Unstoppable

Chapter I — Bees and Turtle Steps.


“Back beat, counting time
Pick it up and tell me if you really wanna dance some more
We’re borderline wasting time
Pick it up and tell me that you love me like you did before
I understand, understand
I been feeling it so long
I’m flying when I’m in your arms
I’m burning up, burning up
Feeling like I kid myself, kid myself again
Yeah”.

Dagny - Backbeat

Areia. Água. Palmeiras. Carros. Pessoas. Era incrível como o mundo podia ser tão pequeno e ao mesmo tempo enorme, tão cheio de cores e movimentos. Entretanto conseguia ser perturbador tamanha mudança e ser parte dela. Era mais fácil simplesmente olhar para aquela pequena janela e distrair-se das gigantes mudanças que ocorreram na sua vida em poucas horas, ela nunca foi uma adepta a notoriedade. De fato, sua vida nunca fora simples o suficiente para aceitar o monótono e tinha que admitir que isso fosse a ultima coisa que desejaria.

Para muitas pessoas seria difícil aceitar uma situação dessas tão facilmente, principalmente com tão pouca idade; ser retirada do lugar onde cresceu e ficar longe da sua família para essa oportunidade. Todavia, mesmo sendo tão jovem, ela conseguia compreender que isso tudo foi sua própria decisão e queria que o seu irmão também tivesse chegado nessa mesma conclusão; ele sempre foi inteligente o suficiente para poder assimilar esse tipo de situação, exceto quando o assunto são seus próprios demônios.

“Bip". O barulho da carga de seu tutor tirou-lhe de seus devaneios, a lataria prateada reluzia com a luz do sol fazendo pequenos feixes de luz dentro do avião. Se lembrará da discussão da noite anterior; seu irmão insistia levar o M.A.R.C.U.S. com ela para não ter que se sentir sozinha, enquanto a mesma teimava mostrando que não era necessário, mesmo não tendo tanta certeza de sua resposta.

― Tinha mesmo que trazer essa coisa? ― Indagou-se Happy fazendo a pequena garotinha virar-se para ele no modo automático.

— Sim. Foi uma promessa.

Happy percebia que a resposta da pequena fora curta e talvez em seu ponto de vista, um pouco grossa para alguém que vivia sempre tão animada, no entanto era perceptível o verdadeiro significado dessa palavra. Quando ambos se conheceram a mesma mostrou-lhe a importância de fazer e manter uma promessa, era uma coisa sagrada para ela e ele respeitava esse pensamento, ainda mais sendo seu padrinho.

Um silêncio agradável se materializou pelo resto da viagem, embora a ansiedade de Alaska fosse palpável, tentava acalmar o coração que apertava em seu peito. Quando o jatinho já tinha pousado no jardim da casa de Malibu, pegou sua mochila e a maleta prateada esperando o melhor amigo de seu pai a acompanhar até a saída.

― Vamos? ― Happy pegou em sua mão livre e a guiou calmamente para fora.

A mansão era enorme, principalmente para alguém que vivia sozinho. Aly estava acostumada em conviver com milhares de pessoas que sempre estavam dispostas a ajudá-la, seria uma mudança drástica sabendo que na maioria das vezes seu pai estaria ocupado demais para dar-lhe atenção. Tentou desvanear-se e colocar um belo sorriso no rosto; não faria sentido pensar nessas coisas, ela estava ali para passar um tempo com ele e fazer boas memórias, e talvez, somente talvez, transformá-lo numa pessoa melhor.

― Bom dia, senhorita Stark. Seja bem-vinda. ― Uma voz chamou atenção assim que os dois pisaram dentro da casa. ― Sou JARVIS e estou ao seu dispor.

Com isso, a mesma se lembrou da maleta que estava segurando. Soltou sua mão na de Happy e pôs a maleta prateada e um tanto pesada no chão, apertou o botão triangular que brilhava numa luz branca e se afastou. O que era antes uma simples maleta começou a tomar forma humana mecanizada e reluzente de um metro e meio de altura. O motorista até então olhava surpreendido pelo o que acabará de acontecer, se havia algum pré-requisito de subestima-lá fora completamente negado nesse exato momento. Era como se Jimmy Neutron tivesse incorporado numa garotinha de oito anos com uma cópia quase perfeita do C3PO ao seu lado.

— Padrinho, quero que conheça o MARCUS! — O sorriso dela ocupava quase seu rosto inteiro. Estava realmente satisfeita pela reação do motorista.

