Universidade Smogon

Capítulo 5 - O pior dia da semana


Starmie estava tendo uns sonhos estranhos. Sonhou com seu passado, na época que era um Staryu que ainda se preparava para o vestibular. Lembrava-se de uns conselhos que ouvia de um Starmie idoso, que era progenitor de seu progenitor:

“Então pretende entrar na Smogon, não é? Vai ser na mesma universidade de sua progenitora. Sei que vai aprender várias táticas e técnicas de batalhas. Mas lembre-se de que em uma batalha de verdade, vale mais o que está aqui dentro!” disse apontando para o núcleo da jovem Staryu.

Por conta da rotina de estudos de Staryu, ele raramente visitava esse Starmie. Quando passou no vestibular e evoluiu, recebeu de presente dele um violão. O que causou irritação em sua progenitora. Mas para o velho Starmie, seria uma maneira de dizer para que o recém aprovado neto fizesse amigos na universidade, e não ficasse só se dedicando aos estudos. Meses depois desse evento, ele faleceu. Starmie tem um certo arrependimento de não ter passado mais tempo com ele.

Mas também teve um outro sonho estranho. Estava em um velório e estava chovendo muito. Havia um caixão com flores e uma faixa escrito “a uma grande combatente, esposa e mãe”. Próximo ao caixão estava um Pinser e dois Scyther ainda filhotes, um macho e uma fêmea. Starmie reconhecia esse Pinser de algum lugar, ele estava com a expressão bem triste. Enquanto as crianças choravam intensamente, chamando pela mãe deles que não voltará mais.

Mas percebe que a fêmea se aproximava dele. Essa Scyther era um pouco mais alta que Starmie.

— Ei, será que se estivesse chovendo naquela hora que o Pokémon de fogo atacou a mamãe, como está agora, será que ela ainda estaria viva? –pergunta ela, com lágrimas nos olhos - ouvir dizer que a chuva deixa os ataques de fogo mais fracos.

— Creio que sim! – respondeu a estrela, melancólica.

— Por que não choveu naquela hora? Por que um aquático não ajudou a mamãe? – a Scyther estava soluçando e, de repente, avançou para envolver Starmie com suas lâminas.

A princípio, a estrela ficou assustada pelo repentino abraço. Mas percebeu que as lâminas não o machucavam. A criança continuava a soluçar alto. E o aquático a envolveu com seus braços, em um gesto para consolá-la. Mas depois de um tempo, Starmie percebeu que essa jovem Scyther se transformou na Scizor, sua amiga de faculdade...

“Scizor!?”

Acordou de repente. Percebeu que já era de manhã e estava no banco de trás do carro da Scizor. Não havia mais ninguém além deles dois no veículo.

— Até que enfim acordou! Já estava pensando em te levar para o centro Pokémon! – dizia a inseto que estava ao volante.

“Ai... meu núcleo... cadê a Heracross e o Gengar?” perguntou o aquático, se queixando da dor no núcleo.

— Eles já estão em suas respectivas casas! E agora estamos próximos a sua – respondeu Scizor – tivemos que passar a noite no bar, pois eu não estava em condições de dirigir.

Starmie reparou que há um curativo no ombro direito de Scizor.

“Scizor! O que houve com você”

— Isso, é daquele ataque da Volcarona! Não está lembrado não?

“Que!? A Volcarona te atacou? Tenho alguns flashs de eu estar enfrentando ela, mas não me lembro direito! Não me diga que andei bebendo?” Starmie ficou apreensivo.

— Realmente quando te vi você já estava bêbado! Mas foi Volcarona que foi arrumar briga com a gente! Ela estava com raiva, pois soube da traição de Venomoth!

“Mas então se feriu por minha culpa?” Só o fato da Scizor ter ficado em perigo já deixava a estrela transtornada.

— Starmie, não pense assim! Se não fosse por você seria bem pior, não só para mim como para todos que estavam no bar! Acredite em mim! – a inseto se virou e segurou um dos braços de Starmie, fazendo com que seu olhar se volte para o núcleo dele.

“Tem certeza de que o que aconteceu de ruim não foi culpa minha?”

— Você foi de grande ajuda para nós, isso posso garantir! – Scizor disse suavemente, encarando a estrela – mas agora, você está se sentindo bem? Tem algo que possa fazer por você?

“Meu núcleo está dolorido, mas tenho remédios apropriados para isso em casa.”

