Verdades Trancafiadas
A declaração custou um preço um pouco alto
- Lorenzo eu quero que você venha já para cá. – Giulia falava ao telefone celular, de dentro de sua banheira.
- O que aconteceu minha rainha? Você parece estar bem furiosa.
- Diego voltou com aquela sem sal da Alessa. – Giulia revirou os olhos – Eu não consigo nem pronunciar o nome daquela garota sem sentir ânsia de vômito.
- Tá, mas e agora? O que a gente faz?
- Eu vou dar um jeito! Agora venha pra cá.
***
Lorenzo tocou a campanhia, mas ninguém atendeu. Tocou novamente e ouviu um grito de Giulia:
- Tá aberta, pode entrar.
Lorenzo entrou chamando pelo nome dela.
- Eu estou aqui no banheiro. – Giulia respondeu.
Ele foi em direção ao banheiro e se deparou com Giulia dentro da banheira, coberta por espuma. Não pode deixar de dar um sorriso malicioso.
- Vamos, junte-se a mim. – falou Giulia.
- Eu achei que você tinha me chamado aqui para arranjarmos um jeito de separar Alessa e Diego. - disse, já desabotoando a camisa.
- Isso a gente resolve depois. Agora eu quero relaxar. Vamos, entre logo.
Lorenzo se despiu por completo e entrou na banheira. Giulia se posicionou para frente e beijou apaixonadamente Lorenzo. Ele segurou sua cintura fazendo com que ela sentasse em seu colo e bem, eu prefiro não entrar em detalhes do que aconteceu daqui por diante.
***
- Minha nossa! – exclamou Alessa, se levantando rapidamente do sofá onde estava sentada com Diego.
- O que foi Alessa? – perguntou ele, espantado.
- Meu chefe!
- O que tem ele? – Diego continuava sem entender.
- Eu tenho que avisá-lo que eu não vou mais para o Canadá! Eu tinha me esquecido completamente. E agora? O que eu digo? Ele vai me matar! – Alessa andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça, preocupada.
- Ãnn... Diz que... O amor da sua vida foi se declarar pra você no aeroporto e você teve que ficar porque ele simplesmente era muito gato. – piscou para Alessa. Apesar do nervosismo, ela deu um sorrisinho.
- Diego eu realmente admiro a sua tentativa de me ajudar. – falou, ironicamente – Mas eu acho que eu vou precisar de alguma coisa um pouco mais convincente não acha?
- Porque você simplesmente não conta a verdade? – Luca disse, chegando à sala nesse exato momento.
- O que? Dizer que o cara que eu sempre amei se declarou para mim no aeroporto pedindo pra eu ficar e eu decidi ficar com ele ao invés de eu ter aproveitado a chance da minha vida, que me lançaria no mercado internacional?
- Você falando assim não parece muito convivente... – Luca fez uma careta.
- Parece burrice! – Alessa fazia amplos gestos com as mãos.
- Ah, mas... O amor não te faz agir com razão. – Diego falou.
- Eu não acho que meu chefe tenha esse lado tão sentimental.
- Então fala que, sei lá... Que a sua avó morreu e o enterro foi na hora do vôo.
- É, talvez isso funcione. – falou Luca, sentando-se no sofá e mudando o canal da TV.
- Vocês acham? – falou Alessa, apreensiva.
- Tenta né? – Diego roubou o controle de Luca e colocou no canal que estava antes.
- Tudo bem então. – Alessa respirou fundo – Vamos lá, eu consigo fazer isso. – pegou o celular no bolso e discou o número do chefe.
- Alô? – a voz falou no outro lado da linha.
- Err... Senhor, é a Alessandra.
- Alessandra? O que você está fazendo me ligando a essa hora? Que eu saiba não se deve usar telefones celulares em aviões!
- Pois é senhor... Eu não estou dentro de um avião...
- Como? Diga-me que você está brincando! Você tem noção do constrangimento que irá me causar quando o diretor da Richard Designs descobrir que você não está dentro daquele avião?! Eu acho bom você ter uma boa justificativa! – gritou a plenos pulmões.
- Eu tenho senhor. O que aconteceu foi que a minha avó morreu e...
