Uncursed

Sussurre na concha.


Branca de Neve não sabia como iria reunir todos os seres que Rumplestiltskin disse para sua guerra contra Malévola e Cora. Sabia que teria que falar com Chapeuzinho Vermelho e Ariel, assim como seus respectivos iguais, mas não fazia ideia de onde encontrar Ariel ou qualquer outra sereia que fosse, por isso estava agora com a Fada Azul, perguntando o que faria. As duas estavam no salão principal de reuniões do castelo, enquanto Encantado, Phillip, Aurora e Mulan esperavam do lado de fora.

– Branca, o Ruplestiltskin não é confiável. – falou a Fada.

– Mas é nossa única esperança, Fada. Por favor. – fala Branca de Neve, com toda a sinceridade que pode pegar no momento.

Se havia algo de que a Fada Azul entendia era de esperança, pois sua vida tinha a ver com isso, afinal, fora designada a realizar a esperança dos seres da Floresta Encantada. Foi a esperança de Gepetto que a fez da a vida a Pinóquio, e foi a esperança de Zangado (então “Sonhador”) de seguir seus sonhos que a emocionou como nunca havia antes. E agora, via a esperança nos olhos de Branca de Neve, quando pensava e insistia no pensamento de um futuro melhor para a Floresta Encantada. E isso ela não podia negar, por mais que viesse de uma fonte que ela não julgasse confiável.

– Está bem, mas terá que arcar com as consequências de acreditar no Rumplestiltskin. – fala a Fada.

– Eu irei. – fala Branca

– Certo. Você terá de achar uma concha do mar, que faz com que você possa se comunicar com uma sereia. Então, sussurre o nome dela e diga quem a chama, e ela virá a você.

– Obrigada, Fada, muito obrigada. – agradece Branca, saindo do salão principal do castelo ao encontro de David, Aurora, Phillip e Mulan.

Branca ainda está desconfiada de Mulan, assim como Encantado; ainda por cima depois de ouvirem sua história de como se fingiu de homem para lutar em nome do velho pai em uma guerra. Mas nem Branca de Neve nem David tinham tempo para se preocupar em se prevenir contra uma guerreira oriental que termino mostrando-se disposta a dar a vida para defendê-los.

– Então, o que ela falou? – pergunta Encantado.

– Temos que chama-la através de uma concha. – responde Branca.

– Como é? – fala Aurora, indagando o porquê de tal coisa incomum.

– Exato. – fala Branca. – O Reino Marítimo nos aguarda. Temos que chegar, falar com o príncipe Eric, explicar a situação, e depois procurar Ariel.

– Mas, você tem certeza que ele vai aceitar o fato da mulher que ele se apaixonou antes de sua viagem ao mundo ser uma sereia? – pergunta Phillip.

– Eu sei que vai. – fala Branca. – Existe uma coisa boa no príncipe Eric.

E assim se foram. Partiram o mais rápido possível do castelo para pegar a carruagem em direção ao litoral, ao Reino Marítimo, onde pediriam ajuda de Ariel e príncipe Eric, que havia acabado de regressar de sua expedição ao redor do mundo, para ajuda-los a derrotar as forças do mal de Malévola e Cora.

. . .

O Reino Marítimo estava em festa. Colorido, feliz, por conta do regresso do príncipe Eric após um ano viajando pelo mundo. O tal príncipe é muito querido no Reino, dedo o fato de que é um dos poucos nobres que de fato se importam com o povo. Mas Branca de Neve, Aurora, David, Phillip e Mulan não tinham tempo para comemorações. Tinham que achar o príncipe e em seguida, Ariel.

Desceram da carruagem em frente ao castelo, e se depararam com dois guardas em frente a um grande portão.

– Ótimo. – fala Aurora. – E agora, como vamos entrar?

– Do mesmo jeito que eu e David entramos em seu castelo. – fala Branca, andando em direção ao portão.

– Quem vem lá? – pergunta o guarda.

– Branca de Neve e Príncipe Encantado, do Reino Central; Princesa Aurora e Príncipe Phillip, do Reino Noroeste; e a guerreira Mulan. Viemos dar as boas-vindas ao príncipe Eric após este ano viajando pelo mundo.

Assim como no castelo de Aurora e Phillip, o guarda fez posição de sentido, e pareceu nervoso na presença deles, falando:

– Sim, altezas, sigam-me.

– Eu disse que funcionava. – diz Branca de Neve para Aurora.

Aurora, pasma com a situação, fala para Phillip:

– Temos que treinar melhor nossos guardas.

Eles adentram no castelo seguindo o guarda, passando pelo pátio, entrando, subindo as escadas, até chegarem a um quarto alto em uma das torres. E a cena se repetiu:

– Altezas, esperem aqui. – fala o guarda. – Irei anuncia-los.

O guarda vai até a porta, e bate.

