Underwing

Ah não... Piorou


—-- Não está funcionando! Ela está resistindo!

—-- Eu vi… mas e se usássemos nos monstros?

—-- Eu já tentei, mas não funcionou também, depois fui pesquisar mais e descobri que existem alguns relatórios de um estudo que dizem que eles são imunes, são meio antigos mas ainda são válidos.

—-- Isso... é um grande desânimo. Não há nada que possamos fazer, então só vamos continuar, tudo bem?

—-- Sim, claro.

****

—-- É sério mesmo isso? --- Frisk tagarelava enquanto esperava Chara terminar de arrumar sua mochila, na esperança de fazê-la desistir dessa idéia --- Quer dizer, é uma longa caminhada, e como você não pode matar ninguém, nós vamos morrer muito sabe, dor…

—-- Nem adianta tentar me convencer, eu já vi isso acontecer e é muito pior viver nesse mundo do que fazer uma rota sem violência. --- o tom da garota foi sério, tanto ela mesma estranhou e logo voltou para seu tom debochado --- Além de que, o que vai machucar ser amiga de todos? Tenho certeza que as mortes que você sofreu no seu genocídio foram bem piores do que se tivesse seguido o caminho da paz.

Isso calou a boca de Frisk, também fazendo-a pensar como seriam as coisas se não tivesse sido violenta, será que conheceria Chara? Estaria acontecendo o que estava agora? Essas e outras perguntas rodeavam sua cabeça, mas mesmo que quisesse, sabia que não teria conseguido ir por outro caminho, e isso que não conseguia entender, o fato de sentir uma profunda aversão à ser pacífica, quase como se os monstros fossem seus inimigos.

—-- Vamos logo! --- Chara anunciou, a tirando de seus pensamentos e já correndo escada abaixo, indo em direção as outras escadas, agora de pedra, mas antes que pudesse descer sequer um degrau Arthur, o garoto que supostamente trocou de lugar com Leah, a impediu:

—-- Espera, onde você pensa que está indo? --- ele diz segurando de leve o ombro da menina.

—-- Eu vou ficar alguns dias na casa do Papyrus. --- ela nem sequer hesitou, tinha a resposta na ponta da língua, isso fez Frisk pensar quantas vezes Chara já fizera isso.

—-- E por que não me disse antes? --- o maior disse numa mistura de preocupação e um pequeno resquício de raiva.

—-- É que eu vou tanto lá, que pensei que não precisasse. --- de novo, Chara responde rápido. “E como é que você sabe que nessa linha do tempo você lá com frequência?” Frisk pensava.

—-- Chara, por mais que o subsolo seja pequeno, eu me preocupo com você. --- ele se abaixou e segurou, dessa vez, o queixo da menina --- Da próxima vez me avise, por favor.

—-- Tudo bem… --- a voz dela saiu baixa e com certa tristeza, Frisk conseguiu perceber o quão afetada Chara ficou com aquela frase, e decidiu perguntar assim que ela começou a descer as escadas:

—-- O que foi essa cena?

—-- Não tenho certeza, mas acho que o código dele se fundiu com o da Toriel. --- Chara estava fria, e Frisk tinha certeza de que foi por causa do que o Arthur disse.

Frisk viu que a menina deixou uma coisa nova escapar, mas preferiu ignorar por enquanto, agora queria outra coisa.

—-- Não estou falando disso, por quê você ficou daquele jeito? --- seu tom não era preocupação ou qualquer sentimento parecido, como essa pergunta geralmente é proferida, com ela foi apenas curiosidade.

—-- Eu não fiquei de nenhum jeito, você que está imaginando coisas. --- em contrapartida, o tom de Chara foi irritado --- Só vamos acabar logo com essa bagunça.

—-- Claro.

Chara é muito misteriosa, o que irritou muito Frisk, ela queria saber e entender o estava acontecendo, mas a outra parecia só esconder os fatos cada vez mais, e quando revelava algo, não explicava direito, como os códigos que acabou soltando a pouco.

—-- O que são os códigos? --- Frisk nem se segurou para perguntar, sem sensibilidade alguma com o que a outra sentia, mesmo sabendo que a outra estava abatida, “mas, afinal” pensou consigo mesma “ela que disse que não é nada, não pode esperar que eu fique calada só por causa de seu estado”.

Chara soltou um longo suspiro e respondeu:

—-- Você vai descobrir.

E assim seguiram na caminhada até o castelo. Quando passaram

pela floresta gelada e chegaram à cidade, que Frisk soube se chamar Snowdin, encontraram com Papyrus, que questionou-as sobre a mochila, e Chara não viu motivo para esconder dele o que queriam fazer.

—-- Eu pretendo ir até o rei Asgore-

—-- Rei Asgore? --- ele demonstrou estar bastante confuso, e as outras duas também ficaram em relação a pergunta.

—-- Mas… não é ele? --- Chara pergunta nervosa, esperando que isso fosse apenas uma brincadeira por parte do amigo.

—-- Chara, quem é Asgore? A nossa rainha é a Alphys.

O rosto da menina se contorceu em uma expressão de medo, que não passou despercebida pelo esqueleto.

—-- Chara, o que foi? Eu... disse alguma coisa errada?

—-- N-não, está tudo bem. --- a voz dela saiu tremida, e o esqueleto abriu a boca para insistir que a menina falasse com ele, mas ela continuou seu caminho, correndo sem dar mais explicações.

Ela correu tão rápido que, se não fosse “presa” a ela, Frisk não conseguiria acompanhá-la. Foi praticamente arrastada todo o caminho, até que Chara parou na beira de um riacho que corria para leste e, de quando em quando, um grande bloco de gelo era carregado pela correnteza.

Ela se apoiou com as mãos nos joelhos, pegando ar.

—-- Por que disso? Você tem mesmo que fazer mistério para tudo?! --- Frisk grita com a outra, frustrada por estar no escuro da situação.

—-- É pior do que eu imaginava... temos que quebrar a barreira e... libertar os monstros o mais rápido... possível! --- ela falou entre as respiradas.

—-- Você sequer me escutou? Quer parar de me deixar de lado e me explicar qual é essa urgência?!

—-- Você vai entender --- ela diz se levantando e começando a correr de novo --- , mas agora não sabemos quanto tempo temos, então é melhor correr.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.