Crowley havia tido um dia maravilhoso no centro de Londres arrumando um pouco de caos e confusão para nada além de irritar muitos humanos, afinal ele ainda era um demônio mesmo que um aposentado. E era divertido ver os humanos confusos.

Agora tudo que Crowley queria era estar a noite toda abraçado com seu anjo macio e adorável.

Assim que parou o bentley na calçada, Crowley já entrou apressado na livraria, ansioso para beijar seu marido.

Mas passando pela porta, foi pego de surpresa pelo caos
que o esperava.
"Mas oque...?"
Havia dezenas e dezenas de pelúcias espalhadas por toda a livraria. E brinquedos coloridos, muitos brinquedos coloridos.
"Anjo!" Crowley chamou confuso.
Na mesma hora, Aziraphale surgiu dos fundos da livraria. E essa visão foi ainda mais chocante do que a livraria cheia de brinquedos. Nunca, em mais de 6000 anos desde que se conheceram, Crowley havia visto seu anjo desalinhado, nem mesmo na masmorra na Revolução francesa, além de exausto.
"Oh Crowley, graças aos céus você esta de volta. Eu preciso que você tome conta do pequeno Willie enquanto eu vou comprar alguns mantimentos para preparar o jantar. Você se lembra de que Anathema e Newt estão vindo conhecer nosso bebê" disse o anjo esbaforido enquanto depositava uma criança nos braços de Crowley.
"Willie, quem...? Aziraphale de onde você tirou esse bebê? Nosso bebê?"
"Oh Crowley, eu não tenho tempo para brincadeiras agora, preciso ir. Céus, tomara que dê tempo de eu me arrumar, me sinto um trapo", e vi meu anjo infeliz sair pela porta.
Olhei para o bebê que me encarava com seus brilhantes olhos dourados e sorrindo e exibindo um sorriso completamente desdentado e molhado de baba. Merda.
"Mas que merda"
O bebê bufou soltando uma gargalhada e inconscientemente me vi sorrindo para o pequeno patife.
"Você parece ser uma coisinha adorável, como meu anjo pode reclamar de você?"
O bebê então sorriu e agarrou meus óculos com força e tacou no chão.
Eu o olhei zangado "Agora isso não é coisa que um anjinho faz"
Como se se transformasse em um capetinha, o bebê começou a se sacudir em meus braços e gritar, mal consegui evitar que ele caísse no chão.

"Qual é o seu problema, garoto?"

E a coisa só piorou.

Eu nunca pensei que uma criança tão pequena poderia destruir uma livraria. Livros rasgados, gramofone quebrado e fórmula de bebê espalhada pelo tapete e cortinas.

Que pesadelo.

Acordei assustado. Que droga de sonho foi esse?

"Crowley, amor, você esta bem?" ouvi a voz sonolenta do meu anjo enquanto sentia suas mãos acariciarem meu braço.

Apertei meus braços ao redor dele "Foi só um pesadelo, eu estou bem."

"Quer conversar sobre isso?"

"Eu estou bem anjo, tudo esta bem".

*********

No dia seguinte, eu sugeri a Aziraphale que uma viagem até Tadfield poderia fazer bem a ele, e ele concordou. Eu esperava realmente que visitar a bruxa desse resultado.

Depois de algumas horas no volante e algumas paradas para o banheiro, finalmente Tadfield.

Em 5 minutos batemos á porta do bruxa e Newt a abriu.

"Nossa, você chegaram cedo. Ana você estava certa. De novo."

"Eu disse" a bruxa disse sorrindo ao se aproximar da porta "Olá vocês dois, entrem. O chá já esta pronto" .

Essa garota me dava arrepios.

*******

"Então, como eu posso ajudar vocês dois?" Anathema disse depois de nos acomodar-mos para o chá.

"Então, bruxa..."

"Eu sou ocultista"

"...Aziraphale tem passado por algumas coisas e estamos preocupados com isso."

"Crowley!" Aziraphale me olhou traído.

"Oque, anjo? eu estou preocupado. Aziraphale tem tido sintomas estranhos e não sabemos oque pode ser. Precisamos de ajuda e hospital e médicos humanos normais estão fora do leque".

Aziraphale suspirou "Eu não queria te preocupar então esta bem".

Apertei sua mão "Eu te amo e sempre vou me preocupar com você, anjo"

Aziraphael sorriu fracamente.

"Sintomas? algo além dos sintomas de uma gravidez normal?"

"OQUE?!"

"Oque?!"

"Como?!"

Anathema nos olhou abismada "Oque foi? vocês não sabiam disso? esta em toda sua aura, fora que você parece esta de pelo menos 6 ou 7 meses de gestação"

Olhei para o chocado Aziraphale que segurava as mãos sobre o estômago estufado. É claro que temos tido muitos jantares e piqueniques, e guloseimas, então é claro que meu anjo estaria engordando mas agora eu percebia que sua barriga era firme e não macia, suas roupas ja não suportavam mais seu novo corpo. Tonturas, enjoos e falta de apetite. Até mesmo seus pés e mãos inchados e desconforto. Eu era um cara tão idiota de não ter percebido essas coisas antes.

"Um bebê? como isso é possível" Aziraphale perguntou em choque.

"Bem, me digam vocês, seres etéreos. Eu consigo ver a aura de Aziraphale e nunca errei com isso antes. Vocês estão tendo um bebê. E eu diria que estão atrasados para montar o enxoval"

"Então, os movimentos que eu tenho sentido..."

"Sim, são os movimentos do bebê."

Aziraphale olhou de Anathema para mim sorrindo ainda em choque "Crowley, você pode imaginar só? Nós vamos ser pais" seu rosto empalideceu "Oh céus, nós vamos ser pais. Eu tenho sido tão indulgente. Eu bebi vinho".

"Não creio que isso vai causar problema nenhum, mas aconselharia a parar imediatamente"

Me lembrei do meu pesadelo na noite passada. Eu não conseguiria dar conta. Que tipo de pai um demônio poderia ser? Eu deixei meu anjo tomar álcool todos esses meses. Nosso bebê nem havia nascido e eu ja era um pai de merda.

Soltei a mão de Aziraphale e me levantei caminhando até porta.

"Crowley? aonde você vai?" meu anjo perguntou com a voz quebrada. Olhei para ele e me arrependi, meu anjo parecia tão magoado.

Forcei um sorriso, ainda confuso "Eu vou apenas tomar um ar. Eu ja volto meu anjo" e saí pela porta do chalé.