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Quando voltar pra casa, certamente vou pôr na minha lista de coisas importantes: Da próxima vez que Erick tentar me ensinar a lutar com adversário maior, vulgo Max, não perder meu tempo convencendo Loke a transforma-lo em uma formiga por ter me chamado de baixinho, ate porque nós somos quase do mesmo tamanho.

Mas agora não dava mais tempo não é mesmo? Eu fui arrogante, sim estou admitindo, mas isso não quer dizer nada além de que eu cometi um erro e que agora tenho que reparar agora que estava na pior.

Eu estava preso.

A cela era escura e úmida, o chão era de cimento e a grade escura e enorme, estava meio claro, eu pude ver um corredor á frente, mas nele havia apenas as paredes cinza e uma porta vermelha nos fundos.

Ouvi o barulho de porta se abrindo e alguns passos, era difícil dizer quem poderia ser, já que tudo era tão mal iluminado.

— Bom muito bom! – Aquele tom de voz fútil e sádico me incomodou imediatamente, eu me arrepiei e me encolhi, então comecei a raciocinar, qual a única pessoa que me assusta?

Neste momento eu a vi, parada na frente da cela, Maira.

Ela passou a chave no cadeado e cuidadosa mente abriu, entrou e fechou, ela me lançou um olhar indefinido e sorriu, a cela podia ser detestável, mas a presença dela me incomodava mil vezes mais.

— Olá meu docinho, não vai cumprimentar a mamãe? – Ela disse se ajoelhando na minha frente, eu me afastei e encostei a parede, ela tocou meu rosto e beijou minha testa, assim como a duquesa fazia, mas ela não era a duquesa e ela não me amava por isso a empurrei pra longe, ela riu de desdém, segurando meus ombros com força e eu desviei o olhar. — Oh! Allister, você anda muito mal educado.

— Me deixe em paz! – Exclamei evitando encará-la, detesto admitir, mas estava muito assustado, queria meu pai aqui, pra me proteger dela, por que ele tinha coragem de desafiá-la, coisa que eu nunca consegui fazer sem tremer por dentro, ela soltou um dos ombros e com a mão livre começou a acariciar meu cabelo, algo em mim quis chorar, se lançar nos braços dela e pedir pra que ela continuasse, mas eu sei que ela não é assim, ela me odeia e isso nunca vai mudar.

— Não fale assim com a mamãe pequenino. – Ela sorria perigosamente e em sua voz o ódio transbordava. — Olhe pra mim... – Ela pediu, enquanto me puxava e me envolvia em seus braços, eu prendi a respiração e continuei a olhar para o outro lado. — Olhe Allister! Deixa de ser teimoso... Céus, você parece seu pai, é irritante como ele, e estou começando a achar que você é pior.

— Obrigado. – Respondi e ela perdeu a paciência, virando meu rosto á força, eu fechei os olhos, porque afinal teimosia é minha especialidade, ela se levantou e se afastou eu abri os olhos, me levantei e ainda encostado na parede a encarei emburrado. — Te odeio! – Exclamei e ela suspirou.

— Ninguém liga.

— Te odeio! Te odeio! Te odeio! Te odeio! - Ela perdeu de vez a paciência e me deu um tapa, aquilo não deveria ter doido, eu fui um escravo e já passei por coisa pior, não me importo mais com um simples tapa, mas vindo dela doeu e muito.

— Calado, se me odeia ótimo, porque eu também odeio você. – Ela disse com firmeza, se o tapa doeu muito, as palavras doeram o dobro, ela me lançou um olhar de desprezo e saiu da cela. — Allister é sua ultima chance, coopere por bem ou por mal, saiba que temos pessoas em todos os lugares, espiões em toda parte e podemos conseguir qualquer coisa. – Eu permaneci em silencio e ela sorriu. — Ótimo, do jeito difícil é sempre mais divertido. – E assim ela saiu andando e me deixou sozinho, eu comecei a chorar, tudo oque eu sempre quis era que ela me amasse, por isso o ódio dela me abalava, algo em mim ainda tinha esperança, mas eu sabia que era inútil, sem notar acabei dormindo e no outro dia acordei com uma bela de uma dor de cabeça, olhei para minha amada prisão imaginando oque ela queria dizer com o por mal, mas desisti, decidindo que era melhor esperar pra ver.

Mas quando mais eu tentava esquecer oque ela disse, mais preocupado ficava oque seria o jeito difícil? Estava com péssimo pressentimento sobre isso, e uma hora depois, ou oque supus ser uma hora já que meu relógio foi tirado de mim, eu tive a certeza de que meu mau pressentimento estava certo.

Um soldado surgiu e me algemou com uma má vontade típica de funcionários de Copas, como se eu pudesse falar alguma coisa.

— Para onde vamos? – Perguntei quando ele me puxava para fora.

— Não interessa. – Ele disparou impaciente, normal, mas isso nunca me abalou antes, não vai me abalar agora.

— Como não? Você esta me levando a um lugar desconhecido, em que minha vida pode ser colocada em risco, não é como se minha vida fosse assim tão importante para mim, mas tem gente que liga, eu acho...

— Eu não ligo, calado. – Ele mandou sem olhar pra trás e eu apenas o ignorei, continuando a falar sem parar.

— Digo... Tudo bem que minha mãe não se importa, mas imagino que isso é irrelevante não é? É? Olha de qualquer forma, eu sou apenas uma criança carente que não nunca fui amado por ninguém e se esse for o momento da minha morte estou apenas preocupado com oque vai acontecer em como vai ser... Uma criança tem esse direito sabia? – Eu estava quase chorando e o soldado simplesmente me ignorava, maldito insensível.

— Não me diga. – O soldado estava tão indiferente que me deu vontade de mata-lo.

— Não vai me dizer mesmo? – Tentei esperançoso.

— Não e se não calar a boca. – Ele se virou e ergueu a mão em minha direção, eu fechei a cara e depois de dois segundos sorri. — Sua praga. – Ele me empurrou na direção da parede e socou minha cara, eu fiquei sério, mas voltei a falar.

— Você é um péssimo soldado, ou será que ninguém aqui sabe agir sem Ás para comandar, vocês são mesmo fracos, até mesmo eu com oito anos já sabia ser mais profissional que você. – Provoquei e ele me puxou com raiva.

— Não quero lição de moral de um coelho, de um escravo daquele país de quinta. – Ele mal terminou de falar e já saiu me arrastando, eu permaneci em silencio, detestava quando jogavam na minha cara que eu era um bicho de estimação.

Mas é claro que eu não tive nada a ver com a manga da blusa dele misteriosa e magicamente pegar fogo hora ou outra, até porque eu só sei fazer magia do tempo certo? Bem se eles acreditam nisso bom pra eles, vou me fazer de fraco o quanto puder, depois ponho fogo em tudo e fujo esplêndido, o plano ideal para idiotas, sim, mas era o único que tinha.

Paramos em frente a uma porta de ferro gigantesca, que se abriu ao chegarmos perto, e quando passamos por ela, toda a minha determinação e vontade se foi e deu lugar ao desespero, eu tentei correr para o centro da sala, mas o soldado me segurou.

Não podia acreditar, meu grito chamou a atenção de todos, tudo o que eu mais temia no fundo da minha alma, no meio da sala, amarrado pelos braços e pernas, desmaiado no chão, estava Jasper!