— O pior é que hoje eu prometi que ia ajudar a Heracross nos estudos. Ela está desesperada por causa das provas. Mas talvez eu adie só um pouco pra ver se sua situação precise de mais cuidados – propõe Scizor.

“Não há necessidade!” Starmie não queria incomodar a amiga ainda mais “Não precisa adiar seus compromissos por mim! Só preciso de descanso!”

— Tem certeza?

“Tenho!”

— Tudo bem! Descanse bem, mas qualquer coisa me ligue, está bem?

“Tá!”

Starmie desceu do carro. Mas antes de embora, Scizor o chama, com a porta do motorista ainda aberta.

— Ei Starmie, vem cá!

“O que houve Scizor?”

— Se aproxime mais, por favor!

A estrela chegou perto da inseto, que com suas garras segurou os braços do amigo. Fixou o olhar no núcleo dele.

— Muito obrigada! Muito obrigada mesmo por ontem! – disse com a voz suave – mesmo que não se lembre, você salvou minha vida.

O núcleo de Starmie ficou com um forte brilho de cor magenta “Até amanhã Scizor!”

— Até amanhã Starmie! – ela solta o amigo e finalmente fecha a porta do carro e vai embora enquanto a estrela volta para o seu apartamento.

Ele vai até o mar onde fica o prédio submerso, ele passa pela porta e vai para um tubo vertical cheio de água. Vai subindo até a um tubo menor e horizontal que estava ligado ao principal. Aperta um botão que faz a água se esvaziar do tubo horizontal. Depois no fim desse tubo, abre a porta do seu apartamento.

Sua residência permanece seca como se fosse um apartamento comum. Pode até receber visitas de Pokémon não aquáticos. Na janela, ao invés de ter visão do céu, tem a visão do mar, que olhando para cima dá até para ver onde começa a superfície. Esse apartamento foi alugado por sua progenitora, pois fica próximo a universidade. Muitos Pokémon aquáticos que estudam em Smogon estão morando nesse prédio. Inclusive alguns colegas de classe como Crawdaunt, Emporeon, Sharpedo e Alomomola.

A estrela passou a manhã descansando da ressaca. À tarde, se sentiu melhor e passou o resto do dia revisando as matérias. À noite, navegou na Internet nos fóruns e comunidades de tokusatsu para espairecer. Antes de dormir, observou o violão que recebera do “vô/vó” e finalmente caiu no sono.

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Dia seguinte, Starmie já estava indo em direção à cantina. Beedrill estava lá se lamentado para o Butterfree.

— Bem feito! –ri a borboleta – isso que dá acreditar no Venomoth! E ainda tem sorte da Volcarona não ter ido ao teu encalço!

— Ai... como vou encarar a Scizor? Eu fiquei escondida enquanto ela passava por maus bocados! –a vespa estava bastante envergonhada.

— Então pode começar se desculpando com o Starmie que está atrás de você! – disse Butterfree indicando a estrela.

— Ai Starmie... – Beedrill estava desconcertada – Não sei o que dizer! Sinto muito pelo que você e a Scizor passaram.

“Não me lembro direito do que aconteceu! Só sei que a Scizor passou por bastante perigo e ficou muito assustada. Não quero saber da sua vida, mas tente encarar seus problemas sem envolver aqueles que não têm nada com isso!” Falava severamente a estrela.

— Mas mesmo assim peço desculpas, não vou mais cair na conversa fiada de qualquer um, tá bom? – A abelha ainda se desculpa.

“Tudo bem!” disse a estrela resignada. Ficar com raiva dela não vai adiantar nada.

— Agora Beedrill, vá zumbir no ouvido de outro que tenho que trabalhar! – disse Butterfree mandando a Beedrill embora. A Pokémon venenosa logo se retirou.

— Essa garota não toma juízo! –suspirou a borboleta – tem mega-pedra, deveria aproveitar e manter seu lugar em UU, e não ficar arrumando treta por aí! Mas agora, Starmie, qual seu pedido?

“Hoje quero a vitamina de fruta Pecha, pode ser?”

— É pra já! – respondeu o atendente e já foi preparar a vitamina.

Gengar chegou e sentou no banquete ao lado de Starmie – Bom dia estrelinha!

“Bom dia!” respondeu o Pokémon psíquico friamente.

— Xiiiii... que mal humor é esse? – questionou o fantasma.

“No fim acabei embriagado de novo não é? Aposto que você armou isso!” a estrela se mostra aborrecida.

— Lá vem! Por que tá desconfiando de mim? Por acaso já aprontei com você?

