MATT.

Passei a tarde (praticamente) inteira com a Mari. Queria que ela ficasse mais um tempo, sei que ela queria isso também, mas sei de que ela tem de voltar. Só me resta esperar e aguentar a saudade. Enquanto a Mari ia se despedir da Dani, notei que Corey estava conversando com o Brian, pensei em perguntar mas deixei a curiosidade pra depois e fui ajudar a Mari a levar a mala para fora.

Estavamos meio suspresos, pois Johnny e a amiga da Mari, a Giza, estavam aos beijos, ainda dentro do hotel.

- Eila Giza .. - Mari disse olhando pra trás.

- Demorou mais saiu.

- Concerteza. - Ela sorriu. - Nem é pra tanta surpresa assim.

- Isso ai.

Dei um beijo nela.

-Promete que vai me ligar? - Ela perguntou olhando pra mim.

- Que pergunta, eu não prometo, eu juro.

- Ótimo. Agora um trato: não se esquece de mim, que eu não me esqueço de você, tá ok?

- Vou tentar não te esquecer, grandona. - Disse com ironia.

- Tentar .. - Ela me soltou - Tentar? Sério? Você quer morrer é? - Ela me deu um leve empurrão no ombro.

- Não .. não se preocupa, não vou me esquecer de você não tá? - Disse puxando ela de volta. - Eu tenho um roxo, sabe, que vai me fazer lembrar de certas pessoas.

- KK, somos dois então. E eu não vou esquecer sua cara de bolacha. - Mari disse depois riu.

- Aah .. daonde você tirou que eu tenho cara de bolacha? - Perguntei meio sério.

- É que você sempre me olha com uma cara de bolacha! - Ela me respondeu com sarcasmo.

- Mas como assim? Posso saber como é uma cara de bolacha?

Ela fez uma cara estranha, porém engraçada. Tive de rir.

- Eu não faço essa cara, não é justo.

- E eu não sou grandona, sou menor do que você. Mas prefiro que me chame assim do que de pequena.

- E eu vou ter que aceitar que tenho cara de bolacha pelo jeito.

- Mas ainda pergunta? Claro que vai!

- Hei hei hei .. Chega de pegação, de chororo .. vamos embarcando que a viajem é longa né pessoal. - Corey nos interrompeu.

- Ah Corey, seu sem graça. Sempre acaba com a minha alegria, que injustiça. - Mari disse balançando a cabeça.

- Vamos, rápido. - Corey não só parecia mas estava bem impaciente.

Ela foi pegar a mala dela novamente, e como além de lindo e sensual (haháá .. sou idiota), eu sou legal e fui ajudar. Só que a gente foi ao mesmo tempo e acabamos nos batendo.

- Aaai! - Ela disse meio alto.

- Foi mal

- Meu Deus, eu só me machuquei durante esses dias, que legal isso. - Ela disse meio sorrindo e passando a mão na testa. - Culpa sua. Rum.

- Culpa minha. Quis ajudar acabei te machucando.

- Eu sei que foi sem querer. Mas tá doendo.

- Venha aqui. - A puxei pra perto.

Fui dar um beijo na testa dela, mas ela fez a mesma coisa que ela fez no bar, então acabei a beijando.

- De novo?

- Claro. Me diz uma coisa .. - Ela disse enquanto íamos até o ônibus. - Se eu não fizesse isso, aquele dia .. a gente estaria junto agora?

- Não sei .. provavelmente sim né, mor.

- Mor? Hm .. que mor da sua parte.

- Eu sei, sou muito morzástico.

- Ai, morzástico cara de bolacha.

- Grandona. - Nós rimos.

Ela me abraçou, meio que me apertando.

- Ai ai, assim você quebra meus ossos. - Falei.

- Desculpa, é que eu já to com saudade.

Ela subiu no primeiro degrau e se virou. Ela me beijou até a Ana interromper dizendo:

- Será que dá pra parar com a pegação na entrada do ônibus. Sabe.. tem gente querendo subir .. - Ela começou a nos olhar.

