Vapor

13. Ali, Li, Lissa


CAPÍTULO 13

ali, li, lissa

alissa fontes

Quando os meninos terminaram de tocar algumas músicas a festa acabou ficando mais agitada. Michael se perdeu em algum canto da casa com sua namorada, Luke logo fez o mesmo, Ashton ficou sentado no sofá sem beber nada ao lado de Marina que já estava bem bêbada. Ele estava tendo um certo trabalho em impedir a garota de beber mais um copo enquanto a mesma insistia que estava bem, e que não deveria se preocupar já que Alissa a levaria para casa.

Enquanto isso Alissa estava em outro canto da casa abraçada com Calum, os dois estavam na varanda conversando enquanto o garoto fumava tranquilamente. A garota amava a forma em que os dois conseguiam conversar sobre literalmente qualquer coisa, naquele momento eles tinham conseguido engatar uma conversa que acabou durando pelo menos uma hora sobre séries de televisão. Acabou que no final Calum a fez prometer que assistiria todas as temporadas da sua série favorita – How I Met Your Mother - com ele.

Com o passar da noite, Hood continuou a beber, ficando mais bêbado do que ele já estava algumas horas antes.

— Ali... Li… Lissa... Fica comigo hoje bor favor — ele pediu com a língua embolada.

Alissa não pode evitar sorrir. O garoto bêbado parecia uma criança birrenta, quando tinha percebido, Alissa estava apertando suas bochechas de leve enquanto sorria.

— Eu adoraria mas não posso Cal, prometi levar Marina para casa.

— Ah, então a Marina bocê leva pra c-casa. — disse, ainda enrolado enquanto cruzava os braços com uma expressão irritada.

A garota deu um breve selinho nos lábios dele, que o deixou desnorteado o suficiente para que a irritação passasse por alguns momentos.

— Já está ficando tarde, eu vou descer para procurar a Marin e ver se ela já quer voltar para casa. Vem comigo? — ela perguntou erguendo a mão para ele.

Calum fez uma expressão emburrada novamente, mas a sua pose logo desmoronou. A expressão risonha e feliz no rosto de Alissa podia desmontá-lo com muita facilidade e ela sequer fazia noção do efeito avassalador que tinha sobre ele. O moreno deu as mãos para ela, e então eles foram para o piso debaixo da casa, em busca da garota.

Não demoraram muito para encontrar Marina, só que não do jeito que Alissa imaginava – louca de bêbada rebolando sozinha no meio da pista – e sim no sofá, no colo de Ashton Irwin, beijando o amigo com eloquência.

— Meu Deus. — Alissa disse boquiaberta ao ver aquela cena. Ela e Calum trocaram olhares cumplíces, os dois estavam tão surpresos ao ver os amigos se beijando que apenas ficaram ali, há alguns metros de distância parados.

— Ah, oi Ali! — Marina disse saindo do colo de Ashton como se aquele beijo não tivesse sido nada demais, a garota cambaleou na direção da amiga com uma expressão de quem estava completamente fora de si.

— M-Marin, você não quer voltar para casa, não? Vamos, eu te levo. Acho que você já se divertiu bastante hoje. — a Fontes disse, havia uma entonação de preocupação em sua voz. Estava preocupada não só com a sua amiga irresponsável, mas também com os sentimentos que Ashton nutria pela garota. Aquilo com certeza iria resultar em algum problema.

— Ashton vai me levar! — ela respondeu com firmeza.

— Ashton vai levar ela! — Calum disse animado — Então, por que você não vem comigo?

Um arrepio de nervosismo percorreu o corpo de Alissa ao ouvir aquilo. Se Calum ao menos estivesse sóbrio para que ela pudesse se abrir com ele...

— É, eu vou levar ela. — Ashton disse se aproximando do trio. Diferente de Marina, ele parecia estar sóbrio e com uma expressão serena no rosto.

— Mas Ashton-

— Está tudo bem, Ali. Sério. — ele disse com firmeza, e por um momento o coração de Alissa se partiu por ele. Não era justo que ele ficasse com a garota por quem estava apaixonado há tanto tempo daquela forma. Contudo, aquele era Ashton, aquela tinha sido sua decisão.

— Qualquer coisa você me liga, tudo bem? — a garota disse com a preocupação brilhando em seu olhar.

— Você se preocupa demais Fontes. — Ashton disse e por fim deu uma piscadinha — Agora vá cuidar do seu namorado, ele está quase caindo de bêbado.

Quando a garota virou-se para olhar para Calum, quase teve um ataque do coração ao ver o garoto destampando uma garrafa de vodca pura. Ela teve de correr até ele e pegar a garrafa da mão dele.

