Harriet se lembra de poucas coisas. Os guardas falaram que Joffrey queria a transferir de casa, então alguém pressionou algo no seu nariz e a fez desmaiar. Agora ela acorda em um quarto diferentes. As cortinas são rosadas, os lençóis da cama são brancos e os travesseiros são em tons pastéis. Tudo no quarto é claro e passa uma tranquilidade extrema. As paredes cor de creme, as portas e o piso branco, o papel de parede floral atrás da sua cama e até uma cadeira cinza clara.

Ela tenta sair do quarto, mas a porta está trancada. Depois do que parecem horas um homem com cabelos grisalhos e olhos azuis chega com uma bandeja de comida para ela. Harriet o conhece, mas ele era bem mais novo antes. Claro, foi há anos atrás.

– Jean-Pierre Kionbach.

– Harriet Archiberz - ele fala, sorrindo. - É muito bom saber que está viva.

– Como você me encontrou?

– Eu tenho meus métodos. O importante é que você está livre daquele monstro.

– Não sei se agradeço. Ele me faria retornar para a minha antiga vida.

– E você acha que vai recuperar o tempo perdido? Doze anos foram jogados fora, Harriet, as suas filhas não são as mesmas crianças de antes. Elas cresceram.

– Eu sei disso, mas o que mais eu posso fazer? Não tenho uma máquina do tempo. Tudo o que eu posso fazer é recuperar o amor das minhas filhas e dele – ela o olha por baixo. - Você sabe de quem eu estou falando. Minhas meninas não podem nem sonhar com isso.

– Acho que é tarde demais.

– Por que?

– Katerina se envolveu com Michael.

Harriet cai na cama e coloca a mão sob o coração.

– Como é que é?

– Sua filha e seu filho se encontravam as escondidas. Joffrey nunca soube, mas fez bem em casar Michael mais depressa. Ele parece estar gostando da esposa.

– Meu Deus... E a minha Katerina. Meu Deus. Eu não...

Ela não sabia o que fazer e nem o que pensar. Quando pensou que seus filhos se envolveriam amorosamente... Ela implorou para Joffrey nunca deixar isso acontecer, mas ele não prestou atenção porque estava ocupado demais planejando a morte de inocentes e comendo prostitutas.

Harriet não sabia se agradecia por Michael ter se afastado da sua filha do meio ou se lamentava pelo coração partido da Katerina.

– Como ela está?

– Nem se machucou. Ela tem outro amor.

– Ela também está gostando do futuro marido?

Jean-Pierre nega com a cabeça.

– Pelo meu filho mais velho, Francis. Quero fazer um acordo com você, Harriet. Você é a rainha, então quando aparecer publicamente logo conquistará o trono para si. Eu quero que você cancele o casamento de Katerina e Erik Le Lëuken e case a sua filha com o meu filho.

– Interesses políticos, eu suponho.

– Eu só quero acabar com essa rixa entre nossos países. Frömming é o maior país do continente, Altulle é o mais rico. Juntos seremos invencíveis.

– Eu causaria uma guerra com Ahnmach. Heinz e Eileen...

– Heinz não irá nos enfrentar. Seremos poderosos demais. Eu tenho vários soldados experientes e ótimos navios. Seja por terra ou por mar os Le Lëuken não nos vencerão. Eu defenderei Frömming como eu defendo o meu país.

– E você não vai querer nada em troca?

– Somente o casamento entre nossos filhos e o seu total apoio político. Você poderá ser livre para ter os seus filhos de volta e também o seu país.

– E como Joffrey fica?

– Ele aceitará os nossos termos, caso contrário será jogado nas masmorras. Morte é algo piedoso demais para ele.

– Eu sinto muito por Alícia. Ela foi a melhor rainha que esse continente já conheceu - Harriet fala.

– Semana que vem fará quinze anos - Jean-Pierre se lembra, mas impede os seus olhos de fraquejarem. - Você aceita as minhas condições?

– Eu não sei, JP...

– Aceite pela sua filha. Katerina ama Francis.

Então Harriet não se importa mais com a guerra que eclodirá. Ela está ao lado dos seus filhos, Joffrey será preso e a sua Katerina estará feliz. Tudo vai ficar bem.