“Várias vezes!” se tivesse olhos, estaria lançando um olhar intimidador em Gengar.

— Isso foi só até o quarto semestre! Você sabe, eu te via como rival, mas eu te admirava. As brincadeiras que fazia com você eram só para chamar sua atenção. Mas quando passamos a ser amigos eu já parei com isso – Gengar demonstra que ficou meio chateado com a acusação – faz mais de um ano que não apronto nada contra você.

“Eu sei! Mas o problema é aquele canudo. Você disse que ele ficaria na da bebida não alcoólica” afirmou a estrela.

— Mas nem trisquei nesse canudo! Você me entregou o copo e eu o deixei do jeito que estava. Pode ser que um outro deve ter colocado o canudo em outro copo, ou com o impacto das lutas, ele deve ter pendido e caído no meu! - Explicava Gengar – meu erro é de que não experimentei as bebidas pra ver qual era a alcoólica. Confiamos muito no canudo comprido.

A explicação de Gengar era plausível, pois viu que ele não mexeu no canudo. “Ok! Foi mal eu te acusar! Mas o que eu fiz afinal?”

— Bem, você parou a briga de Infernape e Azumarill, se bem que quase nocauteou o Tentacruel! Você enfrentou a Volcarona, que estava ameaçando a Scizor por achar que ela é que estava com o Venomoth!

“Mas ela nem estava com ele!” a estrela estava indignada.

— Pois é, mas ela estava muito cega pela raiva que estava. E você estava até batendo boca com ela, chamando-a de corna! Você acabou vencendo ela por causa da ajuda de Chandelure e Venomoth.

“E o machucado de Scizor?” Starmie perguntou apreensivo.

— Bem, Volcarona acabou fazendo um Giga Dreno nela! Mas é uma técnica na qual a Scizor é bem resistente! – Gengar achou melhor não falar que ela levou o golpe para salvar Starmie, pois não quer que ele fique mais preocupado do que já está.

— Mas tem uma coisa horrível que você fez!

“Ah não! O que eu fiz?” perguntou a estrela apreensiva.

— Vomitou em mim!

“Pensei que fosse coisa pior!” Starmie ficou aliviado.

— Agora comigo você não pede desculpas, né? – disse o Gengar ressentido – Mas deixei isso pro final! Olhe para essa foto!

Gengar mostra uma foto do celular para Starmie. Era a Scizor que dormia com a estrela em seu colo.

O Pokémon aquático não podia está mais envergonhado. Com seus poderes psíquicos, tirou o celular de Gengar e o deixou flutuando fora de alcance do fantasma.

— QUE HISTÓRIA É ESSA ESTRELA! MEU CELULAR! – Gengar pulava para alcançá-lo. Sem sua levitação, suas tentativas fracassavam.

— Qual é estrela? Não foi nada de mais, ela só cuidou de você!

“Gengar, vou destruir esse celular! O que tem na cabeça tirar uma foto assim?”

— Não! Não faça isso! Não deveria ter tirado essa foto! – Gengar se desespera – mas por favor, não quebre meu celular! Minha vida está nele! Me dê que eu apago a foto.

Starmie abaixa o aparelho. Gengar ia pegá-lo, mas a estrela o afastar de sua mão novamente “Só o libero da telecinese se eu ver essa foto apagada!”

O celular desce novamente e Gengar apaga a foto com o aparelho ainda flutuando. Starmie ainda deu uma rápida olhada na galeria pra ver se tinha outras fotos semelhantes.

— Fuçando em minha privacidade!

“Não reclame! Você também invadiu a minha quando tirou essa foto. Não a upou em outro lugar não, né?”

— Claro que não!

“Pronto, tá aí seu celular! E não é bom ter essas imagens nsfw no seu aparelho!” disse devolvendo o aparelho.

— Você também gostou do que viu? Se quiser passo lhe algumas!

“Me poupe disso! Vamos pra aula!” disse a estrela pegando sua vitamina.

Estavam indo a sala de aula, mas viu uma multidão em volta do prédio da coordenação.

— O que é isso? – Gengar estava abismado.

O prédio estava pichado com uma tinta preta. Nele foi escrito diversos dizeres com “sistema de estratos é o sistema da repressão! Abaixo a discriminação dos estudantes! Não se submeta a classificação imposta!”

“Que horror! Quem faria tamanho vandalismo?”

— Pois é! E ainda tretando com o sistema da Smogon! – complementa Gengar.

