POV Kelsey

Tom ligou-me para que fosse ver se estava tudo bem com Sarah. Por isso eu decidi ir até á casa dela.

Quando entrei vi tudo silencioso e subi até ao quarto dela. Estava a dormir que nem um anjinho apesar de já passar um tempo da hora do almoço. Decidi cozinhar e esperar que ela acordasse.

– Bom dia...- ouvi uma voz ensonada vinda das escadas.

– Bom dia Sarah. Dormiste bem?

– Sim, obrigado por tudo isto...

– De nada

Depois de almoçar eu disse-lhe para se ir mudar e enquanto ela o fez eu lavei e sequei a loiça, coisa que já não estava habituada.


POV Sarah

Depois de estar com Kelsey fui-me mudar mas ai chegar ao quarto o casaco de Nathan chamou a minha atenção, um bolso interior tinha um alto, fui ver o que era. Era uma fotografia de nós na na varanda. Eu cinhecia bem aquela fotografia. Fiquei a olhar para ela muito e muito tempo acariciando e cheirando o casaco, que ainda tinha o perfume de Nathan. As lágrimas começaram a correr quando a ideia da distância começou a percorrer a minha cabeça. Não aguentaria estar assim tão afastada de Nathan.

Decidi que não estava mais certo, teria de falar com Nathan e fazer o melhor para nós.

Mandei-lhe uma mensagem a dizer que precisava de falar com ele. Ficou combinado ele vir até minha casa quando chegasse do estudio.

Quando voltei a descer Kelsey tinha saido já, pois ía aproveitar a ausencia de Tom para visitar a mãe. Eu aproveitei esse tempo e fui fazer a mala. Pensei muito na noite do baile e em tudo que me tinha acontecido e chorei muito enquanto o fazia mas finalmente acabei a mala.

Eram cerca de cinco da tarde quando ouvi a voz de Nathan a me chamar.

– Nathan...- susurrei sozinha para mim mesma e desci

– Olá princesa- disse ele sorrindo e dirigindo-se para me beijar

– Nathan? Por favor não...- pedi interrompendo o que ele ía fazer-só quero falar contigo, e quero que apesar do que o que eu te vou dizer que saibas que eu te amo. E que a vida nos dá muitas surpresas e por isso a minha melhor surpresa foste tu...mas...acho que não dá mais. Não vou aguentar namorar com uma pessoa sem lhe puder tocar.. Acho que é o melhor...

– Sarah? Sarah? Não faças isto comigo por favor...- pediu ele chorando

– Nathan...desculpa..espero que me compreendas e iria adorar ver-te amanhã no aeroporto para te despedires.

Tarde demais, duvido que ele tenha ouvido a ultima palavra, saiu pela porta a chorar que nem um louco. Juro que estava a fazer por não chorar mas bastou ele sair que eu chorei como nunca chorara antes. Vi todo o meu mundo a desabar, parte de mim tinha saido por aquela porta e eu não conseguia entender o que tinha acabado de fazer. Chorei até anoitecer e quando a noite se apoderou da minha casa eu lembrei-me de que eram horas de jantar mas como não tinha fome nem cozinhei.

Estava quase a ir dormir quando alguém bate á campainha.

– Max?- perguntei triste

– Oh pequena...anda cá...- disse ele abraçando-me.

– Fiz uma besteira não fiz? Não devia ter acabado com Nathan daquele jeito- disse entre soluços

– Nenhuma forma iria ser menos dolorosa pequena, por vezes a vida é mesmo assim...faz-nos cometer erros que nem nós mesmos compreendemos. Nathan está magoado mas eu sei que o tempo curará as fridas dele.

– Max...achas que ele quer a corrente de volta?- perguntei segurando na chapa

– Quanto a isso não te preocupes, ele quer estar ao lado de ti a toda a hora e disse que através da chapa já o está a fazer.- respondeu-me.

– Max?

– Diz...

– Não me deixes...não me deixes sozinha esta noite, por favor..eu não quero adormecer..- pedi

– Mas precisas de descançar miuda...

– Preciso, mas se adormecer vou ver o rosto de Nathan e amanhã estarei péssima para me levantar cedo e ir embora.

– Está bem...eu fico contigo.


