Unattainable reality ~ sendo reescrita~

De volta a QUASE 100 % da normalidade!


Alice

Quando abri os olhos a claridade do quarto quase me cegou, então tudo oque aconteceu voltou a minha mente como um flash.

— Ei! – Uma voz animada e alegre me trouxe de volta ao mundo, me sentei na cama e olhei para o lado, uma jovem incrivelmente parecida com Alli me encarava. Alli! Pensar nele me fez querer enfiar a cabeça em um buraco. — Que bom que acordou os outros já devem estar chegando!

— Oque? Onde eu estou? – Perguntei olhando ao redor, a moça sorriu.

— ALICE! – Ches entrou correndo e me abraçou me senti mais tranquila instantaneamente. Finalmente alguém conhecido.

— Acho que ela já entendeu sua alegria Ches! – A duquesa afirmou entrando, e eu sorri ao ver como ela parecia melhor.

— Isso mesmo Erick, vê se não vai sufoca-la seu infeliz. – Sinara exclamou da porta, mas Ches apenas a encarou com um olhar desafiador e me apertou mais, eu ri um pouco e ele me soltou.

— Vocês estão aqui, mas... – Não consegui terminar de formular a frase, mas nem precisei, Ches sorriu e apontou para a jovem estranha.

— Não se preocupe, essa é Lyh, ela e Robin nos ajudaram, são amigos não se preocupe. – Ele disse e eu tentei assimilar a palavra ‘Amigos’, agora que ele tinha me soltado eu podia o encarar melhor, olhar para ele fez com que me lembra-se da cena que vi com Alli antes, senti um nó se formar na minha garganta ao me lembrar dele tão pequeno defendo Alli, mesmo estando ferido, eu nunca conheci nenhum herói, nem sei muito sobre heróis, mas se eu pudesse definir um herói ele seria como Ches, eu sorri para ele, que me olhava confuso e rindo. — Oque foi? – Ele perguntou tentando conter o riso e eu balancei a cabeça.

— Nada, só estou tentando entender tudo oque aconteceu. – Respondi rapidamente e ele pareceu considerar. — Aliás, onde esta o chapeleiro e Alli?

— O Chapeleiro voltou para o castelo e White ainda está inconsciente. – Respondeu a duquesa gentilmente.

— Inconsciente? – Perguntei e logo a realidade me atingiu. — Ele usou muita magia não é?

— Sim. – Dessa vez quem respondeu foi Sinara, ela se aproximou rapidamente e se sentou ao meu lado. — Os dois usaram na verdade. Não sei oque fizeram, mas foi incrível, vocês acabaram com a magia negra em poucos minutos.

— Minutos? – Exclamei deixando escapar um tom de revolta. — Pra mim pareceu horas eu... –Respirei fundo e tentei não pensar muito em tudo oque aconteceu.

— Eu sei... – Sinara começou, com a voz incrivelmente controlada. — Eu realmente sei... E sei que oque vocês fizeram é realmente improvável... Céus aquilo foi... – Ela começou a se empolgar e sorriu. — Aquilo foi demais... Como fizeram aquilo? Oque aconteceu lá?

Senti uma onda de nervosismo querer tomar conta, desviei o olhar, oque realmente aconteceu? Era complicado, eu estava a ponto de enlouquecer e Alli... Oh! Deus! Como posso pensar em encara-lo agora? Eu sorri sem jeito para Sinara e depois de um longo suspiro finalmente decidi.

— Acho que é melhor conversarmos depois, eu... Não quero falar sobre isso agora.

— Tudo bem então. – Sinara parecia um pouco decepcionada, mas compreendeu e acho que não vai fazer mais perguntas sobre isso, pelo menos não agora. Lyh se levantou e pediu para todos darem espaço.

— Ela precisa de tempo para pensar agora. – Afirmou e todos saíram, ela se virou pra mim e sorriu, algo em seus olhos me incomodava, era como se ela pudesse enxergar até a minha alma. — Fique tranquila, logo seu amigo ficará melhor. – A forma como ela falou palavra Amigo me incomodou seriamente.

— Não estou preocupada com isso. – Respondi, virando a cara e perguntando a mim mesma se realmente não estava.

— Sei... – Lyh comentou com o tom vago e incrédulo, eu a encarei por um segundo ela ergueu as sobrancelhas, eu não me controlei e sorri:

— Como ele está? – Perguntei surpreendendo mais a mim do que a ela.

— Bem, eu acho, estava com febre e em péssimo estado, mas agora já melhorou um pouco, talvez pudesse me ajudar, sua presença pode deixar tudo mais fácil.

Eu não entendia oque queria dizer e do nada me vi em uma encruzilhada, eu não queria encará-lo, depois de tudo aquilo, mas... Eu queria cuidar dele, queria ficar ao lado dele... Mas não podia vê-lo da mesma forma, porque tudo aconteceu rápido demais, e principalmente porque eu não sabia oque sentia, Lyh se sentou na minha frente.

— Posso não saber oque esta acontecendo, mas posso sentir sem esforço algum que você esta confusa e assustada, mas também sinto que você tem coragem e amor em seu coração... Sei que tudo pode parecer estranho e confuso, mas acredite você tem um futuro brilhante.

— Como...

— Não sei... Mas você possui uma luz que a difere dos outros, ainda não descobri o porquê, mas sinto que você nasceu para algo bem maior do que imagina. –Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela se levantou e começou a andar na direção da porta. — Espero você lá no quarto ao lado, como disse antes, sua presença pode tornar tudo mais fácil pra ele. – E assim ela simplesmente saiu me deixando mais confusa que antes.

