No domingo acordei depois do horário de almoço. A cabeça doía. A ressaca estava forte. Will já havia levantado, levantei tonta e tomei banho. Vesti qualquer coisa e desci para o salão comunal.

Al, Thai, Scrop e Rose estavam sentados, apreensivos, cochichando baixo.

- O que houve? – perguntei

- Will está na sala da diretora – disse Rose sem pensar, tampando a boca com as mãos. – Desculpe, eu não deveria ter contado e... e... LILY, VOCÊ NÃO PODE IR LÁ!

- Se ele está lá é por minha culpa! – eu disse – E SAÍ, ROSE!

Saí correndo em direção a sala da diretora, o ar estava esfriando e congelava meus pulmões enquanto corria, finalmente as imagens da noite anterior apareciam. Parei em frente ao bagulho lá. Não sabia a senha.

- Gata de óculos – murmurei baixinho, meramente chutando. A coisa moveu-se para o lado.

Subi sem bater e entrei na sala. Ali se encontravam James, Will e Eduardo. Havia uma cadeira vazia do lado oposto em que a diretora se encontrava.

- Hm.. Professora? – pedi permissão, entrando. – posso?

- Já ia mandar que te chamassem, Srta.Potter.

- Lílian – corrigi automaticamente.

- Sente-se, por favor.

Me sentei, Will me olhava com um ar do tipo “como você sabia que eu estava aqui?”. Eu estava nervosa.

- Podem me explicar o que aconteceu? – todos ficaram quietos – Srta. Potter?

- Lílian – corrigi automaticamente de novo, fiz uma força para lembrar o que aconteceu – primeiramente, começou a tocar aquela música trouxa, como é que é... Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego... e aí Eduardo pegou um microfone e disse que era pra mim, só que ele também estava alterado. Porque quando eu comecei a xinga-lo, ele tentou passar a mão em mim. Aí veio Jay e Will. – despejei tudo.

- Contatarei os três pais. Os quatro têm detenção durante a semana inteira. E Sr. Malfoy e Srta. Potter estão proibidos de ir a Hogsmeade nas próximas três visitas.

- MAS PROFESSORA...

- Regras são regras, Potter.

- Não contate nossos pais, professora – pediu Jay prevendo os 3 meses de férias de verão sem vassoura ou direito a ir a festas. – Por favor, não irá acontecer de novo, eu prometo.

- Ok, duas semanas de detenção, portanto.

- Ok – ele saiu.

Me dirigi, lentamente até a porta. Will me esperou e despejou:

- Como sabia que eu estava aqui?

- Rose não sabe mentir ou omitir. – revelei, feliz.

- Eu ainda mato-a. – falou ele.

- Pelo menos passaremos duas semanas juntos. – respondi, enquanto caminhávamos para o salão comunal.

- Obviamente seu pai vai ficar sabendo.

- Ué, por quê?

- Porque saiu no jornal, Lílian. – ele respondeu como se fosse óbvio.

- Fodeu. – falei

- Calma. – ele me abraçou, sentando no corredor, do nada.

- Que horas você levantou?

- Eu nem dormi, Lily, estou de ressaca ainda. Dor de cabeça e tal. Fiquei com você até as nove hoje. Depois saí por aí. Scrop quer me matar...

- Por quê? – perguntei, assustada.

- Porque... – ele engasgou – digamos que eu estava tentando ver se aquele canivete que você usava funcionava, e bem na hora que ele entrou.

- WILLIAN! VOCÊ ESTÁ LOUCO?

- Hipocrisia, Lily – ele me abraçou – não chegou a cortar – ele mostrou o braço, intacto – mas Scrop está enfurecido.

- E não é para menos, né.

- E... Ouvi o seguinte papo hoje, enquanto espera a diretora. Na verdade, Eduardo comentou com James que, se fosse ele, começava a vigiar seus braços.

- O QUE? MAS EU VOU MATAR AQUELE FDP. – comecei a gritar.

- Hey – ele me beijou – calma. James não vai lembrar.

