VICTÓRIA – Esse bebê veio pra somar, pra deixar a gente mais unidos ainda!

VIVI – Não dá para ser mais unido sem meu pai aqui! – falou sofrida. – Ele saiu chorando também. Vocês precisam parar de brigar. Tenho medo, mãe que uma hora dessas tudo acabe para sempre! Que você se apaixone por outro ou meu pai por outra! Eu não posso suportar!

VICTÓRIA – Nós não brigamos, são feridas que ainda dói. Dói muito aqui! – levou a mão dela ao coração.

VIVI – Vai passar, mãe, vai passar! Você precisa se concentrar no trabalho e em você!

VICTÓRIA – Já trabalhei muito e agora eu quero só curtir meus filhos! – Vick a olhou. – Vamos recuperar todo tempo perdido, não dá pra concertar mais podemos melhorar as lembranças. – beijou a filha no nariz.

VIVI – Sim, mãe, vamos sim! Ainda está enjoada?

VICTÓRIA – Não, ela me deu uma trégua! – sorriu. – Quer tomar banho de piscina?

VIVI – Vamos, mãe, eu quero!– Vick se sentou.– Ótimo, então, vamos nos vestir.

Victória levantou e pegou uma fruta.

VICTÓRIA – Aproveitar o resto do sol!

VIVI– Vou ligar pro Léo para ele vir conhecer a piscina. – provocou a mãe sabendo que era mentira somente para fazê-la rir.

VICTÓRIA – Virgínia, nada de transar na água! Cansa! – falou rindo.

Ela soltou uma gargalhada.

VIVI – Cansa nada, mãe! No carro é pior! – soltou rindo.

VICTÓRIA – Eu vou te levar para um convento, garota! Vou ligar pro papai vir também com Beth! Preciso contar a eles do bebê!

VIVI– Oba, vovô e vovó, adoro, mãe! Vou procurar a caixa das minhas coisas! – beijou a mãe e saiu.

VICTÓRIA – A parte de cima elas não terminaram de arrumar ainda, filha? Seu quarto, o do seu irmão? – falou mais Vivi já havia saído do quarto e ela riu.

Victória ligou para Luciano e ficou um tempo conversando e os convidou para vir a casa nova que não era tão nova assim. Quando Vivi entrou no quarto sorriu feliz, tudo já estava no lugar. Sorriu feliz e escolheu seu biquíni. Victória depois de desligou foi até a filha e elas desceram juntas.

Vitória sorriu feliz olhando a casa e ele jurou que seria feliz independente do que o futuro reservasse para ela. Beth e Luciano chegaram logo depois que Vitória tinha ligado para ele. Estavam todos sentados na beira da piscina conversando.

Virgínia contava para o avô sobre o novo namorado e as novidades da vida. Rafael também chegou e se juntou a eles. Vick pediu que preparasse um café da tarde para eles bem reforçada e todos foram para mesa. Na mesa era só sorrisos! Todos riam das piadas de Rafael até que sem querer ele soltou do bebê.

Luciano olhou para Beth e depois para Victória.

LUCIANO – Vamos ter neto?– a voz tensa.

RAFAEL – Desculpa, mãe, foi sem querer!

VIVI – Burro, a mamãe quer contar e você conta duas vezes na frente dela!– Vivi riu.

Luciano foi até ela e a beijou.

VICTÓRIA – Não tem problema, meu filho, mas você é um bocudo!

Todos riram, ele nunca tinha sabido mesmo guardar segredos.

LUCIANO – Meu novo bebê! – ele sorriu e beijou ela muito. – Filha querida, a melhor das notícias! Seu pai está feliz e orgulhoso de você! – ela sorriu e o abraçou forte.

Beth a olhou.

BETH – Parabéns, Victória! – levantou e foi até ela, a abraçou.

VICTÓRIA – Obrigada, foi uma surpresa mais um bebê é sempre bem vindo!

LUCIANO– Estamos muito felizes!

BETH– Meu filho queria tanto mais um herdeiro! Você já contou a nosso filho?

Vick se sentiu estranha com o modo como Beth falava.

VICTÓRIA – Eu já contei a ele sim, ontem!

LUCIANO – E ele não nos disse, a meu filho! – Luciano sorriu.

VICTÓRIA – Papai, ele deve ter deixado para eu contar! Só isso!

BETH – Ele devia estar aqui contando...

LUCIANO– Onde ele esta que não veio te ajudar com a mudança?

VIVI – Papai veio mais já foi, vovó! Vovô, sim, ele veio ajudar e já foi um pouco antes de vocês chegarem.

Beth ficou calada só analisando a cena que estava a sua frente e Victória se sentiu mal. O que ela estaria pensando?

VIVI – Meu pai é o melhor, claro que ele veio e ainda trouxe os chocolates da mamãe!

Victória sorriu.

VICTÓRIA – Eu vou ficar gorda!

RAFAEL – Mãe, já disse que vai ficar linda! – foi até ela e a beijou muito. – Nada de gorda, mãe, você vai ser feliz!

Victória sorria feliz, adorava ser paparicada e assim ficaram conversando e num determinado momento ela chamou Luciano para dentro para conversarem sozinhos. Ele parou na frente dela na grande sala e e ela o abraçou forte.

VICTÓRIA – Papai, preciso te contar uma coisa.

LUCIANO – Sim, minha filha, estou aqui!– ele a olhou com carinho. Ela sentou e puxou ele para sentar, respirou e falou.

VICTÓRIA – João me procurou ontem!

Luciano a olhou de modo direto, estava tenso e sussurrou.

LUCIANO – O que ele queria com você minha filha?

VICTÓRIA – Me pediu perdão e se ajoelhou na minha frente. – sentiu ofegar e o coração acelerou. – Depois de tantos anos...– destruída, abaixou o olhar.

LUCIANO – Ele fez algo, filha, como você se sentiu? Quer perdoá-lo?

VICTÓRIA – Eu acho que já até perdoei, mas não sei esquecer.

Luciano a abraçou forte e apertou sentindo o medo dela.

VICTÓRIA – Eu não quero mais me sentir acuada!

LUCIANO – Eu estarei aqui, minha filha, e vamos acertar tudo como fizemos no passado.

VICTÓRIA – Meus filhos não sabem dele.

LUCIANO – O que você disse aos meninos? – Luciano sentiu o coração apertado pelo netos.

