Giotto Taru era um homem bem prestigiado. Ele morou toda a sua vida na Itália, estudou e se formou lá, tornando-se um professor.

Em seus 25 de idade, ele esta em um avião, rumo ao Japão.

Dois meses atrás ele recebeu uma proposta para lecionar em uma escola em Namimori no Japão.

De linhagem nobre, Giotto sempre teve tudo o que quis, mas isso não o tornou um homem arrogante. Ele era doce, gentil e amável. Várias mulheres desmaiavam em sua presença, seu sorriso fazia com que ficassem desorientadas e o seu físico deixava vários homens com inveja. Cabelos louros espetados em todas as direções, com uma franja emoldurando seu belo rosto. De pele clara, olhos azuis como o oceano e um corpo bem estruturado, sem músculos excessivos, completavam o pacote. Ele era perfeito, mais bonito do que muitos modelos por ai.

Giotto sempre desejou ser um professor, e quando a chance para lecionar no Japão apareceu, ele nem pensou duas vezes, logo aceitou. Este era um país que ele sempre quis visitar, sempre o atraiu, a cultura, os costumes, tudo parecia tão incrível e ele estava muito empolgado.

O avião pousou no aeroporto, ele se levantou do seu assento, pegou seu casaco e começou a sair, atraindo vários olhares de muitos homens e mulheres.

Pegou sua bagagem e foi em direção à saída, onde um velho amigo o esperava.

Asari Ugetsu, um japonês que conheceu na Itália na época da escola. Ele, Asari e G eram praticamente inseparáveis. G estava na Itália ainda, mas nas próximas semanas ele também estaria vindo ao Japão e o trio se reuniria novamente. Giotto mal podia esperar por isso.

Avistando seu amigo acenando para ele Giotto abriu um sorriso que tirou vários suspiros e gritinhos das mulheres em volta.

Ele foi em direção à Asari e se cumprimentaram com um abraço de amigos.

“Quanto tempo Giotto!”

“Sim, faz alguns anos já”.

“Só falta o G aqui para nosso trio estar completo.” Disse Asari com uma certa pontada de saudades em seus olhos.

“Então eu trago notícias incríveis!” Giotto falou empolgado chamando a atenção de seu amigo. “G vai estar se unindo á nós nas próximas semanas!”

Asari arregalou os olhos de surpresa e em seguida abriu um enorme sorriso.

“Isso é realmente incrível Gio! Mal posso esperar! Hahaha”

“Sim!” Disse Giotto também sorrindo. “Ele também vai dar aulas em Namimori Ensino Médio, ele vai ser professor de educação física.”

“Hahaha isso é bem a cara dele!”

Asari também era um professor em Namimori, ele dava aulas de música. Giotto seria um professor de matemática.

“Então Gio, vamos indo? Você deve estar cansado da viagem.”

“Sim, sim, tenho uma semana para me ajustar até a data combinada da substituição. Aliás, Asari, você sabe por que o antigo professor vai embora?”

“Parece que ele ia viver na América junto com sua família, ele sempre falava disso.”

“Entendo...”

“Vamos Gio, vamos logo você tem muitas coisas para ver aqui. Sabe, tem um restaurante de sushi ótimo perto da escola, você tem que experimentar! Hahaha”

Giotto sorriu nas ações de seu amigo. Ele havia sentido falta desse jeito descontraído.

Então eles finalmente entraram no carro, ainda conversando sobre assuntos aleatórios, com Asari dirigindo a Mercedes preta.

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Um menino que aparentava ter uns 12 ou 13 anos acordou e olhou para o relógio, ‘06h30min’ ele pensou. ‘Acho melhor eu me levantar e começar a fazer o café’. Ele levantou-se com um pouco de dificuldade, seu corpo ainda doía dos golpes que ele levou de seu irmão ontem. ‘Pelo menos Iemitsu-san não estava de mau humor, se não as coisas teriam sido piores’. Pensou ele. Pegou seu uniforme escolar e foi silenciosamente em direção a banheiro, não queria que seu irmão tivesse alguma desculpa para batê-lo por ter atrapalhado seu precioso sono.

Ele ligou o chuveiro, esperando a água esquentar, enquanto tirava suas roupas, algumas peças ainda tinham manchas de sangue. Ele olhou seu reflexo no espelho e avaliou seu estado. Seu torço tinha vários cortes e arranhões, havia um grande hematoma roxo em seu estomago e um corte na bochecha direita. Seus olhos estavam distantes, sem brilho, com grandes olheiras por causa do cansaço. Seu corpo magro e pequeno para sua idade denunciava sua desnutrição.