- Vai lembrar sim, ele sempre lembra. WILL, EU ESTOU MORTA! Primeiro toda a história de ir para Hogsmeade, depois, o porre do baile, AGORA MAIS ISSO.

- Mais isso o que, Srtª Potter? – perguntou a diretora, que aparecera do nada.

- Han – hesitei – Nada não diretora, coisa minha. Han... Will, vamos para a biblioteca porque tem trabalho de... POÇÕES. – e saí correndo.

Fomos para a biblioteca.

- Você lembra sobre o que era o trabalho?

- Nem sei se tem trabalho. To pensando como justificar as marcas no braço.

- Se eles descobrirem, não mente. Vai ser pior.

- Tá, papai. – reclamei – vamos para o salão comunal.

E lá fomos nós. Considerando o quão fodidos estávamos em plena segunda semana de aula, nós éramos o casal mais feliz que eu queria conhecer. Riamos de tudo, brigávamos muito raramente, dormíamos juntos todas as noites e ele era o cara mais romântico do mundo...

Os corredores estavam frios. Eu estava gelada, o cabelo ruivo despenteado, os braços a mostra, a garganta irritadiça. Os olhos com olheiras. Will me abraçava pela cintura, e o vi avaliando meus braços.

- Ainda estão assustadoramente abertos, não acha? – ele disse, querendo dizer que eu havia me cortado.

- Não fiz nada, é assim mesmo, demora. – vesti o casaco que estava na cintura.

Ao chegarmos no salão comunal, o grupo estava sentado no mesmo lugar de umas duas horas atrás.

- Desculpe-me Will. Escapou...

- Não tem problema.

- Scropius – chamou Will ao irmão – ainda está furioso?

- O que você acha? Vi meu irmão tentando cometer suicídio, estou muito bem, Willian, nossa. – ele fechou a cara.

As garotas lançaram olhares furtivos para mim e Will, sem entender. Vi que, ali, meu segredo se perdeu. Não seria mais um segredo.

Uma coruja bicou a janela. Era Flink, a coruja de James.

Lily, dizia a carta

Por favor, vá até o lado da porta do salão principal um pouco antes do jantar, preciso conversar sério com você. Você sabe sobre o que é. Leve Alvo junto, é papo de irmão, mas não me importo se Will for junto. Estou de olho.

Beijos, JSWP

Faltava meia hora para o jantar. Mostrei a carta para Will, ele me olhou preocupado.

- Vamos lá, então? – me perguntou.

- Han, vamos. – respondi, nervosa.

- Onde? – perguntou Alvo.

- Falar com James.

- Acho que eu vou ficar por aqui – respondeu Will – não quero me meter, e Thaiana, acho melhor você ficar também...

- Com certeza – ela disse.

Eu saí e segui em um passo lerdo, tremia dos pés a cabeça. O estomago vazio não estava preparado para o que viria a seguir. Eu sabia que ele sabia. E que meu pai e minha mãe saberiam. Eu nunca estaria pronta para isso. Eles não podiam saber, eu ia matar James.

James esperava em um banco. Vi tristeza em seus olhos.

- Oi – ele deu um sorriso amarelo.

- O que houve, Jay? – perguntou Al.

- Não contou para ele, Lily? Quando pretendia nos contar?

- Contar o que?

- O que ela faz.

Eu me mantinha em silêncio. As lagrimas brotando.

- Mostre seu braço, Lily. – eles disseram – MOSTRE!

Usei o raciocínio lógico, como havia colocado o casaco, puxei a manga do pulso direito, este estava intacto. Me senti muito foda, por mais ou menos cinco segundos.

- O outro – Jay apontava a varinha para ele.

- Vai me dizer que Lily tem a marca negra e é uma comensal, James? – Alvo riu, me fez descontrair, mas sabia que, quando ele visse... Eu estaria morta.

Puxei a outra manga. James chorou. Alvo ficou em estado de choque e eu congelei. Estava morta, eu mesma havia mostrado. Meu pai ia me matar.