VICTÓRIA – Foi mamãe que disse que é viúva sempre.

Ele riu.

LUCIANO – De certa forma sua mãe é viúva. Viúva, o homem que ela amava não existe mais!

VICTÓRIA – Eu não o reconheci, está diferente, está velho...

LUCIANO– E deve ter pensando em tudo que fez.

Luciano sabia que tudo que tinha acontecido no passado era terrível mas imaginava que João estava arrependido de tudo que tinha feito com Teresa e com Victória. Ele não queria fazer nenhuma defesa porque o homem não merecia mas também não queria Vitória cheia de ódio e de rancor por nada. Era melhor para ela perdoar e seguir em frente isso era o melhor para o coração dela.

VICTÓRIA – Ele disse que me amava! – ela deixou escapar uma lágrima.

LUCIANO – Eu acho que ele se arrependeu, minha filha, se voê quiser marcamos um dia e eu falo com você junto com ele para te dar segurança.

VICTÓRIA – Eu não quero, é melhor deixar como as coisas estão! Ele nunca se importou! Eu preciso ficar bem não posso ficar alterando preciso do meu bebê sadio eu não quero que nada me aconteça. Eu morro se qualquer coisa acontecer comigo eu com meu bebê outra vez eu não suporto!

Luciano abraçou forte a sua filha do coração entendeu qual era o pedido dela naquele momento.

LUCIANO – Não se preocupe, Vitória tudo ficará bem e você não precisa ficar pensando nisso. Se você não quer ver, eu não irá vê-lo e se sentir vontade de aceitar o perdão dele encontramos e conversamos! Agora vamos lá para comemorar esse meu neto maravilhoso que está vindo aí porque isso sim é motivo para a gente sorrir!

Ela o abraçou forte

VICTÓRIA – Eu amo muito você!

LUCIANO – E eu te amo mais, filha linda!– Luciano amava Vitória como amava Heriberto, como filho.

Os dois foram pra fora e o resto da tarde e a entrada da noite foi só comemoração. Até que Vick não aguentou mais a cara de Beth e foi até ela.

VICTÓRIA – Beth por que fica me olhando assim? Eu fiz alguma coisa errada?

BETH – Não sei, Vick, você fez?–falou sentindo que ela não ia entender seu coração de mãe.

VICTÓRIA – Por que está falando assim comigo?

BETH – Assim, como, Vick? Como uma avó que está sofrendo porque o bebê dela queria ser pai de novo e quando acontece ele não está aqui?– disse logo o que tinha para dizer. – Meu filho está sofrendo!

VICTÓRIA – Você acha que eu fiz isso de proposito? Que eu fui lá transei com ele e depois pedi o divórcio?

BETH – Não fale assim comigo, Victória! Estou pensando no melhor para meu neto. Uma criança precisa de uma família!

VICTÓRIA – Ele vai ter uma família!

BETH – Heriberto tem direito a conviver com o filho , Vick, e com a família dele! Eu sei que ele errou, mas esta arrependido e sei que você ama meu filho! Ele foi um idiota por duvidar de você, mas ele quer tentar de novo e esse bebês é um recomeço.

VICTÓRIA – Você está dizendo que eu vou tirar isso dele? O direito de estar com os filhos? Que tipo de mulher acha que sou? – se chateou

BETH – Já tirou, Victória, onde está meu filho agora?– ela foi dura.– Ele não está aqui.

VICTÓRIA – Você quer que ele esteja aqui mesmo estando separados? Acha por que eu estou grávida as coisas tem que mudar? Que não temos que aprender a viver melhor para sim podermos estar juntos? Claro que você vai defender seu filho, não foi a você que ele ofendeu. Ele estava aqui até antes de vocês chegarem mais ele ainda não sabe conversar sobre o nosso filho morto.– ofegou, não queria brigar

BETH – Não sabe porque meu filho também sofre e se culpa, ele sempre se culpou por deixar você nervosa, mas foi uma tragédia, não foi culpa de ninguém. Vick me entenda, eu sou mãe, isso foi tudo que ele mais desejou em anos e agora ele não esta aqui! Ele te ama! Meu filho é louco por você!

VICTÓRIA – Eu também sou mãe e não quero um alcoólatra dentro de casa! – foi rude. – Eu o amo e quero o meu marido de volta, mas eu quero aquele homem que eu conheci há anos! Olha, Beth, me desculpe, eu não gosto de ser rude! É o seu filho e você tem o direito de estar chateada. Seja lá o que estiver sentindo, mas eu não posso colocar ele de volta dentro da minha casa se ele não mudar! Eu apenas falei do meu médico hoje cedo e ele surtou.

BETH – Ele tem ciumes de você , Vick, mas ele está se tratando. Heriberto te ama e não eu não quero decidir o que você vai fazer com ele, mas eu tenho tristeza de ver meu filho assim!

VICTÓRIA – Eu não vou deixar ele longe da minha bebê, ele vai sempre acompanhar tudo!

BETH – Eu espero que você realmente pense nisso! Vick, eu não estou cobrando nada de você.

VICTÓRIA – Mais do que eu penso? Impossível sabe que Rafael tem que dormir comigo para eu poder dormir? Porque eu não consigo dormir, sinto a falta dele. Mas agora temos que pensar que precisamos melhorar para nós mesmos depois reconstruir a nossa família, se for possível. – tomou um pouco de suco. – Eu não quero que me olhe como se eu fosse a culpada por ele não estar aqui porque eu não sou.

BETH – Eu não vim aqui para dizer que você é culpada, mas eu sofro por você e por meu filho, sei que vocês se amam e estão separados por conta do que aconteceu, não apoio os erros de meu filho, eu mesma disse a ele que tudo que ele fez foi errado. Mas agora ai na sua barriga esta o fruto do amor de vocês dois e tenho medo que separados como estão vocês não consigam resolver nada. Tenho medo que um dia vocês dois acordem percebam que não tem mais jeito. Ficar longe não ajuda em nada, Vick, apenas afasta ainda mais o amor. – ela olhou a nora. – Você nos deu a notícia que esperamos a mais de uma década e sabemos que você está feliz e queremos vocês dois felizes... e queremos a família de nossos netos!

Beth chegou perto de Vick.

BETH – Eu sempre cuidei de você! Sabe que estou do seu lado também, sabe que amo você! Mas Heriberto precisa de nós, precisa mais ainda de você...

