A expressão de ódio que habitava no rosto de Giulia ao jogar o vaso na porta com a intenção de acertar Diego logo deu lugar para uma expressão de maldade. Ela pegou seu telefone celular de sua bolsa que estava em cima de seu sofá e discou um número.

- Alô? – uma voz masculina falava do outro lado da linha.

- Lorenzo? Oi, sou eu, Giulia... – enquanto falava, Giulia enrolava uma mecha de seu cabelo em seu dedo.

- Ah oi Giulia, tudo ocorreu como planejado?

- Bom, na verdade não.

- Ele não acreditou que você está grávida?

- O que aconteceu foi o seguinte: ele descobriu sobre nós dois.

- O que? – Lorenzo estava aflito.

- Calma, não precisa ficar nervoso. Eu consegui contornar a situação. Quando ele estava terminando comigo, eu disse que estava grávida. Ele ficou bem desconfiado, então eu sugeri que ele fosse comigo até o médico. E é por isso que eu estou te ligando, eu vou precisar daquele seu amigo médico para falsificar um ultrassom. Você acha que ele consegue fazer isso?

- Sim, sim, consegue.

- Então tá. Você pode me dar o endereço da clínica dele e o nome, por favor?

Lorenzo deu o endereço e o nome. Ele iria entrar em contato com seu amigo médico e ajeitar tudo. Despediram-se.

O plano inicial de Giulia era contar para Diego que estava grávida dele, ficar usando uma barriga falsa e depois fingir que tinha perdido o bebê. Até que ela passasse para a última etapa do plano, eles já estariam casados e ela poderia se apoderar do dinheiro dele. Giulia nunca gostou realmente de Diego, ela só gostava de dinheiro, apenas isso. Talvez dinheiro fosse a única coisa no mundo que Giulia amasse verdadeiramente. Mas o plano não estava saindo muito bem. Diego descobriu que ela o traíra e com certeza não iria ficar mais com ela. Mas Giulia mantinha as esperanças. Ela e Diego passariam mais tempo juntos por causa do bebê que ela estaria supostamente esperando e, assim, ela o conquistaria novamente, e, então, o plano poderia dar continuidade.

Quanto a Lorenzo, era só uma diversão. Esse tal cara parecia um deus grego e tinha um corpo do caramba. Não que Diego não fosse bonito, ele é lindo. Mas Giulia gostava de caras que fossem mais safados, e Diego sempre fora muito tímido. Giulia só queria um cara para realizar seus desejos, e Lorenzo se encaixava. Depois que ela se cansasse, dava um pé na bunda. Para Giulia, homens eram descartáveis.

***

- Filho, vá chamá-los para tomar café da manhã. – pediu D. Elisa para Luca.

Luca subiu as escadas e abriu devagarzinho a porta do quanto do irmão. Encontrou um casal dormindo na cama, e, ao ver aquela cena, sentiu uma sensação estranha. Ciúmes? Sim, era ciúmes, e Luca ficou bem atordoado ao se dar conta disso. Afinal, Alessa sempre fora apenas uma irmã para ele, nada mais do que isso.

Não, isso deve ser coisa da minha imaginação. Imagina eu, com ciúmes de Alessa! E ainda com meu irmão, a pessoa com quem eu sempre sonhei que Alessa ficasse junto.

Luca sacudiu a cabeça a fim de tirar essa ideia de ciúmes do pensamento, e riu consigo mesmo. Ele só poderia estar ficando louco.

Entrou com passadas leves no quarto, contornou a cama, se aproximou do ouvido de Diego e gritou:

- Acorda!

Diego deu um grito de pavor e se levantou de uma vez, fazendo com que Alessa, que também soltou um grito com o susto de ter sido acordada tão bruscamente, rolasse e caísse do outro lado da cama, tamanho foi o susto de Diego. Sentado na cama e passado o susto, Diego estava direcionando um olhar de puro ódio para Luca, que caia na gargalhada.

Do outro lado, Alessa se levantava do chão com uma expressão confusa e sonolenta. Ela e Diego ainda se encontravam com as roupas do dia anterior, as únicas coisas que estavam sem eram os sapatos.

- Mamãe está chamando vocês para tomar café da manhã. – falou Luca, em meio as risadas.

- E será que precisava acordar a gente dessa maneira? – Diego estava praticamente rugindo. Se tinha uma coisa que ele odiava, era ser acordado, e ainda por cima com um grito daqueles em seu ouvido.

- Eu só queria me divertir. – disse Luca, sacudindo os ombros – Alessa, mamãe falou para você ir pegar uma roupa emprestada com Mônica.

- Não, imagina. Eu não quero incomodar.

- Deixa disso Alessa, você é de casa. Vamos, eu vou te levar até ela.

Luca saiu do quarto com Alessa e Diego também trocou de roupa. Trocou a calça jeans e a blusa xadrez por apenas uma calça de pijama cinza de moletom. Desceu as escadas e encontrou uma mesa de café da manhã bem farta. Tinha uma cesta de pães e outra com frutas. Uma jarra de suco, uma de leite e um cereal em uma grande tigela. Ele se impressionou. Não costumava ser assim sem sua casa. Normalmente era cada um por si.

