Acordo com alguém pulando em mim, com certeza a pior forma de se acordar. Estava tendo um sonho tão bom, tão tranquilo. Não estava sonhando, mas a sensação de estar em casa me fez dormir tranquilamente. Talvez seja a falta de ter meus amigos por perto, até porque em Gold Coast eu já não me sentia em casa. Se meus amigos pudessem ficar seria tão bom, pena que não podem.

— Sério?! Depois de quatro meses é assim que vocês me acordam? — Levanto na cama ainda de olhos fechados e empurro uma delas de cima de mim. Quando escuto o barulho de algo caindo que abro os olhos vendo a Cleo no chão enquanto Nanda e Bella riam ao meu lado. — Não me olha assim você mereceu! — Digo olhando a cara de indignação da Cléo. — Aliás vocês duas — me viro apontando pra Nanda e Bella — deveriam ter tido o mesmo fim que a Cléo, onde já se viu ser acordada em pleno domingo às... — olho em volta em busca de um relógio e avisto um no criado mudo ao lado da cama de Nanda, quando vejo a hora eu quase surto. Me viro pra meninas, acho que estava meio óbvio a minha raiva e indignação, pois as mesmas se afastaram lentamente de mim — Não acredito que fizeram isso! Estava num sono tão bom, porque me acordaram às 06:45. Não é nem sete horas da manhã, quem faz isso num domingo! Eu estou querendo matar vocês agora!

— Eu disse que ela ia surtar! — escuto Cléo sussurrando pra Nanda e Bella. Olho para as meninas com raiva e giro as duas mãos querendo apenas molha-las com a água que estava atrás delas sob a cômoda, mas acabei me surpreendendo com o que aconteceu. Não só eu como as três a minha frente trocamos olhares surpresos.

Olho minhas mãos abrindo e fechando lentamente depois volto o olhar para as garotas a minha frente que olhavam curiosas e intrigadas. As três estavam no chão transformadas em sereias enquanto a neve caía sobre elas. Eu não sabia como havia feito aquilo, mais um item para lista que eu não tenho respostas.

— Não me olhem assim, por que eu nem sabia que podia fazer isso! Mas de certa forma me sinto vingada por terem me acordado.

— Drica você tem que fazer parar, se meus pais entrarem aqui estamos todas ferradas! — Nanda fala e eu me toco que não sei nem como eu fiz que dirá como parar. Estamos ferradas!

— Nanda eu não sei como parar. — A encaro com o olhar suplicante.

— O que você fez com as mãos que começou a nevar? — Bella me pergunta.

— Eu só fiz isso. — Repito o movimento com as mãos e começa a nevar mais forte. — Ai, droga! Quando penso que não dá pra ficar pior...

—Tenta fazer o movimento contrário. — Bella diz e eu faço e logo diminui a neve, repito novamente o movimento contrário e a neve para de vez e eu a olho curiosa.

— Como sabia que ia funcionar?

— Não sabia, mas quando eu quero desfazer o que eu faço com a água eu só faço o movimento ao contrário. — Ela diz e escutamos um barulho no corredor.

Fecho minha mão secando-as e fazendo a neve evaporar, bem a tempo de escutar a porta sendo aberta e a Sra Gilbert colocando meio corpo para dentro.

— Bom dia, que bom que já acordaram meninas! — ela fala enquanto analisa cada uma de nós e corre o olho no quarto. — Se troquem para tomar café da manhã depois vocês sobem para arrumar o quarto antes de irmos. Não demorem! Eu vou acordar os garotos.

Ela nem nos deixou dizer bom dia e saiu rapidamente do mesmo jeito que apareceu. Nos trocamos rapidamente e eu já estava guardando minhas coisas na bolsa.

— É isso? Vamos fingir que nada aconteceu aqui? — minha amiga diz indignada.

— Qual é Nanda?! O que você quer que eu diga? Eu não tenho nenhuma resposta. Até cinco minutos atrás eu nem sabia que podia fazer nevar.

