A obra por muito e desnecessariamente distendida o encarava da tela brilhando do notebook, incitando-o a completá-la mesmo que já não tivesse nem uma virgula por escrever. Era o projeto de sua vida, concluiu ao ver seu reflexo distorcido no tampo de vidro da sua mesa de trabalho, literalmente.
Não lhe restara nada além da tela brilhante e do pequeno cursor piscando e piscando no fim do texto, encarando-o e ridicularizando-o pela escolha que tinha feito na vida.
Sua paixão o fizera crer que valia a pena, mas agora, desiludido, via a verdade.
Baixou a tampa do aparelho e desapareceu.