende fazer? O que mais vai procurar? Nós praticamente perdemos o caso, Thomas ganhou e...

— Tem que confiar em mim,Theo. Olha, Roman odeia o doutor Heinfield e com certeza ele nunca diria nada sem enigmas. Tudo era uma estratégia, tudo fazia parte do plano. Ele sabia Theo, ele sabia!

— Sabia o quê? Sobre o quê exatamente?

Zoey suspira, olha para o rapaz. Se dissesse a verdade. Se dissesse que ela sabia que Roman não havia acreditado nos papéis da transferência... “ Não consegue mentir para mim “ Como ela poderia achar que ele seria tão enganável desse jeito?

Se dissesse isso para Raeken, motivaria mais perguntas e detalhes sobre as conversas dela com Warner. Ela apenas fala.

— Confie em mim, ok? – Pede ela e Theo assenti.

A garota entra no carro, acelerando. Ela disca um único número em seu celular. Uma pessoa com quem ela precisava falar urgentemente.

Alô?

— Alô, Barney ?