Você Pertence a Mim.

Capítulo 27- Tempo Perdido.


“Você disse que você nunca me decepcionaria

Mas o cavalo foge e fica furioso

Em nome do desespero

Isso tudo é só tempo perdido?

Você consegue olhar para si mesmo

Quando pensa no que

Deixou para trás?

Isso tudo é só tempo perdido?

Você consegue viver consigo mesmo

Quando pensa no que

Deixou para trás?”

~NARRAÇÃO FEITA POR AXL ROSE.

Algumas semanas depois...

Lá estava eu, W. Axl Rose jogado e drogado por um canto do quarto do hotel em que o Guns N’ Roses estava hospedado. Seringas, colherzinhas e comprimidos para todos os lados que sua visão podia observar, parece que eu afundei na heroína, outra vez. Mas isso já não importa minha vida não faz mais sentido, eu perdi a mulher que toda a vida me amou e que eu nunca fiz questão de amar. A pessoa que inventou esse ditado estava completamente certa, “você só dá valor as coisas quando as perde”.

E eu perdi TUDO porque fui um egoísta metido que só pensava em mim mesmo, um completo retardado filho da puta. Tentei me arrastar para frente do espelho do banheiro, como eu estava magro e doente. Eu não conseguia mais comer, não tomava banho há semanas e a única coisa que conseguia fazer era injetar minha droga e chorar. Olhei para o espelho e encarei meu reflexo, minha cabeça doía, as alucinações começariam outra vez. Eu via Alice rodando e dançando com um vestido vermelho, seu sorriso maroto acompanhava os passos rápidos e precisos dela, mas sempre que tentava tocá-la, ela desaparecia como fumaça. É, eu estava ficando louco. Passei a mão pelos meus cabelos sujos e lavei meu rosto, tinha que dar uma volta pelo hotel.

Saí do quarto e me pus a caminhar, eram poucas as vezes que eu saía de meu quarto, desde aquele incidente com Lilly não tinha mais vontade de fazer nada e as coisas começaram a mudar. O Guns já não era mais o mesmo, eu pouco conversava com os caras da banda, eles geralmente me evitavam, como se estivessem com nojo de mim, algo que era horrível. Eu sabia que se as coisas continuassem do jeito que estavam eu iria acabar sozinho, tinha a ligeira impressão que depois de tudo que aconteceu, as pessoas começaram a se afastar de mim, me deixando cada vez mais solitário. Mas não era para menos, quem escolheu esse caminho escuro e traiçoeiro fui eu.

Passei pelo quarto de Lilly, estava do jeito que ela havia o deixado, limpo e bem arrumado. Sorri, relembrando os bons momentos que passara ao lado dela, aquele sorriso inocente, o gosto doce de sua boca vermelha e os olhos azuis que me hipnotizavam cada vez que os olhava... Depois comecei a me lembrar do seu choro sofrido e das verdades que ela apontou na minha cara, mas que diabos eu fiz com minha vida? Mas que diabos eu fiz com a vida dela? Porque eu fui tão cruel com uma garota que me amava tanto? Essas e outras milhões de incógnitas rodopiavam em meu pensamento, fazendo-me ficar mais tonto e tristonho do que eu estou.

Sai do hotel, caminhando pelas ruas congelantes de Londres tentando de algum modo esquecer meus problemas, que idéia boba. E lá vinha um de meus problemas, Erin agarrou o meu braço e fez com que entrássemos em uma rua sem movimento.

- Axl, eu preciso falar com você!

Erin estava com uma cara de espanto e ao mesmo tempo preocupação.

- Ah, garota. Deixe-me em paz! Você já estragou minha vida o bastante!

Disse, virando as costas para ela.

- Não estraguei nada, quem me procurou foi você e quem partiu o coração daquela pobre garota não fui eu, foi VOCÊ. Agora me deixe falar antes que eu quebre seu pescoço!

A loira disse entrando em minha frente.

- Então diga o que você quer?!

Cruzei os braços em frente a meu peito.

- Tenho uma notícia alarmante.

Ela disse com uma voz preocupada.

- O que?

Perguntei ansioso.

- Estou grávida.

Ri com desprezo.

- Há, há, há... Que brincadeira ótima, sabe que eu adoro seu censo de humor Erin...

Eu continuava a rir até ela me dar um tapa na cabeça.

- Você acha que estou brincando?

Erin disse com os olhos ardendo em raiva.

- Só pode estar.

Eu disse como se fosse algo óbvio, bem, era sim.

- Então olhe para isto e veja o que deduz.

Ela entregou-me um papel, provavelmente um exame de sangue. Lá constava que ela esperava um filho realmente. Gelei por dentro. Será que aquele filho era... Meu?

- Então essa criança...

Disse aterrorizado.

- Sim, é sua.

Olhou para mim cruzando os braços na frente do peito. Meu coração batia cada vez mais rápido, os lábios tremiam e eu segurava o papel do exame com mais força do que necessário... Eu havia engravidado uma prostituta. O que eu faria? Como aquela criança iria crescer em meio a pais problemáticos? Pensava enquanto Erin olhava a minha expressão que se contorcia cada vez mais.

- Deus... Vou ser pai, não creio numa coisa dessas.

Passei a mão pelos cabelos, ainda incrédulo por tal resultado.

- Pois acredite. Você não fez? Agora terá de criar!

Ela tomou o exame de minhas mãos e foi esgueirando-se para uma rua comprida onde trabalhava. Olhei para o céu cinzento tentando me acalmar, onde será que Alice estará agora? Senti pequenas gotas de chuva escorrer pelo meu rosto e um estouro forte tomar conta do ar, parece que o temporal estava por vir. Aninhei-me no meu casaco e corri para fora daquela rua.