Underfell

Capítulo 20 - Vs Mettaton


— Você está tentando me desafiar? – Monster Kid rosnou, olhando para Frisk, a sua frente, em meio à escuridão de Waterfall. Frisk não respondeu, mantendo seu rosto neutro. – Eu vou ser a criatura mais poderosa do Underground, e não quero que exista nenhuma pedra no caminho, você está me ouvindo!? – Monster Kid exclamou, se curvando para frente e mostrando seus dentes afiados. Frisk continuou parado. – Me responde! – Frisk deu um passo para frente, Monster Kid recuou. – Se você não sair do meu caminho, vou ter que te matar! – Frisk segurou o caderno que usava como arma e se preparou para atacar.

Um corte atravessou Monster Kid de cima para baixo, ele arregalou os olhos enquanto se tornava névoa. Undyne apareceu atrás do monstro, seu capacete pendia em sua mão esquerda e na direita estava sua lança vermelha. Seu rosto estava contorcido de ódio. – Humano. – Ela disse lentamente. – Você está tentando me substituir? – Seus olhos se arregalaram e ela apontou com a lança para Frisk. – Você está tentando me substituir!? – Undyne fez uma pausa, então gargalhou. – Eu não serei substituída por um humano! – Ela disse. – E muito menos por um humano morto! – Undyne estava prestes a acertar Frisk com sua lança, mas o humano foi mais rápido, e fez um corte diagonal, atravessando seu peito até sua cintura. A lança de Undyne desapareceu, esta arregalou os olhos enquanto se transformava em névoa. – Vo-você... – Undyne olhou para baixo, suas pernas inteiras já haviam se tornado névoa. – Heh... – Ela murmurou, então levantou sua cabeça e sorriu. Um brilho começou a sair do buraco onde devia estar seu olho esquerdo. – Hahahaha! – As suas pernas começaram a reaparecer. – Você acha que é o único determinado aqui!?

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O elevador de metal se sacudiu quando chegou ao andar numero três de Hotland. O piso havia se transformado em uma plataforma de metal enferrujado, mas que de algum jeito, sustentava o peso de Frisk e Flowey.

O humano seguiu pelo caminho. Ele esperava encontrar a barraca onde Muffet vendia seus doces mais para frente, mas no seu lugar, encontrou somente um cadáver caído no chão. Frisk tampou o nariz enquanto passava pelo morto – um morto de pele esverdeada e rosto completamente negro. Possuía espuma em sua boca, e parecia ser recente.

— Ei, o que é aquilo? – Flowey disse, apontando para a borda do caminho, perto do cadáver. Frisk percebeu uma linha branca, passando quase despercebida naquele lugar. O garoto se aproximou mais, e percebeu que existiam mais linhas como aquela ali, e eram todas teias de aranha. – Isso parece uma teia de aranha bem grande... – Flowey olhou curioso para o humano. – Será que tem a ver com aquela aranha gigante que você encontrou? – Frisk deu de ombros, mas na verdade, ele sabia que sim, e que provavelmente, havia sido ela quem tinha assassinado o homem. Mas por quê?

O piso mais a frente havia cedido, deixando varias plataformas espalhadas aqui e ali. Frisk conseguiu avançar pulando, já que, por sorte, os espaços entre as plataformas não era muito grande. O chão somente voltou a se tornar mais solido depois de algumas plataformas. Mais a frente, duas portas de metal estavam caídas no chão, repletas de poeira, fuligem e teias de aranha.

Logo, o piso de metal foi trocado por um piso de pedra solida, pintada em tons vinho. O ambiente começava a escurecer ali.

— Você está escutando isso? – Flowey sussurrou. O humano olhou para a flor, confuso. – Parecem... Patas. – Frisk olhou para frente, uma construção feita daquela mesma pedra vinho se levantava vários metros acima. Existia uma pequena rachadura na parede, grande o suficiente para que Frisk passasse. O garoto se encheu de determinação e entrou.

A construção era muito escura. Frisk mal conseguia enxergar o caminho a sua frente. Teias de aranha roçavam pelo seu rosto de vez em quando. Ele se sentia vigiado.

O chão começou a se tornar pegajoso. Frisk percebeu que ele estava repleto de teias de aranha, e nas teias de aranha, havia moedas de ouro. Flowey parecia querer falar, mas não sabia o que dizer.

Pouco a pouco, Frisk começou a afundar no chão, que se revelou sendo teias de aranha. Frisk sabia o que estava por vir, e temia sofrer um encontro hostil com Muffet. Subitamente, o humano sentiu como se estivesse sendo puxado para fora das teias, e quando deu por si, estava caminhando na direção da saída daquele lugar.