VICTÓRIA – Se é amor de verdade nós vamos superar... Mas não posso ficar com ele ao meu lado se eu sentir medo.

Beth a tocou na barriga com carinho e a beijou.

BETH– Obrigada por me dar mais um neto!Foi a melhor das notícias.

Victória sorriu e tocou por cima da mão dela.

BETH – Você fica linda grávida!

VICTÓRIA – Um legítimo Rios Bernal que já tem vontade própria!

Beth sorriu baixando a guarda.

VICTÓRIA – Meses tentando e quando não era para ser acontece...– sorriu.– Obrigada! Vai ser uma linda vó. Minha mãe não sabe ainda!

BETH – Sim, vamos contar juntas a ela! Tetê vai querer bater em você! Vai dizer que embuchou divorciada.

Victória gargalhou.

VICTÓRIA – Vai dizer que não temos juízo!

BETH – Que vai capar meu bebê...– riu e olhou para Vick. – Eu não estou contra você, Victória, eu apenas tenho muita tristeza de ver meu filho sofrer, mesmo que tenha sido culpa dele.

VICTÓRIA – Eu queria ele aqui, ontem ele trouxe uma jaca e me fez cena de ciúmes.

BETH – O que ele fez? Por que não chama hoje?

VICTÓRIA – Me chamou de velha só porque eu disse que ia sair com Rafa para dançar.

BETH – Ciúmes, Vick, sabe que meu filho é um ciumento, faz todo tipo de tolice.

VICTÓRIA – Sim eu sei e quando ele foi embora quarenta minutos depois me ligou para saber se eu havia saído mesmo!

BETH – Meu filho nunca lidou com a ideia de perder você, quando ele era jovem e vocês terminavam, era assim esse desespero. Os dois correndo e querendo destruir o mundo.

VICTÓRIA – Só terminamos uma vez Beth quando namorávamos...

BETH – Mas brigavam sempre e ele chegava doido.

Victória riu daquela doce lembrança.

VICTÓRIA – Ele sempre foi exagerado...

BETH – Sempre e você dramática...

VICTÓRIA – Que calúnia!

BETH – A verdade!

VICTÓRIA – A senhora que sempre foi mais dramática que eu, quando papai não te atendia, meu Deus! Sabe que podíamos comer um sorvete de limão com calda de caramelo.

BETH – Não fale disso, Grandão sabe que tem que me atender.

VICTÓRIA – Vou pedir pro papai comprar....– lambendo os lábios de desejo.

BETH – Ele vai!– Beth virou-se para Luciano.– Amor! – Luciano a olhou.

LUCIANO – Sim, Rosinha.

BETH – Vick quer sorvete.

VICTÓRIA – Sim de limão com caramelo!

Luciano sorriu e atendeu o pedido dela perguntando o sabor do sorvete que queria e saindo para comprar.

BETH – Limão com caramelo? Que horror!

VICTÓRIA – Eu odeio jaca e comigo um monte e vomitei tudo. Vamos entrar, está um pouco gelado.

BETH – Vamos sim, mas antes vou ligar para meu filho!

VICTÓRIA – Sim, eu vou ver os meus e fazer xixi! – levantou depois de dar um beijo nela.

Beth ligou para Heriberto várias vezes, mas ele não atendeu, então ela entrou ficou aguardando Luciano. Luciano voltou com sorvete e só se uma vontade de Vitória que logo em seguida foi o banheiro despejou tudo para fora.

Beth e ele permaneceram com os netos e com a nora até quase umas dez da noite depois seguiram para casa felizes pela notícia. Beth tentou mais uma vez Ligar para Heriberto, mas ele não atendia.

Virgínia e Rafael se encarregaram de ajudar arrumar as últimas coisas que faltavam dentro de casa enquanto Vick repousava em sua cama e seu quarto. Longe dali Heriberto tinha desligado o seu telefone estava deitado em sua cama lendo um livro, não conseguia pensar em nada que não fosse os problemas que tinha agora.

Mas naquele momento também queria se isolar e pensar um pouco em como as coisas poderiam melhorar. E assim a noite passou chegando um novo dia...

AMANHECEU..

Tereza chegou na casa de Victória as oito da manhã era sábado. Tereza estava sentindo saudades de Vitória e sentia que a filha estava escondendo alguma coisa. Quando soube que tinha mudado de casa, teve total certeza de que era algo grave.

Victória dormia tranquilamente e com uma pequena mala, Tereza entrou na casa e deixou na sala. Subiu ao quarto da filha e bateu, como ninguém abriu ela entrou e foi até ela.

TEREZA – Vick, minha filha, mamãe chegou! Vick! –tocou a filha com carinho e beijou os cabelos dela, tão linda.

VICTÓRIA – Mamãe, só mais cinco minutos!

TEREZA – Filha, não é a faculdade. – ela sorriu. – Precisa acordar minha dorminhoca.– abraçou e beijou mais ela.

Victória se acomodou mais na cama.

VICTÓRIA – Não me aperta ou eu vômito, mãe! – segurou os braços dela.

TEREZA – Acorda, filhota, por que estamos nessa casa? – beijou a filha e a soltou sentando na cama.

Vick virou e coçando os olhos a olhou.

VICTÓRIA – Porque nunca deveria ter saído daqui. E é aqui que vou ficar para sempre com meus filhos. – bocejou sentindo enjoo.

TEREZA – Meu amor, você está bem? Onde está me genro? Eu passo um mês na Itália volto e vocês até mudaram!

VICTÓRIA – Mamãe não somos mais casados! Esqueceu? – sentou e prendeu os cabelos querendo vomitar.

TEREZA – Meu amor, isso eu sei, mas você o expulsou para sempre? Meu genro nem dorme com você nenhum dia? E aquele fogo todo? Cadê? An?

VICTÓRIA – Tá aqui! Acordo todo dia com ele, subindo nas paredes. – fez ânsia e levantou correndo. Cinco minutos depois voltou e deitou.– Mãe, antes que me bata, eu embuchei dele de novo. – esperou a reação dela.

Tereza suspirou e olhou a filha.

TEREZA – Meu Deus, minha filha, você teve esse homem anos e quando ele vai embora você engravida? Que isso Victória? – olhou seria e depois gargalhou. – Meu Deus, vou ser avó! Vou ser avó de novo! – foi até a filha e a beijou com carinho.

VICTÓRIA – Mãe, não aperta, eu não tenho culpa se ele fez amor dessa vez, ele não quer me deixar. – riu alto.

