Underfell

Capítulo 10 - Vs Dummy


Frisk se sentou encima de uma das plataformas de madeira de pernas cruzadas e começou a se concentrar. Flowey parecia curioso e confuso ao mesmo tempo.

— Ei, você não me contou o resto. – Flowey disse. – O que você vai fazer?

“*Você diz para Flowey que descobriu um jeito de voltar para casa, mas que precisa se concentrar”

Flowey se calou, olhando atentamente para Frisk. Frisk fechou os olhos e começou a se encher de determinação.

“Se mantenha determinado”, as palavras soavam em sua mente, “você não pode desistir agora”, ele somente havia tentado voltar para seu save sem morrer uma vez, durante a batalha contra Asriel, e havia fracassado, pois Asriel tinha eliminado seu save.

Ele achou a tela de inicio, o botão de “continuar” devia estar ali, e a ultima vez que ele havia salvado tinha sido na casa da verdadeira Toriel, na superfície.

“Escolha seu nome”, apareceu a sua frente, e Frisk tremeu.

Seu save havia desaparecido, não existia forma de voltar para sua verdadeira casa.

Frisk retornou o mais rápido possível para waterfall, e abriu os olhos rapidamente. Flowey ainda olhava para ele, curioso.

— O que aconteceu? – Flowey disse. Frisk sentia que estava começando a chorar outra vez, de frustração e desespero. – Ei, o que foi carinha? – Frisk negou com a cabeça.

“*Você diz para Flowey que não tinha usado o save para saber sobre Onionsan”

— Isso você já disse. – Flowey respondeu. – Mas não me contou ainda como foi que você sabia daquilo. – Frisk respirou fundo e olhou para Flowey.

“*Você diz para Flowey que você é de outro mundo”

Flowey ficou encarando Frisk por alguns segundos.

— Olha, eu estou tentando te levar para a superfície, criança. Eu sei que você não é daqui... – Flowey começou a dizer, mas Frisk interrompeu a flor.

“*Você diz que não é isso. Você é mesmo de outro mundo, e já havia conhecido Toriel, Sans, Papyrus, e todos os outros em seu mundo”

— Que...? – Flowey não havia entendido.

“*Você diz que no seu mundo, tudo era ao contrario. Toriel era uma mãe amorosa, Sans um cara engraçado e preguiçoso, Papyrus um esqueleto que, mesmo sendo um pouco convencido, possuía um grande coração... Mas você foi parar nesse mundo estranho da noite para o dia, onde tudo era diferente”

Flowey continuou encarando Frisk, sem palavras.

— Eu acho que... – Flowey murmurou. – Eu não estou entendendo... De outro mundo? Como assim?

“*Você diz para Flowey que também não entende muito sobre o que aconteceu, mas que de algum jeito veio parar no mundo errado”

— Isso está cada vez mais confuso. – Flowey concluiu. – Mas acho que entendi... Só não sei se consigo engolir tudo isso.

“*Você diz para Flowey que ele precisa acreditar em você, você não mentiria para ele”

— Eu acredito. – Flowey disse, rapidamente. – Só acho que é algo muito difícil de... Pensar... – Flowey olhou para seu reflexo na água. – Um mundo onde todos são pessoas legais? Parece um paraíso. – Flowey voltou olhar para Frisk. – Eu tenho pena por você ter ido parar aqui.

“*Você diz para Flowey que vai achar um jeito de voltar, e vai levar Flowey com ele.”

— Ei, vai com calma. – Flowey respondeu. – Essa historia toda ainda é nova para mim, eu não sei se quero ir para outro mundo, por melhor que ele seja. – Flowey ficou em silencio por alguns segundos. – Garoto, você disse que todos lá eram legais, exatamente o contrario do que eles são aqui. – Flowey olhou bem no fundo dos olhos de Frisk, parecia preocupado. – Como eu era lá? – Frisk empalideceu, se lembrando da gargalhada maligna do outro Flowey. A flor percebeu o medo nos olhos de Frisk. – Eu não acho que eu devo saber... – Flowey murmurou, afastando o olhar. Frisk caminhou e se sentou ao lado de Flowey. – Ei, amigão, eu vou te ajudar a voltar para seu mundo, ok? Nós vamos dar um jeito. – Ele disse. – Se mantenha determinado. – E foi isso que Frisk fez.

Frisk e Flowey continuaram suas jornadas pelo lixão. O lixo estava maior que das outras vezes, mas agora parecia que havia mais lixo do que antes, e um forte fedor à carniça.

O humano e a flor passaram por uma capa de anime gore amassada boiando na água, por um CPU de computador partido pela metade, por uma caixa contendo comida estragada, e finalmente viram a saída daquele túnel.