— Ah? — O mesmo piscava diversas vezes, ainda chocado, principalmente também pelo fato daquela coisa ter nome. Ela realmente era uma cópia perfeita do pai.

O robô que até então estava inerte como uma estátua de cera da sessão de Guerra nas Estrelas começou andar em direção ao engravatado, seu andar era pesado como se pesasse milhares de toneladas, não parecendo que poucos minutos antes estava sendo levado por uma criança. Sua mão se estendeu mais livremente adaptando-se mais com a situação e com seu corpo, pegou na mão de Happy chacoalhando freneticamente.

— Oh! Prazer em lhe conhecer, apesar de isso somente ser uma forma de dizer, pois não é possível sentir algum sentimento humano que não fui instruído a manifestar. Entretanto é obrigatório dizer que sou sistematicamente modificado para receber ordem do Sr. Papai Boboca para proteger a Srta. Camundongo a todo custo. — Ainda na mesma frequência que o cumprimentava, papeava seu monólogo sem mais delongas sem ao menos deixá-lo processar.

— Okay, isso já é demais para mim. — Arrancou a mão que o tutor prensava, massageando para aliviar a dor. — Vem, criança.

Ela o seguiu, atravessando a sala e subindo lentamente de um degrau de cada vez a escada que ficava atrás de uma fina parede de vidro, segurando firmemente a mão robótica que a acompanhava. Foram conduzidos até uma porta branca com a primeira letra do alfabeto pintada de lilás. A mesma abriu brutamente a porta, soltando a mão do androide e correndo para a cama, riu sozinha quando seu corpo se chocou com o colchão macio e uma quantidade absurda de bichinhos de pelúcias. A luz do sol chocando-se com o lustre de cristal fazia pequenos pontinhos claros nas paredes brancas, dançando quando o vento batia. Parecia pura magia. Ela estava vivendo o começo de seu conto de fadas, quando Dorothy chegou à OZ depois de esmagar a Bruxa Má do Leste com sua casa, ou quando Wendy e seus irmãos foram guiados até a Terra do Nunca, e até mesmo Alice e seus sonhos esquisitos.

Somente depois percebeu que estava sozinha, todavia conseguia escutar a voz de Happy no fundo, abafada pelas paredes grossas do quarto. O androide estava parado perto da porta, economizando energia em seu modo soneca, mas preparado para receber qualquer instrução. Aproveitando essa oportunidade, tirou seus sapatos jogando em qualquer canto e sentou na cama contemplando minuciosamente cada detalhe do quarto (um que não teria que dividir e sentir cheiro de meia suja do irmão) que de comum achava que não havia nada.

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Já era noite e um evento muito importante havia chegado, Happy recebeu ordens de Tony para acompanhá-lo ao evento e o motorista hesitava em deixar uma garotinha sozinha em casa no primeiro dia que chegou ali. Pensava em levá-la escondido, mas sabia que um evento grande daqueles não seria uma boa ideia, então se lembrou daquele robô estranho que não desgrudava dela. Se for um robô tutor, portanto deixaria fazer o trabalho dele, mesmo que não confiasse totalmente nessa decisão.

― Alaska? ― Indagou batendo três vezes na porta e abriu logo em seguida, viu a mesma estava sentada no chão montando o que parecia ser uma réplica do emblema daquele filme nerd de bruxos (Barry alguma coisa, ou seria Larry?) com massa de modelar. ― Precisa de alguma coisa?

― Tem achocolatado? ― Seus olhos não desviaram sequer segundo, ainda estavam focados em terminar o emblema.

― Ãhn, eu acho que não. ― Respondeu e logo ponderou em avisar ao Tony para deixar menos porcaria na geladeira, ou de fato enchê-la. ― Vou pedir para arrumarem isso para você, não se preocupe. Só queria avisar que hoje seu pai tem um evento importante e me pediu para levá-lo, está tudo bem em te deixar sozinha?

Seu rosto se contorceu não gostando do que acabará de ouvir, suas mãos pararam de modelar a cabeça do furão e focou no homem agachado a sua frente, balançando a cabeça em negação freneticamente.

― Eu quero ir. ― Ela observou o mesmo prensar suas sobrancelhas e a olhou mais atentamente.

― Você sabe que não pode Aly. É perigoso. ― A garota bufou e abaixou o olhar assentindo lentamente. ― Sabe que a gente só quer o melhor para você.

Por alguns segundos ficaram naquele silêncio relutante, Happy observando cada movimento da garotinha a sua frente que encarava o chão. Sabia que ela só queria ver o pai de qualquer jeito possível, mas ele também tinha o conhecimento de que Tony ainda não estava preparado para vê-la.