— Temos que discutir sobre isso! — ela rebate

— Se você tiver alguma teoria sobre isso fala que sou toda ouvidos! — Falo e minhas amigas e eu a encaramos com expectativa. Ela abre e fecha a boca várias vezes e por fim acena negativamente com a cabeça.

— Tudo bem depois vemos isso, agora vamos descer antes que a mãe da Nanda suba aqui novamente porque estamos demorando. — Cleo fala e apenas concordamos saindo em silêncio até a sala de jantar.

Chegando lá já estavam todos sentados à mesa tomando o café da manhã. As garotas e eu nos sentamos rapidamente nas cadeiras vagas em volta a mesa. Eu claramente escolhi o lugar mais distante do pirralho, espero passar despercebida.

— Bom dia meninas, dormiu bem Drica? — E lá se vai pelo ralo minha chance de passar despercebida pelo Elliot. O garoto assim que ouviu meu nome sair da boca do pai levantou a cabeça e correu o olho até me ver e sorrir para mim. Eu o encaro e apenas reviro os olhos soltando um suspiro. Tô vendo que esse garoto vai me atormentar.

— Bom dia! — as meninas respondem juntas.

— Bom dia, Sr Gilbert. Dormi bem sim, obrigada.

— Tomem o café de vocês rápido que eu quero passar no mercado antes de irmos, não quero aparecer lá de mãos abanando. — Lisa Gilbert diz autoritária.

Tomamos nosso café rápido e subimos terminamos de arrumar o quarto. Pego só minha bolsa e descemos encontramos todos, praticamente já dentro dos carros. Lisa chamou um taxi e os garotos já estavam lá dentro. E pro meu alivio o pirralho estava no carro que eles alugaram.

— Nanda, você e seus amigos vão na frente de taxi. Elliot vai com a gente no mercado. Então me dá o endereço que assim que terminarmos vamos para a casa que Drica está morando.

Nem prestei atenção em mais nada e fui direto pro taxi. Escutei alguns protestos do pirralho querendo ir com a gente e ainda bem que Lisa é super protetora com ele e não permitiu. Estou livre do pirralho por mais um tempo.

Depois que todos entraram, passei o endereço de Emily para o motorista e logo estávamos na entrada da reserva e mais alguns minutos o taxi parou na casa rustica de dois andares no início da floresta, tão conhecida por mim.

Mal descemos e já topamos com os garotos quileutes saindo da casa a nosso encontro.

— Nossa, eles já estão aqui? — Bella sussurrou para mim.

— Eu disse que eles praticamente moram aqui e não estava exagerando. — Sussurro de volta.

Começo a olhar em volta e vejo Jared e Paul com seu ar zombeteiro de costume. Seth estava mais quieto do lado observando meus amigos. Jake estava com seu jeito brincalhão de sempre. Mas o que me chamou a atenção foi que ao seu lado não estava aquele Embry sorridente e alegre que costumo ver e sim um Embry cabisbaixo e triste. Ele nem se quer me olhava direito, ficava mais era encarado o chão ou os pés não sei ao certo.

Aquilo de certa forma me preocupou. O que será que aconteceu pra deixa-lo assim? Será que aconteceu algo com sua mãe? Acho que talvez ele nem queria me ensinar hoje como disse ontem. É meio egoísta pensar nisso vendo-o assim, eu sei. Mas que eu queria muito aprender a pilotar a moto e de certa forma acabei me acostumando com sua presença sempre ao meu lado.

— Olá pessoal. — Os cumprimentos, mas nem presto atenção neles. Eu estava atenta em todos os movimentos que ele fazia, aliás não fazia. Embry ainda continuava meio afastado dos outros estático, encarando o chão e com o semblante triste.

Fiz menção e ir em sua direção quando ele levanta o olhar e acabo ficando quieta no lugar apenas encarando aqueles olhos castanhos. Ele tinha um olhar confuso e triste, tinha algo mais... dor, sofrimento. Fora que estava na cara que ele tinha tido uma péssima noite, talvez nem tenha dormido.

