Useless

The Sixth Uselessness


Relacionar-se com pessoas é algo surpreendente. Quando você pensa que as conhece, você fica pasmado, pois descobre cada vez mais coisas sobre as mesmas, coisas que você nem imagina. Miku é uma dessas que acabou de ser surpreendida, pois nunca imaginou um incesto entre os gêmeos bivitelinos. Ela não queria se estressar ainda mais por causa disso, afinal, a vida é deles e eles podem fazer o que quiserem, e ela não iria se meter nisso. A garota sabia que a relação que havia entre eles iria mudar, de “sempai*-irmã-mais-velha-querida” iria para “ela-sabe-nosso-segredo-e-temos-de-estar-sempre-de-olho-nela” e talvez nunca mais fosse voltar à de antigamente. Ela até podia tirar proveito dessa intriga, já que a mídia faria um bom trabalho afetando a carreira dos dois amantes e aumentando a fama deles no mau sentido. Ela, bem, a fama dela alcançaria níveis astronômicos, pois os fãs, traumatizados, encontrariam a perfeição que os gêmeos haviam perdido, nela. Porém, ela não faria isso. Tinha respeito para com as memórias que tinha com as duas crianças e ainda tinha afeto por elas.

“Ah! Mas é errado!”, imaginou a voz do empresário em sua mente. Errado? Por que é diferente? Por que é estranho? Por que não vão poder gerar filhos? Por que Deus não quis assim? A Hatsune não acreditava nesses dogmas, que serviam só para ditar e ordenar como deveria ser a vida de alguém. Dava graças por esse tipo de sistema de regras não ser muito presente na vida dela, se bem que, a vida dela já estava definida no momento que entrou na Crypton. Ela queria definir como seria a vida dela, do início ao fim.

Seus pensamentos foram interrompidos com o irritante som repetitivo do despertador. Ah! Como ela odiava aquele aparelhinho, que a fazia acordar para a toda aquela usança do dia a dia. Abriu os olhos num instante, ainda que os deixando semicerrados, e vagarosamente se sentou na borda da cama, como um velho caquético costuma fazer. Arrepiou-se um pouco, dos pés à cabeça, no momento que seus pés quentes tocaram o assoalho frio de pedra, para melhorar ainda mais o dia.

Saiu de seu quarto rapidamente, despenteada, e com a gravata do “uniforme”, como se referia a seu conjunto de roupas favorito, desarrumada e mal amarrada. Apressada e com passos rápidos, ia com o cenho franzido, e os dentes praticamente rangendo. É, ela não estava num bom dia, já que fora acordada cedo demais, segundo o relógio interno dela. Passava pelas pessoas sem olha-las ou dar atenção, mas conseguia ouvir os murmúrios “Ah, lá vem a princesinha.” “Pelo mau-humor, o rumor era verdadeiro, aposto que ela está grávida!” “Ou então descobriu que está sendo traída.”. Perguntava-se de qual lugar do inferno havia vindo esses rumores. “Estúpidos, cuidem de suas próprias vidas!”, gritava em sua mente. Entrou no elevador e apertou o botão do sétimo andar com força, como se estivesse usando os dedos para perfurar os olhos de alguém.

–Hatsune! Está atrasada!- esbravejou o produtor com raiva, com aquele falso sotaque francês que provavelmente ele usava para atrair os “bofes”.

–Eu sei. Desculpe. - Respondeu, controlando-se para não aumentar o tom de voz e gritar nomes e palavras que não deveriam estar constadas no vocabulário de uma dama como ela.

Dirigiu-se até o auditório, esbarrando os assistentes, organizadores, e até mesmo os funcionários que não faziam nada no momento, quase os derrubando. KAITO estava na sala, com o fone preso ao redor do pescoço, com o olhar cansado e com olheiras. Com certeza, não havia dormido na noite anterior, talvez por ter saído com aquelas mulheres que Miku chamava de “filhas da profissional do sexo”.

–Bom dia. - cumprimentou-a.

–Hum.- respondeu, sem vontade.

–Que bom humor, a noite foi boa?- um sorriso malicioso estampava seu rosto, de ponta a ponta.

–Quieto! Não me compare à um pervertido como você. – colocou o fone nos ouvidos com raiva.

*Sempai: Veterano, quem veio antes.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.