– Eu aceito.

+++

Katerina se dirige até a sala de Joffrey para conversar em particular.

– Você me chamou?

– Acho que não há mais o que adiar. Eu já fechei tudo com a decoração, a imprensa e todo o resto. Só falta o vestido. Quanto tempo você acha que precisa?

– Não sei. Chame alguma estilista e ela mesma escolhe o modelo. Desde que eu caiba no vestido está tudo bem.

– Ótimo. Marcarei a data para daqui quarenta dias. Vou mandar enviarem os convites.

Ela sorri forçadamente.

– Ótimo.

– O que está acontecendo?

– Nada.

– Você pode conversar comigo, Katerina.

– Eu estou bem - ela garante. - Se era só isso, com licença, porque eu pensarei em algo bom o suficiente para o discurso.

Katerina subiu as escadas devagar e encontrou Fabrizio no seu quarto.

– O que você quer?

Ele não diz nada, apenas vem até ela. A ruiva não tem nem tempo de afastá-lo ou dizer algo, porque o moreno pressiona os lábios nos dela. É o beijo mais urgente que ele já a deu. É mais do que desesperado. Está cheio de ansiedade e angústia, como se o mundo estivesse acabando e aquele fosse a última vez que eles se veriam.

Katerina não conseguiu deixar de retribuir. Os lábios macios de Fabrizio a faziam esquecer de todo o mundo do lado de fora, de toda a raiva que ela sentiu dele e de todas as lágrimas que ela derramou na noite passada. Nesse momento ela não se importa mais com nada, desde que ele continue a beijando.

Os lábios de Fabrizio deslizam pela bochecha dela, indo para o seu queixo e descendo para o seu pescoço. O moreno abaixa a manga do vestido dela, pressionando seus lábios molhados no ombro da moça e depois na clavícula. Isso faz as suas pernas bambearem como nunca.

– Eu não me importo se você vai casar ou não - ele sussurra enquanto continua a beijá-la. - Tudo o que eu quero é que nós continuemos a nos encontrar.

– Fabrizio, eu não posso...

Ele pressiona o dedo indicador contra os lábios dela, depois escorrega os outros dedos pela boca de Katerina, passando-as pelo meio dos seios cobertos dela e indo parar na cintura da ruiva.

– Não temos tempo para conversa.

Então ele volta a beijá-la. Com uma das mãos ele ergue a perna direita dela e a coloca ao redor da cintura dele enquanto a pressiona contra a parede do quarto. A mão de Fabrizio percorre desde o tornozelo de Katerina até parar no fio da calcinha dela. Ele a pressiona mais ainda contra a parede, a fazendo enlaçar a outra perna também ao redor da cintura dele. Fabrizio a leva até a cama e a coloca cuidadosamente sobre ela, mas ela se levanta antes que ele volte a tentar outra coisa.

– Ainda não - ela fala. - Estou brava com você.

Ela vê os olhos dele se encherem de raiva, mas logo se suavizaram. Ele sabia que não ia adiantar nada.

– Não foi o que pareceu.

Ela preferiu sorrir em vez de retrucar. Mesmo assim, Fabrizio deitou em cima dela e segurou seus braços, roubando beijos. Katerina ria a cada vez que ele fracassava, mas quando ele conseguia ela não resistia.

Depois disso ele fez cócegas nela, a fazendo ter uma vontade imensa de fazer xixi. Katerina passa pelo banheiro e se joga na cama depois de dois minutos. Ela deita ao lado de Fabrizio e eles ficam se olhando em silêncio por um bom tempo.

– Por quanto tempo mais você vai me enrolar?

– Até eu ter certeza de que você é confiável.

– Então eu não sou digno de confiança? - ele pergunta em tom de brincadeira e recomeça com as cócegas.

– Fabrizio... - ela ri. - Por favor... Para com isso - ela ri novamente. - Para.

– Eu gosto de você, Katerina. Gosto de verdade. Eu não sei mais o que você quer que eu faça.

Que você diga que me ama, ela pensa, mas não diz nada. Prefere que ele fale por livre e espontânea vontade, quando estiver certo disso, e não porque quer levá-la para a cama.