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Enquanto isso, na sala OU, Scizor arrumava suas coisas.

— Bom dia Scizor! –Amoonguss a cumprimentava.

— Amoonguss você por aqui?

— Fui promovido pra essa sala, se esqueceu?

— É mesmo!

Mas Volcarona entra na sala – Scizor?

A inseto já fica paralisada de medo – Vol... carona?

— Scizor, estou aqui para lhe pedir perdão pelo que aconteceu no bar. Realmente estou bastante envergonhada! – a Pokémon de fogo estava bem mais calma e humilde – Não deveria ter feito aquilo com você. E tudo por causa de um mal entendido.

— Então... você se entendeu com o Venomoth? – A inseto ainda estava trêmula.

— Ele me explicou tudinho! Nós fizemos as pazes. Está tudo certo. E Amoonguss, eu falei com o dono do bar ontem, ele já te mandou a conta? – questionou Volcarona.

— Ele mandou hoje de manhã! Agora como vou dar essa facada para turma? – o cogumelo estava apreensivo.

— Venomoth e eu falamos com ele ontem. Para não ser processada pelo que fiz na festa, vou assumir sessenta por cento dessa dívida! Vai demorar um pouco pra pagar, e vou ter juros, mas eu devo acatar as consequências dos meus atos desmedidos.

— Obrigado Volcarona! Isso ajuda e muito! – Amoonguss ficou aliviado.

Scizor ver o quão é problemática a relação de Volcarona e Venomoth. Uma é ciumenta e inconsequente e o outro é infiel e dissimulado. Por conta disso, ela não só botou o terror para quem não tem nada a ver com isso, como também vai ter uma grande dívida para pagar. Uma Pokémon bela e poderosa como Volcarona merecia alguém muito melhor. Mas não vai ser a Scizor que vai dizer isso para ela...

— Então Volcarona, você invadiu uma festa do pessoal do UU só para arrumar confusão? Sabia que isso pode desgraçar a boa reputação de nossa turma? – era Aegislash, que estava repreendendo a Volcarona.

— Sinto muitíssimo representante! – disse a inseto humildemente.

— Enquanto você Amoonguss, não vejo necessidade de realizar uma festa assim só para comemorar seu acesso à OU! Viu que só teve stress e prejuízo. Lembre-se que pode ser que sua estadia em nossa turma não dure muito! –disse severamente a espada que depois se voltou à Scizor – quero só ter uma palavrinha em particular – e as duas Pokémon metálicas se afastaram dos outros dois.

— Chaaata! – cochichou Amoonguss assim que Aegislash se afastou.

— Não diga isso! Ela é a estudante mais poderosa de Smogon! – afirma Volcarona – ela é monitora de OU, e também presidente do Conselho Estudantil da Smogon! Sem falar que ela é rica.

— Então ela é um peixe graúdo... – comentou o cogumelo.

No canto da sala as duas conversavam sobre os acontecimentos da festa.

— Então você passou por maus bocados? – questionava Aegislash com sua mão no ombro esquerdo de Scizor.

— Pois é, quando contei isso para o meu pai ontem, ele quase morre do coração. Quase não consigo estudar com a Heracross ontem.

— Você pode processar a Volcarona se quiser! Posso até te dar apoio jurídico! – oferece a espada.

— É muita gentileza sua, mas eu não pretendo fazer isso. Não quero ter a Volcarona como inimiga! – respondeu a inseto.

— Realmente você é muito gentil! – Aegislash fala com admiração – mas sabe que pode sempre contar comigo. Não vou permitir que os estudantes de Smogon se sintam ameaçados uns pelos outros. Especialmente uma colega forte e íntegra como você Scizor.

— Muito obrigada pela consideração Aegislash!

— E pelo visto, aquela sua amiga estrela foi de grande ajuda pra você não foi?

— Sim, se não fosse por Starmie, nem sei o que seria de mim... – afirmou Scizor.

— Certo, depois nós conversamos mais! O professor já está na sala!

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Na sala UU, Starmie e Gengar estavam entrando. Perto deles, o Mantaine estava em uma conversa no celular e logo termina a chamada apreensivo.

— Ei Mantaine! Viu a pichação na fachada do prédio da coordenação? – Gengar perguntou.

— Pichação? Lá na coordenação? Vixe? Quem fez isso? –o Pokémon aquático ficou um pouco nervoso. O que não passou despercebido por Starmie.

“Ei Mantaine, se souber de alguma coisa, avise para a ouvidoria. Não podemos permitir esse tipo de vandalismo aqui na universidade!” alerta Starmie.

