Amy tinha acabado de sair do banheiro, com a toalha sobre os cabelos castanhos. Jake Rosenbloon tinha convidado Amy, Sinead e Dan para assistir ao campeonato de basquete de sua escola. Amy não sabia o que vestir. Na dúvida, achou melhor vestir o jeans de sempre e uma camiseta. Afinal, era apenas um evento esportivo e não um encontro romântico.

Já fazia uns meses que Amy gostava de Jake. Ele também gostava dela. No entanto, Amy namorava Evan. Evan Foi morto durante a luta contra os Vesper. “Morreu por minha causa”, pensava Amy. Por esse motivo, Amy achou melhor dar um tempo antes de começar outro relacionamento. Para ela, era como se Evan ainda estivesse vivo.

A campainha tocou, e Dan correu para atender. Eram Jake e Sinead.

– Entrem, entrem. Amy estava esperando vocês há mais de uma hora. AMY, SEU QUASE NAMORADO E A SINEAD CHEGARAM! – Gritou Dan, para a irritação de Amy. Se bem que ela já estava acostumada com as idiotices de seu irmão mais novo.

– Vamos ou iremos nos atrasar. – Falou Jake, fazendo um gesto para que todos fossem para o carro.

Amy pegou o celular e a bolsa e foi para o carro de Jake. Depois que todos entraram, Amy notou que havia uma mensagem não lida no seu celular. O número era estranho. Quem seria? A mensagem não tinha remetente, apenas dizia: “Urgente: Ian precisa de você”. Amy ficou perturbada. Por um momento ela se lembrou do menino dos olhos cor de âmbar, que ela gostara tanto... Do sorriso torto, que ela lutara tanto para esquecer. Será que tinha conseguido? “Não pense nisso, Amy, não agora. Jake já é suficiente...” Amy pensou para si mesma. Mas agora Ian precisava dela. Amy sabia tudo o que ele tinha sofrido com a perda de Natalie. Ele tinha ido para Londres e nunca mais tinha mandado notícias.

– Amy, você está bem? – Jake perguntou.

– Sim, estou. Por que?

– Nada. Você estava tão pensativa...

– Vai ver ela estava pensando em você – Dan se intrometeu na conversa.

– Dan! Não é nada, eu apenas me distraí. – Disse Amy, corando.

– Okay, chegamos! Desejem-me boa sorte – Disse Jake

– Boa sorte! – Aticus, Amy, Dan e Sinead falaram ao mesmo tempo, enquanto dirigiram-se para as arquibancadas.

O estádio era pequeno, mas estava lotado. Amy, Sinead e Dan se espremeram entre um homem gordo e um menino que não parava de enxugar o nariz. Amy não conseguiu se concentrar na torcida, enquanto todos gritavam freneticamente. O jogo havia começado. Amy tentou ligar para Ian. Caixa postal. Tentou novamente, mas ninguém atendia.

– Amy, para quem você está ligando? Se você não percebeu, Jake não pode atender ligações agora, ele está no campo! – Perguntou Dan.

– Mas eu não estou ligando para o Jake seu idiota! Eu só estou... hã... avisando a Nellie que hoje estou com vontade de comer macarrão, é isso.

– Macarrão? Desde quando você é tão fã de macarrão?

– É que agora eu estou com muita vontade de comer macarrão. Algum problema?

– Não... se é só isso – Dan parecia desconfiado.

De repente, vários gritos ecoaram pelo estádio. Alguns gritavam de comemoração, outros de frustração. Jake, com uma cambalhota de costas, acertou a bola com uma cabeçada, e ela foi direto para a cesta. Sinead estava histérica.

– É ISSO AÍ, JAKE, MOSTRA PARA ELES QUE VOCÊ É O MELHOR!
Vocês viram isso, Jake é o máximo! Ele conseguiu virar o jogo no último segundo com uma cesta de cabeça! – Sinead falou, virando para os irmãos.

– Que ótimo – Amy falou, sem muito entusiasmo.

– Você está tão estranha, Amy... Algum problema? – Sinead tentava ler a expressão de Amy.

– Está tudo bem, ela só quer comer macarrão. – Dan olhou para Amy, como se estivesse esperando que Amy se explicasse.

– Na verdade, acho que o que eu comi de manhã não fez bem, com licença, preciso ir ao banheiro – Amy se levantou e correu em direção ao banheiro antes que os outros fizessem mais perguntas.

O banheiro do estádio era minúsculo e para piorar, não cheirava bem. Mas Amy não tinha um lugar melhor longe de todo o barulho do estádio. Ela discou o número de Ian novamente e, na terceira tentativa ele atendeu.

– A-alô, Ian?

– Amy?

– Sim, sou eu. Eu... estou ligando para saber se está tudo bem.

– Na medida do possível, está tudo ótimo.

– T-tem certeza?

– Estou surpreso, Amy Cahill, não é seu costume telefonar para mim. Há algo mais?

– Algo? C-como assim?

– Não sei, sou eu quem está perguntando. E como está o seu namorado?

Amy corou. Por que o Ian sempre fazia perguntas constrangedoras o tempo todo? Como ele conseguia deixá-la sem graça tão facilmente?

– Jake e eu ainda não estamos namorando... Ainda faz muito pouco tempo que o Evan se foi...

– Ah... sejam felizes então. Mas para que exatamente você me ligou?

– Eu só queria... saber como você estava...

– Pois agora já sabe. Tenha uma boa noite, Amy Cahill.

– Boa noite...

Amy desligou o telefone... Tudo parecia perfeitamente bem com Ian... Porém uma coisa estava anormal. O que seria? O sotaque britânico estava mais forte do que nunca. O sarcasmo em seu tom de voz. Mas algo soava diferente. Sua voz não estava tão firme... Era como se... Se Ian estivesse... Bêbado.