Unlucky One

Amigos de crime.


— Kim Jongin também tem mais ou menos sua idade, ele esta aqui nas mesmas condições que Chanyeol e também não pode sair. – Adianta Jongdae que me levava até o quarto de Jongin. – Mas ele não se mostrou perigoso desde que chegou, então não há mal em você entrar comigo lá.

Apenas concordo com a cabeça esperando que não seja nada pior ou arriscado como Chanyeol, eu nunca falei com um criminoso antes.

Entrei e vi um cenário diferente de Chanyeol, o quarto bem iluminado escondia um homem que parecia muito fragilizado e cansado, parecia que não dormia a dias mesmo que tomasse remédios suficientes para induzir um coma, porém quando nos viu tentou expressar alguma reação, talvez estivesse alegre por nos ver, foi ali que tive vontade de lutar por ele também, como Yixing fazia por todos esses anos que os dois estavam por aqui.

— Jongin, conseguiu dormir melhor com o que te recomendei? – Jongdae se senta puxando uma cadeira para mim também.

— Sim Doutor, apesar de ainda ter muitos pesadelos pareço estar me acostumando a eles. – O homem a nossa frente esboça um sorriso vazio.

— Este é Byun Baekhyun, ele é assistente do Yixing. – Jongdae me anuncia antes que eu possa falar algo.

— É um prazer te conhecer Baekhyun, mas se me permite. – Ele se ajeita na cadeira. – Por que o interesse?

— Bom... eu quero te ouvir mais que qualquer outra coisa, sem julgamentos dos olhos de terceiros. – Me explico brevemente o fazendo rir.

— Ora, se eu fosse julgado ou verdadeiramente ouvido seria sentenciado a morte, ou... – Ele desvia o olhar e respira fundo. – Aqui.

— Não gosta de estar aqui? – O pergunto tentando provocar alguma expressão diferente.

— Seu eu gosto de ficar preso vinte e quatro horas em um lugar sem ter direito e me levantar sem ser monitorado? Não. – O sorriso desaparece de seu rosto. – Aqui me ouvem mas acham que sou louco, nada do que tentaram para me ajudar deu certo, acha mesmo que o louco sou eu?

— Se eu lhe ouvir mais uma vez, sem avaliações, apenas para que você conte sua história... – Falo tentando soar convincente. – Se eu conseguir que saia desse quarto e de uma volta comigo... Você me conta?

— Se eu falar que não cometi nenhum crime e que sou inocente... vai me trancar aqui? – Ele fala em tom baixo olhando para meus olhos, pude sentir a compaixão necessária.

— Vou fazer meu melhor para ver seu melhor, mas tem que tentar. – Ele murmura um ´´sim´´.

Depois daquele momento áspero pude ter uma conversa normal com Jongin, importante conectar laços com ele já que ele já contou a mesma história tantas vezes e nunca foi verdadeiramente ouvido. Se ele estivesse no mundo a fora e eu esbarrasse com esse menino eu com certeza gostaria de ser amigo dele, é divertido, me faz rir, boa companhia.

É aquilo... todos temos um lado companheiro, amoroso e infrator. Ele se parece comigo, a diferença é que ele esta aqui, do outro lado da mesa conversando com alguém da mesma idade que pode sair quando bem entender.

Tenho de tira-lo daqui.

— Foi muito bom conversar com alguém tão gentil quanto Yixing e Jongdae. – Ele sorri ao ouvir o segurança anunciar nossa saída.

— Foi muito bom estar perto de você e fazer um novo amigo. – Me levanto junto de Jongdae que já me esperava a porta. – Até logo Jongin.

— Kai. – Ele fala dando um breve aceno de despedida. – Me chame de Kai.

— Até logo Kai. – O vejo sorrir uma última vez antes da porta de metal ser devidamente trancada.

Alguns passos da porta as curiosidades já vem em minha cabeça, como poderia Jongin estar tão cansado e abatido e não Chanyeol? Eles são tratados da mesma maneira.

— Fez um bom trabalho hoje. – Jongdae me tira de meus pensamentos.

— Eu gostei de conversar com Jongin, mas certamente fiquei triste ao lembrar dos anúncios de todos os jornais da época, todos achavam que ele merecia morrer. – Falo em tom baixo, me lembrando do dia em que ele fora preso.

— As pessoas gostam de julgar e acham que isso é opinião, mal sabem elas para formar uma opinião bem fundamentada teríamos de rever nossos preconceitos e ter uma opinião sobre nós mesmo antes dos outros. – Ele interrompe a fala chegando em seu consultório. – Essa é a doença do século.

— Doença do século? – Pergunto fazendo o Doutor se virar.

— Ignorância. – Ele afirma.

Ao caminho para encontrar Yixing me pego pensando no dia que a sentença de Jongin saiu, e quando eu fui um dos julgados por defender o psicólogo jurídico que comunicou que ele era incapaz de responder pelos crimes. As famílias e imprensa já haviam condenado Jongin a morte e só depois de alguns anos pararam de criticar e ameaçar o psicólogo que deixou o cargo depois deste caso. É bizarro como nos transformamos em monstros só para condenar alguém, até passar por cima de nossa própria dor.

— Ei florista. – A voz de Sehun se faz presente. – Bom trabalho com Kyungsoo.

— Sehun! Ainda bem que esta aqui quero lhe perguntar algo. – Chego mais perto para abaixar o tom da voz. – Sabe se Jongin tem ligação com Chanyeol?

— Jongin? – Ele fala em tom curioso. – Ele foi transferido de Jongdae agora mesmo, estou a caminho para encontrar Minseok para falarmos sobre ele.

— Facilitaria muito se ele fosse meu paciente. – Falo coçando a nuca.

— Ele passou de médico em médico Baekhyun, não é como se fosse fácil. – Sehun fala me avaliando.

— Ele recebe o mesmo tratamento de Chanyeol, porque com Chanyeol da certo e com Jongin não? – Falo recebendo novamente a atenção de Sehun.

— Vou tentar colocar minhas mãos na ficha dele por mais que esteja com Minseok ok? Eu vi tudo muito rapidamente, ainda não posso comentar nada sobre.

— Por favor, hoje em casa conversaremos mais, preciso mesmo lhe dizer algo que esta me incomodando.. – O mais novo chega mais perto para me dar um abraço como resposta, logo desaparecendo no corredor.

É estranho, sinto que Chanyeol e Jongin cometeram o mesmo crime, se eles são parceiros porque motivos a mídia fez a separação dos casos? O caso de Jongin foi noticiado logo após o de Chanyeol, nomes diferentes, ocasião diferente... Por que tratar como dois casos? Ele tem de ser o mesmo.

— Baekhyun. – Yixing diz do outro lado do corredor. – Pode falar com Jongdae para mim?

— Claro Doutor.- Disperso os pensamentos, sorrindo gentilmente para o mais velho.

— Diga que Park Yura vem visitar Chanyeol. – Ele fala me deixando curioso no mesmo instante. – Sei que é estranho, ele não recebe visitas.

— Se me permite Doutor... – Ele acena positivamente. – Quem é ela?

— Irmã de Chanyeol. – Ele fala despreocupado.

— Irmã de Chanyeol?