— Sim! Você tem razão Starmie!Mas infelizmente não sei de nada! – respondeu Mantaine.

Starmie não acha que o Mantaine tenha feito uma coisa dessas, mas desconfia que ele saiba de algo. A estrela acha melhor que os funcionários da universidade se encarreguem do caso.

Os outros vão entrando. Vendo que a maior parte dos estudantes chegaram, Tentacruel vai até próximo da lousa e chama a atenção da turma para uma conversa séria!

— Bom dia pessoal! Tenho alguns recados de Amoonguss em relação aos prejuízos causados no Bar Florestal.

— Vamos ter que pagar pelos prejuízos? – disse o Emporeon, bastante aborrecido com a notícia.

— Escute Emporeon, sei que pode parecer muito, mas dividindo com todos vai sair bem mais em conta! – Tentacruel tenta explicar com mais calma.

— Ei! E a Volcarona não vai pagar nada? Foi ela que fez maior parte dessa zona!– interrompeu o Sharpedo.

— Deixe-me explicar – continuou o aquático venenoso – A dívida ficaria por dois milhões de PG. A Volcarona já vai se comprometer com sessenta por cento da dívida, sobrando pro Amoonguss oitocentos mil. Pode parecer muito, mas se cada um desse uma parte, não sai nem por quinze mil cada!

— Mas aí é injusto todos pagarem! – Emporeon ainda não está contente com a proposta – deveria cobrar principalmente daqueles que estavam bagunçando enquanto estavam embriagados como Azumarill, Infernape e Starmie.

— Pera aí! – interrompeu Gengar – o Starmie fez foi controlar outros dois, e se não fosse por ele, a Volcarona teria feito bem mais estragos.

— É, mais tem uma coisa! – Zoroark tomava a palavra – foi Starmie que se esbarrou em mim e desfez a minha ilusão. Por causa disso é que a Volcarona veio putassa para festa.

“Arceus! Então foi por minha culpa que a Volcarona chegou furiosa pro bar?” agora que Starmie sentia o peso da culpa maior. Está tão envergonhado que queria enfiar seu núcleo no chão.

— Ei peraí! A Volcarona só ficou furiosa desse jeito por conta das artimanhas de você e Venomoth! – acusou Heracross – Vocês fazem esses esquemas repugnantes e ainda botam a culpa nos outros.

— Ei! Cobrem mais da Azumarill! Foi ela que começou com tudo! – disse Breloom.

— É assim? Deveriam cobrar mais de você Breloom! Foi você que me convidou para beber! – rebate Azumarill.

— Ah! E podem cobrar mais do macaco! Ele num tinha que continuar com essa confusão e ficar bebu também! – comentou Krookodile.

— Como é que é sua bocuda? Quer levar uns sopapos nos seus dentes? –Infernape começa a perder a paciência.

— Sem brigas, por favor! – pedia Crobat.

— Gente! Vamos pagar logo essa merda! – propunha Crawdaunt.

— Quem é você pra pedir uma coisa dessas? Você é um dos que mais apronta nessa turma! – debochava Haxorus.

— Nem vem com isso, pois dessa vez sou inocente nessa história! – a lagosta responde batendo no próprio peito.

— Bem, eu é que não vou pagar isso! Depois do trabalho que tive para apagar os focos de incêndio! – Emporeon estava irredutível.

Logo a sala entra em uma discussão generalizada. Mas Gengar repara que Starmie, alheio a esse grande bate boca, estava com os braços fechados e com o núcleo escondido na carteira. E estava murmurando “minha culpa! Minha culpa!”

“Calma estrela! Ele disse isso só pra se livrar da culpa! Você não fez por querer! São eles que não deveriam estar enganado os outros!” o fantasma tenta consolar a estrela.

— Peço silêncio, por favor! – Latias toma a palavra – gente, não deveríamos estar brigando desse jeito. Sei que teve gente que errou, e espero que estes botem a mão na consciência para que não repita mais esses atos. Mas, aqui na Smogon, aprendemos a importância do trabalho em equipe. Todos sabem que ninguém vence dependendo só de suas habilidades e sim por também estar em um time sólido. E nossa turma também é um grande time. Uns vai e outros vêm, mas a essência do trabalho em equipe vai tá sempre na turma, nos amigos que todos nós somos. Não devemos abandonar o Amoonguns em momentos como esse, já que ele é um dos que mais preza por todos nós e organizou esse festa pois queria compartilhar sua alegria e manter os laços conosco. Então nada mais justo que todos nós o ajudarmos, que como Tentacruel disse, não vai ser muito oneroso se todos nós colaborarmos. Se qualquer um de nós estivermos em necessidade, é bom saber que podemos contar com nossa turma.