TEREZA – Oh, minha filha parabéns! Amor, você queria tanto e ele também! Agora temos mais uma bebê em nossa família, um neto meu e um neto de Beth.

VICTÓRIA – Sim e um bebê bem chato pelas manhãs. – olhou a mãe e a abraçou.– Mãe, papai veio me procurar. – soltou de uma vez e nem percebeu o pai que soltava.

Tereza sorriu e sem entender continuou...

TEREZA – O que Lulu queria?

VICTÓRIA – Não, mãe, João!

Teresa sentiu as pernas bambearem e ficou branca sem saber como reagir aquela informação que estava sendo dado a ela naquele momento. Não era possível que Victória estivesse falando do seu verdadeiro pai depois de todo aquele tempo como João podia aparecer assim de repente?

VICTÓRIA – Mãe, respira! – tocou o rosto dela, ficou parada olhando a filha.– Mãe, ele veio na empresa, me pediu perdão e disse que me amava.

TEREZA – Seu pai te pediu perdão? Depois de todos esses anos o seu pai apareceu? – Tereza se levantou e começou a andar pelo quarto passando a mão nos cabelos. Estava em choque não podia acreditar que realmente era ele. – Victória Você tem certeza que era o seu pai? Você não se confundiu, não era nenhum doido querendo te pregar uma peça?

VICTÓRIA – Mamãe, eu tenho certeza, assim como tenho a certeza que eu estou grávida de novo.

TEREZA – Meu Deus, que isso... – ela se sentou na cama. – O que esse homem quer depois de todo esses anos?

VICTÓRIA – Só queria meu perdão. – tocaram a porta e a empregada entrou com uma caixa em mãos.

XX – Desculpe senhora, chegou agora.

VICTÓRIA – Obrigada!

A empregada deu a caixa a ela e saiu. Vick sentou melhor e abriu.

TEREZA – Que isso, minha filha?– ela a olhou. – O que tem nessa caixa?

Era um bori de crochê na cor branca com um par de sapatinhos. Victória pegou entre os dedos sabia que não era de Heriberto ou era? Vick olhou a mãe e voltou seus olhos a caixa, procurou pela nota e a encontrou.

TEREZA – Que lindo, minha filha! – ela veio ver o presente. – Quem mandou?

Vick chorou... chorou de imediato.

HERIBERTO – Que foi, minha filha, me dá o cartão. – olhou. – Meu Deus, foi seu pai!

"Filha eu sei que não deveria mais eu não resisti e quando passei pela loja eu vi e comprei, você será uma linda mãe... De seu pai, João!"

VICTÓRIA – Ele não pode fazer isso! – jogou a caixa no chão segurando a roupinha.

Teresa sentiu a dor da filha e ficou olhando para ela. Parada ali naquele momento estranho e sem sentido, depois de tanto tempo nem parecia real. Victória queria gritar de raiva, frustração e sentimentos confusos.

TEREZA – Calma, meu amor, me dá aqui a roupinha.– ela pegou da mão da filha e colocou na cama. – abraçou Vick. – Eu vou falar com ele e pedir que suma de sua vida!

Victória a abraçou forte e sentiu dor no ventre, foram três dias de lembranças fortes de mais, urrou de dor agarrada a mãe.

VICTÓRIA – Aaaaa... Meu bebê mãe... – se encolheu de dor.

TEREZA – Calma, meu amor, vamos para clínica.

Teresa não perdeu tempo e correndo pela casa e chamou o Rafael e Virgínia que se aprontar um rápido e levaram Victória para clínica. Teresa foi com a filha na parte de trás do carro segurando em sua mão e acalmando. Quando chegaram na clínica o médico de Vitória foi localizado para que comparecesse enquanto isso os médicos de plantão estavam atendendo ela.

VICTÓRIA – Mãe, chama Heriberto! – chorou de medo.

TEREZA – Calma, meu amor, eu já chamei Heriberto.

Vick foi colocada numa maca levadas as pressas para ser examinada. Victória sentia muita dor e chorava querendo o marido. A dor era intensa, Heriberto chegou assustado.

VICTÓRIA – Eu quero meu marido!– gritou.

Entrou na sala ante os gritos de sua esposa desesperada sentindo dor sem deixar que ninguém examinasse. Ele se aproximou da cama acelerado e fez com que ela percebesse que estava ali.

HERIBERTO – Vitória, meu amor, calma, eu já estou aqui! Você precisa nos deixar examinar você, mas se acalme, não pode ficar nervosa!

VICTÓRIA – Eu não posso perder!

Ele segurou a mão dela com carinho e ficou olhando dentro dos seus olhos enquanto os médicos se aproximavam dela para examinar.

VICTÓRIA – Não posso! – segurava a camisa dele em desespero.

HERIBERTO – Você não vai perder, meu amor, calma! – tocou com o rosto dela com carinho. – Se acalme.

Os médicos começaram a examinar Victória e Heriberto se manteve ao lado dela. Num dado momento ficou preocupado com a expressão de medo que o médico apresentou ao aferir a pressão dela. Foram cerca de minutos, Victória já estava mais calma e eles tinham aplicado uma leve sedativo nela. O médico veio até Heriberto informou que estava tudo bem e que ela não podia passar emoções fortes.

Heriberto acariciava levemente o rosto dela e segurava uma de suas mãos quando começou a falar. Victória não conseguia ficar totalmente calma...

HERIBERTO – Meu amor, você está bem não aconteceu nada com bebê está tudo bem você só precisa repousar! Você vai sentir um pouco de sono e é melhor que durma. Vou ficar aqui com você a todo tempo que você ficar aqui na clínica. – Não vou sair daqui até você estar bem.

VICTÓRIA – Não mente pra mim. – tentava manter os olhos abertos.

HERIBERTO – Não estou mentindo, meu amor, está tudo bem com nosso bebê.– tocou o rosto dela e a olhou nos olhos. – Descanse...

Ela puxou ele para ficar junto dela, estava com medo. Heriberto se ajeitou e ficou junto a ela.

HERIBERTO – Durma, meu amor, não ou a nenhum lugar sem você!

Ela cheirou ele o agarrando e não demorou a dormir.

O repouso de Victória demorou horas e quando esse tempo passou Eriberto a levou para casa acompanhado de sua sogra e seus dois filhos. Quando chegaram em casa ele a carregou nos braços até o quarto ainda sonolenta e deixou o que ela descansasse. Quando colocou Victória na cama do quarto, ela despertou.

