Vizinhos
Motel assombrado?
P.O.V Do Beck
Assim que entramos no motel, o pessoal ainda estava na recepção, as meninas estavam sentadas num banco comprido. Robbie, Sinjin e André estavam de pé encostados na parede, somente Freddie conversava com o recepcionista, eles estavam falando em espanhol, e eu só consegui entender poucas palavras.
O lugar era mal iluminado, paredes com a pintura descascando, o piso encardido, tinha tanta poeira ali que começou a irritar meu nariz... Olhei para cima, vi várias teias de aranha espalhadas, uma mais grande do que a outra.
— Consegui dois quartos, galera! - Freddie se aproximou de mim balançando duas chaves em chaveiros, ambos com formato de coração.
— Só dois? - Jade indagou fazendo careta.
— Um quarto para as meninas. Outro para os meninos. - Explicou.
— Não dá para descolar um quarto só para nós dois? - Sam entrou na conversa, abraçando-o por trás.
— Não! Dois quartos já são o suficiente, vamos só tomar banho e vazar, não é mesmo? - Sustentou o meu olhar. Logo saquei que ele não queria pagar por mais um quarto.
— Claro! O Freddie tem razão! - Entrei na dele.
— Merda! Você tá fugindo de mim? - A loira o soltou e deu a volta, para poder o encarar. - Eu quero ficar à sós com você. Não somos namorados? Por quê não podemos tomar banho juntos, Benson? - Cruzou os braços.
— Sam, não é nada disso, é só que...
— Eu não quero mais saber! - Disse o cortando. - Vem, Jade, você não queria tomar banho? A ideia foi sua. - Pegou uma das chaves e saiu puxando a morena para uma escadaria velha.
— O NÚMERO DO QUARTO É 33! - Meu amigo gritou.
— E o nosso é 34? - Chutei.
— Errou. 32. - Mostrou o número no chaveiro.
— Gritou o número para elas por quê acha que elas são burras ou não veriam? - Perguntei.
— Não! Gritei porque estava com vontade de gritar... Não posso mais não? - Sorriu, sarcástico.
— Ei, não desconta a raiva em mim não, eu sei que tua namorada te tira do sério, mas eu não tenho culpa não! - Puxei a outra chave da mão dele e segui para a escadaria.
[...]
P.O.V Do Freddie
— O que tanto conversava com esse esquisito? - André me perguntou, apontando para o cara da recepção.
— Esquisito e maluco por sinal, ele tentou me colocar medo dizendo que esse motel é assombrado. Ele disse que o falecido dono, o tal de Carlitos Pico Grande assombra os quartos e gosta de ver a mulherada tomando banho, e que o fantasma do velho tarado aparece nu nos banheiros... Dá para acreditar nisso? - Falei em voz baixa para não assustar as meninas.
Tori, Trina e Cat passaram por nós, todas sorridentes. Trina piscou para mim.
— Sinistro, cara, sinistro... - Assentiu.
— O que estão cochichando aí? - Robbie se aproximou com Sinjin.
— Nada, nada não... Vocês não vão subir? Ou vocês não gostam de tomar banho? - Desconversei.
— A gente toma banho toda semana. Duas vezes por semana, tá achando a gente com cara de porco? - Sinjin se ofendeu.
— Não, imagina... - Ironizei.
Cada um de nós carregava sua própria mochila, olhei para o André que parecia amedrontado.
— Está com medinho do fantasma tarado? - Prendi o riso.
— Claro que não! Eu sou muito macho... Hum. Não acredito em fantasmas não... - Disse sem firmeza.
— Sei, sei... - Abafei o riso.
Minutos depois...
— EU SOU LINDO E SENSUAL... MINHA MÃE ME CHAMA DE MAU... AS GAROTAS PIRAM NO MEU... AI, MERDA, ESQUECI A LETRA! - Robbie cantava/berrava no banho. - PAPAI ME ENSINOU A PESCAR... EU GOSTO DE ME... DROGA! ESQUECI A LETRA DE NOVO. - Ele cantava super mal. - A MINHA VIZINHA PARECE UMA... ALGUÉM SABE A LETRA DESSA MÚSICA? - O Shapiro era mesmo maluco.
— CALA A PORRA DA BOCA, CACETE! VOCÊ CANTA MAL PRA CARALHO! - Soquei a porta do banheiro.
Ele se calou... Depois de alguns minutos começavamos a ouvir o som de um choro engasgado.
