Uma vez por ano, Aziraphale fazia questão de limpar cada centímetro da livraria. Ele poderia ser considerado rude por afastar os clientes mas jamais aceitaria a fama de acumulador porcalhão.

Geralmente ele optava por fazer isso antes do natal mas com Crowley e ele casados e com as coisas estranhas que ele sentia nós últimos tempos , ele precisava fazer algo para se distrair então aqui estava o anjo com as roupas menos elegantes já armado com flanelas, vassoura e espanador.

É claro que o anjo poderia fazer um milagre e tudo estaria limpo em segundos mas qual seria a graça? Aziraphale tinha certeza de que isso faria muito bem a sua saúde, talvez até o ajudasse a se ajustar melhor as suas roupas que infelizmente pareciam estar ficando muito justas para serem confortáveis.

Crowley havia saído para fazer algumas travessuras então era o dia perfeito para limpar.

Aziraphale começou lustrando os móveis. Era maravilhoso ver o brilho que seus móveis antigos ainda podiam exibir mesmo depois de tantos séculos.

Depois ele passou a tirar o pó das prateleiras que poderia alcançar do chão, entre um espirro e outro devido a camadas de poeira que se juntou ao longo dos meses.

Aziraphale nunca se arrependeria da quantidade de livros que ele dispunha, mesmo que tivesse que passar horas limpando livro por livro.

Algumas horas depois, a livraria ja estava praticamente limpa e logo Crowley já estaria em casa. Aziraphale gostava de deixar as prateleiras altas por último então ele escada para subir quando de repente se sentiu tonto.

Ele se segurou firme na escada e fechou os olhos, esperando que fosse o que fosse, passasse logo.

"Anjo, estou em casa".

Oh não não não, não agora.

"Anjo? Tudo bem?"

Aziraphale abriu os olhos lhe dando um sorriso amarelo, grato pela zomzeira ter diminuído "Olá querido, sim tudo tinindo"

Crowley se aproximou da escada preocupado "Você parece pálido, tem certeza que está bem?"

"Estou sim, querido" o anjo sorriu descendo lentamente a escada, ainda se segurando firme.

Crowley o olhou desconfiado e ao mesmo tempo preocupado "Talvez você precise descansar, venha anjo, vamos te sentar na sua poltrona favorita. Eu trouxe esses doces favoritos, sente-se e vou arrumar tudo e já trago pra você".

Isso já estava ficando absurdo. Anjos não deveriam ficar doentes, ou assim pensava Aziraphale mas como ele sempre foi o único anjo residente permanente da terra não havia como ele comparar se algo assim já poderia ter acontecido. Mas em 6000 anos , ele nunca havia pego nem ao menos um resfriado, como era possível que agora ele estivesse doente? Será que era uma forma do céu castiga-lo? Será que o inferno faria o mesmo com Crowley?

Seu amor parecia muito bem então talvez fosse coisa só do céu.

Fosse oque fosse, se as coisas piorassem Aziraphale seria forçado a contar para seu amor.

Talvez seu tempo juntos afinal não seria para sempre como eles pensaram.