HERIBERTO – Está com fome, Victória quer comer alguma coisa?

VICTÓRIA – Estou com fome... – tinha sono ainda.

HERIBERTO – Vou pegar algo para você comer. – mas quando ia sair sentiu a mão dela segurando seu braço.– O que foi?

VICTÓRIA – Nossas bebê está mesmo bem? – os olhos cristalizaram

Ele abriu um lindo sorriso e tocou o ventre dela com carinho.

HERIBERTO – Nosso filho está bem, Victória, não aconteceu nada foi só um susto! Agora me deixe descer para buscar algo para você comer, eu volto.

Ela o deixou ir. Levantou devagar estava com vontade de ir ao banheiro. Voltou e deitou no meio da cama e acariciou a barriga respirando aliviada.

VICTÓRIA – Não pode assustar a mamãe assim, filha!

Ele trouxe uma sopa leve e um copo de suco, sorriu tinha certeza que seria uma menina e sorriu ao ver que ela falava com a filha.

HERIBERTO – Está falando com nosso bebê?– ela se assustou.

VICTÓRIA – Não faz assim, Heriberto!

HERIBERTO – Desculpa, amor, achei que tinha me visto.– levou a bandeja a ela.

VICTÓRIA – A não, eu quero, eu quero frango assado!

HERIBERTO – Não dá tempo agora, come essa sopinha primeiro e mando fazer seu franco assado.

VICTÓRIA – Eu quero comprado! – pegou, estava com fome.

HERIBERTO – Eu vou comprar um balde para você, agora come sua comida, você está fraca.

Ela tomou a sopa praticamente toda e rapidamente.

HERIBERTO – Quer mais? – limpou os lábios dela com o guardanapo. – Quer Vick?

VICTÓRIA – Quero!

Ele foi até a cozinha pegou um pouco mais de comida, um pouco mais de suco e subiu para ela.

HERIBERTO – Está sentindo dor em algum lugar, Vick? – ela olhou comendo.

VICTÓRIA – Estou sentindo, dor de fome! – Riu.

HERIBERTO – Já mandei buscar o seu frango frito daqui a pouco chego e você come! Mas acho que não vai te fazer muito bem comer frango hoje, ainda mais frito!

VICTÓRIA – Não é frito se mandou trazer frito não quero! Quero assado!

HERIBERTO – Ah, Vitória complicou, agora vou ter que ligar e pedir para assar!

VICTÓRIA – Não brinca, Heriberto porque seu filho nasce com cara de cocha de frango!

Ele soltou uma gargalhada.

HERIBERTO – Coma, Vick, você precisa descansar!

VICTÓRIA – Eu estou descansando! Não quero mais.– deu para ele a bandeja.

Heriberto levou tudo e depois voltou, ela estava deitada trocando de canal sem parar em um.

VICTÓRIA – Cadê minha mãe e meus filhos?

HERIBERTO – Estão todos lá embaixo esperando para vir você.

VICTÓRIA – E por que você não deixou? Virgínia deve estar desesperada, Rafael, então! Trás meus filhos!

HERIBERTO – Amor, não fui eu que proibi eles de subirem, eles é que não quiseram subir à espera de que eu acomodar-se você.

VICTÓRIA – Heriberto vem aqui!

HERIBERTO – Eu vou chamá-los.

Falou antes dele sair, Heriberto foi até ela. Vick o puxou pela camisa e o beijou chupando os lábios dele, era um beijo molhado e barulhento que ela desfrutou sem da chance dele se soltar e quando o soltou, sorriu.

VICTÓRIA – Obrigada! Agora pode ir!

Ele sorriu e os olhos brilharam.

HERIBERTO – Vou chamar os meninos!

Heriberto avisou os filhos e a sogra que eles poderiam subir para conversar e ver Victória. Os três subiram apressados. Vick acomodou os filhos nos braços e beijou cada um deles.

VICTÓRIA – Filha não precisa chorar, já estamos bem!

VIVI – Mãe, eu fiquei tão apavorada.

TEREZA – Como você está minha filha está sentindo dor?

RAFAEL – Mãe, vocês estão mesmo bem? – Rafa a beijou.

VICTÓRIA – Estou bem. – Sorriu para eles.

VICTÓRIA – A bebê tá bem e vamos ficar melhor ainda quando comermos o frango assado! – falou rindo.

TEREZA – Frango assado, Victória? Vai vomitar tudo, minha filha! Você não sabe que quanto mais comer coisas assim mais vai enjoar, hoje só deveria comer sopa!

VICTÓRIA – Mamãe... – Fez que ia chorar dramatizando pra que a deixassem comer. – Eu vou por tersol em todos!

TEREZA – Por favor, digo eu, Victória, e você é um Dr. Banana, Heriberto! Ela acabou de chegar do hospital e você vai deixar ela comer franco assado! Não vai não! Tem que comer comida de dieta de pessoa de repouso e não se fala mais nisso!

Rafael cochichou no ouvido dela a fazendo rir e ela o beijou.

TEREZA – Minha filha, que susto você nos deu!

VIVI – Sim, mãe, poxa, eu estava dormindo!

VICTÓRIA – Só foi isso susto.

TEREZA – Graças a Deus!

VICTÓRIA – Sim, mamãe...

HERIBERTO – Agora vamos deixar você descansar, amor.

Rafa a beijou primeiro e deixando a cama saiu do quarto, Tereza também, beijando a filha. Virgínia saiu depois de cheirar a mãe! Heriberto foi até a cama e se sentou. Olhou nos olhos dela.

HERIBERTO – Eu preciso que você descanse e que tente não pensar em nada! – segurou na mão dela com carinho. – Eu estou de plantão preciso ir, promete que vai ficar bem? Hoje a noite eu venho aqui para ver como você está.

VICTÓRIA – Eu não vou fugir da cama pode deixar! E se não trouxer minha comida, você não vai mais me beijar.

Ele sorriu e deu um selinho nela e tocou sua barriga.

HERIBERTO – Durma bem e me ligue se precisar!

VICTÓRIA – Eu ligo, vou ligar de cinco em cinco minutos!

Ele riu.

HERIBERTO – Você vai dormir...

VICTÓRIA – Também... – se cobriu melhor.

