Uma noite misteriosa

Capítulo 1: Um começo.


Amy estava deitada em seu quarto olhando seu móbile que representava os planetas, Saturno estava girando lentamente ao redor de Marte. O móbile havia sido presente de Sinead que estava em uma onda de fascinação pelo espaço sideral. Ela suspirou, e olhou para seu quarto, a luz iluminava as paredes azuis e a mobília branca. A garota estava se sentindo desanimada, ansiosa, e vazia, ao mesmo tempo. Dali a duas horas a mansão estaria, com absoluta certeza, muito agitada.

Haveria uma reunião e um jantar com os Cahill, nada de empolgante. Porém, nessa reunião eles discutiriam planos futuros relativos ao destino da família, e a união do clãs contra um inimigo em comum e isso seria extremamente estressante. Isso envolveria ela tendo que se manter calma, e tomando decisões importantes. De volta a agitação.

O local escolhido fora a mansão porque já era de conhecimento dos Cahill a localização desta. Porém algumas medidas de segurança foram tomadas, o complexo sistema de segurança fora desativado em algumas partes e ativado em outras, principalmente nas salas de monitoramento, nas de reunião e nos quartos principais, como o de Fiske. Melhor prevenir do que remediar.

A parte que desanimava Amy era que desta vez, TODOS os parentes próximos deles iam estar presentes, e TODOS incluía os pais de Hamilton que ainda não estavam absolutamente conformados com o fato de Amy e Dan serem Madrigais. Mas o que era realmente irritante eram as insinuações de Eisenhower, e o fato de eles sempre levarem seu cachorro e isso causava muitos problemas com Saladin. Ela se levanta da cama e prende Saladin dentro do closet, ele solta um ruído de protesto.

A parte boa era que Hamilton, Reagan e Madison, também iriam vir. Entre ela e os Holt tudo estava mais ou menos bem: A sensação era a de quando se perdoa uma pessoa mas não se esquece completamente de todas as coisas que ela fez. Na verdade essa era a sensação entre ela, Dan e o resto da família, porque o lema podia estar diferente mas mesmo assim permanecia: Não confie em quase ninguém.

Além disso, sempre havia a questão Ian: Nada de muito interessante havia acontecido entre os dois, Amy já havia perdoado Ian e Natalie, em um certo nível. O problema era ficar muito tempo com eles. Natalie estava mais agradável, menos egoísta. Amy se perguntava se Natalie poderia ter sido uma pessoa melhor mais cedo se ao menos tivesse tido bons exemplos na sua infância. Ian sempre foi uma pessoa de opiniões fortes e caráter já formado, enquanto a irmã parecia estar sempre perturbada por dramas surperficiais e existenciais misturados em uma grande salada de problemas. Tanto um quanto o outro tinham habilidades sociais exemplares, o que facilitava a convivência com eles, porém... Sempre havia uma briga entre Natalie e Dan, e ela e Ian eram obrigados a ficar desconfortáveis tentando separá-los. Tirando isso eles se davam relativamente bem, Amy e Ian, não se falavam muito na maioria das vezes, só conversas casuais. Da ultima vez que ela o vira ele tinha 15. Seu rosto continuava o mesmo, havia mudado só um pouco, mas seus olhos...

Alistair permanecia igual, sempre com sua bengala. Na última vez eles até tinham andado de lancha na praia, em Souch Beach. Eles até tinham ficado na nova casa de Alistair. E nada fora do comum havia acontecido. Daquela vez tudo havia corrido bem. Daquela vez.

Infelizmente, para Amy: Sinead, Ted, Ned haviam viajado para uma conferência sobre nanotecnologia, então não estariam presentes na reunião. Como Alistair estaria lá e eles haviam avisado previamente Fiske, eles puderam dar o fora do programa familiar. Isso também significava que Fiske teve que escolher alguém para ficar cuidando da sala de comando e da sala de monitoramento.

