Uma Gaga em Nossas Vidas

1x01 The new - and very crazy! - vampire


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Capítulo 1 – The new – and very crazy! – vampire

Bella Cullen

- Vamos, Bells? – perguntou Edward, enquanto girava a chave do Volvo em seu indicador. Por mais incrível que parecesse, eu estava sonhando acordada. Vampiros não dormem, nem sonham... mas em compensação, são tantos devaneios...

- Ah, sim, Edward – disse, assentindo. – Charlie pode gostar o quanto quiser da companhia de Nessie, mas eu ainda sou a sua mãe – disse, tendo uma típica crise de ciúmes. Edward ria baixo quando eu tinha essas crises; ficava mais vulnerável a me estressar. E, pois é, Jacob tinha me traumatizado – me tornei uma mãe muito possessiva.

Sentei-me no banco de carona, enquanto Edward dava marcha no carro e retirava-o da ampla garagem de cada. Surpreendi-me de novo com essa capacidade que os... nós, vampiros, temos de ficar tanto tempo sem pronunciar alguma palavra. E, sinceramente, aquele silêncio todo era uma chatice! Mas, antes ficar quieta do que falar besteira, como Rose sempre me diz.

E, mesmo não falando, o tempo para nós passa muito devagar – o que torna o clima mais chato ainda. São tantas observações... e nenhuma reflexão compartilhada. Será que melodramatismo é coisa de vampiro?

Algumas gotas de chuva começaram a escorrer pelo pára-brisa, mesmo que ainda minúsculas; percebi o movimento delas pela placa de vidro: listras verticais e paralelas. Soltei um risinho sem humor; eu estava notando coisas muito bizarras. Bem, o que mais faz parte de minha lista... as árvores. Uma vez vi na televisão algo muito bizarro; um questionamento. Se, quando estávamos num carro, passando por uma estrada, e as árvores do acostamento pareciam passar rápido, como se estivessem em movimento, éramos nós ou as árvores que corriam. Pff, lógico que nós que estávamos correndo! Fitei um pouco o painel de controle do carro; velocidade: 225 quilômetros por hora. Lembro de Edward estar a essa velocidade quando me salvou daquela gangue... será que vampiros sofriam acidentes de carro? Acho que não; apesar da alta velocidade, eles... nós dirigíamos muito perfeitamente. Bem, mas se sofrêssemos e o carro explodisse, será que morreríamos? Espero que não seja preciso descobrir essa resposta do jeito prático.

- Bells, chegamos. Planeta Terra chamando, Edward na escuta – pois é, os vampiros realmente se distraem com faclilidade. E... ops! Mais uma vez, perdida em devaneios! Não pude deixar de rir com o bobo comentário de Edward. Em um segundo, Edward estava à minha frente, abrindo a porta do carro.

Nessie correu para meus braços, enquanto ergui minha pequena no ar. Charlie caminhava logo atrás dela, com cara de quem também precisava de um colo.

- Ah, Bells... Não me diga que veio buscá-la. – disse Charlie, com cara de cão sem dono. – Quase não deu pra aproveitar a netinha linda que eu tenho! – disse, afagando os cachos de Ness.

- Não se preocupe, pai... – disse eu. – Ainda há uma eternidade para isso. – ele acariciou meu rosto, sentindo minha pálida, fria e dura pele; estava em devaneios. Então herança genética era a explicação para meus devaneios.

Edward aproximou-se para cumprimentar Charlie. Ouvi ele sussurrar, para Edward, algo como... “Cuide bem de minhas garotas!”. Edward riu baixo e respondeu algo como... “Pode deixar. Elas são minha vida”. Charlie sorriu – o que eu nunca vi ele fazendo para Edward, entramos no Volvo. Acenei para Charlie enquanto o veículo se distanciava de sua casa.

- Foi tão legal! Quero muito voltar pra cá – dizia Nessie. Edward e eu nos entreolhamos e sorrimos. Estava tão feliz; Charlie tratava Ness como a filha que ele perdeu – não, a filha que, finalmente, se achou; achou seu lugar no mundo.

De repente, surgiu um carro ao horizonte. Mais parecia uma limusine. Estranho, Edward pisou fundo no freio e puxou com toda a força o freio de mão. Edward trincava os dentes como eu nunca o havia visto. O freio de mão foi arremessado para trás – quase atingindo Nessie.

- Edward! – reclamei. Ele tentava desviar o carro da limusine – que estava cada vez mais próxima. O Volvo girou na estrada, provocando sustos em Nessie e em mim. Ela se abraçou ao banco do passageiro – o qual eu estava. – Calma, Ness, fica calma – dizia eu, entre os gritos dela.

Enfim, os carros se chocaram na pista; a dianteira de ambos estorou – acho que algum curto circuito nos farois ou algo assim. Os carros empinaram e rolaram para o acostamente – mas o fato de estarmos em terreno plano facilitou as coisas. Eu defintivamente não queria saber o que acontecia com um vampiro num acidente de carro – não queria presenciar nem aprender na prática. O Volvo capotou; abracei Nessie, para que não acontecesse nada com ela com o impacto do carro contra uma árvore próxima. Mas antes desse impacto, eu já me sentia livre daquilo; Edward já havia nos retirado do carro.

- Meu bebê! – gritava Edward, ajoelhado ante ao Volvo destuído, levando as mãos à cabeça. – Como isso pôde acontecer?! – eu sabia que andar a 225 quilômetros por hora não era coisa boa.

- Calminha, pai... – disse Nessie, aproximando-se de Edward e pondo a mão sobre seu ombro. – Eu tô aqui, e muito bem por sinal.