Ele a beijou de novo e saiu. Ela ficou vendo TV por alguns minutos e logo dormiu.

Heriberto trabalhou pensando nela durante todo dia, ligava a cada meia hora para saber se ela estava melhor ou se tinha sentido alguma coisa. Até que ele finalmente terminou o plantão foi embora para casa era da noite mas antes de chegar em sua casa, ele foi ver Victória.

Victória passou o dia na cama entre dormindo e comendo e vendo TV, banho, tomou vigiada por Tereza e não pode sair do quarto mesmo brigando ela teve que ficar o dia na cama. Ele chegou com flores, uma linda bolsa de grife e o chocolate.

Entrou, conversou minutos com sua sogra que estava na sala falou com filho, com a filha e depois chegou ao quarto de Victória. Ela estava na varanda tomando o ventinho da noite sentava em seu divã. Ele foi até quarto e bateu três vezes na porta e depois eu não tô Olhou e não viu ela na cama foi com a sua sacola seus presentes até a varanda onde ela estava.

HERIBERTO – Boa noite, Vick, como você passou o dia?

VICTÓRIA – Com fome... – continuou olhando pra frente.

HERIBERTO – Eu trouxe seu chocolate, um presente e essas flores.– entregou a bolsa a ela era uma bolsa de couro vermelha e as flores eram rosas vermelhas.

Ela olhou, sorriu e deixou do lado.

VICTÓRIA – Obrigada! – pegou as flores e inspirou, devolveu para ele. Os chocolates pegou, pensou em comer, mas não comeu deixou junto com a sacola. – Obrigada, é tudo lindo.

HERIBERTO – Como você se sentiu, Vick, passou bem o dia?

VICTÓRIA – Passei o dia trancada, Heriberto!

HERIBERTO – Vick, não deve ter sido tão ruim assim ficar um pouco em casa para de reclamar você precisou fazer repouso! – ele se sentou na cadeira em frente a ela. – Como está sentindo agora?

VICTÓRIA – Não estou reclamando, pelo meu filho, eu fico o tempo que precisar! Só não quero ficar com fome, minha mãe só me deu sopa, eu odeio sopa! – falou brava.

Ele soltou uma gargalhada.

HERIBERTO – Vou mandar preparar agora alguma coisa para você comer comigo. Que não seja nem sopa e nem frango, sim.

Ela entrou para o quarto.

VICTÓRIA – Eu vou morrer de fome! – deitou na cama se cobrindo emburrada.

HERIBERTO – Calma, amor, já vou buscar!

VICTÓRIA – Não me chama de amor!– ela gritou com ele.

HERIBERTO – Victória, por que está gritando? – ele a olhou sério.

VICTÓRIA – Porque eu quero, sai daqui e se me trazer sopa eu tacar em você!

Heriberto saiu do quarto suspirando e deu de cara com o filho, apenas rosnou para Rafael.

HERIBERTO – Não entre nesse quarto a sua mãe está mordendo!– e continuou seu caminho até a cozinha. Voltou quinze minutos depois com uma bandeja com salada, arroz e frango grelhado.

Victória o viu e cruzou os braços.

VICTÓRIA – Eu não vou comer isso! Não quero!

HERIBERTO – Victória, você não pode comer qualquer coisa. – ele falou sério. – Você está de repouso! Vai mesmo ficar com essa pirraça porque quer frango frito ?

VICTÓRIA – Não é frango frito, idiota! Vai embora!

Heriberto a olhou e sentiu seu rosto avermelhar.

HERIBERTO – Eu vou me cansar dessa palhaçada, Vick!

VICTÓRIA – Vai embora, não te quero aqui! Se você não pode me dar o que eu quero comer, eu vou ligar para Miguel e ele vai me trazer. – falou furiosa e sem pensar. Gritava brava.

Heriberto sentiu a face esquentar e bufou, se lembrando do que sua terapeuta tinha dito, ele a olhou e virou-se para sair.

HERIBERTO – Boa noite, Victória...

E quando ele saiu, ela levantou e foi até a porta, abriu e gritou para casa toda ouvir.

VICTÓRIA – Se não me trouxe o que eu quero comer ninguém dorme aqui hoje!

Tereza veio olhando para a filha que bateu a porta e voltou para cama. Parou na porta e a olhou, estava com um copo de whysck na mão.

VICTÓRIA – Não me olha não, sai daqui se não vai me dar o que eu quero comer! – esbravejou com a mãe.

TEREZA – Victória, o que você quer comer só quem pode te dar é Heriberto e não estou falando deste maldito prango assado que vou buscar para você para que meus netos tenham paz.– riu dela e foi até a cama. – Tem um mês que ele não comparece? Vi seu marido descendo como um foguete, você o ofendeu?

VICTÓRIA – Eu não quero linguiça, Tereza! – falou brava.

TEREZA – Você quer, sim, por isso está atacada deste modo, histérica! Vou comprar esse franco e você vai comer até passar mal e quando isso acontecer, não vou deixar que chamem meu genro! Você não pode comer essas coisas, está de repouso.

VICTÓRIA – Eu já liguei pra meu médico e ele me autorizou!

TEREZA – Seu médico? – Tereza chegou perto dela na cama e se sentou.

VICTÓRIA – Sim, meu médico!

TEREZA – Presta atenção, você tem que se acalmar, pelo bebê, eu vou comprar o que você quer, mas pare de gritar! Minha filha, estou começando a me preocupar...

VICTÓRIA – Se preocupar com o que? Eu tô com fome e essas comida que me trazem não quero, não me enche, meu filho vai nascer com cara de frango e a culpa é sua e dele.

TEREZA – Meu amor, você está nervosa, tensa e isso te faz tão mal. Não quero a minha filha assim. Eu sei que ver seu pai te deixou abalada, eu sei, meu amor, mas precisa se acalmar! Eu vou lá comprar seu frango e volto! – quando chegou na porta a olhou. – Por que não deixou Heriberto dormir aqui?

VICTÓRIA – Porque não somos mais marido e mulher! Por isso!

TEREZA – Não te perguntei por que não está transando, estou falando do pai do seu filho que não vai dormir na casa dele hoje porque vai estar preocupado com você! Essa casa tem tantos quartos!

VICTÓRIA – Ele deveria me dar de comer que eu daria a ele! – falou no duplo sentido. – Eu estou bem cuidada por todos aqui

TEREZA — Minha filha, eu já volto para conversarmos...