POV Max

Sentei-me no sofá e ela deitou-se colocando a cabeça no meu colo. Fiquei a olhá-la durante imenso tempo pensando nas aventuras e momentos que ja tivera com ela. Ela não deixaria de ser a minha pequena irmã mas era dificil também para mim, saber que ela ía-se embora.

Tinha demasiados problemas, mas nada comparado á doença que a mãe dela atravessava. Tinha de ser forte e eu tinha a certeza que ela o estava a ser, não só para ganhar a batalha contra o cancro mas também para que Sarah ficasse um pouco menos triste.

Mas vê-la ali deitada...nem parecia que estava no meio de uma guerra tão grande. Era como um anjo cansado depois de um dia agitado.

Vi que ela dormia. Por isso fui ao quarto dela pegar num cobertor e numa almofada. Depois de a aconchegar decidi ir embora.

– Boa noite pequena, que deus esteja do teu lado sempre...- sussurei ao seu ouvido baixinho, para ela não acordar.

Olhei para ela uns ultimos minutos e saí com uma lágrima a cair no canto do olho.

– Que tens?- perguntou-me Tom quando entrei em casa

– Estive com a Sarah...

– Ela está bem?

– Sim...está a dormir...custa tanto Tom...apeguei-me tanto a ela...

– Quem não se apegou? Ela é uma rapariga fantástica.- disse ele

Parei de chorar e comportei-me como um homem no momento em que ouvi barulho nas escadas. Era Nathan, não estava a dormir.

– Olá...- disse ele

– Olá- respondemos

– Bem vou dormir, amanhã quero acordar cedo...- respondi levantando-me.

– Boa noite- disse Tom e Nathan.


POV Tom

Quando Max saiu, Nathan regressou para o meu lado e ficou a olhar para mim muito sério.

– Ele também não está bem com esta história toda, pois não?- perguntou-me

– Não...nem ele nem ninguém...

– A Sarah vai fazer falta nos nossos dias....

– Se vai Nath...se vai... Mas ela agora tem algo sério para tratar. E eu entendo tudo o que ela fez...mesmo o ter acabado contigo. Eu acho que faria o mesmo...

– Pois, eu também acho que faria...- confessou

– Bem, vou dormir, amanhã vou-me despedir dela...

– Eu não- interrompeu-me.

– Tu não? Ela vai ficar triste...

– Eu sei, mas não irei aguentar se for, por favor compreende o meu lado.- pediu

– Eu compreendo. Queres lhe dizer algo ou assim?- perguntei

– Sim, tenho uma carta para ela.

– Eu entrego. Até amanhã.

* * * *

Acordei cedo. Faltavam duas horas para o voo da Sarah. Levantei-me e vi um envelope cor-de-laranja ao meu lado, onde tinha colado um bilhete: Para Sarah, Nathan. Não li, não iria mexer em algo tão pessoal como tinha a certeza que aquela carta deveria ser.

Vesti-me e fui acordar os outros para irmos ter com ela ao aeroporto. Max já tinha saído pois estava a ajuda-la a colocar as malas no carro. Nós íriamos lá ter.

Reparei que Nathan já tinha saído, o mais certo era nem querer estar em casa no momento em que ela saisse á porta para fora.

Quando todos estávamos prontos eu fui buscar a carrinha e quem conduziu fui eu. Chegando ao aeroporto vimos a Sarah sentada numa mala e Max encostado com um pé á parede. O olhar de ambos mostrava tristeza.

– É por isto que não gosto de despedidas...-suspirou Siva dos bancos de trás.


POV Sarah

Quando vi os rapazes a chegar, o meu coração disparou e tive vontade de chorar. Corri para Jay quando saiu da carrinha e abracei-o.

– És um idiota, mas eu adoro-te Jay Bird....vou sentir a falta das tuas parvalhices...- chorei.

– Também vou sentir a tua falta pequenina...- disse ele ficando com os olhos embaciados.

Ficamos abraçados mais uns tempos e depois fui abraçar Siva.

– Adoro-te muito estrangeira...- suspirou no meio do abraço

– E eu a adoro-te a ti também...muito, muito, muito, meu modelito...- respondi

– Nunca te esqueças dos rapazes. - pediu

– Jamais o conseguiria fazer, mesmo que quisesse...

Depois aproximei-me de Tom. Ele tinha sido um dos que eu mais me aproximei, sentia-o tão protector perante mim...assim como Max.