- Matt .. se cuida, tá? - Mari falou.

- Vou tentar .. - Respondi.

- Bobão .. eu te amo.

- Eu também te amo, grandona.

- Os dois são bobos e idiotas e grandes e enormes e gigantes .. agora eu posso subir? - Ana disse com cara de impaciente.

Nós sorrimos até ela dizer:

- Até logo ..

- Espero.

Mari me deu um último beijo e foi para dentro do ônibus.

- Poxa, valeu seus idiotas. Até que enfim eu consegui subir nesse ônibus.

- Tchau Ana.

- Tchau cara de pastel .. ou é banana .. ??

- BOLACHA! - Kah gritou lá de dentro.

- ISSO AI. - Mari também gritou.

- Isso ai .. - comecei a rir.

Ana foi a última a subir. Fui andando olhando para o ônibus, meio de costas e sorrindo. Brian ficou me olhando com aquela cara de bicha que ele tem.

- Tá me amando também é? Seu gay. - Falei pra ele levantando as sombrancelhas.

- Eu? Eu não, tenho bom gosto né .. por favor. - Ele disse colocando o chapéu que ele ganhou da Kah.

- Cara cê acabo de admitir que é gay.

Ele parou de arrumar o chapéu e me olhou com uma cara de assutado.

- Eu não, só disse que .. ah .. que merda.

- HEI, O BRIAN ACABOU DE ADMITIR QUE É GAY! - Disse para os outros que estavam mais atrás, rindo.

Eles começaram a rir e Brian gritou também:

- EU NÃO DISSE NADA, PORRA.

- Agora tenta concertar, mas é otário mesmo.

- Nossa Brian, que bom que se assumiu, mas a gente já sabia .. - Jimmy disse.

- Veja pelo lado bom .. você tem bom gosto.

- Vão se foder. - Ele respondeu tentando parecer sério, mas logo começou a rir com a gente.

- TCHAU ANA. TCHAU MARI, TCHAU GIZA, TCHAU KAH! - Zacky disse acenando.

- NOS VEMOS EM POUCOS DIAS, HEIN! - Brian exclamou.

Não entendi o que o Brian falou .. como assim em poucos dias?

- Como assim cara? - Perguntei.

- Calma, explico depois .. - Brian pediu.

- Faz o pêssego. - Jimmy falou pra mim.

- Má que merda cara .. que pêssego? - Perguntei.

- Aquela merda que você faz com a mão que você diz ser um coração, mas tá comprovado que é um pêssego. - Brian se intrometeu.

- Ah, vai tomar no cu Brian.

As garotas estavam nos olhando sorrindo. Eu fiz a porcaria do pêssego e o Jimmy ficou comemorando.

O ônibus foi ligado. Jimmy ainda estava tirando da minha cara por causa do pêssego, mas tudo bem. Ficamos ali até a hora em que o ônibus dobrou sumindo da nossa vista. Então entramos no hotel, Jimmy queria passar um tempo com a Dani. Ai muleque apaixonado é foda.

Sentamos nas cadeiras perto do balcão. Eu ia perguntar pro Brian sobre a conversa dele com o Corey, mas o Johnny nos interrompeu.

- O que é essa porra no seu pescoço? - Johnny disse apontando.

- Que porra?

- Esse tróço roxo ai.

- Como diz a Mari .. caí.

- Véi, caiu aonde pra fazer um roxo desse? - Ele disse meio assustado.

Começamos a rir.

- Nossa véi, sério que cê vai fazer essa pergunta?

- Mas .. você não caiu? E por que vocês tão rindo?

- Oss cara, sério, melhor deixar pra lá .. mudando de assunto .. Brian, o que o Corey tava falando com você?

- Porra tu é curioso, Jesus Cristo.

- Porra tu é gay, agora me fala.

- Agora que eu não vou falar. Simples.

- Gay.

- Que merda, hein .. eu vou falar porque isso importa à banda.

- Aee, finalmente.

- Calem a boca, deixem ele falar, parece importante. - Zacky disse nos olhando.