– Entre. – ouve-se uma voz masculina.

Assim como no castelo de Aurora, o guarda entra no quarto de Eric e diz:

– Príncipe Eric, eu anuncio a princesa Branca de Neve e o Príncipe Encantado do Reino central; princesa Aurora e príncipe Phillip, do reino Noroeste; e a guerreira Mulan, do Império.

Todos adentram no quarto de Eric, vendo-o deitado em sua cama com roupa branca e calça folgada, sem sapatos.

– Saudações. – fala Eric. – A que devo a honra desta visita?

Branca de Neve espera o guarda sair do quarto antes de falar:

– Viemos saudá-lo, príncipe Eric, após este ano de viagens marítimas.

– Eu agradeço. – fala Eric, se levantando da cama. – Mas sei que isto não é tudo, afinal, ninguém anda quilômetros de carruagem para saudar um príncipe de um reino que nem sequer conhecia. Diga-me, Branca de Neve. O que realmente a trás aqui, junto com todos os outros?

Todos ficaram surpresos com o que Eric falou, mas quem agora começou a explicar foi Aurora:

– Malévola e Cora pretendem começar uma guerra contra toda Floresta Encantada por vingança.

Eric se espanta, e diz:

– O quê?

– Aurora! – fala Branca, olhando para ela de um jeito feio, restringindo-a, mas se vira de volta para Eric:

– Em meu casamento com Encantado, Regina, a Rainha Má do Reino Central, entrou e prometeu acabar com a Floresta Encantada lançando uma terrível maldição que nos baniria daqui para sempre. Mas meu marido a matou, e no enterro dela, Malévola e Cora disseram que iriam se vingar pelo que fizemos a Regina. E a Fada Azul e Rumplestiltskin disseram para procurarmos um exército para lutar esta inevitável guerra.

– Rumplestiltskin? O Senhor das Trevas? – fala Eric. - Mas ouvi falar que a Princesa Ella e o Príncipe Thomas, do Reino Leste, o prenderam.

– Sim, o visitamos em sua cela. – fala Branca de Neve.

– E podem confiar nele? – fala Eric.

– Fizemos um acordo. – fala Branca de Neve. – E ele pode ser mau, mas nunca quebra um acordo.

Eric para um pouco, e fica pensativo por mais ou menos dois minutos, pensando nas consequências de uma guerra para o Reino Marítimo se ele não se preparasse para lutar. E manter aliados pode ser uma coisa boa.

– Está bem. – fala Eric. – Ajudarei vocês, reunirei minhas tropas para treinar para a batalha.

– Ótimo! – fala Branca de Neve, vibrando.

– Mas, tem mais uma coisa. – fala Encantado, assumindo o holofote.

– Sim? – fala Eric.

– Sereias. – fala Encantado.

– Sereias? – Indaga Eric, sem saber do que Encantado estava falando.

– Encantado, melhor eu falar. – diz Branca, colocando David para trás. – Então, príncipe Eric, a algum tempo, pouco antes de sua viagem ao redor do mundo, nós nos encontramos.

– Encontramos? – indaga Eric.

– Sim. – fala Branca. – No baile de despedida que você deu, eu estava com minha amiga Ariel, e ela dançou com você. Ela era ruiva, e acredito que você de fato gostou dela.

– Sim, eu me lembro. – fala Eric. – Eu a chamei para a expedição, mas a esperei por muito tempo, e ela não apareceu. Terminou que fui embora sem ela.

– Sim, de fato. – fala Branca de Neve. – Acredito que Regina fez algo com ela, e por isso ela não apareceu. Ela iria falar com você. Mas a questão não é essa. A questão é que...

– É que...? – Eric pergunta.

– Ariel é uma sereia! – fala Mulan se intrometendo depois de minutos calada.

– Como é? – pergunta Eric.

– Sim. – diz Branca de Neve, mas não censura Mulan. Evita contato com ela, assim com Rumplestiltskin disse. – Ela é uma sereia que o salvou de um naufrágio a dois anos, e é apaixonada por você.

– Mas é claro! – fala Eric. – Eu sabia que a conhecia de algum lugar! Mas ela tinha pernas, eu vi!

– Acontece que uma vez no ano a deusa do mar Úrsula dá às sereias a capacidade de elas andarem na terra por 12 horas caso precisem. – diz Branca de Neve.

– Nossa, uma sereia, como pode ser? –fala Eric. – Agora tudo faz sentido, mas nunca pensei que ela fosse uma sereia.

– Pois ela é. E precisamos de sua ajuda para encontra-la. – fala Aurora.

– Sim, claro. Qualquer coisa. – fala Eric.

– Precisamos achar uma concha. – fala Branca de Neve. – Uma concha do mar, daquelas grandes, difíceis de encontrar.

– Difíceis? – fala Eric, ironicamente. – Já vi que você de fato não conhece o Reino Marítimo, não é mesmo?