Muitos dos estudantes bateram palmas para o discurso da Latias. Até o professor Yveltal, que chegou a pouco, ficou comovido. “Realmente ela é uma ótima líder!” Ele pensou.

Então a turma finalmente concorda em contribuir para pagar a dívida do bar e a aula de Yveltal prosseguiu normalmente.

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O complexo Showdown é formado por um centro de treinamento e cinco ginásios. É nessa estrutura onde os alunos têm as aulas práticas e as simulações de combates. É em um desses ginásios que os estudantes de UU estão fazendo rápidos combates para aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula. O professor encarregado dessa aula é o Solgaleo, que é auxiliado por Diggersby, Staraptor e Conkeldurr, sendo que este, arbitrava um combate que ocorre neste instante.

— Vixe! Starmie está na linha de frente no time adversário, e agora? – era uma Hippowdon, tinha pelagem negra, indicando que é uma fêmea.

— Você já fez o suficiente colocando essas Rochas Flutuantes! – declarou Kommo-o – Pior que não temos mais um fantasma apto para batalhar em nosso time para impedir o Giro Rápido de Starmie. Quem de nós pode resistir melhor aos ataques dele?

— Kommo-o querido! Eu e a Muk temos um plano! – Se adianta Primarina

— Starmie, não se esqueça de tirar essas pedras daí, senão nosso time vai estar encrencado! – gritava Seperior.

Starmie analisa seu alvo. “é lógico que vão tirar a Hippowdon da linha de frente, a questão é, quem vai ficar no lugar dela?”

O padrão das simulações da Smogon, consiste em um combate com dois times de seis integrantes cada. As batalhas ocorrem de um contra um e os combatentes têm a opção de ou realizar um movimento, (atacar ou dar suporte), ou dar lugar a um companheiro que leve mais vantagem contra o adversário. À medida que um combatente é incapacitado de lutar, outro toma o seu lugar. Se todos os integrantes de um time forem derrotados ou se o time todo resolver desistir da partida, a outra equipe é considerada vencedora.

Como Starmie previa, Hippowdon saiu da linha de frente. Primarina entrou no seu lugar, mas ele foi surpreendido por lâminas transparentes formadas por poderes psíquicos e lhe causaram diversos arranhões.

— Arf... Minha nossa! Arf... Como um ataque desse pode ser tão danoso pra mim? – A foca estava ofegante.

“Você sabe que o movimento Choque Psíquico, apesar de ser um ataque especial, afeta a defesa física do oponente” declara a estrela.

Agora o Pokémon psíquico deve decidir se remove as rochas ou derruba de vez o Primarina. Sabe que é importante tirar as rochas, mas se não acabar com o Pokémon fada logo, ele pode não só derrotar Starmie com seu grande poder, mas também, ser um empecilho para o resto do time. Um Choque Psíquico basta para derrubá-lo.

Mas ele é substituído pela Muk. Ela é originária de Alola. Seu aspecto é de uma criatura gosmenta de várias cores. Ela é do tipo noturno, e com isso o ataque de Starmie não surtiu efeito.

— Foi mal estrelinha, mas não devo deixar meu conterrâneo na mão! – Muk fala com uma voz doce.

Starmie sabe que não tem chances contra ela. Ele resolveu fugir daí para que outro companheiro possa se encarregar dela. Mas em um movimento rápido, Muk crava a estrela com suas garras formadas por cristais químicos brancos e a joga contra o chão. Ela usou o movimento Perseguição, que causou um enorme arranhão nas costas de Starmie.

— Afff! Ele foi pego por uma pursuiter! – comenta Seperior aborrecida – essa estrela não sabe que Pokémon como a Muk podem se especializar em perseguir e eliminar todos aqueles que são fracos ao tipo noturno? Agora não tem quem tire essas Rochas Flutuantes...

— Starmie não tem mais condições de batalhar! – declara Conkeldurr.

Um tempo depois, o time de Starmie acabou perdendo a partida. A estrela estava no banco, cansado, quando ouve cochichos de Seperior e Emporeon.

— Não acredito que perdemos essa por conta da falta de atenção dele! – reclama a serpente.

