....Aquele idiota, rsrs, quem é ele pra me chamar de panda? Hehehe. Pensando bem, com aquele par de olhos pode me chamar de qualquer coisa que eu não vou nem ligar....

ARGH! Eu preciso parar com essa minha mania idiota de ficar me perdendo nos olhos dele. Isso não tem nem pé nem cabeça. Chega a ser até irônico de tão patético. A essa altura do campeonato, Tina já teria percebido minha completa distração em Corey.

Falando naquele urubuzinho provido de progesterona, eu tinha que ir lá falar com ela, na verdade, foi tudo obra do Corey, porque eu na tava com a mínima vontade de me redimir com ela, não agora, pelo menos...

Senti meu rosto ruborizar quando caminhei em direção daquela figura de cabelos cacheados encostada no portal, rodeada de membros do Slipknot, que riam abertamente e conversavam. Merda! Além de me desculpar, eu vou ter que fazer isso na frente deles.

_hem hem . _pigarreei em alto e bom som, esperando que alguns se afastassem de Tina para mim conversar abertamente com aquela coisinha chata e irritante.

_Problemas com a carruagem, Cinderela? _perguntou Tina, ao me ver parada em sua frente, com cara de idiota desprovida de miolos.

Minha vontade era de enchê-la de bofetes bem dados naquela cara carrancuda dela, mas não podia fazer isso, seria insensato, até porque ele tem o dobro de força do que eu, pra não dizer o triplo, ou o quádruplo.

_Bem... er.. queria me... me desculpar, pelo o que eu te disse. _praticamente cuspi as ultimas palavras, ainda encarando o chão.

Fiquei parada, encarando meus sapatos, esperando ela dizer alguma coisa, ou melhor, me dar uma super patada ou coice atômico extra espacial que me fizesse cambalear para trás, e cair em um profundo buraco negro sem fim. Mas não, simplesmente senti aqueles braços magricelos e esqueléticos envolverem os meus, e ela dizer.

_Tudo bem, vaquinha. Eu sabia que você não consegue passar muitas horas sem falar comigo.

Aquela energúmena de uma figa me paga. Olha como ela é irritante! Mas mesmo assim ela tinha razão. Não sei o que seria de mim sem aquela obra das trevas me atormentando. Desde que minha mãe se foi, ela foi meu porto seguro, onde eu pude desabafar, chorar, berrar e fazer tudo que eu não podia fazer sem alguém comigo. Se ao menos aquele cretino do Raccy tivesse dado as caras quando eu mais precisava de alguém para me... AI CARALHO!

Senti algo impulsionando as mãos contra os meus quadris e me levantando do chão, exatamente como se eu fosse um saco de batatas. Era Mick, e sua velha mania de sair carregando as pessoas pelo ombro. Poxa, agora só porque aquele idiota do Jordison me chamou de gorda, parece que ele faz questão de me carregar para todos os lados.

Ele não me pôs no chão enquanto seus pés não encontraram a grama macia e coberta por pequena gotículas de sereno. Era mais de uma da madrugada, e estávamos (quase) todos (por de exceção de mim ) bem acordados e irradiantes.

_Stuky vai comigo! _ gritou uma voz, que na mesma hora reconheci ser de Chris.

_Ah, mas não vai mesmo! _retrucou Mick, tornando a me por sobre seus ombros largos e sair correndo para longe do alcance de Chris.

_MICKAEL GORDON THOMSON! Volte aqui e agora. _berrou Tina com um tom autoritária e mandona.

_Tá né! _bufou Mick, ainda me carregando sobre os ombros.

Eu até agora não tinha parado de rir um momento, nem mesmo percebia cara de cu aquele Jordison estava fazendo.

Aviso: Convivência demais com a Senhorita Valentinna Yan, faz você criar o hábito de chamar pessoas que você não gosta pelo segundo nome.

Mick me pôs no chão de novo, mas de uma maneira não tão delicada. Caí com um baque surdo no chão, sentindo minha coluna arder, logo depois meu rosto ficar vermelho com todos rindo a minha volta.

_Desculpa Pandinha, eu não sabia que as suas pernocas eram tão fracas. _zombou Mick, estendendo a mão para me ajudar a levantar do chão.

