Pov’s Shirubagai

Após chegarmos na nova cidade era de se esperar que tivéssemos algum tempo para nos habituarmos ou algo parecido, porém nossos pais sempre foram muito rígidos conosco e por conta disso tivemos de ir para escola no segundo dia dentro da nova cidade.

No caminho da escola o clima ficou frio e provavelmente um pouco tenso. Após andarmos um pouco Naomi começou a puxar assunto para quebrar o gelo.

—Vocês sabiam que essa escola é um dos maiores orgulhos da cidade? – Ela falou um pouco agitada em busca de uma resposta.

—Porque? – Eduardo perguntou sem prolongar.

—Pelo visto essa escola leva crianças do jardim de infância até a pós-graduação. Foi o maior investimento do prefeito no ano inteiro.

—Legal, isso significa que vamos estudar nessa escola até a pós-graduação? – Eu pergunto para Naomi.

—É provável. – Ela fala mudando o tom de voz para algo mais brincalhão.

Apesar do assunto morrer rápido, foi um pontapé inicial para “conversarmos” até a chegada da escola, onde nos separamos no final.

Chegando na sala de aula, parecia que estava ocorrendo algo.

—Vem cá Endo! – Um jovem no fundo estava chamando outro que aparentava ser seu irmão. O outro ignorou-o e sentou na frente; vendo o que o irmão fez ele provou:

—Esse é o meu irmãozinho rebelde. – Ele falou em tom de graça e sentou-se ao lado de seus colegas que davam gargalhadas.

—Eu sentei ao lado do menino que estava quieto. Ele havia olhos castanhos claros, cabelos pretos que cobriam um de seus olhos e sua pele era branca, e prestando um pouco mais de atenção ele também havia um alargador em sua orelha esquerda (NOTA: eu estava sentado no lado direito por isso ficava difícil de ver).

Bom, depois de um bom tempo de aula finalmente chegou a hora do recreio (também chamado tempo livre, ou nada).

Sem muito o que fazer no primeiro dia de aula eu tentei puxar assunto com o garoto que sentava ao meu lado.

—Oi. – Cumprimentei-o enquanto chegava.

—...oi?... – Ele então me devolve o “oi” com dúvida. – Eu me chamo Endo... a propósito.

—Shirubagai, mas pode me chamar só de Shiru, e a propósito, quem era aquele cara no fundo que estava te chamando? – Fiz igual a Naomi e logo de cara já puxei assunto.

—Bom, ele é meu irmão... ele gosta de me incomodar..., mas enfim, eu vou ter que ir no banheiro, já volto. – Ele falou se afastando enquanto eu maneava a cabeça.

O recreio acabou passando e depois de subir as escadas percebi que o Endo não havia voltado para a conversa, não posso culpa-lo, deve ser mais difícil para ele.

No final da aula ocorreu tudo bem, como era de se esperar, nós três nos encontramos na saída (Naomi, Eduardo e eu) e andamos até a nossa casa enquanto conversávamos sobre o que havia ocorrido.

—Eu fiz uma amiga. – Falou Naomi, do jeito bobo e meio fofo dela.

—Sério?

—Bom, mais ou menos, ela anda meio desconfiada de mim, mas ainda iremos ser amigas. – Ela mudou o jeito bobo e fofo para um jeito mais determinado e fofo. Se pudesse descrever a Naomi a palavra seria kawaii.

—Bom, então eu acho que estamos empatados; eu também. – Falei de um jeito bobo para zoar a Naomi.

—Aposto que no próximo dia de aula ela já será minha amiga, e você vai perder! – Naomi exclamo, eu somente fiz um sinal dizendo “aposto que sim”.

—E você Eduardo, fez algum amigo? – Pergunto para ele.

—A minha sala é repleta de gente idiota, não pense que eu tenho esse tipo de amigos. – Ele respondeu sem tirar os olhos sérios da calçada.

—Não achou ninguém legal pelo menos? Tipo eu. – Perguntou Naomi fazendo outra cara fofa.

—Igual a você não. Ainda bem, mas tem outra pessoa na sala que não é idiota igual aos outros, mas isso não significa que seremos amigos. E a propósito o nome dele é zoado.

—Você já viu aquela notícia de que: quem não tem parceiro morre mais cedo? Imagina quem não tem amigos. – Eu tento convence-lo.

—Eu não ligo para a expectativa de vida, eu só quero completar a faculdade e começar a trabalhar.

—Nossa que expectativa de vida chata. – Naomi comentou.

Eduardo não respondeu, apenas continuou andando em silêncio até casa, eu e Naomi fizemos o mesmo, isso acabou deixando o clima um tanto pesado.

Chegando em casa fizemos a clássica fila do banho, que funcionava com base na idade, então a Naomi ia primeiro, depois eu e depois o Eduardo.

Na janta nossos pais acabaram puxando assunto, e acabamos conversando sobre o mesmo assunto anterior na janta.

Indo para a cama seguiam novas dúvidas. Sobre muitas coisas na cidade. Lugares, pessoas, atrações e todos os tipos de coisas que ainda poderiam ser descobertas. E eu apaguei.

Continua...