Urso de Pelúcia

Capítulo Único - Urso de Pelúcia


Parecia que todos os dias de eventos na escola eu tinha que trombar de frente com aquele urso. Ele me encara sem parar, não tira os olhos de mim e fica lá, esperando que eu vá embora ou faça alguma merda, para ele poder bater em mim como se eu fosse um perigo para a sociedade. Era sempre assim. Mas isso só acontecia porque dentro daquele urso enorme estava Sakagami Tomoyo, uma das garotas mais fortes e medonhas da escola.

A garota era linda, admito. Lindo corpo e lindo rosto... Mas sua personalidade assustava qualquer um que se aproximasse. Qualquer coisa que eu fazia, eu apanhava. Não valia a pena lutar pelo amor dela. Talvez eu e ame mesmo, para sempre querer estar ao seu lado, provocando-a para ganhar sua atenção. Pena que ela não ligue.

•••

- Sunohara! – ouvi aquela linda voz gritando em meu nome.

- E-Eu não fiz nada dessa vez, juro! – respondi.

- Ah, então quem será que quebrou as janelas do clube de teatro?

- P-Podem ter sido os jogadores de futebol!

- Não engane ela senão você apanha em dobro. – Tomoya comentou.

- Okazaki! – gritei.

- Ora, então foi você mesmo... – olhou-me de canto.

- E-Eu não fiz nada! – comecei a andar para trás, para logo correr.

- Claro que fez! – segurou-me pela gola antes que eu fugisse e começou a sessão de tortura.

- OKAZAKI!

- Podem se entender ai... – ele disse e ficou me olhando apanhar novamente.

- Por hoje é só... Mas saiba, quebre mais alguma coisa e perderá a vida. – ameaçou.

- H-Hai... – suspirei.

•••

Nossa “relação” – se é que posso chamar assim – nunca foi tão boa. Eram socos para lá e chutes para cá... Talvez fosse esse o único jeito que eu e Tomoyo fossemos próximos.

- Tomoya! – Tomoyo gritou em nome do meu amigo.

- Ah, esqueci de avisar que ela vai embora com a gente hoje. – sorriu de canto.

- Podemos ir?

- C-C-Como assim ela vai com a gente? Não vê que ela vai me matar?

- Se você me der razão, eu posso até te matar. – me respondeu com indiferença.

- Ele vai se comportar, não é? – Okazaki disse.

- Vou. – respondi sério.

- Duvido... – ouvi o murmúrio da Sakagami.

Tomoyo e Tomoya andavam lado a lado e conversavam sobre coisas banais e divertidas, talvez estivessem tirando uma com a minha cara, falando mal de mim pelas costas. Já eu, andava sozinho atrás de ambos, pensava na vida e se um dia poderia conversar com a kouhei sem ter que apanhar.

- Ora, ora... Se não é a Sakagami andando com aqueles dois inúteis... – ouvi a voz masculina vindo de um beco.

- Vai ir atrás dela, Sasaki-sama? – perguntou outro rapaz.

- E você acha que eu perderia uma chance dessas? Vamos logo Shin!

- Hai.

Os passos de ambos eram silenciosos. Seguiam a gente como duas onças prestes a atacar à presa. Não pareciam estar a fim de começar uma simples briga, queriam acabar com a vida de Tomoyo, e a chance para isso apareceu quando os dois a minha frente pararam para pegar bebidas numa máquina.

- Sakagami! – um deles gritou.

- Sasaki... Pensei que tinha acabado com você. – ela respondeu.

- Estou firme e forte aqui na sua frente.

- Será mesmo? E a sua visão? Como vai?

- Estou enxergando muito bem. Bem até demais. – sorriu.

- Prove.

- Você pediu. – ele sacou uma arma de dentro de sua jaqueta preta de couro e mirou no peito esquerdo de Tomoyo, logo atirou.

- Tomoyo! – gritei e a empurrei para cima de Okazaki, fazendo com que a bala perfurasse somente o vento.

- Oh, um herói. Mate-o Shin!

- M-Mas não tenho nada.

- Use as mãos seu baka!

- Hai!

- Não queira brincar de briga comigo, Shin-chan. – avisei.

- O mesmo vale para você, loirinho.

•••

Talvez eu fosse um fraco, já que no fim Shin conseguiu me nocautear. O tal de Sasaki acabou me baleando no braço para que eu não pudesse mais ajudar em nada mesmo. No fim eu fui só um peso para a Tomoyo, que fez os dois saírem correndo como dois covardes. E Okazaki só observou, mas no fim me trouxe ao hospital.

- Sunohara-san, visita para o senhor. – a linda enfermeira disse.

- Sunohara... – ouvi a voz de Tomoyo na porta. – Baka...

- Eu vou apanhar enfermeira! SOCORRO! – gritei.

- Nee, arigatou.

- Como assim? – perguntei.

- Por ter me empurrado na hora que ele atirou. Talvez eu pudesse morrer.

- Ah, àquela hora... Não faz mal. Acho que é o que devo fazer pela pessoa que amo, não?

- Não entendi.

- Fique sem entender, é melhor. – falei.

- Só passei para ver se estava bem e vejo que está. – sorriu um pouco envergonhada. – Já tenho que ir, hoje tenho que ficar na patrulha com aquela roupa de urso de pelúcia gigante. Se bem que o que mais apronta está no hospital. – olhou para o meu ferimento.

- O Tomoya está lá. – respondi.

- Com a Nagisa. – ela sorriu.

- Ja ne. – falei.

- Mata ne. – respondeu.

Ela saiu e fechou a porta delicadamente. Deitei minha cabeça para o lado direito da cama e vi que ela havia deixado um bilhete no travesseiro. Li: “Olhe no criado-mudo”, fiz o que ela mandava. Em cima do criado mudo estava um urso de pelúcia, idêntico a “ela”, com um coração no colo, escrito “Love You”. Eu passei a amar aquele urso cada dia mais...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.