— Chega de beber, eu vou te levar para casa. — disse apressadamente, procurando distrai-lo antes que ele lembrasse que ela tinha pegado a bebida de sua mão.

Calum fez uma expressão confusa e então sorriu como uma criança que tinha acabado de ganhar um doce.

— Vamos! — ele disse com uma entonação animada enquanto passava – desajeitadamente – o braço ao redor do ombros da garota. — Ash, avise para os outros que estamos de saída.

Demorou apenas alguns momentos para que eles se despedissem de algumas pessoas na casa e finalmente saíssem para a garagem, onde alguns carros tinham sido estacionados, dentre eles o carro de Calum.

— Me dá a chave. — Alissa pediu, porém Hood negou.

— Não, eu gosto de dirigir para você.

Ela corou, porém manteve a postura firme.

— Você está bêbado, a única coisa que vai fazer é bater o carro na primeira vez que tiver oportunidade.

— Eu não posso bater o carro, — disse fazendo uma expressão confusa — meus pais me fariam pagar o conserto e a minha irmã viria aqui só para me matar, ou me enterrar vivo. Que é a mesma coisa que matar, mas ela é bem criativa.

Alissa deu uma risada nasalada, era tão fofo ver Calum confuso quando ele estava alterado.

— Então me dê a chave e nós não teremos nenhum acidente esta noite.

— Tudo bem. — ele cedeu colocando a chave na mão dela.

A garota ligou o carro e entrou, sentando-se no banco de motorista enquanto Hood sentava-se ao seu lado. Ela teve que se esticar para colocar o cinto de Calum, e o moreno tentou dar um beijo nos lábios da garota só que ele errou a mira e acabou beijando o pescoço descoberto dela.

— Calum! — ela riu se afastando dele.

— O que foi? — ele resmungou.

— Isso faz cócegas, e, aliás, vai me atrapalhar a dirigir.

Quando os dois estavam com o cinto, ela finalmente começou a tirar o carro da garagem e dirigir para fora dali.

— Onde você mora Cal? — perguntou, e logo recebeu instruções de onde o apartamento dele ficava. Ela não se surpreendeu ao ser um ótimo bairro, Calum tinha lhe dito que seus pais eram advogados e que tinham um certo dinheiro. O apartamento em tese era dele e da irmã, só que como ele estava em Sydney para fazer faculdade, era ele quem ocupava o lugar a maior parte do tempo.

Em suma, o lugar não era mais do que trinta minutos de distância daquela casa onde a festa estava acontecendo e como já tinha passado da meia noite, o trânsito era mais leve naquele horário. Enquanto Alissa dirigia, Calum estava com a cabeça apoiada na janela do carro enquanto cantarolava alguma música que tocava baixinho no rádio. Ela não sabia que podia se sentir tão confortável assim com alguém, e se pudesse, ela pegaria aquele momento, o congelaria e colocaria em uma moldura para nunca mais perdê-lo. A sensação de conforto que ela tinha só por estar ao redor de Calum era maior do que qualquer coisa que ela já tinha sentido por outro rapaz, e isso estava a deixando desnorteada. Esse não era um sentimento que se nutriria por amigos.

O sinal estava vermelho, ela parou o carro esperando pela luz verde para poder continuar caminho.

Desviou o olhar para o garoto quase adormecido ao seu lado, e então sentiu seu coração se preencher de carinho. Naquele momento, teve de ser honesta consigo mesma. Ela não o via como um amigo, nunca tinha visto. Nunca poderia ser amiga de Calum Hood quando nutria sentimentos tão avassaladores por ele. Que droga, ela tinha se apaixonado perdidamente por ele.

Logo a luz do semáforo ficou verde, e ela deu continuidade ao percurso.

Quando chegaram, ela estacionou o carro na vaga em que Calum disse que costumava estacionar e então cutucou o moreno, procurando acordá-lo.

— Já chegamos? — ele perguntou entreabrindo os olhos preguiçosamente, somente aquela visão e a voz rouca dele fez o coração da garota acelerar e um sorriso espalhar por seu rosto.

— Sim, — respondeu — nós já chegamos.

Alissa ajudou ele a sair do carro, e o guiou da melhor forma que podia até o elevador. Teve de cutuca-lo novamente até que Calum respondesse de forma clara qual era o andar e o número do apartamento em que ele morava para ela. Ela sentia que quanto mais próxima ficava do apartamento dele, mais nervosa ela ficava.

