Vapor

Epílogo - (Re)Conhecer


epílogo

(re)conhecer

Alissa Fontes nunca imaginou que em algum dia de sua vida, criaria um laço tão forte com alguém a ponto de mesmo com diversos obstáculos, poder ser capaz de reencontrá-lo e ter uma segunda chance. Esse alguém era Calum Hood.

Os dois tinham ido juntos para o Brasil no começo daquele ano, Ali tinha lhe mostrado todos os seus pontos turísticos favoritos de São Paulo. O rapaz teve a oportunidade de conhecer a avó da garota - Dona Amélia -, e apesar de não ter gostado da tapioca da senhora, ele conseguiu conquistar a avó da menina. Amélia que não era muito gentil a primeira vista, acabou gostando do humor meio duvidoso de Calum e a forma em que ele olhava para sua neta com tamanha admiração.

Naquela altura do campeonato a senhora já estava muito debilitada, sabia que aqueles seriam seus últimos meses, todavia, seriam meses felizes. Porque ela ficaria contente de saber que quando partisse, tanto sua filha quanto sua neta estariam com pessoas incríveis, que as apoiavam, encorajavam e tinham cuidado com as mesmas.

― Calum perguntou se o fato de nós três - eu, você e a mamãe - termos nomes começando com A, é algo de família. ― Alissa fez a pergunta do namorado, dando um breve sorriso para a avó.

Dona Amélia não compreendia inglês, enquanto Calum não tinha muito vocabulário na língua portuguesa. Logo Alissa tinha que intermediar a conversa traduzindo para ambos os lados, e por mais cansativo que fosse, era muito divertido e adorável ver como Calum estava sendo gentil com sua avó. Era como se cada dia que ela passasse ao lado dele desde o ano-novo, seus sentimentos ficassem cada vez mais intensos.

― Hum. É sim, começou com a minha mãe. ― a senhora de pele negra se acomodou na poltrona, aparentando estar com o pensamento distante, o vestígio de um sorriso no rosto ― O nome do meu pai era André, ela se apaixonou por ele… E mesmo quando ele morreu precocemente, ela quis manter um pedaço dele na criança que carregava em seu ventre. Desde então as mulheres da família Fontes tem apreço por nomes que começam com A. Alessandra batizou sua filha como Amanda anos atrás.

Calum ouvia a tradução de Alissa atentamente, havia um quê de admiração em seu rosto enquanto ouvia Dona Amélia dissertar com tanta paixão sobre sua infância. Hora ou outra ele murmurava alguma coisa, ou fazia mais perguntas para a senhora. A verdade é que Calum adorava conversar com os familiares de Alissa, estava sendo um processo muito gostoso (re)conhecer a mulher através dos olhos de outras pessoas, que também a amavam.

Mais tarde, ainda naquele dia, Alissa já tinha colocado a sua avó na cama. Ainda eram dez da noite, então a televisão estava ligada em um som baixinho enquanto ela e Calum lavavam a louça da janta tranquilamente.

― Acho que a gente vai ter que manter a tradição então. ― Calum murmurou como quem não quer nada, embora houvesse um sorriso de canto no rosto.

Alissa virou-se para ele surpresa.

― Como assim?

O rapaz fechou a torneira e secou suas mãos no pano de prato decorado da Dona Amélia, e então, escorregou sua mão para o bolso da calça, puxando uma pequena caixinha.

Foi preciso uma boa quantidade de autocontrole para que Alissa não derrubasse o prato que estava secando no chão. Ela apenas piscou, estupefata.

― Calum.

― Marina me disse que você ajudou Ashton a escolher o anel deles, ela me contou o quanto você gostava da Pandora, então um dia desses eu estava passando por lá e lembrei de você.

Ela se viu rindo, enquanto piscava rapidamente para reter as lágrimas de emoção.

― Conversar com a sua família me fez perceber que eu não só amo a Alissa que eu conheci na Austrália. Eu amo a Alissa, filha da Alessandra. Eu também amo a Alissa, filha do Victor King. E, que engraçado, também amo a Alissa, neta da Dona Amélia. — era surpreendedor que alguém como Calum estivesse fazendo um discurso assim, e embora Alissa pudesse detectar o nervosismo em sua voz, também podia ver que aquilo estava entalado em sua garganta. Aqueles eram os sentimentos de Calum, expostos apenas para ela — E eu sei que talvez você não concorde com isso, por que a minha vida é muito corrida e é difícil estar com alguém que não pode estar presente o tempo todo, alguém que não possa te dar todo o amor que você merece. Mas… mas mesmo assim eu peço para você pensar nisso e aceitar o meu pedido.

Alissa colocou o prato sob o balcão e apenas sorriu timidamente.

― Cal, todo esse tempo que eu estive longe de você, acreditando que você iria desaparecer… tudo isso me fez perceber que eu estava errada. Por mais longe que você estivesse, sempre haveria Calum Hood nos meus pensamentos. Nunca houve alguém que pudesse sequer tomar o seu lugar. Este lugar sempre foi seu. Você foi o único que fez com que eu me sentisse digna de ser amada, de receber carinho, de ser assumida. Você é tudo o que eu pedi e desejei. — as lágrimas escorriam livremente pelas bochechas de Alissa.

― Isso é um sim? ― Calum perguntou com um sorrisinho bobo na face.

Ela concordou.

Ele riu, contente.

― Sabe, se tem algo que eu me arrependo lá atrás. Foi não ter lhe dado um anel. Então eu estou dando agora. Espero que no futuro, quando eu te apresentar para a minha família, você também possa se apaixonar pelas outras versões de mim.

Sem conseguir conter suas emoções, Alissa abraçou o rapaz com força, sem querer deixá-lo longe de seu corpo por muito tempo.

Em um gesto de carinho e intimidade, Calum abaixou a sua cabeça e beijou a pele da garota, bem onde havia a tatuagem da coroa que ela tinha tatuado anos atrás ao lado dele.

Haviam lhe concebido uma oportunidade de reencontrá-la, Calum não iria desperdiçar um momento sequer.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.