—Você acha que pode chegar a gosta dele? – Shelby perguntou ligando o pequeno rádio que trouxemos.

—Sinceramente, acho que sim.

—O que você sente por Luan nem é tão forte assim neh?

—Eu achei que era, mas pensando bem, acho que nos confundimos, nunca daríamos certo.

—Essa ultima parte eu já não sei.

—Você acha mesmo que daríamos certo? Com as crises dele? E as minhas?

—Enfim, 0 que importa agora que você esta decidida, Brian será seu futuro.

—Talvez – soltei um sorriso – já faz duas semanas que estamos saindo e eu estou gostando dele cada vez mais.

Nessas duas semanas eu mal tinha ido à casa de Luan e no refeitório também nem conversamos direito, eu não fazia ideia do que ele estava sentindo e o que estava passando pela sua cabeça, meu tempo estava totalmente dedicado a Brian.

—Acho que a gente nunca vai conseguir arrumar esse quarto direito! – Shelby reclamou jogando as roupas para o chão.

—A gente consegue sim – eu disse pegando-as.

—O que estão fazendo? – Carly entrou no quarto.

—Uma faxina – respondi.

—Por quê? – ela se jogou na cama.

—Pra deixar limpo talvez? – Shelby deu um largo sorriso irônico.

Antes que Carly respondesse, seu celular tocou, ela atendeu rapidamente.

—Eu já disse pra você desistir desse babaca amiga – ela começou. – você não vê que ele não se importa com ninguém além de si mesmo... É eu sei, ele só sabe iludir... Como você pode pensar que ele ainda te ama amiga? Ele nunca amou e nem vai amar ninguém... Coitada de quem acredita que ele pode mudar... Eu sei, é difícil, você ainda o ama... Tudo bem, se precisar me liga, nos vemos depois.

Eu e Shelby ficamos a encarando. Eu tive a leve impressão de que ela estava se referindo a Luan, e isso me deu um pouco de raiva, porque seja la o que ele tinha feito antes, agora ele era outro.

—Por que tive a impressão que você estava falando do Luan? - insinuei.

—Porque eu estava falando dele. – ela disse focada no celular. – algum problema?

—Sim, nada do que você disse é verdade, ele mudou e muito.

—Isso é o que você acha – ela finalmente se virou pra mim – você não é a primeira que me fala isso.

—E quem foi a primeira? – Shelby se enrijeceu.

—Minha melhor amiga, Tifany.

Lembrei-me do dia em que ouvi Luan conversando com essa tal.

—O que ele fez a ela? – perguntei me sentando – você pode me contar?

—Eu só vou contar porque todos, inclusive você, deve ver o quanto ele é um canalha.

“Pode me chamar de qualquer coisa anjo, menos de canalha” as palavras vieram em minha cabeça, ele tinha dito isso quando nos conhecemos.

—Há um tempo – Carly começou – Luan se aproximou de Tifany, ela o rejeitou no começo porque acreditava que se fosse mais difícil, o atrairia mais. Ela não demorou muito para ceder, então eles continuaram nesse joguinho, até Luan a pedir em namoro, sem nem pensar Tifany aceitou, eles namoraram por quatro meses e depois Luan chegou do nada e disse que eles tinham que terminar, porque ele não a amava mais. – ela revirou os olhos – depois nós descobrimos que ele a traiu com muitas vadias por ai, ele só usava ela para passar o tempo quando estava com preguiça de ir atrás de outra, ele só a iludiu, e não duvido que esteja fazendo isso com você Malu. Você acha que ele mudou, Tifany também achava, tudo que acontece entre você e ele, aconteceu com ela também.

Fiquei boquiaberta, Luan estava me iludindo, ele só quer me ganhar e depois me largar como faz com Tifany, toda a ajuda, as palavras, os carinhos, tudo! Não passava de mentiras. Eu sou muito estupida por pensar que por minha causa um garoto como ele mudaria, ele só queria me colocar na lista de conquistas dele. A ira tomou conta de mim, me levantei rapidamente da cama e pedi para Shelby me levar ao apartamento do Luan.

—Você esta louca? – Shelby segurou meus ombros – não tem motivos pra você querer ir la e acaba até com a amizade de vocês.

—Você o conhece e sabe que ele só quer transar comigo, tudo isso é ilusão – eu me soltei indo à direção à porta – não vou continuar sendo amiga de alguém que só quer me usar.

—Não faz isso – ela me implorou.

—Se você não quer levar-me, de a chave, eu vou sozinha, ou peço um taxi.

—Desse jeito que você esta? Nem louca te deixo ir sozinha.

O caminho até la pareceu uma eternidade. Eu desci do carro o mais rápido possível, eu ainda estava com um short jeans, uma blusa azul e um coque solto que foi se desmanchando conforme eu subia as escadas. A porta estava trancada, comecei a bater repetidas vezes.