― Tudo bem, pode ir. MARCUS cuida de mim. ― A voz arrastada da pequena deixou tudo óbvio para o motorista que só pôde suspirar e encaminhar-se para a porta.

Depois de diversos avisos e comentários, o mesmo se foi a deixando sozinha naquela enorme mansão. Claro, ela tinha seu androide, mas com certeza não era a mesma coisa. Tinha saudade de seu irmão que sempre a importunava e colocava-os em problemas por causa de seu temperamento, do instituto que sempre era rodeado de pessoas em todos os cantos, saudade de...

― MARCUS onde fica o laboratório do papai? ― Interrompeu seus próprios pensamentos juntando todas as massas de modelar em uma só e jogando em um canto.

Com as orientações do robô saíram do quarto e seguiram para o subsolo encontrando o laboratório, além de ignorar as advertências de JARVIS, invadiram facilmente a senha da porta e começaram a mexer em tudo que era visível, novos projetos, ideias; todos os arquivos que eram executados no computador e nas interfaces. Todos eram de larga escala e projetados para as novas armaduras, exceto por um que era excessivamente detalhado com um holograma perfeito de um reator. E foi aí que ela somou tudo.

Desviou seus pensamentos e tratou de sair dali o mais rápido o possível, correu para seu quarto com o androide em seu alcance, pegou seus patins e partiu para a sala de estar. Ligou a televisão em qualquer canal de desenhos e calçou seus patins com o objetivo de contornar o hall de entrada e os sofás até seu pai chegar, nem que isso fosse levar a noite toda.

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Foi quando acordou que percebeu que encontrava-se em seu quarto, estava literalmente jogada na cama enrolada em seu próprio cabelo e ainda com os patins nos pés. Ficou com raiva quando viu que não conseguiu se manter acordada tempo suficiente para encontrá-lo, contudo esperava que o mesmo estava lá embaixo tomando seu café. Retirou seus patins rapidamente e correu escada abaixo, ouvindo o barulho e o cheiro de panquecas de mirtilo, adentrou na cozinha tenho a decepção escancarada em seu rosto quando viu que somente era seu tutor fazendo seu café da manhã.

― Bom dia, Srta. Camundongo! Está fazendo exatos 21 graus e nenhuma probabilidade chuva para hoje! ― Colocava a pequena torre em frente de sua cadeira junto com uma vitamina de morango. ― Tem tudo para ser um grande dia!

Comeu rapidamente sua comida tendo o objetivo de encontrar seu pai de qualquer modo, mesmo a probabilidade sendo baixa, porém já pensava em outros planos que poderia fazer para ter um dia incrível caso o primeiro não funcionasse. Seu tutor sempre estava certo, não faria sentido cancelar um dia inteiro somente por que algo não saiu conforme o planejado.

Tomou seu banho e escolheu seu conjunto de abelha para vestir, passando a manhã toda em seu quarto tentando arrumar uma nova fonte de energia central para seu androide e planejando uma interface de inteligência artificial, ao mesmo tempo em que assistia Dama e Vagabundo no volume máximo na televisão de seu quarto.

Encarou o humanoide carregando no outro lado do quarto, largando as ferramentas em cima da mesa e colocando as pantufas em seus pés. Encaminhou-se até a cozinha, determinada em conseguir achar um achocolatado nessa casa enorme, mas parou de repente quando ouviu um chiado e um barulho abafado de discussão. Lentamente, de um em um, desceu as escadas do subsolo encolhendo-se na mesma quando teve a visão perfeita de seu pai ao lado de mulher ruiva com uma garrafa de bebida em mãos. Sua mente dizia para entrar e abraçá-lo o mais forte o possível, mas quando o mesmo a encarou, não teve forças o suficiente para ficar ali e saiu correndo para seu quarto, batendo a porta com força e se escondendo debaixo das cobertas.

Então era assim que seria? Não teve coragem o suficiente de encará-lo de volta, nem de cumprimentar. Ela não sabia o que realmente tinha visto no rosto dele, e estava receosa de descobrir.