O que será que havia acontecido com ele de ontem pra hoje que o deixou assim? Por mais que eu não queira admitir, vê-lo assim mexeu bastante comigo. Um aperto no peito surgiu e nem sei como tirar dali. Sinto uma vontade enorme de abraça-lo e conforta-lo seja lá qual for o motivo de sua dor e tristeza.

Meu Deus, o que está acontecendo comigo! Que pensamento e sentimento mais estranhos, desde quando eu sinto empatia pelo sofrimento alheio? Eu hein, devo ter batido forte a cabeça em alguma lua cheia, só pode!

Interrompo nosso olhar quando sinto uma mão nas minhas costas e me viro pra ver quem era.

— Drica, tudo bem? — Will questiona, e quando me viro pra olhar Embry e ele já havia entrado.

— Claro. Vem vamos entrar, quero deixar minhas coisas no meu quarto. Vocês podem nos esperar na sala com os garotos. Vem meninas. — Viro encarando minhas amigas que apenas afirma e me seguem até meu quarto.

— O que foi aquilo? — Bella dispara assim que fecho a porta do quarto.

— Aquilo o quê? — pergunto confusa, o que será que ela viu e eu não.

— Tá brincando né? — Nanda zomba na cara dura — O que foi aquela troca de olhares de vocês?

— Pois é todos que estavam ali percebeu, até aquele garotinho mais novo. — Cléo fala e todas três me olham com expectativa.

— Ah, aquele é o Seth. Ele é irmão da Leah, a amiga que disse que fiz aqui. Ela é bem legal, assim que ela aparecer por aqui eu a apresento a vocês.

— Não muda de assunto! — Nanda exclamou.

— Ela está tentando fugir da conversa. — Bella comenta com as outras que afirma e logo voltam a me olhar.

— Porque não desenrola logo, todo mundo percebeu a troca de olhares entres vocês. Acho que até um cego teria percebido. — Cléo comenta.

— Não sei de troca de olhares nenhuma. Eu apenas vi como ele estava e só queria saber se estava bem, mas nem cheguei a perguntar porque o Will me distraiu e quando eu vi, ele já tinha saído.

— Será que ele está com ciúmes do Will? — Nanda questiona

— Will é só meu amigo. Assim como ele também é só meu amigo.

— É mais... ele gosta de você, esqueceu? — Cléo fala me encarando.

— E nós todas que conhecemos você e o Will, achávamos que vocês tinham algo imagina ele. Ele está gostando de você e quando ele acha que está conseguindo avançar com você aparece um ex-namorado lunático, e uma porrada de amigos. E no meio desses amigos tem um em particular que você demonstra mais empatia do que por qualquer um aqui presente. — Bella fala me fazendo pensar.

— Está com ciúmes Bellinha? — brinco com a mesma — Achei que já tínhamos passado disso.

— Não, claro que não. Só estou dizendo que o Embry esteja com ciúmes por esse motivo. Você e o Will tem uma ligação diferente eu já entendi isso, todas nós já entendemos. Mas ele não conhece você direito e muito menos conhece o Will ou qualquer um de nós, dá um desconto pro coitado. — Bella me encara e eu vou pronta pra retrucar o que ela acabou de dizer, mas ela e as outras me encaram sérias. O que quer dizer que elas estão falando sério sobre o Embry estar com ciúmes.

Uma parte de mim ficou feliz com a possiblidade de elas estar falando sério, mas a outra tenta se manter pé no chão para não se iludir e depois acabar machucada. Solto a respiração que nem havia notado que estava prendendo e apenas afirmo com a cabeça.

— Tudo bem. Mas não entendo os ciúmes que talvez ele possa estar. Will e eu somos apenas amigos. — Falo e as três reviram os olhos pra mim, vê se pode um trem desse! Apenas levanto as mãos em rendição. — Vamos descer logo.

Descemos pra sala encontrando todos, menos Leah e Quil. Os pais de Nanda e o pirralho já haviam chegado pro meu total desespero. Lisa estava na cozinha ajudando Emily, enquanto Neil conversava com Sam sentado na mesa que havia ali. As meninas e eu sentamos no canto mais afastado do pirralho.

