Agora lá estava ela. Sentada em sua cama , num pequeno (porém um tanto caro ) apartamento no Midtown Manhatann que comprara para fins de segurança em caso algo imprevisível acontecesse. Nos documentos do imóvel, não havia nenhuma Natasha Romanov, apenas Nadine Roman como a proprietária, cujo os pais se mudaram para a América assim que o comunismo se dissipado, se mudaram para os Estados unidos para viver um sonho . Uma Grande mentira que ela conseguia aguentar.

Era tarde da noite quando acordara com mais um pesadelo. Desde que havia vazado as informações confidenciais sobre a HYDRA, a qual carregara por décadas, sua velha ocupação de Assassina havia sido exposta, as coisas para Natasha estavam ficando cada vez mais complicadas: pesadelos e lembranças acrescidos de stress a russa não conseguia dormir bem. Porém havia algo a mais que lhe estava tirando- lhe o sono : Barnes.

— Merda – Ela resmungou consigo sentando -se arfando na cama após mais um pesadelo de passado na gélida União Soviética, com cenas de luta na fria Sala Vermelha acompanhada de seu instrutor, o Soldado Invernal misturando com algo que vinha tentando esquecer por anos : o toque de seus lábios frios em sua pele a qual fazia seu corpo arrepiar.

Talvez a única coisa que ela não conseguisse aguentar a falta que ele fazia por mais que não admitisse . Todos os dias, sua memória a levava até ele de alguma maneira e aquilo a deixava louca: Os olhos azuis cristalinos que ela podia sentir a observando , sua voz grave e taciturna no a chamando pelo nome a qual ele sempre a chamara “ Natalia”. Ela tinha tentado até se desvencilhar do fantasma assumindo a causa de Tony, mas quando ela se lembrou de um velho pacto: sempre o ajudaria lembrando de uma promessa feita numa noite, em Portugal após sua ultima missão juntos .

Ela enrolou um puco porém pela manhã, se levantou e foi tomar um banho para tentar esquecer logo após por um pouco de comida para um gatinho preto de rua que decidira adotar . Ela nunca havia gostado de animais de estimação , mas aquele era a única companhia que tinha.

Depois de alguns minutos sobre a água escaldante, Natasha andou nua até seu quarto logo após se olhar mo espelho se seu banheiro: ainda iria demorar muito para que ela se acostumasse com o cabelo loiro, já que desde sempre o vermelho era parte dela. O que mais uma vez a levava para Barnes , já que ele a chamava de ‘ruivinha’ nos momentos que eles estavam a sós, o que era proibido a intimidade entre treinador e aluna.

Após aquele momento, ela colocou um fino robe de cetim que havia encontrado no fundo de seu guarda -roupa e caminhou até a cozinha a passos lentos enquanto (através de seu celular ) programava sua playlist do dia para tocar durante seus afazeres que apesar de serem poucos, era melhor do que simplesmente não fazer nada.

Enquanto a moça fazia suas panquecas cotidianas, ouviu batidas em sua porta.Pelo que ela se lembrava, não havia convidado ninguém para tomar o café da manhã.

— Quem está ai? - ela perguntou logo após pegar uma de suas pistolas que ficava escondida sob o assento do sofá tentando cobrir o som do engatilhamento depois de olhar no sistema de segurança paralelo que havia instalado no corredor e viu um silhueta de um homem forte do lado de fora. Porém não ouve resposta, o que a fez chegar mais perto e olhar pelo olho mágico e reconhecer o indivíduo : Era Steve Rogers. O antigo Capitão América e atual Nômade.

Ele estava bem diferente: já não parecia tão jovem devido a seus cabelos que estavam maiores e a sua barba que o deixava parecendo um lenhador ( sim , para ela , Rogers estava muito mais sexy do que no dia em que se viram pela primeira vez).

— Me deixe adivinhar, esperou o porteiro ir ao banheiro pra poder entrar não é? - A ruiva brincou após abrir a porta ainda com a arma em mãos.

— Engraçado Natasha – Ele respondeu cruzando os braços sobre o peito forte notando a pistola na mão dela e robe de seda que usava. Natasha sabia que aquilo era um sinal de que alguma coisa estava indo errada – Está esperando alguma ameaça?

— Poderia ter ligado antes …- Ela deu um passo para trás e gesticulando para que o homem entrasse em seu apartamento- Então… Tem algum trabalho novo? Já faz algum tempo que eu não tenho recebo uma ligação sua.

— Não… - Ela gesticulou para que ele sentasse no sofá depois de deixar a pistola sobre a mesa de centro - Clint e Scott voltaram pra família deles e não querem se envolver e depois do que o Tony fez…. Ele quer minha cabeça numa bandeja de prata.

