A viagem de Alessa estava marcada pra o final da semana. Durante esse tempo, Diego realmente tentara reconquistá-la. Mandava flores, cartões e tentava conversar com ela. Tentava fazer com que ela não viajasse, mas tudo acabava em briga. Não importava como eles começassem a conversa, sempre terminavam falando as mesmas coisas: Diego falando que se Alessa o amasse de verdade ela ficaria e Alessa dizendo que não iria ficar para ser segunda opção. Então Diego saia da casa de Alessa batendo a porta e ela caia no choro. Isso se repetiu umas quatro vezes.

– Diego eu não agüento mais. – Alessa suspirou ao abrir a porta de casa e se deparar com Diego segurando outro buquê de flores. Seu lixo já estava cheio deles – Não adianta. Vai terminar em briga.

– Por favor. Me deixa tentar. Você viaja depois de amanhã. Essa é a minha penúltima chance.

– Sua penúltima chance de que? Você sabe que no final só vai me fazer chorar! Você gosta de me fazer chorar? – começara a gritar.

– Não, é claro que não! – Diego continuava do lado de fora. Alessa não iria deixá-lo entrar. Ela já estava cansada de brigas. – Eu só quero te convencer a não ir viajar.

– Diego não adianta! Será que você não vê? Nada vai me fazer desistir dessa viagem. Você já tentou isso várias vezes e não conseguiu. O que te faz achar que agora você irá conseguir?

– Eu não vou desistir.

– Pois devia. Olha pelo lado bom: você irá construir uma família com Giulia.

– Mas eu não quero uma família com ela. Eu quero uma com você.

– Tarde de mais. - Alessa abaixou a cabeça.

– Não fale isso, por favor. Se você ficar, nós poderemos conciliar as coisas, eu juro. Por favor, não me abandone.

– Desista Diego. – Alessa se virou e fechou a porta. Diego ficou ali, com o buquê na mão. Ele não iria desistir, prometera isso a si mesmo. Amanhã ele voltaria e tentaria pela última vez. Ele iria conseguir, ele tinha que conseguir.

***

– Ei Diego, você tá sabendo? – perguntou Luca mordendo a maçã que estava segurando.

– O que? – Diego acabara de chegar à cozinha.

– Alessa já está no aeroporto. Ela vai viajar daqui a pouquinho.

– O que? Mas eu achei que ela viajaria só amanhã!

– Bom, ela ia, mas parece que ela adiantou o vôo ou alguma coisa do tipo, eu não sei...

– E por que você não me contou isso antes? – falou procurando alguma coisa, nervoso.

– Ela acabou de me ligar e... O que você vai fazer? – Luca perguntou ao ouvir Diego falar um “Achei!” Ele estava segurando a chave do carro.

– Eu vou impedir a viagem é claro!

– Diego espera você não vai conseguir! – tarde demais. Diego já tinha saído da cozinha.

Ele entrou no carro e pegou o caminho do aeroporto. Diego tinha que impedir.

– Anda logo! – Apertava a buzina com toda a vontade. Estava preso num trânsito horrível. Tentou ligar para Alessa diversas vezes, mas ela não atendia.

Aposto que ela mudou o dia do vôo por minha causa. Ela não queria que eu tentasse mais uma vez, porque talvez ela cedesse.

Finalmente chegou ao aeroporto, e não encontrava Alessa em nenhum lugar.

– Vôo 177 para o Canadá embarque no portão B – Diego ouviu uma voz falar.

Só pode ser o vôo de Alessa.

Ele foi correndo para o portão B e tentou embarcar, mas foi barrado por um homem.

– Por favor, você tem que me deixar entrar. – Diego falava com desespero na voz – Eu tenho que impedir o amor da minha vida de embarcar nesse avião!

– Nossa, que novidade. – O homem revirou os olhos – Você não vai poder entrar aqui.

– Tudo bem então. – Diego se virou e foi andando. Então ele deu meia-volta rapidamente e foi correndo em direção ao homem. Acabou derrubando-o e caindo junto com ele. Levantou-se rapidamente e foi em direção à sala de embarque. E lá estava ela. Sentada numa cadeira, mexendo no seu telefone. Ele correu até ela. Quando estava a poucos metros de distância, Alessa levantou a cabeça e o avistou. Ela não sabia se sorria ou se ficava com raiva. Então ela falou:

– Não chegue perto de mim. – optou por ficar com raiva.

