Underfell

Capítulo 24 - Vs Mettaton - Parte 2


Frisk recuou desesperado e sem saber o que fazer. Como ele havia podido fazer aquilo? Frisk havia realmente matado alguém? Não, não, por favor, aquilo estava errado, muito errado. Ele não queria matar Mettaton, ele não queria matar ninguém.

"*Você pensa que não queria lutar, mas acaba dizendo isso em voz alta"

Mettaton rastejava para frente, sem forças para continuar. Ele olhou para Frisk por cima do ombro ao ouvir o que ele havia dito.

- Hah... Haha... - Mettaton riu, ele agora não parecia tão insano como segundos antes, mas talvez fosse porque já havia perdido toda a esperança. - Agora é tarde, docinho. Mas... Eu não posso deixar que Alphys venha pegar meu corpo, porque se isto acontecer... Eu nunca serei uma estrela... - Mettaton ficou com o olhar perdido. - E a audiência irá despencar. - Mettaton então olhou para uma pequena tela num canto da sala, uma tela que Frisk não havia notado, nela era possível ver estatísticas de audiência do programa. Mettaton sorriu. - Ah... Mas da uma olhada em quanta audiência temos! Eu nunca tive tanta assim no meu programa. - Frisk olhou novamente para Mettaton, ele olhava agora para um minúsculo botão debaixo da capsula de vidro estilhaçada no seu abdômen. - Escuta, querido, agora não existe mais volta atrás. - Mettaton encarou Frisk, seu rosto estava sombrio. - Você destruiu completamente todas as chances que eu tinha de continuar aqui. Agora, se você não me matar, eu apertarei o botão de autodestruição. - Frisk ficou chocado ao ouvir aquilo, e logo a seguir, sentiu uma arrasadora sensação de culpa. Ele podia sentir seus pecados pesando em suas costas. Mettaton sorriu deprimidamente. - Mas... Eu vou atender uma ultima ligação... Antes de me despedir do Underground para sempre. - Mettaton girou o botão no seu peitoral, e pela sala se escutou o som de um telefone ligando, vindo de alguma caixa de som escondida nas paredes.

- Oh... Olá... Mettaton - A voz era de Napstablook, Frisk reconheceu no instante. Vagas lembranças do Mettaton de seu universo vieram a sua mente, as ligações no final da batalha, ele se lembrou de que... - Eu realmente odeio seu show. - Frisk sentiu um aperto no coração, não se atreveu a olhar para Mettaton. - É o maior lixo sem sentido da TV. Ver você na tela me deixa com raiva. - Frisk reuniu coragem para encarar Mettaton. O robô estava imóvel, com uma expressão carregada de choque, tristeza e desespero. - Então eu acho esse é o ultimo episódio? Graças a deus. - A expressão de Mettaton foi ficando mais triste e desesperada a cada palavra. -... Então você vai apertar esse botão ou o que? Eu estou ficando entediado. Como de costume, pra falar verdade. - O dedo de Mettaton tremeu sobre o botão. - "Mas da uma olhada nessa audiência!", meu deus. A audiência só quer te ver morto... Ah, esquece, eu sei que você não vai ter os culhões para fazer isso. -

- Espera... - Mettaton disse. - Mas...! - E o telefone desligou. Frisk se sentia ainda mais culpado, e triste por Mettaton. - N-não! Tem mais ligações! Eu vou atender!

- Você é provavelmente a coisa mais chata da televisão

- Sério, vai logo!

- Eu acho que você nem vai fazer isso

- Que perdedor!

- Pelamor de deus, para de drama.

- SÓ APERTA A DROGA DO BUTÃO, MEU DEU!

- Finalmente acabou essa droga de MTT

- Eu odeio seu show.

- SE MATA SEU IDIOTA!

Foi uma chuva de gritos vindos da caixa de som. Quando terminaram, Mettaton estava paralisado, com o olhar turvo, e tremendo.

- Eu te disse. - Uma voz ecoou dentro da cabeça de Mettaton. - Seu lixo imundo. - A outra alma sussurrou. Mettaton olhou para cima, para um dos holofotes que ainda funcionavam, enquanto os buracos das suas pernas e seu braço ainda faiscavam, e gargalhou, e depois chorou, e gritou. A outra alma continuava gritando insultos na sua cabeça. A sanidade de Mettaton desapareceu, e este apertou o botão com força, antes que Frisk tivesse tempo de fazer qualquer coisa.