Ela acenou com a cabeça ouvindo atentamente o que o amigo falava ao mesmo tempo em que se perdia em longínquos pensamentos. Sentia falta dos tempos de glória por mais que durara pouco essa era , e que por mais que estivesse num time de heróis sabia que ninguém a levava como uma heroína assim como seus outros amigos que tinham o que ela chamava ironicamente de “histórico perfeito”.

— Se não está aqui por trabalho… então por que está aqui? - Ela questionou ligando o fogão notando que o homem tinha a seguido e sentado – se numa de suas cadeiras na pequena cozinha . Aquele era um claro sinal de que ele estava desesperado por algo.

— Preciso de um favor – ele disse olhando para a mão dele que segurava uma pequena moeda de prata a qual carregava como um souvenir.

— Depende … Vou ter que hackear algo? Ou então matar alguém? - ela brincou pingando um pouco de massa na frigideira que estava já quente antes de pegar a espátula .

— Não… - Ele deu um meio sorriso a ela que já sabia que tinha mais alguma no favor que ele precisava.

— Vai precisar que eu seja sua namorada de novo? - Ela deu um meio sorriso diabólico a ele que corou envergonhado imediatamente. Ela então virou a panqueca que estava assando – Achei que queria que fossemos apenas amigos…

—Não tem nada haver com você ser … fingir ser minha namorada - Ele negou com a cabeça parecendo envergonhado lembrando-se do dia que haviam se beijado . Mesmo sem olhar ela sabia que o Ex- Capitão América não se esqueceria daquele dia– Quero que dê abrigo para alguém . É pouco tempo eu prometo … Eu e os outros vamos ficar de vigia e rondar não preocupar.

—Claro… Eu ouvi o que aconteceu com a Wanda durante a prisão na balsa. Ela pode ficar aqui o tanto de tempo que ela quiser – Ela tirou a panqueca pronta e pôs num prato antes de repetir o processo com mais um pouco de massa . Ela gostava da garota via como se ela fosse seu eu antigo: uma garota criada para ser uma arma viva .

— Não é ela… Visão e ela estão em Paris . Morando numa kitnet … eu…. Estou falando do Bucky – ele explanou coçando o pescoço quando notou os olhos claros da ex- ruiva o fita -lo assustada e surpresa ao mesmo tempo. - Alguma coisa de errado?

— Não posso. - Ela suspirou profundamente assim que a palavra de negação saíram de sua boca. Ela estava determinada em não contar nada do passado e muito menos o sonho que fizera o fantasma retornar em sua mente que agora tinha carne e osso. -Pode ser perigoso tanto pra mim, quanto pra ele e até mesmo pra você.

—Por favor, Nat. Você é minha melhor amiga… Você é a mulher que eu mais confio depois da Peggy. Você nos ajudou a fugir em Berlim e sempre esteve do meu lado mesmo quando tinha aceitado ficar do lado do Tony .- Os olhos dela voltaram -se para ele pensado numa resposta. Então mulher tentava procurar algum sinal de mentira, porém nada. E o pior : ele a olhava como um cachorrinho que estava perdido . Como ela iria negar ?

— 4 dias … - ela falou de dar um alto suspiro aceitando a proposta do amigo já pensando o que ela faria

— Uma semana … - Ele retrucou quase que imediatamente entortando a cabeça – Ele precisa ter alguma experiencia . As coisas não são mais como antigamente. Por mais que o tempo que ele passou algum tempo em Wakanda, terapia… ele preferiu voltar pra cá.

— Ok . Mas o serviço de guia turístico não está incluso. Vou cobrar outro favor. - Ela pôs uma pilha com três panquecas para o colega enquanto apenas uma estava em seu prato. Ela então foi até o armário e pegou xarope de bordo .

— Obrigada, Nat – Ele agradeceu a ela parecendo mais relaxado pegando a pequena garrafa com o xarope e despejou sobre a massa em seu prato observando-a - Vou buscá -lo esta tarde lá pra umas 18 eu volto.

— Ok ...- Ela sentou-se à frente dele cruzando as pernas , fazendo com que a fenda do robe subisse pela sua coxa notando as bochechas dele corarem quase que de imediato antes dele por seus olhos fixos na comida. Ela gostava de provocá-lo as vezes só pra ver sua falta de jeito com mulheres mesmo tendo 100 anos .- Ele vai precisar de uma identidade falsa… uma história pra contar pro porteiro… Rotina.

— Eu já tenho tudo pronto – ele cortou um pedaço do café da manhã olhando fixamente para o prato dizendo as três palavras que Natasha mais temia - Confie em mim.