– Alessa, por favor, não vá. – disse andando alguns passos à frente.

– Não. Saia daqui!

– Alessa eu te amo.

– Não adianta, eu não...

– Pare. Agora é a minha vez de falar. – a essa altura eles já tinham atraído alguns olhares – Não vá. Eu demorei tanto tempo para perceber o quanto eu te amo e agora que eu sei disso, eu preciso de você comigo. Você me dá forças Alessa, com esse seu sorriso radiante, com esse seu jeito determinado. Ah, o que seria de mim sem você? Você me faz feliz de um jeito que eu nem sei explicar. Você me faz feliz pelo simples fato de existir. E sabe por quê? Porque você me traz paz. Você desperta em mim um misto de sentimentos que eu não saberia descrever. É como se o resto do mundo desaparecesse quando eu estou com você. Eu só quero ficar do teu lado e ter a certeza que você está bem, porque você é a minha pequena, minha preciosidade, minha vida. Eu poderia ficar o resto da minha vida olhando todos os detalhes do seu rosto, descrevendo-os. Eu não me cansaria. Você é uma parte de mim e se você me deixar... Eu não sei como eu fico. Eu acho que eu deixo de existir. Porque eu não seria um homem completo. Estaria faltando uma parte. Estaria faltando a parte mais pura e bonita. Eu vou sentir falta de tudo Alessa, de tudo. Do seu jeito de falar meio envergonhado, do seu jeito de andar e da sua timidez. Eu vou sentir falta do seu cheiro e do seu sorriso. Eu vou sentir falta dos seus olhos me encarando, que parecem estar lendo meus pensamentos. Eu vou sentir falta da sua voz reconfortante e de todas as suas manias. Eu vou sentir falta do seu toque. Eu amo cada milímetro seu. Amo o jeito que seus olhos se apertam quando você sorri. Amo a maneira que você coloca o cabelo atrás da orelha e amo como ele fica ao vento. Eu amo o som da sua risada e amo quando sente ciúmes de mim. Eu amo o jeito que o seu nariz começa fininho e termina gordinho na ponta. Eu amo as suas bochechas rosadas e amo as suas piadas sem graça. Eu amo a maneira como o seu cabelo começa liso e termina em pesados cachos. Eu amo o contraste que ele faz com a sua pele clara e como o verde dos seus olhos parece mudar de tom de acordo com as suas emoções. Amo cada qualidade e principalmente cada defeito seu. Porque são eles que fazem você ser quem você é. Você é única Alessa. E eu não mudaria nada em você. Você é tudo pra mim e mais um pouco. Não vá. – A voz de Diego ficava cada vez mais fraca. Ele e Alessa estavam com os olhos marejados. Todos que estavam na sala olhavam para eles. Alguns também emocionados, esperando pela resposta de Alessa.

– Diego eu... Não posso. – isso fora demais para ele. Caiu ao chão, e foi nesse momento que o segurança da entrada entrou, com reforços.

– É aquele ali! – o homem gritou. Não foi difícil tirar o Diego dali. Ele não tinha mais forças.

O levaram para fora da sala, e ele foi sentar-se em uma mesa ali perto. Arrasado, olhos inchados, sem acreditar que Alessa partiria. Cabeça baixa. Choramingava baixinho. Estava derrotado. Depois de um tempo, levantou a cabeça e avistou Alessa saindo da sala, a procura de algo. Ela o viu e foi correndo em sua direção. Diego se levantou e a recebeu em seus braços. Ela jogou as malas no chão e o beijou. Era um beijo de desespero. Era visível o quanto os dois ansiavam por aquilo.

– A gente vai dar um jeito, eu juro. – Diego falava em meio ao beijo.

– Um dia nós dissemos que iria ser eternamente para sempre, e assim será. – Alessa sussurrou e voltaram a se beijar. Depois, encostaram as testas e ficaram se encarando durante um bom tempo.

– Eu te amo – falou Alessa.

– Eu te amo mais. – respondeu Diego.

Os dois sorriram.