— Ei! – Frisk e Flowey ouviram antes de conseguir chegar à saída do túnel. Atrás deles, um manequim de testes, um “Dummy”, estava parado, virado na direção de ambos. O Dummy pareceu afundar debaixo d’agua e apareceu diante deles. Ele possuía dois olhos brancos grandes, que olhavam com curiosidade para Frisk, debaixo deles, um nariz grande e debaixo deste uma boca pequena. O torso do Dummy era partido pela metade, com pedaços de algodão caindo da parte superior do dorso. – Quem são vocês?

— Nós não queremos problemas, nos deixa passar. – Flowey respondeu rispidamente.

— Eu também não quero problemas. – Dummy respondeu. – Por isso não vou deixar vocês passarem sem me darem a minha informação. – Flowey bufou e olhou para Frisk, então depois para o Dummy outra vez.

— Eu sou Flowey, a flor, e este é meu amigo monstro, Ness. Deixa a gente passar. – Dummy olhou desconfiado para os dois. Frisk achou criativo o nome que Flowey havia dado a ele, aquela flor pensava bem rápido.

— Vocês acham que eu sou algum bobo? – Ele disse com um tom ameaçador. – Eu sei que esse garoto é um humano. – Flowey arregalou os olhos.

— Olha...

— Ah, eu acho que vocês estão desconfiados comigo, não é? – Dummy disse, agora mais calmo. – Calma, eu não vou machucar ninguém, só quero ter certeza que não estou deixando uma vitima de Undyne em potencial sair por aí tranquilamente. – Frisk ergueu uma sobrancelha e olhou para Flowey. – Não recomendo que vocês passem por este caminho. O lugar onde Undyne dorme fica logo ali na frente, e ela pode estar lá agora mesmo. Voltem por onde vieram e procurem outro jeito de passar. – Frisk hesitou.

“*Você diz para Dummy que vocês não têm por onde voltar, porque caíram lá das plataformas de madeira”

Dummy refletiu por um momento, flutuando de lá para cá.

— Eu tive uma ideia, sigam-me. – Ele saiu flutuando na direção oposta a entrada, de volta para o lixão. Frisk estava desconfiado do boneco.

“*Você pergunta para Dummy porque ele está ajudando vocês”

— Eu não ajudaria em condições normais. – Dummy disse. – Eu só quero viver minha vida em paz aqui, mas aquela inútil da Undyne matou meu primo quando este estava tentando ir viver nas ruínas dentro de um manequim. – Dummy parou em frente a um monte de lixo e começou a levantar coisas com seus poderes de telekinesis. – Eu estou de saco cheio do governo horrível de Asgore, e o meu primo foi à gota d’agua. Eu não tenho motivo nenhum pra ajudar o reino... Aham! – Dummy levantou uma cartola elegante e uma barba postiça. – Aqui, coloca isso. – Frisk pegou a cartola e a colocou, então Dummy pôs a barba postiça de um jeito que fez a cara de Frisk parecer a de um urso. – Não é o melhor dos disfarces, mas vai te ajudar a passar por Undyne, pelo menos.

— Ei, obrigado pela ajuda. – Flowey disse.

— Ta, de nada, eu acho. – Dummy disse, e saiu flutuando de volta a saída do lixão. – Vocês vêm ou não? – Frisk o ouviu dizer, então correu na direção de onde ele estava.

Os três atravessaram a abertura e chegaram a uma zona onde existiam três caminhos ao norte, um ao leste e outro ao oeste. Existia um buraco com água amarronzada no centro do lugar.

— Bem, vocês devem seguir pelo caminho da direita. A primeira entrada é onde fica o esconderijo de Undyne, a segunda entrada tem uma casa meio barulhenta do lado de uma casa abandonada e a terceira é uma fazenda também abandonada. – Ele disse. – Andem logo, antes que Undyne chegue.

— Obrigado outra vez, parceiro. – Flowey disse. – Estamos realmente gratos.

— Ta, ta, mas anda logo, porque... – Gotas vermelhas cairam sobre a cabeça do boneco, que começou a emitir fumaça. – O que é isso? – Uma chuva de gotas vermelhas caíram sobre Dummy, e este gritou de dor enquanto sua cabeça derretia. Este, ainda vivo, voou em direção do lixão, gritando. Napstablook estava flutuando logo acima de onde antes estivera Dummy.

— Oh... Eu atrapalhei a conversa de vocês... – Napstablook descendeu e ficou cara a cara com Frisk, que estava em estado de choque com o que acabara de ver. – Vocês pareciam estar se divertindo... Eu odeio isso... Como vocês conseguem nesse lugar entediante e eu não? Oh não... – Napstablook não havia reconhecido Frisk por causa da “mascara”, então o fantasma começou a desaparecer lentamente.

— Nossa... – Flowey murmurou, de olhos arregalados. Frisk ainda estava em estado de choque. – Criança, é melhor a gente sair daqui o mais rápido possível. – Frisk não respondeu, se lembrando da cabeça de Dummy derretendo. – Criança! Acorda! – Frisk piscou e concordou com a cabeça, correndo em direção do caminho da direita.