Uncursed

Nada é impossível no País das Maravilhas.


Branca de Neve e Mulan entraram no enorme castelo vermelho e branco decorado com corações de Cora. Com um tom mais negro, o castelo deixava uma sensação de tristeza a cada passo que dava. Uma rainha morar em um castelo tão horrível como esse é uma coisa no mínimo inaceitável. Cora de fato era uma vilã, e Branca e Mulan tiveram certeza disso naquele mesmo momento. Os guardas do castelo de fato olhavam para elas o tempo todo, à medida que passavam. Não se era capaz de dizer as expressões do rosto deles, pois todos estavam cobertos por máscaras. Mas se era capaz de deduzir que todos desconfiavam de alguma coisa.

– Branca. – falou Mulan, no pé do ouvido de Branca de Neve. – Tem certeza que isso é uma boa ideia? Parece que nada acontece aqui no País das Maravilhas sem que Cora saiba.

– Mulan, eu conheço Cora. – fala Branca. – Ela pode ser poderosa, mas nem tanto assim. Ela deve ter alguma fraqueza.

– Você se esqueceu de que ela e Malévola ainda prometem vingança? – fala Mulan – Se ela nos encontrar, provavelmente não dará a mínima para Malévola. Matará-nos em um instante.

– Mulan, nós vamos encontrar aquele chapéu, abrir o portal, e ir embora daqui. – fala Branca de Neve.

– E como você pretende fazer isso? – fala Mulan, pressionando Branca de Neve, enquanto elas entram em um corredor quase vazio.

Mas antes que Branca de Neve respondesse algo, um guarda apareceu andando em sua direção, e parecia querer falar com elas.

– Soldados. – fala o homem que veio em sua direção. – Não deveriam estar aqui. A Rainha de Copas não vos disse que é proibida a entrada nesta ala do castelo?

– Sim senhor. – fala Mulan, interrompendo a possível resposta que Branca de Neve daria, com uma voz de homem perfeita. – Desculpe o incômodo. Não se repetirá. Nos enganamos no caminho.

– É bom saírem daqui antes que ela os decepe. Seriam os primeiros desta semana. – fala o guarda, para a surpresa de Branca de Neve e Mulan.

– Sim senhor. – fala Mulan. – Não se repetirá.

Mulan e Branca saem andando para fora da ala, e quando veem que estão á uma distância razoável daquela ala, conversam, paradas em um canto de uma escada vazia.

– Mas, como você conseguiu imitar uma voz de homem com tanta perfeição? – Pergunta Branca.

– Não ouviu minha história? Eu me disfarcei de homem, o mínimo que eu poderia fazer era saber falar com uma voz de homem. – fala Mulan.

– Mas, o que será que tem naquela ala do castelo? – pergunta Branca de Neve.

– Não sei. Mas não deve ser uma coisa muito boa, para ficar selada. Talvez nós devêssemos ir lá. Talvez seja uma espécie de depósito. O chapéu dela pode estar lá.

– Mulan. – fala Branca, se lembrando de um detalhe que estava em sua cara, porém ela não percebeu. – Cora tem outra maneira de conseguir viajar para a Floresta Encantada, não só com o chapéu! Ela foi ao enterro de Regina. Ela tem que ter algo que possa transportá-la.

– E isso é mais um motivo para nos aproximarmos daquela ala do castelo. – Fala Mulan. – Mas como nós vamos chegar lá? Tem sempre um guarda.

– Eu sei muito bem como chegar lá. – fala Branca de Neve.

– Mas como?

– A arte da distração. – fala Branca. – Vamos. Nós vamos nos disfarçar.

– E como você pretende fazer isso?

– Virando outra pessoa.

– Mas, Branca, isso é impossível.

– Minha querida Mulan. – fala Branca, se aproximando dela. – Nada é impossível no País das Maravilhas.

. . .

Branca de Neve e Mulan de fato encontraram nas redondezas do castelo uma certa flor. Esta flor ela amarela e brilhava como o sol, e ao seu lado, de uma forma bem estranha, estava escrita uma letra de uma canção. Acima, a “Canção da cura e do desejo”. Tal canção não deveria ser capaz de mostrar nada, mas no pergaminho estava escrito que deveria se cantar e fazer um desejo, ou se caso não quisesse um desejo, a flor poderia curar os doentes e feridos.

– Branca. Isso é mesmo confiável? – fala Mulan, segurando o braço de Branca antes de ela começar a cantar.

– É nossa única esperança, Mulan. – fala Branca.

– Você é a rainha. Não deveria fazer isso. Eu me ofereço para fazer um teste na flor. – fala Mulan, agindo como uma verdadeira heroína.

– Mas, Mulan, eu...

– Não. – interrompe Mulan, tirando as vestimentas e a faixa, mostrando seu braço ainda ferido por conta da flecha que o guarda atirou nela. – Eu farei isso.

Neste momento, Mulan pega o pergaminho e começa a cantar a canção:

Brilha, linda flor.

Teu poder venceu.

Trás de volta já

o que uma vez foi meu.

Cura o que se feriu.

Salva o que se perdeu.

Trás de volta já

o que uma vez foi meu.

Uma vez foi meu.

Neste momento, uma espécie de raio sai da flor, e lentamente se dirige ao braço de Mulan, espalhando uma fumaça amarela. Quando a fumaça passa, a feria de Mulan pareceu nem mesmo ter existido. Nem uma cicatriz foi deixada.

– Essa flor é de fato mágica! – fala Branca.