Tereza saiu e rodou pela cidade ate achar o frango e quando encontrou comprou um balde. Voltou para casa quarenta minutos depois, tensa, não gostava de ver a filha daquele modo.

VICTÓRIA – Se for frito eu acabo com a raça de vocês todos hoje!

Entrou no quarto com um guardanapo e um corpo de suco.

TEREZA – Está fervendo mal criada! Porque eu disse que era para alimentar uma... – sorriu e olhou para ela. – Megera!

Ela sentou na cama e estendeu as mãos. Tereza entregou o balde a ela e se sentou olhando.

TEREZA – Tudo seu, pode comer até passar mal!

Victória abriu e sentiu o cheiro, sorriu.

VICTÓRIA – Duas horas esperando, mamãe, duas! Fora o dia inteiro esperando e eu não quero mais! – provocou.

TEREZA – Ou você come ou te meto a porrada, Victória, que to velha demais para palhaçada e não sou Heriberto que é capacho seu!– falou séria. – Trate de comer esse frango!

Victória gargalhou e pegou um pedaço com a mão mesmo e mordeu. Suspirou mastigando, comeu mais e depois olhou a mãe mastigando e falou. Tereza foi até o sofá e sentou rindo.

VICTÓRIA – Não era mais fácil ter me dado na hora que pedi? Bruxa! Gosta de me ver sofrer!

TEREZA – Estou rindo do panaca do Heriberto, se eu fosse ele tinha te dado esse balde desde a hora que você pediu e ainda dormia aqui, ai nessa cama. Mas meu genro esta dando mole, tá paspalho ou então, está pensando em outras coisas...

VICTÓRIA – Ele é um idiota, tem muitas outras coisas na cabeça sim, só que agora é na cabeça de cima não na de baixo! – comia sem parar. – Você acha que ele vai me deixar depois que se curar? E eu depois de tudo, eu vou aceitar ele de volta, mãe? – sentou melhor comendo. Tereza a olhou.

TEREZA – Não sei, minha filha, não disse para você aceitar ele, mas quero que saiba que homem não é como nós, se você deixa vago, eles preenchem com alguém. Se ama meu genro, como eu sei que ama, não deixe ele livre como está. Já foi la no apartamento dele alguma vez?

VICTÓRIA – Mamãe eu não quero me precipitar, o último ano foi muito difícil! Aquela piranha tá quieta de mais e eu tenho medo disso.

TEREZA – Heriberto nunca esteve com aquela mulher, Victória. Só você não vê isso, por Deus! É patético! Como é patético ele achar que você e Oscar, meu Deus, nem gosto de pensar isso!

VICTÓRIA – Ninguém coloca um processo nas costas de um homem por assédio se nada aconteceu! – comia enquanto falava.

TEREZA – Já pensou que ela pode ter colocado justamente para criar esse clima com você de tensão? Para fazer você cair como uma patinha e jogar seu marido no lixo!

VICTÓRIA – Ele pode até não ter tido nada com ela, mas ele flertou e coqueteou com ela, sim!

TEREZA – Victória, Heriberto não comeu essa mulher e nem vai, ele não gosta de tipas como ela, ele gosta de virgens, não de rodadas!

VICTÓRIA – Eu não me separei dele por ela, eu me separei dele por ele mesmo, eu não posso ficar ao lado de um homem que parecia um louco e que me dá medo a cada rompante. Eu não posso ter medo dele a cada crise de ciúmes ou a cada vez que ele bebe demais, mãe eu não quero um homem desses perto dos meus filhos! – lambeu os dedos e pegou outro pedaço.

VICTÓRIA – Eu o amo mais preciso que ele mude e principalmente, eu preciso mudar! Nós temos problemas e precisamos resolver com nós dois mesmos antes de mais nada.

Tereza sorriu e a olhou orgulhosa.

TEREZA – Filha, o dia que seu pai te bateu o que eu fiz? Peguei nossas bolsas e fomos embora porque você era minha prioridade! Quando tive que escolher entre um homem abusivo e minha filha eu escolhi.

VICTÓRIA – E se você pegou as nossas coisa e fomos embora,eu peguei as minhas e dos meus filhos e fiz o mesmo!

TEREZA – Você está fazendo isso agora, a escolha certa e estou orgulhosa de você. Não te critico, nunca, sou sua mãe e te apoio em tudo, mas o que quero te dizer é que quando ficamos distantes um tempo, tudo muda. Heriberto vai para de se arrastar uma hora dessas. A culpa dele vai passar e tenho medo de como você vai ficar se meu genro escolher de fato ter outra mulher. Não estou preocupada com ele, estou com você e com meus netos, com os três!

VICTÓRIA – Se ele me ama de verdade, vai voltar a ser o meu amor, aquele louco e vai voltar pra essa casa e vamos ser felizes e vamos cuidar desse bebê faminto juntos!

TEREZA – Filha e se ele não voltar? – sentiu um nó na garganta e sentiu tristeza não podia imaginar a filha infeliz. – E se ele não quiser mais ser o seu amor? Eu não tenho dúvidas que você o ama. Não se apaga o amor assim... – Tereza estava pensando em si mesma naquele momento.

VICTÓRIA – Se não voltar? Sinal que o amor acabou da parte dele e o que vai restar são só nossos filhos e os momentos bons, mas o que mais vai pesar é como esse casamento acabou! – deixou o pote de lado, levantou e foi até o banheiro e lavou as mãos, voltou e deitou.

Tereza foi até ela e se deitou abraçando.

TEREZA – Você é o meu amor, sabia? Eu te amo tanto quanto amava quando você nasceu. – acariciou os cabelos dela. Vick abraçou mais a mãe e segurou o choro que queria vir.

VICTÓRIA – Eu também te amo muito!

TEREZA – Você vai ficar bem, meu amor! Estou aqui para saber se quer que eu fique com você por uns dias, mas só ficarei se quiser, se te fizer bem.

VICTÓRIA – Eu quero que fique comigo até tudo isso passar. Eu não sei mais cuidar de um bebê. – riu de leve.

TEREZA – Um ano, Vick? – Tereza riu. – Mas não quero você controlando com quem eu saio, quem eu beijo, nada disso, sabe que sua mãe precisa disso!

Victória riu.

VICTÓRIA – Tu é uma safada, mamãe. Terminou com Fernando dois dias depois de se acertar e já estava na Itália com outro que eu sei. Ainda bem que Beth voltou com papai senão estaria desvirtuada.

