– Quem poderia ser uma hora dessas? – Alessa falou ao ouvir o som da campanhia de sua casa. Era de manhã e ela estava se arrumando para ir trabalhar.

Foi até a porta e sentiu seu coração quase sair pela boca ao abri-la e ver quem estava lá fora.

– Então quer dizer que você vai para o Canadá? – Diego falou zangado. Ele foi entrando na casa sem pedir licença.

– O Luca te contou?

– Não ele não precisou me contar nada! Quer dizer que você vai não é? Você vai viajar! Você vai embora e você nem planejava me contar isso?

– Diego eu...

– Então é isso não é? Você já me esqueceu. O que a gente teve não significou nada pra você?

– É claro que significou! – os olhos de Alessa já estavam marejados.

– Então porque você vai embora?!

– Eu ainda não sei se eu vou!

– Não vá! Você não pode ir. Quando tudo estiver resolvido entre mim e Giulia...

– Ah então é isso não é? Eu sou só uma reserva para você? Você quer que eu te espere a minha vida inteira?

– Eu achei que você me amasse!

– E se você me amasse você me deixaria livre para fazer o que eu quisesse! – os dois estavam gritando e lágrimas jorravam dos olhos de Alessa.

– Ah é? Então eu vou te deixar livre! Pode ir para o Canadá! Eu não me importo! – Diego foi até a porta a passos firmes e foi embora sem olhar para trás.

Alessa caiu ao chão, com lágrimas e mais lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela não teria mais condições de trabalhar naquele dia. Procurou o telefone celular e discou o número de seu chefe.

– Me desculpe senhor, mas eu não vou poder ir trabalhar hoje. – Alessa falava entre soluços.

– Alessandra, mas o que...

– Eu tenho que ir senhor. – e desligou o telefone. Depois foi para o seu quarto e se jogou na cama. Aos prantos, ela ainda não acreditava que Diego fora até a sua casa somente para dizer todas aquelas coisas horríveis. Isso fora apenas mais um incentivo para Alessa aceitar a proposta, embora ela não quisesse verdadeiramente. Por que ela não queria? Porque toda a vida de Alessa estava em Verona, e ela sempre teve medo do novo, do diferente.

Passado algum tempo, Alessa conseguira se acalmar.

Será que aceito essa proposta? Eu sei que seria o melhor para mim, mas... Seria tudo tão complicado, tão diferente. Seria difícil para eu me adaptar. Sem falar que Diego não pode ficar pensando que eu o esqueci. Talvez esse filho nem seja dele! E se tudo der certo no final? E se tudo desse certo, mas eu estivesse no Canadá? Eu não posso ir para o Canadá. É isso, eu não posso.

Alessa já estava quase discando o número de seu chefe quando seu celular tocou. Era Luca.

– Alô? Luca? Adivinha, eu decidi que eu não vou para o Canadá! – Alessa já estava pegando seu casaco e sua bolsa para sair de casa e ir para casa de Luca. Ela sabia que ele iria exigir aquilo dela.

– O que? – Luca não conseguira processar a informação.

– É isso mesmo que você ouviu Luca! Eu não vou mais... – nesse momento, Alessa tinha saído de casa e estava a caminho da casa dos Fainello, mas algo a fez parar. Um casal, ao longe. Um casal que Alessa conhecia. A mulher parecia estar grávida, o homem andava com o braço envolvendo seu ombro. Diego e Giulia estavam ali, conversando. Os dois formando o modelo de família feliz. Giulia olhou então para Alessa e deu um sorriso de satisfação. – Luca, eu tenho que desligar. – Toda a alegria esvaíra do rosto de Alessa. Ela discou um número em seu celular.

– Alô?

– É a Alessandra aqui senhor. Eu só liguei para dizer que eu aceito a sua proposta de ir trabalhar no Canadá.