- Aquele Corey lá .. falou que ficou sabendo que a gente tinha uma banda. E ele é produtor da banda das garotas e tal.

- E dai? - Zacky disse.

- E dai que ele também perguntou se tinhamos alguma amostra da nossa música, que ele queria conhecer.

- E o que você falou? - Zacky perguntou novamente.

- Eu disse que não tínhamos, mas disse que queria saber mais.

- E ele respondeu .. ? - Agora o Johnny começou a questionar.

- Ele respondeu que a gente tinha que ter alguma amostra pra ele ouvir e ver se se interessa.

- Porra véio, e agora? - Johnny continuou perguntando.

- Agora ele disse que é pra gente ligar pra ele, um dia que a gente possa ir lá pra San Francisco, na gravadora que, por um acaso, é a mesma das garotas.

- E VOCÊ CONTA ISSO AGORA?!? - Jimmy berrou quase da outra ponta do balcão. - Tu é um gay mesmo. - Ele veio mais perto.

- Mas que merda, deixa eu terminar! E para de gritar. - Brian pediu.

- Pensa que manda em alguma coisa. Vai, continua. - Jimmy falou.

- Por mim, eu vou de boa pra San Francisco, mas não adianta ir somente eu né. Então, deveriamos pensar nessa chance e irmos pra lá .. só ver um dia que possamos ir, tanto que todos estejamos de acordo. - Brian comentou.

- Não sei vocês, mas eu topo. - Johnny se manifestou.

- Isso ai pessoal, vamos cair na real que a gente tá com uma oportunidade legal. Outra como essa não vai cair do céu - Pensei "ainda mais porque iria ver a Mari de novo".

Mas e se ele ouvir e não gostar? - Zacky perguntou com uma cara.

- Na boa .. agora não é hora de ser pessimista. Se liga, Zacky! - Johnny disse.

- Vocês querem ir não só por causa da banda, mas por causa das garotas né .. seus garanhões. - Fazer o que .. o Jimmy fala a verdade.

Só deu tempo de abaixar a cabeça e sorrir, até que Brian falou:

- Mas que pergunta, claro Jimmy.

Dani foi ali perto e começou a conversar.

- Opa, opa, vou me intrometer aqui. Que lindo, ele está amando!

- Ih, intrometida. - Exclamou Jimmy.

- Ih, chato, deixa eu ser feliz.

- Hum .. interessante. - Me intrometi na conversa dos dois.

- Cala a boca. - Jimmy respondeu.

- Ain, deixa eu ser feliz. - Respondi imitando a voz da Dani.

Nós rimos.

- Hei, Brian. E esse chapéu de mulher? - Dani, Dani .. quanta intimidade.

Brian mostrou-lhe o dedo do meio.

- Olha os modos do idiota .. - Jimmy disse.

Brian voltou a fazer o gesto obsceno, mas respondeu:

- Ganhei da Kah.

- Hm, okay então. Sabia que era de mulher. - Dani provocou.

- Mas que porra, pelo menos tenho alguma coisa pra me lembrar dela.

- Com licença, vou ali, chorar de emoção. - Johnny respondeu entrando na conversa e fazendo uma cara fingida de tristeza.

- Foda-se. - Brian respondeu abaixando o chapéu.

Estávamos rindo.

- Que porra foi aquele pêssego? - Johnny mudou de assunto.

- Pêssego? Ainda nessa história? - Perguntei.

- Claro, por que você inventa de fazer essas boiolices?

- Deixa eu ser feliz! - Disse.

- Ele fez o pêssego porque eu pedi. - Jimmy entrou na conversa.

- Pensei que só o Brian fosse gay, e que você gostasse da Mari, não do Jimmy. - Johnny disse apontando pra mim. - Okay, todos se revelam hoje. Eu durmo com meu baixo, às vezes. Pronto, tá aí uma revelação minha. Só pra fazer parte desse dia de revelações.

- Jesus Cristo, por que você dorme com seu baixo? - Dani perguntou.

- Pra não me sentir sozinho. - Ele respondeu.

- Ai meu Deus .. que alone lindo ele.