— É! Pelo visto só sabe lutar se estiver de porre mesmo... complementou o pinguim.

Quando se aproximaram de Starmie resolveram subitamente mudar de assunto.

— Parece que tomou da Muk desse vez, não é estrela? Sei como isso é irritante! – Gengar se senta ao lado dele.

“E ainda por cima os outros estão sussurrado que só sei batalhar se ficar embriagado!” murmura a estrela com desânimo.

— Hi hi hi! Taí uma boa ideia! – gargalha Gengar – tome um goró antes de cada partida que aí você vai para OU rapidinho.

“Vou ser é expulso da Smogon, isso sim, se eu realmente fizer isso!” Starmie não gosta da piada.

Mas de repente, a estrela sente seu núcleo dolorido, sua visão fica turva. A luz da gema fica piscando “Gengar...não me sinto bem...”

— EI ALOMOMOLA! – o fantasma chama pela Pokémon peixe que ia passando próxima a eles.

— Que houve Gengar? – pergunta Alomomola.

— Starmie está passando mal!

Alomomola dá uma rápida examinada na estrela, inclusive em suas costas feridas.

— Acho que isso é envenenamento, a Muk tem o toque venenoso, não é? Deve ser essa a causa.

— Então ele deve ir pra enfermaria não é?

— Sim, vou levá-lo. Mas eu pensei que com a sua habilidade Cura Natural ele seria capaz de se recuperar desse veneno sozinho! – a peixe estranha o fato de Starmie não está conseguindo lidar com o veneno.

“Minha habilidade... não é... Cura Natural... e sim... Análise...” responde a estrela com dificuldade.

— Certo, entendi! Agora fique quietinho que já vamos cuidar de você está bom? –disse gentilmente Alomomola, que com suas nadadeiras agarra Starmie e o leva em seu lombo até a enfermaria.

Rapidamente eles chegam a enfermaria, uma estrutura bem equipada e com o corpo médico formado por vários Pokémon especializados em cuidar de enfermos como Audinos e Blisseys. Eles vão para uma ala com várias camas, onde algumas estão ocupadas por outros pacientes. Alomomola coloca Starmie em um desses leitos.

Logo um dos Audinos atende a estrela. Como ajuda da peixe, ele aplica alguns medicamentos nele.

— Pronto, já apliquei no Starmie um antídoto e uma hiper porção. Agora ele só precisa de uma hora de descanso que estará novo em folha – recomendou o enfermeiro.

“Obrigado doutor!”

— Então com sua licença! Tenha um bom descanso!

Deitado no leito, a estrela já sente melhoras com o efeito dos remédios! “Ei, é verdade que você faz estágio aqui na enfermaria Alomomola?”

— Isso mesmo! – ela respondeu – quando eu me tornar uma profissional, não quero me limitar a derrubar os oponentes e sim também manter meus companheiros bem. Além do mais sempre vão precisar de gente que saiba pelo menos dos primeiros socorros não é?

“Pois é!” responde a estrela.

— O bom de se formar aqui é que há um leque de possibilidades no mercado de trabalho. Se bem que o grosso dos formados vão mesmo para as agências.

As agências são empresas que contratam combatentes certificados e são contatadas para realizar as mais diversas missões, que podem ser de exploração, resgate, segurança e até resolução de conflitos através de combates. Essas missões geralmente são fornecidas aos times de seis combatentes. Para ser contratado por essas agências, por lei, o Pokémon deve ser formado em uma instituição certificada para formar combatentes, e atualmente, a Universidade Smogon é referência nessa área.

Durante quarenta e cinco minutos, Starmie descansava. Estava até cochilando. Mas o barulho de uma porta sendo aberta no chute lhe rendeu um bom susto.

“O que houve?”

Entrava na enfermaria um Bisharp que estava bastante apreensivo. Mas o que deixou o Pokémon psíquico abalado era quem estava nos braços dele.

“Scizor?”

— Ei, alguém dê uma olhada nela, o corpo dela está pelando de tão quente! – falava o Pokémon lâmina com certo desespero.

— Se acalme meu jovem? Coloque ela no leito! – falou o médico Audino.

Starmie, preocupado com a amiga, tomou coragem para perguntar para Bisharp, que estava bastante transtornado. “o que houve com a Scizor?”

— Ela abusou da Mega-evolução! – respondeu Bisharp – o corpo dela começou a esquentar demais e agora ela está passando mal.

De repente o celular de Bisharp toca.