– Nada é impossível no País das Maravilhas. – fala Mulan, lembrando o que Branca de Neve havia falado mais cedo, arrancando um sorriso da própria.

Branca de Neve de fato cantou novamente a Canção do Desejo, pedindo em sua mudança de forma para qualquer coisa que convencesse os guardas. De repente, a fumaça branca se espalhou pelo seu corpo e a fez se transformar em uma linda mulher com cabelos cheios, negros e cacheados. Suas vestimentas mudaram para um vestido vermelho, fazendo que ela parecesse uma mãe.

– Funcionou! – fala Branca, e percebe que até mesmo sua voz mudou.

– Mas tome cuidado, Branca. Não sabemos o quanto tempo isso dura. Temos que ser rápidas. – fala Mulan.

– Certo. – fala Branca, mexendo em seus cabelos cheios e cacheados bem tratados.

As duas foram em direção ao castelo, e ao chegarem lá andaram normalmente. Branca de Neve ficou na parte exterior do castelo enquanto Mulan entrava para ver a ala proibida.

Branca de Neve começou a tirar suas roupas de soldado, deixando soltar seus lindos cabelos cacheados e mostrar sua linda face, capa dez seduzir qualquer homem.

– Rapazes. – fala Branca, e os guardas olham para ela.

É capaz de dizer que eles estão atraídos por sua beleza, capazes de fazer qualquer coisa por ela. Aproximam-se, para cumprimenta-la e conversar com ela totalmente hipnotizados.

Enquanto isso, Mulan se aproxima da ala até chegar ao guarda, com gestos forçadamente nervosos, ela diz:

– Tem uma mulher matando todos no pátio! Todas as tropas devem ir para lá! Por ordem da Rainha de Copas!

O guarda não diz nada, apenas faz posição de sentido e sai correndo em direção á entrada, e posteriormente é hipnotizado pela beleza da mulher.

De acordo com o plano, Mulan solta um som de miado, que ecoa pelos salões do castelo até o pátio, onde é escutado pela atenta Branca de Neve disfarçada desta tão incrível mulher que seduz a todos.

– Com licença. – fala Branca, disfarçada, passando pelo meio dos guardas babões, que abrem caminho para ela.

Branca consegue entrar no castelo facilmente, assim como encontrar Mulan na ala proibida.

– Vamos logo. – fala Mulan, correndo pelo corredor ao lado daquela mulher boazuda que está junto a si.

Ao passarem pelos diversos corredores, chegam a uma porta de madeira velha e desgastada no final de um desses corredores.

– O que será que tem aí dentro? – fala Mulan.

– Só olhando para descobrir. – fala Branca, se aproximando da porta e tentando abri-la, sem sucesso. – Não abre.

– Não tem problema. – fala Mulan, que com sua espada arromba a porta de madeira velha. – Cora deveria melhorar a segurança deste castelo.

Mas Branca de Neve não escutou o comentário de Mulan, só foi capaz de olhar para uma menina com os braços e as pernas presas á parede, pendurada como um bicho. Boca tapada com pano e seus punhos e tornozelos pingando sangue. Não seria capaz de dizer o quanto tempo ela permaneceu ali, mas pode-se dizer que ela não deveria estar ali. Loira e bonita, a menina encantaria mil vezes mais do que a mulher de cabelos cacheados que Branca de Neve se tornou. A menina levanta a cabeça, e parece gritar por ajuda, inutilmente, com o pano em sua boca.

– Vamos ajuda-la. – fala Branca, se aproximando da menina e tentando tirar as correntes que a prendiam na parede. Mas Mulan foi capaz de tirar comente com um golpe de espada cada uma, soltando a menina e deixando-a cair no chão, quase morta. Branca tira o pano de sua boca, e a tenta levantar.

– Obrigada. Muito obrigada. – fala a menina, se levantando com a ajuda de Branca. – Pelo menos eu vi que o bilhete coma Canção da Cura e dos Desejos serviu de algo.

– Bilhete? Então você deixou o bilhete? – fala Mulan. – E como sabe que nós achamos a flor?

– Qualquer um que deseje mudar de forma, o que não é muito incomum aqui no País das Maravilhas, se torna esta moça. Mas temos que encontrar a flor depressa para ela me curar, conversamos depois. Temos que acabar com a Rainha de Copas. – fala a menina.

– Mas ela não tem pistas de onde estamos. Fique tranquila. – fala Branca.

– Ela sempre sabe o que se passa no País das Maravilhas. Só está bolando uma estratégia para fazê-los sofrer mais. – fala a menina.

– Sério? – fala Mulan. – Mas parece que estamos por cima de tudo.

– Ainda não. – fala a menina, andando lentamente pelo quarto e indo até uma das paredes, e empurrando um dos tijolos, fazendo-o cair num túnel grande.

– Mas... –fala Branca.

– Quando eu encontrei a flor desejei sempre ter um plano de fuga que a Rainha nunca desconfiasse. E aqui está o meu. – fala a menina. – Venham, ele vai nos levar para perto da flor.

Branca e Mulan chegam perto da menina, um pouco atrás dela, segurando-a para não cair com seus tornozelos e punhos sangrando.

– Aliás, sou Branca de Neve, e esta é Mulan. – fala Branca, enquanto ajuda a menina a se ajeitar antes de escorregar no túnel.

– Ah, prazer. – fala a menina.

– E qual seu nome? – pergunta Mulan.

A menina se ajeita, e pouco antes de escorregar no túnel, fala:

– Alice.