- Tudo bem. Agora eu vou dormir com meu celular, com as mensagens e ligações que eu vou fazer pra Giza e que ela vai fazer pra mim. E pensando nela. Acho que falei demais, mas .. tá tudo bem. - Nossa véi .. nossa ..

- SANTO DEUS. - Respondi colocando a mão na testa.

- Véi .. que merda. - Brian respondeu.

- Deixem ele gente, ele tá amando. - Dani respondeu.

- Deixem ele e o pêssego apaixonado dele. - Jimmy mais mandou do que pediu. - Além do mais, todos vocês estão todos uns abobados por causa delas. E quem aguenta vocês se melando de saudade sou eu.

- Ai que dó de você, nossa.

- Você também tá amando. - Zacky disse olhando pro Jimmy.

- Eu? Não sei daonde tirou essa .. mas não é verdade.

- Nossa. Então já era o papo da 8ª série .. e tal .. - Comentei só pra encher o saco.

- Para véi .. - Conseguimos deixar ele sem jeito.

- Olá senhor vermelho. E o que tem a ver o papo da 8ª série? - Dani falou.

- Vocês não tem mais jeito. Enquanto ao papo, não é nada demais, Dani. - Ele respondeu.

- Não sei vocês, mas eu vou pra minha casa. - Brian tava quase dormindo ali.

- Na boa, também vou. - Estava quase dormindo também.

- Pra minha casa?

- Não pra minha né, seu otário.

- Ah tá.

- Falô pessoal. Até amanhã. Tchau Dani, até não sei quando. - Disse me levantando.

Sai dali com o Brian, fomos andando e conversando até eu chegar na minha casa e ele seguir sozinho.

- Consegue chegar na sua casa sozinho? Ou tá com medo do escuro?

- Tchau Matt. Dispenso suas brincadeiras escrotas.

Virei as costas rindo baixo, enquanto ia em direção a porta. Entrei em casa e fui direto tomar um banho. Pouco antes, fiquei no espelho um tempão, parecia um idiota olhando aquela marca no pescoço, lembrando como a consegui e comecei a rir. Nossa véi, como sou um idiota feliz.

Depois do banho cai na cama e fui dormir. Mas antes fiquei pensando em tudo que aconteceu nessa semana, não resisti e tive de pensar na Mari. Tempo depois acabei sendo interrompido por um alerta do celular.

BRIAN.

E lá se foi minha ultima tarde com a Kah aqui em HB, mas não foi. (Lógica? Não tem). Eu espero de verdade poder encontrar ela novamente tanto aqui, como em San Francisco, em qualquer lugar.

Estava ajudando a Kah a colocar sua mala no ônibus, quando o Corey me cutucou.

- Ei Brian, é Brian né? - Ele perguntou.

- É sim. - Respondi.

- Karina, você pode nos dar um minuto? - Ele perguntou pra ela.

- É, tá bom então. - Ela respondeu confusa, e se afastou.

- Então Brian, você já deve saber que sou o produtor das garotas, né?

- Ah é, pode crer.

- Vi você tocando guitarra aquela hora, você toca muito bem.

- Verdade? O senhor gostou?

- Claro! Foi ótimo, por acaso não esta interessado em entrar pra uma banda?

- Poxa, valeu mesmo! Mas eu e os viados ali, já temos uma banda. - Falei apontando pro Matt, Zacky, Jimmy e Johnny.

- MEU DEUS, PORQUE VOCÊ NÃO ME FALOU ANTES? - Ele gritou.

- É que... - Tentei falar, mas ele me interrompeu.

- Olha a hora que já é, e nós estamos aqui ainda. - Ele falou erguendo os braços pra cima e indo em direção a Kah.

- Ah tá, legal. Ele nem berrou pra mim, então okay. - Pensei.

Vi que ele ficava falando com a Kah, e ela só ficava rindo dele, aposto que é daquelas caras que ele faz, é medonho, sério. Bom, ela entrou no ônibus, ligou pra mãe dela e eu fiquei olhando ela pela janela.