– Isto é para ti... Nathan não conseguiu vir..- disse ele olhando-me triste e esticando-me um envelope.

– Eu já imaginava....obrigado...se não te importas leio depois...- respondi triste.

– Então? Dá cá um abraço piolha...sabes que aqui o irmão adoptado te adora não sabes?- disse ele abraçando-me com toda a sua força.

– Aqui a piolha também te adora Tom... e muito!

– Eu sei que sim...

–Vai doer estar tão longe de vocês...vai doer tanto...- suspirei agarrando os três ao mesmo tempo.

Depois corri até Max.

– Max? Acho que despedir-me de ti vai ser o mais dificil....- disse olhando para as sapatilhas dele, apenas para ter um ponto no chão.

– Porque dizes isso pequena? Sabes que mesmo distante estarei sempre aqui para ti..podes ligar, mandar mensagem ou mesmo voltar quando quiseres...

– Nunca será a mesma coisa...- disse chorando devastadoramente

– Eu sei, mas lembras-te? A vida ás vezes não nos ajuda...eu adoro-te pequena. Tu sabes bem disso, nada vai mudar isso....- disse-me.

– Mas Max...se eu não voltar tão cedo, poderemos ficar anos sem nos vermos...nesses anos tudo mudará...

– Não penses assim, pensa como eu: Se demorares anos, eu estarei na mesma aqui para ti. - disse começando a fumar, algo que nunca fizera ao meu lado.

– Nunca tinhas fumado ao meu lado...-comentei

– Mas incomoda-te?

– Não..

– Não sabias que eu fumava?

– Max? Eu antes era uma fã lembraste? È obvio que sabia que fumavas...

– Sendo assim...


Quando faltavam 20 min para o meu vôo decidimos entrar e pouco tempo depois aquela voz avisou que o vôo partiria dentro de breves minutos.

Abracei todos uma vez mais como se fosse a última vez que eu o faria.

– Devias parar de fumar Tom...- disse abraçando-o - e tu também...- apontei para Max.

– È um mau vicio...mas...

– Eu sei Tom, eu sei, mas fazei um esforço. Isso não vos faz nada bem....

Voltamos a ouvir aquela voz angustiante e eu não podia adiar mais o inevitável. Abracei todos novamente e mais uma vez, e outra e ainda outra.

Depois dei um beijo no rosto de Max e recebi um dele na testa.

– Até já rapazes. O meu coração leva-vos tatuados...

Olhei para trás até quando eles deixaram de estar no meu canpo de visão. Claro que a despedida e as ultimas palavras com eles foram feitas entre rios de lágrimas mas nada comparado á angustia que eu sentia por deixar pessoas tão importantes para trás.

Quando me sentei no meu lugar, olhei para a minha mão, a carta de Nathan ainda estava lá e nesse momento lembrei-me de que não tinha entregue o casado dele de volta."Nathan que vá ao meu quarto. Tenho lá o casaco dele. Desculpem...mas já sinto a vossa falta." escrevi para Siva. Não recebi resposta mas também não me importei.

Sentei-me numa posição bem confortável e abri a carta.



"Sarah,

O meu amor por ti nunca poderá ser calculado. Escrevo-te sabendo que a tua casa estará vazia e eu não te verei mais. Quero te pedir desculpa. Desculpa mas eu não consegui..não consegui ir até ao aeroporto ver-te partir. Espero que compreendas o meu lado assim como eu compreendo o teu. Percebo a tua necessidade de acabar com a nossa "não" relação, embora ainda pense que essa necessidade era desnecessária. Amo-te e espero que compreendas que ver a tua partida seria demasiado para mim . Mas como dizes no teu poema o amor não se escolhe, as despedidas não se evitam e as tempestades um dia acabarão. Espero que estejas certa. Amo-te mais do que aquilo que tu poderás imaginar. Que a minha corrente te deie alegrias e que me deixe estar a teu lado a toda a hora e a todos os segundos.

Espero que a tua mãe melhore e que tenhas tudo de bom.

Até quando voltares.

Com amor, Nathan."

Chorei ao ler cada palavra, mas agora não dava mais para adiar. Estava no avião, olhei para baixo e consegui ver o rio.

– Adeus Londres....Adeus Nathan...- susurrei entre lágrimas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.