— Alô? Sim, já a levei para a enfermaria! O quê? Não deveria ter saído assim como? Não viu que ela estava passando mal? Tá entendendo não, merda! E daí que a gente perde essa batalha! Ela não vale porra nenhuma! Vai pra o Ditto que te pariu Clefable! Volto quando eu quiser! – e encerra a ligação!

Starmie vê o quanto ele estava nervoso. “eles devem ser bons amigos, ou então ele...” a estrela percebe que não é hora de se preocupar com essas coisas. O importante agora é a saúde de Scizor.

Alomomola usa sua Brisa Gelada para refrescar o corpo de Scizor. A inseto estava febril e ofegante.

— Starmie, precisamos hidratá-la! Traga uma garrafa de água que está na geladeira e um canudo também – pedia a peixe.

Então os dois colocavam o canudo na boca de Scizor – beba bem devagar querida! – Alomomola sabia que a situação de Scizor requer atenção redobrada.

— Starmie... puf... você está aí? –a Pokémon inseto-metálico está ofegando.

“Scizor, estou aqui! Não se preocupe, vai ficar boa logo!” respondeu a estrela.

Depois dos procedimentos, Alomomola coloca um pano úmido na testa de Scizor – acho que com isso ela está fora de perigo, assim que seu corpo esfriar, ela vai se sentir melhor!

Bisharp ficou observando de braços cruzados e encostado na parede – e aí, ela vai ficar bem?

— Só é necessário um pouco de repouso! – respondeu Alomomola.

Depois o olhar dele se volta para Starmie – você é muito amigo dela não é?

“Bem... somos bom amigos, e só...” a estrela responde com um certo medo do semblante intimidador de Bisharp.

— Você vai ficar muito tempo aí? – ele pergunta novamente.

“Bem, tenho uns dez minutos pra ficar aqui!”

— Tenho que ir pra sala agora! Qualquer coisa podem me avisar, viu, tanto Starmie, quanto Alomomola. Deixo meu número com vocês! – assim que fornece seu contato, ele se retira da enfermaria.

Então Starmie fica próximo ao leito de Scizor. Ela ainda estava com respiração ruidosa, mas seu corpo esfria e ela apresenta sinais de melhora. Discretamente, lhe acaricia uma de suas garras, enquanto vaga pelos pensamentos.

“Não sabia que a Mega-evolução poderia ser tão prejudicial para ela. Precisa colocar seu corpo no limite desse jeito?” o Pokémon psíquico realmente estava preocupado com o bem estar dela. “será que precisa realmente de mega-evoluir só para se manter em OU? No caso por que não deixa de frequentar essa classe.”

Mas esse pensamento fez a estrela ficar novamente em alerta com o seu egoísmo. “Não! Sei que não quero que sofra nas batalhas, mas não posso pedir para que você deixe a OU depois de tanto esforço para chegar lá. Pode até ser que frequentar duas turmas é que seja cansativo para ela. O ideal para ela é que fosse frequentar somente a OU e diminuir o uso dessa pedra nesse estrato.”

Olhando para a Scizor debilitada na cama, Starmie então se lembra daquela festa de sábado. E ainda das palavras de Zoroark que diziam que ele, Starmie, é, de alguma forma, responsável pela presença de Volcarona. Foi por culpa dele que a mariposa acabou pondo em risco a vida de Scizor. Isso deixou a estrela triste, pois acabou determinando em sua mente que sua presença seria nociva para a inseto.

“Scizor, talvez seja melhor que eu me afaste de você por uns tempos!” a estrela decidiu isso em pensamento “Só lhe causo transtornos, não sou de ajuda como parceiro de equipe e por minha culpa, você foi ferida por Volcarona! Quero que se concentre mais em OU, pois é nesse estrato é que vai ter mais oportunidades, e se ficar só lá, talvez você consiga se estabelecer por lá mesmo sem mega-evoluir. E também você tem bons amigos por lá não é mesmo? Então realmente não vai mais precisar desse inútil.”

Viu que seu tempo de descanso acabou, resolveu ir embora da enfermaria.

— Já vai? – pergunta Alomomola.

“Já passou uma hora não é? Já me sinto bem!”

— Mas se quiser pode ficar mais um pouco!

Mas Starmie já não estava mais prestando atenção em Alomomola. Queria sair daí o mais rápido possível antes que ela visse a luz trêmula de seu núcleo. Estava chorando.

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Glossário

Choque Psíquico - Psyshock

Perseguição - Pursuit

Brisa Gelada - Icy Wind