Sem muita alternativa e vontade questionar eu me levantei, se fosse antes certamente eu teria implicado com o jeito que Lyh falou comigo, teria dito que não me importo com All e que não iria ir ajudar só por que ela disse que minha presença seria útil pra ele, mas depois de tudo oque vi, não só do passado da embaixada, nem só do passado de Alli que acidentalmente acabei vendo, mas também do meu passado, algo mudou dentro de mim, não consigo mais agir como a Alice mimada e fútil que vive reclamando, por isso prendi o cabelo com um elástico que Lyh tinha deixado pra mim e fui atrás dela, o único quarto com a porta aberta ficava exatamente ao lado do meu, por isso eu entrei.

Lyh andava de um lado para o outro com algumas toalhas e sorriu ao me ver entrar, assim como o quarto em que acordei esse também possuía duas camas e alguns móveis básicos, ao lado de cada cama se encontrava uma janela, em uma das camas Alli estava deitado, estava inconsciente, só que parecia mais estar dormindo, assim tão quieto ele parecia até alguém calmo e pacifico e não o arrogante metido que era.

— Alice, venha aqui um minuto. – Lyh e chamou ela estava sentada ao lado de Alli e eu me aproximei, ela segurou a mão dele e depois segurou minha, sem notar acabou tocando nos anéis, nesse exato momento seus olhos pareceram perder o foco por um instante.

— Lyh? Lyh! – Eu a chamei, e ela piscou, voltando a realidade. — Está tudo bem? – Perguntei e ela me encarou sem dizer nada.

— É isso! – Ela puxou minha mão e me fez segurar a mão de Alli, depois se levantou, ainda um pouco perdida, eu ia protestar, mas senti um pequeno choque vindo do anel, olhei para minha mão e me surpreendi ao ver que os anéis soltavam um espécie de faísca. — É isso! É você!- Lyh afirmou e eu tornei a encará-la. — Fique aqui, ele irá despertar logo, eu já volto, mas fique ai, fique do lado dele. – E dizendo isso ela saiu do quarto ás pressas, eu estava confusa demais e no momento que ia atrás dele senti Alli apertar minha mão.

Eu me voltei a ele, seus olhos abriam devagar, quando se encontraram com os meus uma onda de sentimentos tomou conta de mim, seus olhos pareciam vidrados nos meus, ele sorriu, mas parecia distante, assim como eu algo nele havia mudado, acho que é uma consequência justa, oque vimos não pode ser apagado de nossas mentes, eu nunca vou esquecer...

— Oque? – Ele perguntou, o tom de voz estava mais tranquilo, seus olhos pareciam perdidos, oque quase me deu vontade de rir, com aqueles olhos vermelhos meio rosados que parecem terem sido feitos para não refletirem emoção, eu nunca, mas nunca mesmo, esperei encontrar insegurança e confusão, e era exatamente assim que estavam agora.

Era estranho porque, pensando bem, quando o conheci ele sempre parecia estar analisando a tudo e a todos e nada parecia poder afetá-lo, mas ai eu o conheci melhor, e percebi que ele era gentil, frágil e até um pouco mimado, ele era corajoso, não porque não tinha medo, mas sim por superá-los, e eu não consigo me afastar dele, assim como não consegui deixa-lo sozinho na embaixada, suspirei cansada, ele que sempre pareceu me odiar, me... Ama? Eu não conseguia entender, mas aquele beijo... Tirou-me da escuridão de um jeito tão feroz, que quase esqueci quem eu era.

— Está tudo bem... Estamos bem, os outros estão aqui. – Eu disse calmamente.

— Estamos bem... – Ele repetiu, como se tentasse se lembrar do que era estar bem, enquanto ele observava ao redor, de súbito ele se levantou eu quase perdi a respiração quando notei que ele estava sem camisa, seus olhos passaram por todo o quarto e pararam em mim tão rapido que quando nossos olhos se encontraram suas palavras voltaram a minha cabeça instantaneamente, “Eu amo você!”, eu desviei os olhos rapidamente e ele deve ter se lembrado disso também já que fez o mesmo. — Acho... Eu... Não acho nada.

O clima entre nós pesou, o ar pareceu ficar mais denso, eu evitava a todo custo olhar para ele, mas ele era tão lindo que quase me senti tentada a ceder, céus oque está havendo comigo, eu o odeio não é? Droga, porque ele tinha que dizer... Achei que fosse me desesperar, até que a duquesa entrou sorridente e correu para abraça-lo, ele sorriu e ela se sentou do outro lado da cama.

— Estava aqui em cima quando Lyh passou correndo que nem um furacão, no começo não achei nada demais, mas quando passei por aqui... Ó céus eu fiquei tão preocupada. – Ela começou a falar e eu me levantei.

— Acho que vou pegar um pouco de água e avisar os outros. – Disse tentado disfarçar. — Vou atrás de Lyh, a reação dela me preocupou.

— Realmente... – A duquesa pareceu pensar, notei que Alli ainda evitava olhar pra mim, e eu fazia o mesmo, pelo menos quase o mesmo, eu me virei e andei rapidamente até saída, quando cheguei ao fim do corredor, quase perto da escada eu soltei um suspiro cansado, era muito pra assimilar, Allister Wate, White Rabbit, me... Ama? E é incrivelmente lindo! Ai Deus, eu não quero e não posso estar apaixonada, não, de novo não.