Tina passou um braço pelo meu ombro e me guiou até seu -poderoso, maravilhoso, impecável, imbatível, invejado, lindo, perfeito, magnífico e exuberante- carro vermelho que apenas refulgia na luz calma do luar de prata da madrugada fresquinha .

_Mesmo lugar de sempre? _gritou Tina da janela de seu impetuoso carro para os demais.

_Cabeça de Dinossauro! _gritou Corey, e levantando os polegares no ar, indicando -sei lá que ele tava indicando.

_Cabeça de dinossauro? Que diabos é isso ? _perguntei.

_É o nome da pocilga que nós vamos. _respondeu Tina, sorrindo de forma marota e dando partida no carro.

Outro Aviso : Se a Senhorita Valentinna Yan der um sorriso maroto, FUJA! Por que lá vem merda.

Ai, maravilha! Lá vou eu dar as caras em um lugar já declarado como pocilga... Andamos de carro por uns 10 minutos no máximo até chegarmos a uma rua bastante movimentada, apesar das horas não serem nada ponderadas.

_Chegamos!_ exclamou Tina, com uma nota de excitação na voz.

Não questionei, apenas peguei minha bolsa no porta luvas , dei uma última olhada no espelho retrovisor para ver se estava tudo em ordem com a minha cara, ( e para ver se eu não tinha mesmo nenhuma olheira, como o Jordison havia mencionado) e sai.

O Cabeça de dinossauro parecia ser um lugar muito, mais muito bem freqüentado por pessoas do nosso tipo (quando digo do ‘nosso tipo’ estou referindo a pessoa nada convencionais, exemplo, caras mascarados com suas amigas, e o maníaco da machadinha.)... As paredes do lugar pareciam estar escorrendo ectoplasma por todas as extremidades. O chão de soalho rangia a cada passo que os clientes davam. Havia um balcão de madeira que cercav quase toda parte da frente do lugar, tinha uns caras tomando grandes canecas espumantes do que julguei ser shop. E além do mais, a iluminação fraca e fantasmagórica, me fazia desejar ter uma grande lanterna em mãos.

Eu e Tina éramos as únicas que já haviam chegado, então separamos três mesinhas redondas de madeira frágil e colocas uma ao lado da outra, separando algumas cadeiras, também de madeira, esperando os outros chegarem.

Um garçom veio até nós e de cara entregou uma daquelas canecas gigantescas a Valentinna, e disse algo como “Sabia que viria” e deu uma piscadela para Tina retomou seu trabalho.

Mal terminando de me acomodar, reconheci a figura de corpo baixo, porém todo tatuado de Sid Wilson. Ele parecia ter molas nos pés, e veio saltitando pela extensão do bar, estendi a mão para ele poder nos enxergar em meio à multidão, e logo seus olhos pousaram em nós.

Logo atrás dele, podiam-se ver mais cinco homens. Jim, Corey, Joey, Mick, Shawn e Chris. Todos eles sorriam e acenavam para os outros no bar.

_Nossa! Como vocês cresceram. Tem tanto tempo que nós não nos vemos, não é? –disse Shawn irônico, se sentando conosco na mesma.

_Verdade, parece que elas engordaram mais._ disse aquele –desgraçado, filho da uma cadela no cio, cretino, estúpido, idiota, imbecil, aparvalhado, lerdo e obtuso- do Jordison.

Tina, sem mais nem menos, se levantou e delicadamente despejou todo o liquido que havia em seu copo sobre a cabeça de Joey, o que me faz cair da cadeira de tanto rir.

_Isso, é para você a aprender, que as gordinhas são as mais gostosas! _disse Tina com categoria, jogando a caneca vazia sobre a cabeça de Joey, que borbulhava de ódio.

-Apoiada, apoiada! _disse Sid, erguendo o polegar.

Jordison se levantou da cadeira, acompanhado por um coro de risadas estridentes que ecoavam pelo bar, e com um ar de superioridade, apontou o dedo para Tina e disse em um tom ameaçador.

_ Isso. não. vai. ficar.assim. _cerrando os dentes, ele saiu marchando de lá.

Depois que ele havia saído do bar, o pessoal acalmou os ânimos e se sentou junto de nós. Pude perceber uma estranha troca de olhares entre Tina e Jim. Não posso negar que ele tinha charme, mas nada, nada mesmo comparado aquelas duas safiras cintilantes cravadas na face de Corey.

(CONTINUA...)