— Onde está Leah e Quil? — assim que pergunto noto os olhares que os garotos quileutes dão um ao outro.

— Eles estão trabalhando por isso não estão aqui. — Foi Jake que respondeu, mas não acho que seja isso porque depois da minha pergunta notei que todos eles ficaram tensos. Quando ia questionar um pequeno ser de cabelos loiros entra na minha frente, tampando a visão que tinha de Jacob.

— Oi Drica. Agora que não tem mais o idiota do Igor nos atrapalhando, estamos livres para viver nosso amor! — O pirralho fala e eu dou um olhar bem sugestivo pra Nanda se livrar da peste. Escuto as risadas que os garotos soltam.

— Elliot, vem aqui! — Nanda o chama.

— Não, Nanda. Você vai ter que aceitar que Drica e eu nos amamos! — o garoto fala, fazendo uma raiva crescer dentro de mim.

— Quando foi que eu disse que te amava? — Digo e olho em desespero pra Nanda fazer alguma coisa, e ela me repreende com o olhar. Corro os olhos nos garotos que riam vendo o meu desespero para me livrar da peste. Olho pra Embry e ele estava me olhando tentando segurar a risada, tento fazer sinal pra ele me ajudar já que Nanda ainda conseguiu. Volto o olhar pro pestinha já tendo uma ideia em mente. — Quer dizer, é uma pena eu não estar disponível Elliot. Depois do que o Igor me fez eu fiquei tão triste e sozinha, e você estava tão longe que eu acabei me apaixonando por outro.

— O quê? Você está namorando? — Ele me pergunta e todos me encaram curiosos pra saber o que eu estava fazendo.

— Pois é. Estou. — Oh merda, o que eu fazendo mentindo pra uma criança?! Ah, mas é uma criança grudenta, então é justificável.

— Quem é ele? — ele questiona e agora que é todos me olham com aquele olhar de “E aí, quem é ele?”.

Eu apenas olho desesperada em Embry que arregala os olhos quando percebe o que eu vou fazer.

— Embry. — Assim que falo o pestinha e todos ali presente olham pra Embry.

— E-É e-estamos j-juntos. — Ele fala gaguejando e sinto o alivio dentro de mim. Agora o pestinha vai me deixar em paz!

Elliot anda em direção ao Embry parando em sua frente e o encarando.

— É melhor não a fazer sofrer, ou então vai se ver comigo. — Ele fala e Embry tenta manter o rosto sério e não rir igual a todos ali, por um garotinho de onze anos ameaçar um garoto com um metro e oitenta centímetro de altura.

— Pode deixar, jamais a faria sofrer. — Ele fala me olhando com um olhar bem... intenso, e eu apenas desvio o olhar.

— Qual é? Ela põe medo na maioria de nós e está com medo de um garotinho? — Escuto Jared dizer à Paul e para o azar dele ele estava sentado no sofá, onde ao lado na mesinha havia um copo cheio de água. Mexo uma das mãos discretamente e o copo vira o molhando e mexo os dedos dando um pequeno choque nele. — Ai, mas o quê?

As garotas vendo o que eu fiz me olham de forma repreensora e eu apenas reviro os olhos.

— Parabéns se livrou do Elliot, e agora o que vai fazer com ele? — Cléo sussurra pra mim apontando Embry com a cabeça.

— Não sei, confesso que não pensei nessa parte. — Sussurro de volta — Mas acho que ele entendeu que era só pra me livrar do pestinha.

— Ei — Nanda chama minha atenção e eu apenas dou de ombros.

— Sabe que eu falei a verdade, seu irmão é uma peste! — Sussurro pra Nanda, enquanto ela abre e fecha a boca várias vezes tentando achar alguma coisa para questionar e as garotas riem dela e os garotos quileutes riem também como se tivessem escutado. Mas é claro que não podem ter ouvido eles estão do outro lado da sala e eu falei bem baixo.

Mas mesmo assim encaro eles tentando entender do que eles estão rindo. Quando eles percebem que eu estou olhando, eles param de rir imediatamente como se fosse errado eles rirem. Cada dia que passa eu percebo como eles são estranhos!