Ela olha para o relógio. Eram 17: 15. Hora de se arrumar para depois receber os convidados. Dan passa rapidamente pela porta de Amy e diz:

—HUUUM. O Sr. Kobra vai vir hoje. - Ele diz e começa a rir.

—A Natalie também vem espertão. - Amy fala e lhe lança um olhar de desdém.

—Isso me lembra, tenho que ir comprar ovos.

—Nem pense em estragar essa reunião com brincadeiras, Nellie e eu vamos simplesmente te esganar.

Amy fala enquanto Dan simplesmente a ignora e vai tomar banho. Aparentemente Dan estava de bom humor, e isso era meio raro. Desde a busca pelas pistas, que havia terminado fazia um ano e meio, ele havia passado a se isolar. Ela acabava se perguntando se a busca havia trazido mais coisas ruins do que boas, mas ela já tinha a resposta para isso.

Enquanto ela toma banho em sua banheira, tentando relaxar, o que é impossível, se pergunta se realmente todos vão vir. Jonah não estava em Londres? Seria legal se ele viesse porque era legal quando ele vinha passar um tempo com eles. Dois meses atrás, na comemoração do aniversário de 17 anos de Jonah, Dan e ele tinham começado a virar amigos próximos. Era meio esquisito o fato deles não conseguirem odiá-lo para sempre.

Na verdade, embora Amy não pensasse muito nisso, era animado quando a geração mais nova se encontrava, havia brigas e discussões, mas também havia diversão. Era bom estar com pessoas da sua idade e desperdiçar o tempoem futilidades, era bom não contar os minutos horas e segundos para um desastre, quer dizer... Isso até um novo problema surgir, porque nós ainda não estamos totalmente seguros. Ela tenta afugentar esse pensamento, sem sucesso.

Praticamente duas horas para se arrumar, talvez esse fosse um ponto positivo da busca: Você podia usar qualquer roupa, e nem se preocupava com isso já que o objetivo era permanecer vivo e inteiro. Parecia uma piada ficar em dúvida entre um vestido azul e um verde sendo que ela havia tido que fazer decisões como ganhar um pedaço de papel ou ganhar um milhão de reais.

O vestido que ela tinha escolhido era um na altura dos joelhos, ele era um pouco justo, a parte de cima tinha mangas e ele era verde escuro. Ela ajeita seus cabelos castanhos avermelhados, e se olha no espelho. A semelhança com Hope, assustava Amy um pouco, mas isso não a machucava mais. A vingança tinha feito mal a todos eles. Amy também achava o formato de seu rosto um pouco parecido com o de Grace e aspirava ter a beleza dela quando era jovem. Talvez o carisma de Grace fosse ainda mais marcante que a aparência, Amy não aspirava só qualidades físicas, as intelectuais sempre foram seu foco.

19: 00. A campainha toca.

—Nellie, a campainha está tocando. - Amy grita. Nellie recentemente havia feito um curso de culinária em Paris, o que havia elevado sua experiência em culinária a um novo nível. Ela havia voltado para casa há pouco tempo.

—Vá atender, garota. Eu estou me maquiando. - Ela responde meio brava. Antes, a casa de hospédes (eles moravam na casa, não na mansão) estava muito vazia. Ter a velha Nellie em casa lhe dava uma ótima sensação, a sensação de que mais alguém se preocupava com ela e torcia por seu bem estar. A sensação de ter pra onde correr. No entanto, em alguns momentos Amy alimentava situações imaginárias com seus entes queridos morrendo por sua culpa ou por consequência das suas ações. Ter Nellie longe de si poderia significar que Nellie estava mais segura. O nome Cahill costumava estar aliado ao conhecimento e a grandes inovações e descobertas mas também parecia levar gente demais para o túmulo. Entre ser egoísta e ser sensata Amy iria sempre escolher a segunda opção.

A campainha toca novamente. Aparentemente alguns convidados chegaram um tanto mais cedo. Fiske havia marcado um horário menos tardio com os participantes da Busca. Com a sua sorte, ela já imaginava quem era. Ela vai atender.