- A sua avó Alessandra? A sua avó? Poupe-me dessa desculpa esfarrapada! Todo mundo sempre usa a avó como desculpa. Eu já me cansei disso!
- Mas senhor!
- Me conta a verdade Alessandra. Pela profissional competente que eu sei que você é, não deve ter desistido dessa chance por motivos bobos.
- Tudo bem. A verdade é que... Bom, eu estava brigada com o meu, ãnn, namorado – Alessa sorriu ao falar essa palavra – e eu estava realmente sofrendo muito. Ele foi até o aeroporto e se declarou para mim e eu fiquei...
- Bom, parece que eu estava enganado sobre você Alessandra. Talvez fosse não seja tão digna de minha confiança.
- Não, por favor, não diga isso! - os olhos de Alessa começaram a lacrimejar.
- Como você pôde misturar a sua vida pessoal com o seu trabalho? Eu não posso perdoar esse erro. A Richard Designs talvez nem trabalhe mais conosco depois dessa desfeita com eles! Você tem noção de tudo isso? Bom, eu não tenho outra escolha a não ser demiti-la.
- Não senhor, por favor, não faça isso comigo eu lhe imploro – choramingou.
- Passar bem Alessandra. Passar bem. – e desligou o telefone.
Alessa largou o telefone, que caiu no chão com um baque surdo. Começou a chorar e Diego, que a observara durante toda a conversa ao telefone com a expressão apreensiva, foi abraçá-la.
Aquele trabalho era a vida de Alessa. Era adorava o que fazia e ainda por cima ganhava um ótimo salário. E agora? E quando perguntassem nas entrevistas de emprego porque ela foi demitida de seu ultimo emprego e ela respondesse que foi porque ela não cumpriu com seu dever, comprometendo o cliente mais importante da empresa e ainda deixando seu chefe em maus lençóis? Ah claro, todo mundo iria querer contratar alguém que agiu por impulso. Não, as coisas não funcionavam dessa forma.
- Ele... Ele me demitiu. – Alessa conseguiu falar, entre soluços.
- Como? Luca fique aqui com ela que eu tenho um cara pra espancar. – Diego fez menção de soltar Alessa mas ela não deixou.
- Não faça nada, eu te peço.
- Não fica assim Alessa. – Luca tentava acalmá-la – Você consegue outra coisa. Vamos, se anima pouco. Quer dizer, você é uma arquiteta incrível! Quem seria o maluco de não te aceitar?
Alessa apenas deu um riso fraco.
- O Luca tem razão amor. A gente te ajuda, eu prometo. Mas não agora. Você vai sentar naquele sofá, procurar algum filme meloso na TV enquanto eu lhe faço cafuné e o Luca faz pipoca, não é Luca? - Luca de um olhar de ódio para Diego. Ele apenas riu.
- É, eu faço a pipoca. – se levantou a contragosto e foi para a cozinha, deixando Alessa e Diego a sós na sala.
- Parece que nada dá certo desde aquele dia em que eu vi a Giulia me traindo. – Diego suspirou.
- Pelo menos uma coisa deu certo. – disse Alessa, deitando a cabeça no colo de Diego – Nós ficamos juntos. Tudo bem que não por muito tempo, mas ainda sim ficamos não é?
- Você tem razão. – Diego sorriu.
Alessa não fez a sua parte de procurar filmes melosos na TV. Acabou dormindo no colo de Diego devido à grande quantidade de cafuné recebido. Diego ficou observando a sua pequena dormindo no seu colo, tão frágil, tão sua. Ele não conseguiria explicar o quanto ele estava feliz por tê-la por perto novamente. Por muitas vezes ele tentou descrever, até para si mesmo para poder entender, a sensação que sentia ao ficar perto de Alessa, sempre em vão. Naquele momento, ele tentou mais uma vez, e, como nas outras vezes, falhou. Decidiu então parar de tentar entender e apenas aproveitar. Aproveitar o leve cheiro adocicado que Alessa exalava e o calor que seu corpo transmitia para Diego. Aproveitar que agora ela estava com ele. Sim, porque, por mais que eles quisessem que fosse eternamente para sempre, nunca se sabe o que te espera no dia seguinte.
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