Logo depois conversamos, ela me deu seu chapéu pra mim não esquecer dela, (Nem preciso de um chapéu pra me lembrar dela) e lhe beijei pela ultima vez.

- Tchau Brian. - Ela falou desanimada.

- Tchau Kah. - Falei do mesmo jeito.

Então, estragando todo o clima romantico e triste ao mesmo tempo, o Corey brotou do meu lado de novo. Na boa, ele brotou mesmo, porque eu não sei da onde ele veio, mas tudo bem. Ele me deu um cartão com um número de dois telefones.

- Vocês tem alguma amostra?

- Hã? - Eu estava realmente confuso, sou burro.

- Meu Deus cara, amostra de música? - Ele falou rindo. - Quero ver se eu gosto da música de vocês.

- Ah tá, saquei (Mentira). Não temos nada pronto ainda, mas gostaria de saber o porque dessas perguntas.

- Não tenho tempo pra falar isso agora, enfim, me ligue em qualquer um desses números no cartão. Por favor, eu preciso ouvir a banda inteira. - Ele falou enquanto andava rapidamente pra dentro do ônibus.

- Beleza tio, vou falar com eles, e te ligo.

- Tio é tua bunda moleque. - Ele respondeu. - Tchau, até mais.

- Tchau, até.. - Falei rindo.

Ele ligou o ônibus, e o Matt tentou fazer um coração, mais pra pêssego, sei lá. Ele tem problemas pra destinguir qual é qual, coitado me deu até um dó. Enfim, entramos no Hotel novamente e fui beber, até a Dani brotar (Esse povo não cansa de brotar não?!) me chamando de gay, porque eu etava com chapéu de mulher e tal.

Ah, nem ligo, vou usar o chapéu do mesmo jeito, ele é especial porque era o preferido da Kah. Bom o Johnny começou a bombardear o Matt com perguntas sobre o chupão que ele levou da Mari, o coitado realmente acreditou que ele tinha caido. Então pra mudar o assunto tosco o Matt me perguntou o que eu e o Corey estavamos conversando.

Expliquei toda a história, que ele estava interessado em nossa banda e que queria que fossemos pra San Francisco. Todos ficaram empolgados, mas achamos melhor deixar pra resolver isso amanhã ou outra hora, estavamos muito cansados agora.

Depois de toda essa correria, eu queria mesmo era minha cama, precisava demais dela. Eu e o Matt decidimos ir embora na mesma hora, fomos andando e trocando umas ideias sobre a banda e o que iriamos fazer a respeito do convite do tio Corey. (Que gay, vou chamar ele só assim.)

Falamos, falamos e no final, não falamos nada. Ótimo isso, daora. O Matt foi pra casa, então continuei andando sozinho, já que morava um pouco mais a frente. Coloquei a mão no bolso da calça, e achei um papel, era o celular da Kah, nossa ele tá aqui desde o primeiro dia em que nos falamos. (E eu to com a mesma calça mesmo, problema?)

Finalmente cheguei em casa, tomei um banho rápido e fui pra sala, eu ia tocar um pouco de guitarra, mas o sono foi mais forte, então acabei apagando ali no sofá mesmo.

Quando acordei, já era de manhã. Olhei as horas no celular e vi que tinha uma mensagem, era da Kah.

"E ai viado, só mandei a mensagem pra dizer que chegamos bem. Beijos, se cuida meu viado."

Vacilo, ela me mandou 03:00 da madrugada .. e agora já são 10 da amanhã. Respondi a mensagem bem aviadada, e voltei a dormir, até porque 10 da manhã, e isso é madrugada ainda pra mim.

MARI.

Acabamos de chegar .. é de madrugada e estou cansada pra caramba. Acho que não sou a única .. as garotas parecem bem desgastadas também. A Kah estava mais "em boas condições" do que qualquer uma de nós, não é pra menos .. ela dormiu a viagem inteira (são umas sete horas mais ou menos) praticamente.

