Sua definição de amor era me admoestar. Uma relação baseada em julgar e ser julgado, criticar e ser criticado, agredir e ser agredido... Claro, ela sempre ficando com o papel de agressor e eu com o de agredido.

Mas nem sempre foi assim.

Quando nos conhecemos ela era a garota mais doce e delicada que eu poderia sonhar em conhecer. Sua voz, seu sorriso, seus olhinhos brilhantes... Tudo aquecia meu coração de uma forma tão simples e, ainda assim, poderosa que não hesitei em declará-la a mulher da minha vida. Minha alma gêmea.

Nossos amigos não se dão ao trabalho de esconder o quanto me acham ridículo por ser tão submisso e mimá-la tanto, mas as risadas pararam de me incomodar a tempos. Meio que estou anestesiado contra elas...

Ouço o celular dela tocar, a amiga com quem vai se encontrar já deve ter chegado... Me ofereço para ir recebê-la mas minha gentileza é fortemente negada com um olhar duro e uma boca torcida, uma expressão de repreensão a qual já estou doentiamente acostumado. No segundo seguinte ela já foi da porta de casa até a porta do carro, fazendo uma pequena pausa para deixar sua aliança sobre a mesa.