— Cara, você magoou ele. - O outro magricela de óculos me olhou indignado.
— Fica na sua, Sinjin. - Beck o fuzilou.
— Vocês estão sentindo cheiro de desodorante vencido? - André farejou o ar.
— Não, eu tô sentindo fedor de catinga das bravas mesmo... - Oliver torceu o nariz.
Olhei para o Sinjin.
— Não sou eu, eu juro. Podem me cheirar! - Levantou as axilas.
— Sai fora, credo! - Fiz careta.
Farejei o ar e constatei que a podridão estava naquele quarto imundo... Fedia à defunto.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH! - Ouvimos o berro de uma das garotas.
Cada pêlo do meu corpo arrepiou. Estremeci sentindo um calafrio percorrendo minha espinha.
Beck rompeu porta afora, com certeza a donzela em perigo era a Jade...
[...]
P.O.V Da Sam
— Mas que porra! Por quê gritou desse jeito, louca? Vai matar outro de susto, caramba! - Indaguei quando a West saiu do banheiro pelada e coberta de espuma.
Trina e Tori começaram a rir. Cat estava com a boca aberta e com os olhos arregalados ainda pelo susto. Jade havia gritado como se tivesse visto algum monstro saindo pelo ralo...
— Eu vi... Eu vi... Eu vi... - Ela estava com os olhos esbugalhados.
Parou no meio do quarto, pingando. Ensopada. Os cabelos escorriam.
— V-viu o-o q-quê? - Cat se encolheu na cama, tremendo.
— Para com a palhaçada, West, ninguém aqui quer te ver pelada, só porque você depilou a mini-Jade com cera quente, você fica aí se...
— EU VI UM VELHO PELADO NO BOX ME OLHANDO TOMAR BANHO! - Gritou.
— O quê? Que merda você tá dizendo? - Perguntei querendo rir.
— Ele era asqueroso... Todo enrugado... Com aquela "coisa" molenga pendurada... Sorria como se fosse... Um tarado. - Abraçou o próprio corpo e estremeceu.
— Uhum, sei... Acredito. Ele também apertou a sua bunda? - Zombei.
— EU NÃO TÔ BRINCANDO, PUCKETT! - Gritou comigo.
Ouvimos fortes pancadas na porta. Cat soltou um gritinho assustada. As Vega se encararam com medo.
As pancadas aumentaram e vimos a porta indo ao chão. Oliver invadiu o quarto. Jade correu para os braços dele.
— Tinha um velho me espionando no banho. - Contou.
— Emocionante! - Bati palmas sarcástica, achando aquilo tudo uma piada. - Vocês combinaram, é isso? Cadê as câmeras escondidas? - Perguntei quando ele tirou a camisa e colocou na minha amiga.
— Cadê esse velho maldito? Vou matar ele, se eu pegar esse...
— É um fantasma, Oliver. - Disse ela tentando nos convencer.
— Fantasmas não existem. - Falei.
— Existem sim, o cara da recepção me alertou e eu não acreditei! - Meu namorado apareceu com os outros garotos.
— Fala, sério! Eu tenho uma perguntinha... Quem massageou meus pés quando eu estava deitada usando a máscara de dormir? - Olhei para a Valentine e para as Vega.
Nenhuma delas respondeu.
— Oh, cacete! - Fiquei pasma. - Um fantasma fez massagem nos meus pés e a culpa é sua, West, foi você que nos fez parar aqui nesse motel assombrado! - Acusei.
— MAS ELE NÃO TE VIU NUA! - Berrou com raiva.
— Vamos cair fora daqui pessoal, antes que...
— Ninguém sai daqui sem almoçar, todos vocês vão ficar para o almoço... Alguém me ajuda a matar essa galinha? - Uma senhora gorducha entrou no quarto com um facão e uma galinha amarrada dentro de uma grande cesta de palha.
Cat desmaiou em cima do carpete imundo. As Vega se abraçaram gritando.
Jade fez careta olhando para a galinha que se debatia na cesta.
— Porra! - Oliver exclamou olhando para o facão.
— Ela vai nos matar... Tem cara de psicopata. - Sussurrei para o meu namorado.
— Mãe, estou morrendo de fome. O papai já chegou, ele também tá faminto! - O esquisito da recepção surgiu atrás dela.
— Calma, meu filho... Hoje nós teremos um belo banquete. - Disse a velha dando um grande sorriso podre e amarelado.
— Agora está explicado porque somos os únicos hóspedes aqui... - Freddie murmurou.
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