Peguei o celular, ai meu Deus, como é bom ter um celular, .. foco! Foco, Mariana. Então, eu peguei o celular e enviei uma mensagem para o meu (amo essa palavra) cara de bolacha, só pra avisar mesmo ..

"Bom, Sr. Cara de Bolacha dos olhos verdes, só vim dizer que nós chegamos agora pouco, fora o cansaço, estamos bem. Estou indo dormir agora. Boa noite, se cuida. Beijos, beijos, beijos."

Foi só mandar essa mensagem, abraçar minha mãe, ligar pro meu pai (que estava viajando), falar um pouquinho com a minha avó pelo telefone .. me jogar na cama e dormir ..

Estava estirada na minha cama, estava tão ótimo .. até eu ser acordada aos chacoalhões.

- Vamos, rápido. Acorda menina!

- Heeei .. quer que eu morra do .. - Bocejei - .. coração.

- Não, mas você tem que acordar. Onde já se viu .. são três horas da tarde!

- Aham .. - A respondi virando proutro lado voltando a dormir

- Não, não, não .. vamos, ligeiro.

- Ah manhê ..

- Nem "A" nem "B" .. quando eu voltar quero ver você de pé.

- Fala sério ..

Minha mãe saiu do quarto. Eu ainda estava deitada. Fiquei olhando pro teto durante um tempo .. criei coragem e me levantei. Fui feito uma zumbi trocar de roupa e praticamente me arrastei até o banheiro. Fui até a cozinha, tinha que realizar uma tarefa muito difícil: encontrar uma comida.

Comi umas "porcarias" como minha mãe fala .. por falar nela, ela acabou brigando comigo, porque não almocei, vou ficar anêmica, não posso ficar sem comer .. e blábláblá .. tudo bem. Ela estava com umas cartas e disse que uma era pra mim.

Já mais acordada para a vida, voltei para o meu quarto .. lembrei do celular e fui buscá-lo. Vi que havia uma ligação e algumas mensagens. A ligação era do Corey. Não pensei duas vezes e já retornei a ligação.

- Corey! E aii, sou eu .. a Mari.

- Oi Mari!

- Vi uma ligação aqui, desculpa não atender, estava dormindo.

- Ah, imagina.

- Qual era o assunto?

- É que chegou uma carta de uma editora de uma revista ..

- O QUE?!? REVISTA?!? QUE REVISTA?! JESUS CRISTO.. - Que dó do ouvido dele, ele vai querer me matar.

- NOSSA, precisa gritar assim menina?

- Mas é claro, óbvio .. é de animação! - Me segurei pra não gritar novamente.

- Tá, tá .. o negócio é o seguinte: ela quer fazer uma entrevista com a banda toda, e tenho que saber se vocês querem. Então .. vão querer fazer a entrevista?

- Nossa, você ainda pergunta .. mas claro que sim né .. ai meu Deus, se ligue Corey.

- Sabia que nem precisava ter perguntado .. já tá marcado na agenda dela. Ela vai me ligar, aí ligo pra vocês.

- Ai meu Deus que legal .. mais alguma coisa??

- Não, não .. só isso mesmo.

- Okay .. Valeu mesmo Corey.

- Imagina.

- Tchau tio.

- Ah .. tio é .. - Sim, eu desliguei na cara dele .. que dó.

Fui conferir as mensagens .. quatro eram da Kah e uma era do Matt.

"Bom dia .. não sei se já acordou ou não, mas só quero que saiba que fico feliz que tenham chegado bem, que sinto sua falta e que eu amo você .. se cuida grandona, beijo." - Já sabem que essa é a do Matt né ..

"AI MEU DEUS, NÃO SEI SE JÁ FICOU SABENDO, MAS TEMOS UMA ENTREVISTA PRA UMA REVISTA, MEU DEUS .. YOLO .. YOLO" - Kah.

"VADIA?? CÊ TÁ ACORDADA?? ME RESPONDAAAAAAAA!!!!!" - Kah.

" SUA VADIA! ACORDE!!" - Kah de novo.

"Hei, vagabunda!! Se puder aparecer aqui em casa sabe, nós agradecemos."