—Calma. O que foi? – Daniel abriu a porta e eu passei como um flash tombando nos ombros dele.

Entrei no quarto e Luan estava dormindo, o observei por alguns segundos, como ele pode ter mentido assim pra mim?

—Luan – disse rígida.

—Malu? – ele acordou aos poucos se sentando na cama. – o que faz aqui anjo?

—Vim acabar com isso de uma vez.

—Isso o que?

—Não existe mais amizade entre nós.

—O que? – ele se levantou, era difícil me concentrar com ele só de cueca a minha frente... Mas eu me mantive firme.

—Você não mudou, só esta tentando me conquistar pra por na sua lista de peguetes.

—O que? Você enlouqueceu?

—Agora você vai me escutar – o interrompi. – você não faz ideia, eu juro que achei que você tinha mudado, acredita que já cheguei a pensar que poderia ter algo entre nós? Meu Deus, como pude ser tão estupida? Se até hoje você não mudou por nenhuma outra, obviamente eu não seria a pessoa por quem você mudaria, eu só sou mais uma. – dizer essas últimas palavras doeu, mas eu não queria demonstrar fraqueza alguma – se afasta de mim.

Virei às costas e sai andando, senti as mãos dele me segurando.

—Não vai – ele pediu.

—Me solta – fechei os olhos tentando me acalmar.

—Não posso te deixar ir anjo, você não ouviu o que eu tenho a dizer, você nem me explicou de onde tirou toda essa ideia.

Shelby e Daniel estavam boquiabertos nos observando. Virei-me para Luan que me olhava desesperadamente.

—Não me chama mais de anjo – eu disse – não me procure mais, eu não quero mais te ver. E eu já disse pra me soltar.

Soltei-me e continuei andando. Ele segurou minhas pernas quase me derrubando no chão.

—Luan não insisti! – gritei.

—Seja la o que você tiver ouvido, não é verdade, eu mudei por você. Caramba! Você não percebe isso? – ele falava ainda de joelhos me segurando. – eu aceitei ter só amizade com você, eu faço tudo que você me pede, faço tudo pra te deixar feliz, até seu namoro com aquele idiota eu aceitei, como pode pensar que estou te iludindo e tentando te pegar?

As palavras dele me fizeram pensar por um instante, mas o que Carly havia me dito não era mentira, com certeza ele faria o mesmo que fez com Tifany, esse escândalo que ele estava fazendo era porque não queria aceitar um não.

—Não acredito em você! – eu disse tirando suas mãos da minha perna.

Ele se levantou segurando minhas mãos, seus olhos estavam vermelhos, eu pressentia que ele ia chorar, e a ultima coisa que eu precisava ver era Luan chorando, se eu visse me derreteria e acabaria cedendo, eu tinha que ir embora naquele exato momento.

—Chega Luan – falei – apenas me deixe em paz.

Puxei minha mão e sai correndo pelas escadas, meus olhos estavam cheios de lagrimas, mas me segurei, tinha que controlar meus sentimentos.

Shelby entrou no carro logo em seguida, liguei o radio quase no ultimo volume, e fiquei olhando pra fora enquanto voltamos para Yale.

—Você esta bem? – ela me perguntou diminuindo o volume.

—Sim. – forcei um sorriso engolindo qualquer lagrima que quisesse sair. – estou ótima.

—Amiga você pode falar qualquer coisa pra mim e eu sei que não foi fácil se afastar do Luan.

—Eu disse que estou bem. Não me faça mais perguntas, por favor.

—Você que sabe.

Ainda faltavam algumas coisas para arrumar no quarto. Eu e Shelby limpamos sem trocar nem se quer uma palavra.

Quando acabamos ela me avisou que ia sair com Daniel. Eu segui meu dia como se nada tivesse acontecido, com sorriso forçado no rosto. Meu celular tocou e vi que era Brian.

—Oi – atendi.

—Tem planos pra hoje à noite?

—Ainda não.

—Quer ir a uma festa? Vai ser no Playdance.

—Que horas?

—As 21.

—Tudo bem.

—Até depois então, beijos.

—Até, beijos.

Uma festa era tudo que eu precisava. Dançar, me deixar levar e esquecer tudo que tinha acontecido.

Shelby me encontrou no jardim e se sentou ao meu lado.

—Tenho uma festa para ir hoje à noite, quer ir? – ela suspirou – mas antes de você responder, só quero avisar que Luan estará la.

—Eu também tenho, vou com Brian.

—Ah, então ok. Onde vai ser?

—No playdance?

—Mas... É de la que estou falando. – ela deu um meio sorriso.

Então Luan estaria la. Droga!