. . .

Todos estavam na praia a frente do castelo, andando na areia molhada a qual o mar acabara de bater, e com ele, trazendo uma coisa que eles nunca viram na vida:

Conchas marinhas. Grandes, pequenas, médias. Das mais variadas cores. Um incrível espetáculo de conchas nas areias da praia do Reino Marítimo. Todos estavam pasmos de ver tal espetáculo da natureza a sua frente.

– Mas... Como? – pergunta Aurora, boquiaberta com o que vê.

– Nesta época do ano se combina a época de cheia do mar e da migração dos moluscos, que deixam suas conchas para trás. Então todas elas vêm para cá. – fala Eric.

– Nossa, é lindo! – fala Branca de Neve.

– Mas temos que fazer isso logo. – fala Phillip. – Branca, já sabe o que fazer.

– Sim. – fala Branca de Neve.

Ela se abaixa, pegando uma das maiores conchas que tem na praia, olhando bem para ela com toda sua beleza e perfeição. É, esta seria a concha perfeita para se chamar uma sereia.

– Vamos, sussurre na concha. – fala Mulan, para a surpresa de Branca de Neve.

Branca aproxima a concha de seus lábios, e diz:

– Se a sereia Ariel estiver me escutando, venha até mim. Quem lhe fala é Branca de Neve.

Não demorou nem dez segundos, e Ariel apareceu a alguns metros da praia, dando para ver seu rosto fora da água.

– Ariel! – grita Branca de Neve, acenando para ela. Mal podia acreditar que havia dado certo, ela não tinha muitas esperanças disso.

Ariel tenta falar, mas sua voz não sai. Ela apenas aponta para um cais de madeira que tem próximo dali, dizendo para eles irem até lá.

– O que ela quer dizer? –pergunta Aurora.

– Ela quer que a gente vá para aquele cais. Vamos. – diz Branca, andando por cima das conchas sendo seguida pelos outros em direção ao cais, onde podem ficar mais perto de Ariel.

Ao chegar lá e ver Eric, Ariel sorri de felicidade, e levanta os braços para segurá-lo.

– Então quer dizer que seu nome é Ariel, não é? – diz Eric.

Ela fica vermelha, mas tenta dizer que perdeu sua voz por conta de Regina. Sem sucesso.

– Mas como você não consegue falar? – pergunta Branca de Neve.

– Simples, Regina tirou sua voz. – diz uma voz familiar vinda do fundo.

Todos se viram, e se deparam com a pequena Fada Azul descendo em direção aos seus rostos.

– Fada Azul! – fala Branca de Neve. – Mas, você por aqui?

– Tinha que ter certeza que vocês não iam cair em uma armadilha de Rumplestiltskin. – diz a Fada. – Desculpe ter vindo escondida.

– Nós que agradecemos. – diz Encantado. – mas, e o que aconteceu com Ariel?

– Melhor deixar ela mesma lhes contar. – diz a Fada, balançando sua varinha na direção de Ariel, e fazendo-a se tremer um pouco.

– Minha voz! – fala Ariel. – Obrigada, muito obrigada!

– Não tem de quê. – fala a Fada Azul. – Bom, acho que já os segui muito por hoje. Adeus.

– Adeus! – falam todos.

– Eric! – fala Ariel.

– Ariel! – fala Eric, abraçando-o, beijando-o, e molhando-o.

– Desculpe interromper os pombinhos, mas temos que resolver isso. – fala Aurora, se intrometendo.

– Certo. – fala Ariel. – Regina tirou minha voz, para eu não poder achar o Eric, como um castigo por ter lhe ajudado, Branca.

– Eu devia ter imaginado. – fala Branca de Neve.

– Mas o que os trouxe aqui? – pergunta Ariel.

– Malévola e a mãe da Regina, Cora. – fala Mulan, quebrando seu silêncio. – Elas prometem começar uma guerra, e precisamos da ajuda de você, chamando as sereias para a guerra.

– Sério? Ah, não vejo a hora de me vingar de Regina. Agora pode ser pela mãe dela! – fala Ariel. – Pode deixar, meu pai tem, digamos, uma certa influência para as sereias.

– Que influência? – pergunta Phillip.

– Ele é meio que o rei dos mares. – fala Ariel.

– Então você é uma princesa e não me falou? – fala Branca, sorrindo.

– Sou. – diz Ariel, corando. – Mas eu vou me vingar de Regina, e dessa vez minha falta de voz não me fará desistir. Aquela vadia vai pagar. E Eric, vamos ter nosso final feliz. Nem que eu tenha que matar alguém por isso.

– Nossa, você está vingativa mesmo, não? – fala Aurora, rindo.

– Você não faz ideia. – fala Ariel.

E então, Ariel dá uma cambalhota, adentrando no oceano, e desaparecendo na imensidão azul.