Ele então entrou debaixo do chuveiro deixando a água quente relaxar seus músculos tensos. Um silvo de dor escapou de seus lábios quando a água atingiu alguns cortes, mas ele logo se acostumou com a sensação.

Após se limpar, ele tratou e enfaixou seus ferimentos, colocando também um curativo em sua bochecha. Tendo vestido seu uniforme, ele saiu do banheiro, foi até seu quarto, pegou sua bolsa e desceu as escadas. Eram agora 06h50min, seu pai acordaria ás 07h30min e seu irmão ás 08h. Ele ainda tinha tempo suficiente para fazer o café da manhã. Colocando um avental, ele foi até a geladeira, pegou a caixa de ovos e um pedaço de bacon, fez uma omelete com os ovos, cortou o bacon em fatias e fritou-as. Depois torrou algumas fatias de pão e arrumou a mesa para duas pessoas, seu pai e seu irmão.

Depois de tudo organizado e limpo, já eram 07h20min, ele então pegou uma fatia de pão e sua bolsa e saiu de casa antes que seu pai acordasse. A escola só começava 08h30min, mas ele gostava de ir mais cedo. O caminho nesse horário era mais silencioso, ele apreciava isso.

Sawada Tsunayoshi era seu nome, ou Tsuna para encurtar. Ele era o segundo filho do casal Sawada, Nana e Iemitsu. Tendo 14 anos ele era pequeno para sua idade, tinha um corpo fino e fraco, sua pele era um tom de creme, seus grandes olhos castanhos caramelizados mostravam inocência e tristeza, seus cabelos castanho chocolate bagunçado em todas as direções desafiando a gravidade era indomável, com uma curta franja que chega a seus olhos, lábios pequenos e rosados, ele seria confundido com uma menina algumas vezes. Alguns o achariam fofo, mesmo desnutrido e um pouco abatido ele continuava com suas bochechas fofinhas.

Já seu irmão era um ano mais velho do que ele. Hiroshi tinha 15 anos, cabelos curtos e espetados loiros, uma pele bronzeada, olhos afiados em um castanho mais escuro do que de Tsuna, sua estrutura corporal era bem formada, ele tinha alguns músculos e era duas cabeças mais alto do que Tsuna. Tsuna se parecia com sua mãe, Hiroshi mais com seu pai. Hiroshi era bom em tudo o que fazia e era considerado um ídolo na escola. Tsuna não era bom em nada, exceto nos afazeres domésticos, afinal ele era praticamente um escravo para sua família desde que ele tinha 6 anos, isso lhe valeu o apelido de Dame-Tsuna. Todos na escola o chamavam assim, até mesmo alguns professores. Seu pai dizia que ele era inútil, que não queria que ele tivesse nascido e que era culpa dele sua esposa ter morrido. Já seu irmão mais velho era sempre elogiado, tanto por seu pai como também na escola, dizendo como ele era incrível e recebia muitos presentes de seu pai.

Desde os seus 6 anos de idade Tsuna não ganhou nenhum presente. Desde aquele dia onde o acidente aconteceu. O acidente que mudaria sua vida para sempre...

Tsuna saiu de seus pensamentos quando percebeu que ele já estava na frente dos portões da escola. Inclinado contra a mureta era o presidente da Comissão Disciplinar, Hibari Kyoya, considerado como um demônio por muitos, pois ele sempre dizia seu bordão - Eu vou te morder até a morte. – para as pessoas que quebravam as regras.

Tsuna passou pelo prefeito com um leve aceno de cabeça e foi recompensado com um olhar indiferente.

Hibari-san, como Tsuna o chamava, já havia salvado Tsuna várias vezes de seus agressores diários, inclusive de sue próprio irmão uma vez. Tsuna sempre agradeceu, mas o prefeito sempre agiu como se nada tivesse acontecido, e se ele estivesse muito machucado, o mandaria para a enfermaria.

Ele foi andando em direção a sua sala de aula, tropeçando algumas vezes, agradecendo a Deus que a escola ainda estava vazia, perdendo o olhar do prefeito em suas costas enquanto ele se afastava.

Chegando em sua sala, 1-A, ele foi até sua carteira, mas depois viu que ainda tinha algum tempo e resolveu ir até o telhado para apreciar mais um pouco a brisa da manhã.

Ele subiu as escadas, abriu a porta, entrou e fechou atrás de si. Tsuna olhou para o céu azul e um pequeno sorriso apareceu em sua face. Ele caminhou até a grade de proteção, olhou para o horizonte e inspirou o ar puro profundamente. ‘Tão calmo’ ele pensou. Então se sentou e acabou cochilando ali mesmo.