Tirou o pano de seu rosto, limpando as lágrimas e encarou o teto. Querendo fingir que aquilo não tinha acontecido, no entanto parecia que não era possível. Rolou até cair no lado esquerdo da cama, agarrou uma caixa de madeira lilás debaixo dela e se sentou no chão. Retirou tudo que estava dentro e jogou em seu colo. E de um de cada vez foi pegando cada pedaço de memória em estado sólido; o cordão com seu nome que tinha quebrado semanas atrás sendo presente da madrinha de seu irmão, parafusos estourados e engrenagens quebradas dos seus primeiros protótipos e uma foto de cinco anos atrás de sua mãe com eles. De fato, a combinação de genes dos pais resultou uma linda obra de DNA perfeita em seus filhos, não era possível saber quem parecia mais com qualquer um dos dois e talvez isso fosse ótimo para eles naquela época, onde não tinha que se preocupar com o crescimento afastado dos filhos. E no fundo continha duas coisas que eram as mais especiais, as cartas de sua mãe e a margarida, já ressecada, que recebeu de seu pai no primeiro dia que o conheceu.

Emocionada colocou a caixa de volta em seu lugar, encolhendo suas pernas contra seu corpo e deixou-se levar em pensamentos, ao mesmo tempo em que a imagem de Dama correndo desesperada atrás de Vagabundo preso na carrocinha era transmitida na televisão. Queria saber o por quê de ter reagido desse jeito, por que foi tão difícil de simplesmente de usar seus pés para correr e se refugiar no abraço do homem que sempre admirou; ela não era assim, era uma garotinha corajosa, mas então, por que sentiu como se colocasse um pé para fora da coberta sucumbida pelo medo de ser puxada?

Enquanto a jovem Stark enfrentava-se com as emoções à flor da pele, ambos adultos tentavam lidar com o recente acontecimento inoportuno. Tony tentava de tudo a escapar das perguntas da mulher a sua frente, que já tinha largado a taça de champanhe e andava freneticamente em seu laboratório ignorando todas as expressões que a ruiva fazia para o mesmo. Pepper, ainda tentando arranjar a resposta que desejava não se calou até bilionário respirar pesadamente e voltar a sua atenção a ela.

— Me diz quem é a garotinha da fantasia de abelha?

Stark jogou a ferramenta em mãos na mesa e puxou uma cadeira. Indagava-se se devia contar a verdade ou não, — até porque ninguém além de Happy sabia —, estava tentando acostumar-se com a ideia há semanas, mas isso não quer dizer que estaria pronto para que isso acontecesse. Pois não fazia ideia de qual era a maneira certa de reagir para uma responsabilidade tão grande que passou anos fugindo.

— Minha filha. — O mesmo, em um tom baixo, respondeu. — Alaska é minha filha.

No entanto, a ruiva já estava preparada para a resposta. Era algo óbvio, seu parceiro de negócios sempre foi um grande mulherengo e ela nunca ficaria surpresa se a mesma descobrisse que Tony possuía filhos pelo mundo, na realidade nem o próprio mundo ficaria. Todavia, estava questionando-se o porquê dele reagir desse jeito.

— E por qual motivo ela saiu correndo? — Ao escutar a pergunta, o filantropo somente deu de ombros e juntou as mãos apoiadas em seus joelhos. — E por que você ainda não foi atrás dela?

Tony levantou a cabeça com seu olhar divido entre a ruiva e a escada, mas sem conseguir lidar com o misto de sentimentos. Sentia a ansiedade apertando seu coração; era dos seus filhos de quem estavam conversando, era de Alaska, seus maiores segredos e talvez seus maiores medos. Por isso, mesmo que seu coração quisesse ver como ela está o mais rápido o possível, sabia que não era a hora dele para isso. Simplesmente não era a hora, não era desse jeito.

— Porque eu não estou pronto.

Pepper, não acreditando do que acabará de ouvir, apenas bufou exasperada, subindo as escadas o mais rápido o possível exclamando:

— Você é impossível!

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Ainda com o barulho da porta se abrindo a jovem sequer moveu um músculo, escondida ao lado da enorme cama afundada em lágrimas com a televisão exibindo os créditos do filme. A mais velha fechou a porta silenciosamente, ignorando totalmente um estranho robô parado ao lado e seguindo o som de choro pelo quarto, foi quando a achou com sua fantasia amarrotada e as asinhas drasticamente desreguladas. Sentou no chão ao lado dela, com as pernas cruzadas e a pasta sob seu colo. Imaginou como Tony poderia ser tão idiota de negar-se a encarar uma coisa tão importante como uma filha; mas também sabia que o mesmo simplesmente não sabia lidar com responsabilidades e sempre fugia de seus próprios deveres e obrigações, um bom exemplo foi ter dado toda presidência da empresa para ela, mesmo sendo totalmente grata por isso. Entretanto, bem ali naquele exato momento, questionou-se qual seria o principal motivo disso, o bilionário sempre foi impulsivo e vivia se ocupando com festas e problemas, por que só agora se comprometeu a cuidar de uma criança?