TEREZA – Minha filha, vou confessar... Não servem para nada esses homens! Junto todos e não dá nada! Já quero um novinho que me arrase. Agora eu estou com Paulo, então, vou me comportar e ver como ele vai ser.

VICTÓRIA – Mamãe não era Lucas?

TEREZA – Filha, que Lucas? Não posso ficar com aquele homem que o pinto não sabe a direção de entrar. Por Deus, Victória, eu mereço um homem que me cuide e me dê um pouco de prazer!

VICTÓRIA – Vou te apresentar um dos amigos de Rafa! - se arrumou e olhou a mãe. – Mãe, não conta pro Rafa, mas eu vi esse amigo dele lá na área da piscina com uma garota e meu Deus! – escondeu o rosto envergonhada.

TEREZA – O que, Vick, era bonitão? Estavam se pagando aqui?

VICTÓRIA – Não, mãe, na outra casa, enorme e... Não, eu sou uma mulher separada, não posso pensar nisso!

TEREZA – Meu Deus, Victória e cadê esse menino? Vamos dar uma festa amanhã! Você desejou ele, minha filha? Você sempre foi tão tímida, Victória... – Tereza beijou a cabeça da filha e tocou os cabelos com carinho. – Minha menininha. Seu pai...– estava sorrindo e parou de falar de repente.

VICTÓRIA – Mamãe, ele virou pra mim com aquele pintão e perguntou se queria participar.– gargalhou mais ao ouvir a mãe parou.

TEREZA – Participar? Esse menino não conhece Heriberto? Minha filha, seu marido mata alguém por sua causa. – ela suspirou. – Me diz uma coisa, Vick, mas eu quero a verdade. Você me disse que ficou com medo de Heriberto.

VICTÓRIA – Mamãe, eu sai logo de lá, ele vinha peladão na minha frente, na minha direção. Sim mãe eu fiquei com muito dedo dele...

Tereza a olhou nos olhos.

TEREZA – Heriberto te bateu?

VICTÓRIA – Não, mas destruiu o quarto e... – parou de falar.

TEREZA – E o que, minha filha, eu estava tão longe e não pude estar com você. O que ele fez? Te machucou? Te forçou a estar com ele? – estava apavorada com as possibilidades.

VICTÓRIA – Mamãe ele rasgou minha calcinha e queria a força!

TEREZA – O que? – Tereza olhou para filha assustada. Nem nos piores momentos com João ela nunca tinha sido forçada por ele. – Heriberto... – nem conseguia falar. – Vick me diga, o que você fez? Como se defendeu? Minha filha, por que ele fez isso? Estava louco?

VICTÓRIA – Ele acha que eu o trai!

TEREZA – E isso é motivo para ele querer violentar você? Você nunca se negou a esse homem e mesmo que se negasse!

VICTÓRIA – Eu nunca me neguei, mamãe, nunca, eu sempre cedia para ele, as vezes até para ele não me machucar, nesse dia eu já estava grávida e iria ceder de novo! – falou verdadeira constatando que o problema já vinha de muito antes e era o seu maior erro. – E se ele não tivesse falado das fotos mais uma vez, eu deixaria ele estar no meio das minhas pernas como sempre. – suspirou triste. – Mas ele estava violento e eu disse não é quando, eu digo não ele fica pior ainda!

TEREZA – Meu Deus, meu amor, você passou isso sozinha! – abraçou a filha com amor. – Heriberto virou seu pai? Ele virou um estúpido idiota?

VICTÓRIA – E a senhora ainda quer que eu o deixe aqui? Beth também acha que é capricho meu! Eu vou ter um bebê não posso mais deixar nossa relação chegar a esse extremo!

TEREZA – Meu amor, me perdoa, eu não imaginei que ele tinha chegado a isso! Nunca imaginei porque ele era mais do que seu amor, era seu amigo. Heriberto sempre te protegeu de tudo, Vick e de repente eu vejo você com medo dele? Depois que e separaram, ele te procurou, tentou algo?

Ela suspirou.

VICTÓRIA – Só ontem que ele me beijou, mas aí ele lembrou do... e brigamos!

TEREZA – Lembrou de que?

VICTÓRIA – Lembrou do nosso filho, lembrou de Guilherme, mamãe.– suspirou mais triste ainda.

TEREZA – É a primeira vez em anos que ouço o nome do meu neto

VICTÓRIA – Sim, mamãe e como sempre ele direta ou indiretamente me culpa sempre.

TEREZA – Não há um culpado para aquela tragédia.

VICTÓRIA – Essa ferida ainda sangra e ele... Acho que essa dor é a que mais nos separa.– abraçou mais forte a mãe.

TEREZA – Heriberto e você não tem culpa, meu amor, vocês são as maiores vítimas. Vick, quem pensaria que você ou ele fariam mal a um filho de vocês?

VICTÓRIA – Mamãe... Vamos deixar esse assunto pra outro dia, eu não quero mais falar. – sentiu o cheiro dela.– Dorme comigo como nos velhos tempos?

TEREZA – Claro, minha pequena. – ela sorriu, beijou a filha e a apertou contra ela.

VICTÓRIA – Eu amo você! Vai se trocar, eu espero!

TEREZA – Eu também te amo, minha filha, mais que tudo! Eu vou tomar um banho porque fui a rua e rodei todos os lugares pra achar esse seu frango! – pegou o que sobrou e saiu em direção a porta.

Victória riu.

VICTÓRIA – Uma mãe faz tudo por uma filha, vou pensar no que quero comer amanhã! – provocou.

TEREZA – Se não for pinto, Vick, posso dar a você! – sorriu saindo do quarto.

VICTÓRIA – Indecente! – falou rindo. Se ajeitou melhor na cama e esperou pela mãe, estava satisfeita e sorriu acariciando a barriga.

LONGE DALI...

Longe dali Heriberto gemia nu em sua cama com a mulher loira, de sorriso simpático e jovem cavalgando ele e fazendo Heriberto gemer louco. Ele segurava o quadril dela e a ajudava a fazê lo entrar mais fundo. Heriberto sentiu o corpo doer e ele deu um grito...

HERIBERTO – Eu não quero você, eu quero Vick!– e jogou a mulher para longe dele na cama. – Sai daqui! – gritou chateado. A mulher saiu correndo, se vestiu e ele olhou para o lado sofrendo.