Preciso trazer Alessa para dormir aqui mais vezes.

Sentou-se a mesa, junto aos seus pais e Riccardo, seu outro irmão. Alessa apareceu depois de alguns minutos no alto da escada, e Diego ficou sem fôlego. Ela vestia um lindo vestido azul florido, estava com as suas belas pernas a mostra. Alessa sempre usava calça e raramente usava short. Acho até que ninguém nunca a vira de vestido. O que era um erro dela, pois ela ficava muito mais bela de vestido.

Luca, que vinha descendo as escadas logo atrás de Alessa, também ficara um pouco impressionado. Ele nunca tinha notado verdadeiramente o quanto Alessa era bonita.

Ela sentou-se à mesa, ao lado de Diego, com Luca sentado do seu outro lado. Mônica e Riccardo estavam à frente deles e Seu Luciano e D. Elisa estavam sentados nos dois extremos da mesa.

Alessa também ficou sem fôlego ao ver Diego sem camisa.

Ele só pode ter feito isso propositalmente. Luca tem razão, ele não toma jeito mesmo.

Sempre que Alessa se virava para falar com Diego, suas bochechas coravam. Diego não deixou esse detalhe passar despercebido, e ficou ainda mais cheio de si.

Acabado o café da manhã, Diego levou Alessa para que conversassem a sós no quintal. Bom, eles não estavam completamente sozinhos, pois Elvis latia e corria feito um louco pelo gramado verde e recém cortado da casa, e vez ou outra pulava no colo de Alessa e a lambia o rosto. Dessa maneira ficou um pouco difícil para Diego conversar com ela. Ele ainda não tinha contado para Alessa que ela iria ao médico com ele e Giulia. Na verdade ele ainda nem tinha contado que eles iriam ao médico ainda naquele dia.

Após algum tempo tentando falar em vão, Elvis resolveu parar e deitar no colo de Alessa, enquanto essa alisava seu pêlo, e Diego conseguiu finalmente conversar com ela.

- Alessa, é... Eu vou ter que ir ao médico ainda hoje com Giulia, para ver a questão do bebê.

- Como assim?

- Eu não acreditei realmente que ela estava grávida sabe? Então ela disse que eu poderia ir ao médico com ela hoje de manhã.

- Ah... Tá. – falou Alessa, desanimada.

- Mas eu falei que você iria conosco.

- E por quê?

- Acho que é melhor deixar bem claro para Giulia que eu e ela não iremos ficar juntos.

- Você contou a ela sobre nós?

- Na verdade não. Eu só falei que você iria com a gente. Não sei se ela seu deu conta. Por isso é melhor deixar o mais claro possível.

- Eu não sei se eu quero ir. Esse é um momento somente seu e dela.

- Ah Alessa pare com isso! Eu nem sei se esse filho é realmente meu. Eu só estou indo mesmo porque eu não tenho certeza disso... Mas calma isso não vai nos impedir de ficarmos juntos. Enquanto Giulia estiver grávida, darei a ela toda a assistência necessária e, quando o bebê nascer, faremos o teste de DNA. Se não for meu, bom, ela vai ter que procurar o pai. E se for meu, maravilha. Afinal, uma criança é sempre uma alegria. Só porque talvez eu tenha um filho com outra mulher, não significa que eu não possa construir uma família com você.

- Diego será que você não entende? - Alessa falava com um tom de voz mais alto - Você vai ter que ficar com ela! Será muito mais fácil dessa maneira! Um filho é um vínculo muito grande entre duas pessoas. É capaz até... Capaz até de você se apaixonar novamente por ela! – e, dizendo isso, Alessa caiu aos prantos. Diego a abraçou, mas ela se desvencilhou e saiu correndo. Entrou na casa, e subiu as escadas. Diego foi correndo atrás dela, mas Alessa foi mais rápida e bateu a porta do quarto de Mônica na cara dele.

- Alessa abre essa porta! – gritou Diego, dando socos na porta – Abre essa porta Alessa! – não obtinha nenhuma resposta.

Não demorou muito e Alessa saiu do quarto com a sua roupa do dia anterior. Diego agarrou seu braço. Alessa tentava se soltar, não olhava nenhuma vez nos olhos de Diego.

- Não faz isso comigo, por favor – a voz de Diego saiu fraca. Alessa não olhou para ele – Alessa, por favor. – sua voz agora era chorosa. Alessa continuava sem olhar para ele. Diego então soltou seu braço, não queria acabar machucando Alessa. Mas, para sua surpresa, Alessa não saiu do lugar. Ela virou-se para Diego, seu olhar carregado de dor. O beijou. Diego sentiu seus lábios desesperados, pois não sabia se essa era a última vez que tocavam os lábios macios dele.

- É melhor assim. Desculpe-me – sussurrou Alessa no ouvido dele. Depois se virou e foi embora.

Diego não acreditava que estava deixando Alessa partir. Talvez, para sempre.