No dia seguinte, ás sete horas da manhã, os irmãos Cahill já estavam de pé. Junto com Hamilton, eles foram até a casa da falecida Sr. Milles, onde ocorreria o velório. A casa era pequena e simples, porém confortável. O marido e os pais estavam reunidos na sala. Milles não tinha filhos. “Pelo menos ela não vai deixar órfãos no mundo” Dan pensou. Eles caminharam até o centro da sala e puderam ver o corpo. O aspecto era terrível. Não parecia um ser humano. No braço do cadáver, havia algo assustador. Eram realmente números feitos com sangue coagulado. Formavam uma expressão numérica:

“5 – 2 = 3 - 3 = 0”

– Dan, você já memorizou a expressão? – Amy perguntou.

– Sim. – Ele respondeu.

– Então vamos embora daqui antes que eu passe mal.

Amy e Dan já viram muitas coisas assustadoras durante a caça ás pistas e á luta contra os Vespers. Eles viram Irina Spasky morrer queimada em um incêndio e Lester, um rapaz que não tinha nada a ver com a busca, morrer afogado atolado em areia movediça. Mesmo assim aquele cadáver provocou nos irmãos um pânico intenso. Quem será que está por trás de tudo isso? O que querem de nós dessa vez?

– Eu não entendo, Amy. O que será que uma expressão matemática tem haver com tudo isso? – Dan perguntou.

– Para mim também não há explicação. A polícia também achou isso. Ainda estão investigando o que está por trás do assassinato. – Falou Hamilton.

– Mas essa expressão quer dizer alguma coisa, eu tenho certeza. E vamos descobrir.

Quando chegou em casa, Amy chamou Sinead, Jake e Atticus para lhes contar as novidades. Nellie e Fiske ouviram boquiabertos.

– Eu realmente não faço ideia do que isso possa significar, crianças – Fiske falou com ar de cansado.

– E eu que pensava que agora finalmente estaríamos em segurança. Que família problemática. Logo agora que eu estou terminando o meu curso de culinária... E eu acho que eu não resistiria ser sequestrada de novo. – Nellie estava realmente preocupada. Da última vez que a família Cahill foi ameaçada, ela quase morreu com um tiro no ombro.

– E o pior, minha cara Nellie, é que agora não são seqüestros, são assassinatos. – Disse Fiske.

Nesse exato momento, a campainha tocou. Sinead, Jake e Atticus entraram. Depois de Amy contar sobre a expressão no cadáver, todos se debruçaram para olhar a expressão que Dan havia escrito em um pedaço de papel.

“5 – 2 = 3 – 3 = 0”

Nenhum deles conseguia encontrar algum sentido naquilo. E tinham que ser rápidos, pois em algumas horas, Amy estaria em um avião para Londres. De repente, Dan ficou pálido. Amy sabia que ele tinha descoberto algo.

Dan? – Ela perguntou.

– Acho que já sei o que isso quer dizer. – Todos olharam para ele – “5” quer dizer os cinco clãs Cahill. “-2” quer dizer que 2 pessoas de cada clã já foram mortas. Restam três clãs. “-3” quer dizer que ele pretende matar ainda três pessoas. Então cada clã teria um de seus membros mortos. Isso deve ser alguma espécie de aviso do que essa pessoa é capaz de fazer!

– Outro psicopata. – Jake pôs as mãos na cabeça.

– Jake, eu preciso falar com você. – Amy falou com Jake em particular – Sinto muito, mas acho melhor você não ir para Londres hoje.

– Por quê? Você não quer a minha companhia, é isso? – Ele realmente parecia indignado.

– Claro que não! Você sabe que não é isso. Mas você tem que tomar conta dos outros, principalmente de Atticus, ele pode estar em perigo também.

– Se todos estão em perigo, por que você está preocupada especialmente com Ian? – Algo mudou no olhar de Jake por um instante. Era impressão ou ela tinha visto um raio de ciúme?

– Por causa da mensagem anônima. Por favor, entenda. – Ele a olhou por um instante, como se estivesse avaliando sua expressão.

– Está bem. Mas você vai só?

– Sim. Dan vai ficar aqui para ajudar vocês a decifrar algum problema. Volto o mais breve possível.

– É perigoso demais, Amy. Não vou deixar você ir só. Você também está correndo risco de vida. E talvez até mais do que todos nós.

– É verdade Amy. É perigoso demais. E eu como irmão mais novo, minha missão é cuidar de você. E te irritar, também, ás vezes. – Amy não tinha percebido que Dan estava ouvindo a conversa atrás dela.

– Sim, acho que vocês têm razão – Falou ela – Vou ligar para o Jonah e perguntar se ele pode emprestar o jatinho dele e cancelar as passagens de avião.

– Tenha cuidado. – Jake já estava começando a ficar insuportável.

Amy deu as costas sem falar mais nada. Quando ela contou a Jonah o que tinha acontecido, ele emprestou o jato na hora.

– Ok, pode ficar fria que eu vou mandar meu motorista aí com o jatinho buscar você.

– Obrigada, Jonah.

Depois de Amy desligar o telefone, Dan a puxou para um canto da cozinha, onde estavam fora do campo de visão dos outros.

– Amy, eu sou seu irmão, e te conheço muito mais do que você imagina. Eu não sou uma criança, já tenho 14 anos. Eu sei por que você quer ir a Londres sem mim ou sem o Jake. Você quer ficar sozinha com o Kabra, não é isso?
– Cl-Claro que não! – Amy falou, corando – A minha intenção é apenas manter a segurança de todos. – Mas na verdade, Amy ainda não sabia bem qual era o motivo dela querer tanto ir para Londres. Talvez fossem as duas coisas juntas. Na verdade, Amy gostava de Jake, mas estava começando a achar que o seu sentimento por ele era de amizade e admiração. Nada mais. E afinal, ela não podia deixar de dizer que Jake era mesmo bonito. Mas o Ian... Bom, o Ian era o Ian... Porém, desde quando Ian a traiu na Coreia do Sul durante a caça ás pistas, Amy tinha prometido a si mesma que nunca mais deixaria que aqueles olhos cor de âmbar a fizessem sofrer novamente. No entanto, agora que Ian tinha perdido toda a família, ele estava diferente. Ele tinha se mostrado confiável nos últimos meses.

– Duvido disso – Dan a encarava.

– Dan, o que aconteceu com você para ficar se importando com essas coisas agora? – Ela se afastou, tentando não ouvir a resposta. Mas mesmo assim conseguiu ouvir.

– Nada. Só sei que, irmão mais novo ou não, eu continuo sendo seu irmão.