No entanto, ao encarar a garotinha ainda ao seu lado sem ao menos prestar atenção no que ocorria, pôde compreender que naquele momento não precisava responder nenhuma de suas perguntas. A abelhinha só necessitava alguém ao lado dela, um ombro para chorar e um abraço para se acolher.

A ruiva, sentindo-se levar pela empatia, puxou-a para mais perto e a mais nova se aconchegou em seu colo, levou a mão até sua cabeça e começou a acariciá-la. Conforme o choro foi passando e os soluços diminuindo, a menor abraçou-a mais forte, escondendo seu rosto no peito da mulher.

— Obrigada. — A pequena sussurrou soltando o abraço e limpando as lágrimas de seu rosto, percebendo a situação esquisita logo soltou um riso baixo.

— Está melhor? — A ruiva indagou sorrindo enquanto tentava consertar o cabelo bagunçado e as asas tortas da garota.

— Tô sim, moça. — Respondeu assentindo freneticamente e logo fez uma careta reparando o momento estranho de minutos atrás que fez ambas rirem.

— Pode me chamar de Pepper, abelhinha. — Ao ouvir o apelido, Aly sorriu envergonhada. — Posso saber por que estava chorando?

Ao desviar dos olhos azuis carinhosos da moça à sua frente Alaska abaixou a cabeça olhando para suas pantufas.

— Faz tempo que não via o papai, a última vez que o vi ele ainda não era um super-herói e só visitava a gente no nosso aniversário quando não passávamos na tia Emma, ou quando o tio Logan não levava a gente para tomar sorvete. — Um misto de decepção e excitação era percebido na voz da pequena que tentava dizer tudo numa velocidade rápida demais para ser entendida pela ruiva que só assentia. — Então queria que o papai e eu fizéssemos alguma coisa especial... Mas por que ele não quis falar comigo?

— Talvez ele quisesse sim, querida. — A mais velha disse relembrando da cena de Tony cabisbaixo na oficina. — Talvez ele só não esteja pronto para se comprometer completamente.

Vendo a pequena perdida em pensamentos com os olhos vidrados na adulta, sorriu tirando uma mecha castanha rebelde do rosto pálido da menor e prendendo atrás de sua orelha, desde modo continuou a dizer:

— Então a abelhinha aqui precisa entender que todo mundo tem seu tempo e você tem que respeitar o dele, assim como ele deve respeitar o seu. Uma hora ele vai entender e vocês vão ter o reencontro que você deseja, enquanto isso dê passinhos de tartaruga para vocês dois estarem confortáveis com isso.

Pepper se sentiu orgulhosa ao ver que a garota assentiu e sorriu, imaginando o que passava em sua cabeça e percebendo como ela parecia com o pai, com um pressentimento bobo que talvez a garota daria mais trabalho que o mesmo.

— Por acaso tem achocolatado nessa casa?

Quando a parceira de negócios de seu pai foi embora, Alaska voltou ao seu projeto da nova fonte de energia para seu tutor já com seu achocolatado em mãos numa garrafinha do Scooby-Doo. Sentindo o gosto de uma nova ideia formando na ponta de sua língua e um sorriso maroto já formado em seus lábios quando juntou todas as suas coisas foi em direção ao subsolo, invadindo a oficina antes trancada. Jogou suas coisas numa mesa e recomeçou a trabalhar no seu projeto contemplando seu avanço.

Enquanto Alaska se divertia se empenhando em sua busca, Tony, avisado pelo JARVIS, foi ao encontro da pequena malandra em seu laboratório, temendo por ela com os grandes e perigosos equipamentos que possuía e os segredos que ali continha. Porém, fora surpreendido ao descer as escadas e a encontrar rindo de si mesma sentada na mesa central com ferramentas em mãos.

E num pequeno vislumbre viu si a mesmo naquela mesma cadeira, talvez naquela mesma situação. Construindo uma de muitos projetos, armaduras e coisas que o governo não gostaria de descobrir. Então, decidido a se enfrentar, adentrou receosamente no laboratório ignorando os alardes que seu subconsciente fazia e deixou se levar pelo momento, sentando ao lado da garotinha que estava focada demais para perceber o que estava acontecendo a sua volta, pegou uma das folhas espalhadas pela mesa e juntos começaram a se ajudar ao mesmo tempo em que uma das músicas preferidas do bilionário começava a tocar.