Calum cambaleou em direção a porta de seu apartamento, e ficou tentando abrir a sua porta com todas as chaves de seu molho até que finalmente achasse a chave certa.

Mi casa es su casa. — disse ainda com a voz falhando. Havia um sorrisinho em seu rosto ao dizer aquilo, Alissa sentiu a vontade de revirar os olhos.

Ela nunca tinha imaginado exatamente como seria a casa de Calum, mas ao olhar aquele apartamento teve certeza de que se um apartamento pudesse ter um cara, aquele teria a cara exata de Calum Hood.

Haviam palhetas espalhadas para todos os cantos, um violão no sofá, um teclado ao lado da varanda e um baixo pendurado na parede. Alissa se pegou sorrindo ao ver a decoração da casa, aquilo também era muito a cara dele.

— Seu apartamento é lindo.

— Minha irmã que decorou, por isso que é tão organizado. — disse dando uma risada de leve enquanto fechava a porta.

Os dois ficaram em um silêncio confortável enquanto Alissa ainda reparava em alguns detalhes do apartamento do rapaz. Calum por sua vez, estava começando a recuperar sua sobriedade mas não estava exatamente sóbrio, o que indicava que ele precisava de um banho gelado.

— Alissa.

— Sim? — ela respondeu surpresa, virando-se para ele.

Calum sorriu ao perceber que ele conseguia ler ela incrivelmente bem, desde que tinha mencionado mais cedo que queria leva-la para casa, conseguiu notar um certo desconforto na garota e queria saber o porquê. Sabia que ela ficava mais tranquila na sua presença, mas mesmo assim...

— Você sabe que eu não vou te forçar a nada, né? — disse dando um sorriso tranquilo, procurando passar confiança para a garota — Eu só te chamei por que queria passar a noite com você, sem segundas intenções.

Era claro que se ela quisesse, ele também iria querer. Contudo, algo dizia em sua intuição que Alissa tinha um bloqueio não só com relacionamentos mas alguma outra coisa, e ele estava chegando cada vez mais perto daquele bloqueio.

Os olhos de Alissa brilhavam, ele pode perceber que havia gratidão ali. Não sabia dizer se a garota iria chorar, mas seus olhos certamente estavam marejados. Aquilo o perturbou por alguns momentos, ele sabia que Alissa o desejava pela forma em que ela o beijava, mas então por que ela estava reagindo assim? Sentia que aquela não era a hora certa para perguntar, então apenas puxou a garota para um abraço e a embalou em seus braços.

Alissa estremeceu em seus braços, cedendo para o conforto que o calor do corpo de Calum fornecia.

— Cal, muito obrigada.

— Eu jamais faria algo que poderia te machucar. — respondeu suavemente.

A garota o apertou em seus braços, afundando seu rosto no peito dele.

— Eu sei.

Os dois ficaram bons minutos, um embalado no abraço do outro, até que Calum deu um beijo na testa da menina que era bem mais baixa que ele, e avisasse que iria tomar um banho gelado.

— Pode ver algo na televisão enquanto isso.

— Tudo bem. — Alissa respondeu enquanto se sentava no sofá verde musgo garoto, não havia um sofá mais confortável do que aquele. Ela se aconchegou e pegou o celular para checar se não haviam mensagens da amiga.

alissa [01:48 AM]

oi marin,

eu não sei se você vai me responder quando chegar em casa

então só me manda uma mensagem quando acordar

para me dizer que você está bem

ok?

Assim que terminou de mandar a mensagem ela bloqueou a tela do aparelho, sem nenhuma vontade de checar suas redes sociais. Apenas deixou que sua cabeça se acomodasse nas almofadas de Calum, que estavam infestadas pelo cheiro dele, e então permitiu que seus olhos fechassem, entregando seu corpo a uma soneca rápida.

Quando acordou, Alissa se deparou com um Calum apenas com um toalha enrolada na cintura, olhando para ela sorrindo com um celular na mão. Era óbvio que ele tinha tirado uma foto dela enquanto dormia.

— Quer tomar um banho antes de dormir? — ele perguntou se aproximando dela.

Só de deixar seu olho descer do rosto de Calum, Alissa sentiu todo o seu corpo ficar quente. Ela não estava preparada para olhar para o peitoral desnudo dele, muito menos para as tatuagens em seu corpo. Por Deus, ela poderia ficar olhando para ele assim por horas sem sequer se importar. Se Calum Hood já era lindo normalmente, assim, apenas de toalha com os cabelos molhados grudando na testa, ele conseguia ficava mais atraente ainda. Tudo o que ela queria era deslizar sua mão pelo meio do peitoral dele, suspirar contra a pele quente dele.

