Brigamos novamente.

Mamma insiste em tentar fazer-me mudar de ideia, mas nada vai tirar-me o sonho de brilhar nos palcos.

Louca é ela!

Eu não passarei o resto de minha vida como uma ninguém, sem desejos ou ambições, apenas esperando pela morte.

Não!

Serei alguém.

Serei amada.

Farei algo, serei lembrada!

Oh! Quem me dera...

Gostaria que meu pai estivesse aqui, ele que acreditava em meus sonhos, na arte e, acima de tudo, acreditava no teatro. Ficaria ao meu lado.

Saudades.

Se estivesse aqui, ela não estaria casando-se de ano em ano, buscando completar algo em si que não poderá ser preenchido por outro alguém. Escolhendo homens nojentos e preguiçosos, que nada mais fazem do que perscrutar minha vida, analisando cada movimento com olhos selvagens de um lobo faminto, desejando tanto a filha quanto a mãe.

Preciso sair daqui.

Não aguento mais essa decadência.

Se ela quer enfiar-se num buraco, quem sou eu para impedi-la?

Ela que se afunde, mas não me levará junto!

Broadway, aqui vou eu!

***

Fiz minha mala na noite anterior ao dia da audição. Peguei minhas economias e, com um pouco de coragem e determinação, fugi.

Agora ela nada poderia fazer, eu trilharia meu caminho.

Inabalável.