Mettaton explodiu, lançando pedaços de metal e cinzas para todos os lados. Frisk recuou e tentou se proteger com seu braço.

Uma luz veio da porta por onde Frisk havia entrado. Alphys fitava a mancha escura no chão, onde antes estava Mettaton.

- Patético. - Foram as únicas palavras da cientista, com a luz do holofote sendo refletida nos óculos dela. Alphys caminhou até Frisk, que tremia de medo e culpa, e pelo impactante que havia sido o que ele acabara de ver. - Vamos humano, por aqui. - Alphys caminhou até a saída da sala, a labareda de fogo já se havia dissipado, tornando livre a passada. Alphys olhou séria para Frisk. - Eu disse para você vir, você é surdo? - Frisk se levantou ainda meio receoso, e se aproximou de Alphys. Ela se virou para a porta e continuou caminhando. Frisk ainda se deteve para contemplar os destroços de Mettaton. Alphys também olhou. - Ele é só um robô. - Ela disse friamente. - Um robô defeituoso. Eu sempre posso fazer um mais eficiente.

A porta levava para um corredor de piso metálico amarelado e de paredes vermelhas. Existiam algumas colunas metálicas enferrujadas nas paredes. Alphys se deteve.

- Eu gostaria muito de ter uma amostra sua. - Frisk se assustou e recuou. - Mas o rei ordenou que as almas fossem enviadas a ele. - Alphys continuou andando, restaurando o silêncio entre Frisk e a cientista. - Os tolos aqui no Underground costumam querer as almas somente para eles, na esperança de atacarem Asgore e dominarem o Underground... Eles esquecem que Asgore possui seis das sete almas humanas que precisa para se tornar um deus. O que uma única alma humana pode fazer contra outras 7? - Alphys continuou caminhando, um sorriso maldoso surgiu no seu rosto. - Você deve estar animado, pensando que poderá passar por Asgore de algum jeito e voltar para sua casa, não é mesmo? - Alphys começou a rir baixinho. No final do corredor, era possível ver um elevador em perfeito estado, não como os outros elevadores de Hotland. Alphys se deteve diante da porta e o abriu, então olhou para Frisk. - Quando Asgore terminar, eu irei me divertir com seu corpo, humano. - Frisk se encheu de determinação.

"*Você pergunta como Alphys pode ter certeza de que você não irá conseguir passar por Asgore"

O sorriso de Alphys aumentou, como se aquilo fosse uma piada.

- Porque eu notei como você evita seguir a lei natural do Underground, a sobrevivência do mais forte, matar ou morrer. - Alphys disse. - E você é fraco demais para mudar de ideia agora e tentar matar Asgore.

"*Você pergunta por que você tentaria matar Asgore"

- Você não sabe, humano? - Alphys se aproximou de Frisk. - A única forma de um humano cruzar a barreira é absorvendo a alma de um monstro. - Alphys segurou o braço de Frisk com força e o empurrou para dentro do elevador. - Se você quer voltar para casa, deve matar Asgore. Então... Game over para você, humano. - Alphys apertou um botão e o elevador se fechou.

O elevador demorou um pouco para subir, e enquanto subia, Frisk teve tempo de refletir no que Alphys havia dito. Ele devia matar mais alguém, ou continuaria preso nesse inferno. Já não bastava com Mettaton? "Não faça isso, humano", Chara suplicou em sua cabeça, "Busque outra maneira". Mas como? Não existia nenhum outro jeito. E também, se Asgore fosse tão mau como aparentava, ele não mereceria morrer? Mas... Isso não o tornaria igual de mau como Asgore?

O elevador finamente chegou ao seu destino e a porta se abriu. Frisk estava agora em uma rua de uma cor desbotada de vermelho, rodeada de muros da mesma cor. Frisk estava sobre as muralhas do castelo.

O humano se encheu de determinação e continuou o caminho, que virava para a esquerda. Logo, o caminho virava para a direita, e seguia pela borda da muralha. Dalí, Frisk conseguia ver a cidade grande. Havia prédios e palácios em ruínas, mas aquele lugar era o mais rico, em comparação com o resto do Underground. Mas parecia muito... Vazio.

O caminho prosseguiu adiante por um tempo, e a paisagem foi interrompida por algumas torres que rodeavam os dois lados do caminho. Diante de Frisk, havia um arco de pedra que levava para o interior do castelo, o qual Frisk adentrou com cautela. Prosseguindo alguns passos, acabou se deparando com uma casa familiar adiante.