Balançou a cabeça, procurando afastar aqueles pensamentos.

— Eu não tenho outra roupa para vestir.

— Está tudo bem, eu posso te emprestar uma camiseta e bem, tem algumas roupas da minha irmã aqui que podem servir em você.

Alissa piscou, ficando de pé rapidamente e concordando. Tinha decidido que se ficasse muito tempo ali no sofá, olhando para o corpo de Calum, acabaria deixando suas emoções agirem por ela.

A garota foi em direção ao banheiro e tomou um banho rápido. Assim que estava limpa, ela vestiu uma camiseta cinza do Led Zeppelin que ele tinha lhe emprestado, o que era uma camiseta de Calum parecia um vestido nela, e uma calcinha preta. Ela ignorou o comentário de Calum sobre calcinhas pretas sempre serem as mais bonitas.

— Bem, — Calum disse lentamente, enquanto observava com um pequeno sorriso a garota a sua frente vestindo a sua camiseta — tem dois quartos nesse apartamento. Um para a minha irmã e outro para mim. Você pode dormir no quarto dela, mas a minha cama sempre terá um espaço a mais para você.

Alissa nunca tinha ficado tão desnorteada com uma fala que nem daquela vez, a garota ficou completamente envergonhada e com dificuldade de falar.

— E-E-Eu fico com o quarto da sua irmã. — disse com as orelhas terrivelmente vermelhas.

Calum sorriu para ela, ele se aproximou e depositou um selinho demorado em seus lábios, o que a deixou na expectativa de algo a mais.

— Então boa noite, Lissa.

As pernas de Alissa bambearam enquanto ele a deixou ali, sozinha parada no corredor.

[...]

marinn [09:57 AM]

meu deus

ali, a gente precisa conversar

urgente!!!

Alissa sentou-se na cama olhando para aquela mensagem com impressão de que Marina tinha feito alguma coisa errada na noite passada. Não pode evitar se sentir preocupada com Ashton, afinal ele era seu amigo e já tinha desabafado sobre ter sentimentos pela sua amiga. Ela odiava aquela situação, porque não queria ver Ashton triste e também porque sua melhor amiga não tinha culpa do que quer que tenha acontecido entre os dois. Talvez fosse sua culpa por ter dito ao Irwin que os dois formavam um belo casal...

Era só que... Ela tinha uma intuição de que eles formavam um bom casal. Ashton era respeitoso, engraçado e não tinha problemas em demonstrar carinho. Tudo o que o ex de Marina nunca poderia ser, afinal o cara era um brutamonte. Nem Calum gostava de Harry.

Foi só ela pensar em Calum que o moreno apareceu batendo de leve na porta.

— Já está acordada?

Dessa vez ele estava completamente vestido, o que era um alívio. Ver Calum seminu era um ataque aos hormônios de Alissa, ela não sabia se conseguiria responder pelos seus atos se o visse assim novamente.

— Acabei de acordar. — ela deu um sorriso de leve. — Bom dia, Cal.

— Bom dia, Lissa. — ele disse se aproximando e dando um selinho nos lábios dela.

Alissa sorriu contra os lábios de Calum.

— Você está de ressaca? — perguntou, deixando suas mãos passearem pelos braços dele.

— Um pouco.

— Incrível. — ela riu — Quando eu fico de ressaca parece que uma manada acabou de me atropelar, deveria ser um crime sair andando assim mesmo de ressaca.

— Ah, então agora você sabe elaborar elogios? — Calum sorriu ironicamente enquanto enrolava um cacho de Alissa em seus dedos.

A garota sorriu maliciosamente.

— Sim, e por acaso a sua cota de elogios acabou pelo resto da semana. Uma pena.

Hood fez uma careta bem semelhante as caras e bocas que ele fez quando estava bêbado. Seus orbes castanhos observaram Alissa em silêncio, e então ele a soltou.

— Eu fiz o café da manhã, achei que você fosse estar com fome.

— Você fez o café da manhã? — Alissa indagou surpresa o que fez ele rir.

— Não sei que tipo de ideia que você tinha de mim, mas eu moro sozinho, logo sou obrigado a saber cozinhar alguma coisa e não atear fogo na minha casa. — Calum respondeu com um sorriso no rosto.

— Ok, você me surpreendeu.

O sorriso no rosto de Hood se alargou.

— Eu achei que minha cota de elogios estivessem esgotadas, mas espere só até você provar da minha comida.

Alissa piscou, tentando não sorrir para ele, o que foi incrivelmente difícil.