Tanto Frisk quanto Flowey respiraram aliviados ao pisar do lado de fora daquela construção. Eles se encontravam em uma rua velha e suja, rodeada por um muro de tijolos, e onde ao longe, era possível de se ver vários barracos, formando uma espécie de favela. Existia pedaços de papel grudados no muro a esquerda do humano.

— Aqui é onde moram os monstros de Hotland. – Flowey comentou, apontando para os barracos. Não existia luz alguma ali, e isso fazia com que o cenário inteiro parecesse desolado. – Todos amontoados em barracos improvisados, morrendo de fome ou de doenças... – Flowey balançou a cabeça. – Enquanto o rei se banqueteia no seu castelo. – O humano continuou caminhando, olhando para as construções. Por algum motivo, ele não estava sentindo tanta pena assim do povo. Frisk começou a pensar nos seus pesadelos, onde ele matava todos os habitantes daquele mundo, um por um. O perturbador daqueles sonhos não era o fato dele matar os monstros, mas sim a sensação de já ter visto aquilo em algum lugar, de uma maneira diferente.

Então, Frisk parou, e empalideceu.

— Ei, porque parou? – Flowey disse. Frisk estava com seus olhos vidrados, olhando para algum lugar no horizonte, seus lábios entreabertos. Flowey se sentiu inquieto. – Ei, humano...

“*Você não consegue se lembrar”

Frisk começou a suar, e a tremer.

— Se lembrar? Do que? – Flowey estava preocupado, e demonstrava isso em seu rosto. Frisk tentava desesperadamente se lembrar, em detalhes, de seu mundo. Somente lembrava de pequenos pedaços, Mettaton dançando, Asgore ajoelhado, com a mão no peito, chorando. Sua casa na superfície, após a libertação dos monstros... Mas as memórias pareciam confusas, e ele não conseguia se lembrar com detalhes sobre elas.

O humano se ajoelhou, deixando a bota com Flowey no chão, e colocou as mãos nas temporãs, com os olhos fechados, tentando se lembrar. Mas do que ele queria se lembrar? As suas lembranças pareciam somente sonhos agora, não pareciam ser reais. Elas realmente eram reais? Ele realmente estivera em outro mundo, ou só havia conhecido aquele? Aquilo tudo poderia haver sido somente um sonho? Então, Frisk quase conseguiu escutar a voz de Chara, falando algo em seu ouvido, mas ele não conseguiu compreender o que era.

— Humano, você está bem? Humano! – Flowey cutucou Frisk com sua raiz.

Um som metálico chamou a atenção do humano e de Flowey. Frisk se levantou, procurando o que provocava aquele som. A poucos metros de ambos, existia uma construção, já em ruínas, de um buraco na sua parede que servia como entrada, Mettaton saía, com sua tela desligada. Ele parou, vários metros diante de Frisk, e ali permaneceu, estático.

O humano e a flor permaneceram encarando o robô, esperando alguma reação. Nada.

“*Você diz oi para Mettaton”

Mettaton não reagiu. Frisk sentiu um calafrio.

“*Você chama por Mettaton”

A tela do robô ligou, totalmente vermelha. Seus braços tremeram.

— Desculpe, querido. – A voz de Mettaton surgiu mais desanimada do que usualmente. – Eu devo dizer adeus para você... – O coração de Frisk começou a acelerar, sem querer, o humano retrocedeu alguns passos. – Eu gostaria que o show continuasse... Mas eu percebi que isso é inútil... Já que neste mundo... – A tela de Mettaton começou a piscar em vermelho e amarelo violentamente, seus braços metálicos sofrendo espasmos em direções aleatórias. - <É MATAR OU MORRER!> - Os quatro braços pararam, dois virados para cima e dois para baixo, o chão tremeu, e uma plataforma se abriu, debaixo dos pés de Frisk. Abaixo, fogo e lava liquida brilhavam, e o humano estava caindo naquela direção.

Flowey foi primeiro, desapareceu antes que Frisk conseguisse o ver caindo na fogo, mas o humano sabia que ele havia caído ao escutar seu grito. Então, ele percebeu que caía também, e a lava se aproximava rápido, cada vez mais perto. E então parou.

Frisk foi puxado para cima com força e caiu de costas no chão. Uma dor se espalhou pelo seu corpo ao sentir o impacto. A criança viu uma figura esguia pulando por cima dele, e escutou sons metálicos estranhos vindos de Mettaton. Ele levantou a cabeça e percebeu que varias aranhas rodeavam o robô, que agora fugia usando seu foguete. A criança escutou o som de tiros, e percebeu Muffet, mirando em Mettaton com suas pistolas e atirando no robô. Frisk começou a sentir o mundo rodar, e então, tudo ficou escuro.