Underwater

Uma Agradavel Compainha


Eu não sabia exatamente a quanto tempo eu estava alternando meu olhar entre seu rosto, sua cauda e a ancora. Ela sorriu e olhou para cima, acompanhei seu olhar vendo um pequeno bote ser remado até a praia de Micaal, quando ele finalmente chegou lá Rebecca puxou-me pelo braço até superfície, olhei o jeito que ela nadava e senti vergonha, ela era simplesmente divina, era como se fosse parte da água, ela mexia o quadril com leveza não usando força, mas se deixando ser levada, era como se ela flutuasse.

Dei um grande suspiro quando chegamos a superfície, Rebecca parecia focada em ver se não havia ninguém por perto, mais especificamente no barco. Eu estava prestes a explodir em perguntas, porém ela colocou o dedo indicador sobre meus lábios fazendo um silencioso “shh” e com a outra mão ela apontou para o barco onde alguém andava, então percebi que o barco era da guarda costeira, semicerrei os olhos tentando enxergar quem estava la, seus cabelos platinados era sua marca registrada, ele estava vestindo o uniforme da guarda costeira e estava lindo.

Rebecca estralou os dedos na frente do meu rosto me tirando do meu transe.

-Vem!- Ela sussurrou fazendo um movimento com a cabeça para que eu a seguisse.

Nadamos em volta da ilha até chegar a um lugar isolado porém lindo, era cheio de pedras brilhantes e algas coloridas, ela foi para a superfície novamente e eu a segui, a água parecia ser mais quente naquele lado da ilha, me pergunto o porquê. Rebecca nadou até uma pedra plana, com um graciosidade assustadora ela deu um leve impulso para se sentar sobre a mesma, logo depois deu duas batidinhas ao seu lado para que eu me sentasse ao seu lado, neguei com a cabeça.

-Prefiro ficar aqui.- Eu disse apoiando os braços sobre a pedra.

-Como preferir.- Ela deu de ombros.- Mas tem várias baratinhas do mar bem ai onde a senhorita está encostada.

Se tinha uma coisa que eu odiava era baratas, se eu visse uma eu não pensava duas vezes em pegar o que tivesse por perto para jogar nela e acredite, as coisas variam desde uma faca até meu irmão. Sem pensar duas vezes soltei gritos desespereados e com todas força que eu tinha subi na pedra me agarrando a Rebecca, que ria de mim.

-Era brincadeira.- Ela declarou quando eu finalmente parei de gritar e ela de rir.

Olhei-a inconformada, que tipo de monstro ela era? Quase me matou do coração, agora estou traumatizada.

-Puta merda Rebecca! Sua besta.- Xinguei-a entre berros e tapas. Ela voltou a rir.- Se eu tivesse morrido eu ia voltar pra puxar seu pé, ou cauda.

-Eu não sabia que você tinha tanto medo assim.- Ela deu de ombros parando de rir e ficando séria.- Todos estão preucupados.

-Com…?

-Com você sua demonia.- Ela disse o óbvia me dando o tapa na nuca.

- Quase todos.- Corrigi suspirando.- Aposto que meu pai ainda deve estar em Porto Seguro.- Olhei para o sol sendo coberto pelas nuvens.

- Bom... Para sua informação, ele está lá. - Ela apontou para floresta de Micaal.- Junto com grande parte da guarda costeira. Você conseguiu preucupar bastante gente.

- Eu precisava de um tempo, para pensar e colocar tudo no seu devido lugar.

-Entendo.- Seus ombros abaixaram e ela suspirou olhando para as ondas que batiam contra as pedras. - Você nasceu sereia? Porque eu nunca percebi algo de diferente em você. Até porque você fazia natação, você usa algum tipo de feitiço? Pelo amor de Deus me ensina.- Ela começou a tagarelar sem me dar chances de responder.- Meu Deus!- Ela gritou me fazendo dar um pulo na pedra em que eu estava sentada.- Sua cauda tem um tom dourado tão lindo, suas escamas parecem tão novinhas! Como se tivesse sido feitas menos de uma semana.- Ela passou a mão pela minha cauda. Não vi diferença alguma entre nossas caudas, o dela tinha apenas um tom dourado mais fosco, mas ainda sim era dourado, não é com se a dela fosse verde e a minha dourada.- Que produtos você usa? Você lava com sabão? Como você deixou assim?

-Eu não sei.- Declarei quando ela finalmente me deu chance de responder. - Faz uma semana que virei… Virei sereia.

-Pera! Como assim você virou?- Ela perguntou.- Você não nasceu sereia?

-Não.- Neguei com a cabeça.- Lembra quando eu sumi e fui achada aqui?- Ela assentiu.- Então, foi aqui que tudo aconteceu. Eu achei uma caverna e nela tinha uma grande piscina natural, quando a lua se posicionou sobre a ilha, a água começou a borbulhar e bum! Eu ganhei isso.- Eu sacudi a cauda.- E uns poderes bem legais, tipo me secar e ficar invisível.

-Na Lagoa Azul?Como é possível e porque só estes poucos poderes?- Ela perguntou e dei de ombros.

-Não sei.- Joguei a cabeça para trás me deliciando com a sensação do sol sobre meu corpo, o aquecendo.- Mas é legal. -Sorri e ela também.

Nosso clima de cumplicidade foi cortado quando minha barriga roncou muito alto. Rebcca mordeu o lábio tentando conter os riso, mas foi em vão, ela riu escandalosamente, quando eu pensei que ela pararia ela colocou a mão sobre a barriga e se inclinou para frente voltando a rir.

-Não tem graça.- Murmurei corada.

-Você não trouxe comida?

-Eu fugi de última hora.- Bufei brava.- Nem roupa eu trouxe.

-Tu tava andando pelada?- Ela riu mais ainda.

-Não!

Eu corei quando minha barriga roncou denovo. Rebecca que já ria sem som, voltou com as gargalhadas escandalosas, parecia que alguém tinha esquecido da guarda costeira.

-Acho que tem alguém ali.- Falando no diabo.

-Eu também ouvi algo naquela direção.- Podíamos ver e ouvir eles se aproximarem por entre as pedras, meu coração acelerou de medo, eu travei. Rebecca percebeu meu pânico e sem demora agarrou meu pulso.

-Ótimo hora para aprender a caçar né?- Ela sorriu me puxando para o mar antes que eles nos visse.

Grunhi de dor quando minha cauda passou por uma pedra pontiaguda, com certeza deixaria uma ferida.