- Hein? – perguntou Edward, se fazendo de desentendido. – Eu tô falando do meu Volvo! – disse Edward, manhoso. Bufei e levei as mãos à testa; Ness ficou vermelha – de raiva provavelmente, maa fazer o que... era pai dela... – Meu Volvinho...

- Mãe... – disse Nessie, caminhando paralelamente e opostamente a mim. Pôs a mão em meu ombro. – Porque você casou com esse traste?

- Quieta, Nessie! – disse eu, evitando que Edward escutasse algo. – Que linguajar é esse com seu pai? Ainda mais num momento desse! – ralhei.

- Hunf... Culpa da Tia Rose, ela diz direto que os homens dessa família são uns trastes, o Jasper não comparece, o Tio Emm não tem cérebro, o Vovô é bonzinho demais e o papai é... um traste. – revirei os olhos, acobertando Nessie. Rose... depois eu cuido desse demônio que Ness chama de tia.

- E então, Edward? Não vai ver se tem alguém vivo naquele carro? – perguntei, de olhos arregalados. – Acho que ouvi uns gemidos estranhos vindo do carro.

- Tipo a Ke$ha? – perguntou Nessie. Ignorei-a. Essa garota tava ficando cada vez mais ignorante – não quero ver minha filha tingindo o cabelo de loiro e destruindo casas com Jacob.

- Edward, e melhor ir ver quem é. Não podemos deixar alguém morrer por causa de alguma imprudência sua no trânsito. – Edward parou de fazer mimimi e se levantou, rumando a limusine.

- E eu não dirigi mal! Foi essa limusine que MATOU o meu BEBÊ! – disse Edward. Aff, sério, pensei que o emo da família fosse o Jasper!

Edward arrombou a porta – e nós – Nessie e eu – ficamos boquiabertas. Mesmo que não muito surpreendidas com a força de Edward. De lá ele retirou um corpo pálido, imerso em sangue, um cabelo loiro muito estranho, pior que o de miojo do Jasper. Maquiagem barata, roupas... um tanto exóticas, devia ser alguma cheiradora de pó vagabundo.

- Oh My God?!– dissemos Nessie e eu em coro. – Lady GaGa?! – tomei um susto. Aquela era A ESTRANHA, A EXÓTICA, A EXTRAVAGANTE, A EXTRATERRESTE (sim, este último também é verdade.

- Lady GaGa? – perguntou Edward, fitando a mulher de posição estranha. – O que é uma Lady GaGa? Ou quem é? Aonde é...? – se perguntava Edward. Sem palavras, Nessie apontava para o... cadáver? – Isso... ãh... – dizia Edward, com nojo. – É uma... Lady GaGa? – perguntou Edward, erguendo uma sobrancelha.

- Não é uma Lady GaGa, é a Lady GaGa! – disse Nessie, indignada. – Pai, essa mulher é muito foda, muito louca, meu, eu rio horrores com as barbaridades que essa mulher faz! – correção: hermafrodita.

- Correção: hermafrodita – pronunciei em voz alta. Ness bufou e cruzou os braços. Edward fez uma expressão de nojo e largou a... o... a coisa no chão. Começou a soprar as mãos e correr em círculos.

- HERMAFRODITA! Sai de mim! – se eu realmente não conhecesse Edward como eu conheço, diria que ele é gay. Total. Renesmee me encarou. – A gente tem que queimar essa Lady GaGa! Antes que ela se transforme em algum ser das sombras ou algo parecido. – ótimo, o vampiro tava delirando, PQP.

- Pai! Essa é a Lady GaGa! Ela é uma das maiores divas, divos ou seja lá o que for da atualidade! Ela é mara, você não pode deixar ela morrer! – mara? Acho que eu já vi isso em algum seriado brasileiro muito louco – sim, tem Globo International em casa, Esme adora novelas do mundo todo. – Ela tem que virar vampira, e você vai morder ela e dar o ar da graça. – Edward arregalou os olhos, com a língua pra fora.

- Edward, morde logo ela, nem acredito que a Lady GaGa vai ser uma Cullen! – sim, eu tenho meu lado fã de Lady GaGa – sim, sou estranha né, fazer o que... – Vai, Edward!

- Nã-não, e-eu não tenho auto-o c-contr-role sufic-c-ciente... – hoje eu descobri que vampiros também gaguejam. Que lixo! Fiz um sinal negativo com a cabeça e comecei a empurrá-lo até onde estava a diva! – Mas, Be-bells... E se ela... Ac-cordar su-uper forte e que-erer me estuprar? Se sentir atrá-aida por mi-mim...

- Edward, se ela acordar com esse desejo, ela vai acordar morta. – disse. Meu Deus, eu tava ficando – e muito – louca. – Agora morde logo esse pescoço! – disse, estressada.

- Posso... morder a unha? – Edward estava ficando frouxo – fato. Ou então, estava com muito medo de ser estuprado pela GaGa. Estranho...

- Deixa de ser frouxo e morde logo esse pulso, Edward! – disse eu, erguendo o pulso da moribunda. Ele parecia nauseado e com muito nojo. Ele deu uma mordida e saiu correndo, saltitando feito uma borboletinha. Nessie não se conteve e riu, mas eu não consegui rir daquela coisa ridícula! Eu me sentia envergonhada! Se alguém tivesse passado por lá, já era! Não iriam ficar assustados com o Edward Vampiro, e sim, o Edward Bichona! – Terminou seu... “ataque purpurinado”, Ediota? – perguntei, erguendo uma sobrancelha.

- Ótimo, agora que terminamos com isso, vamos deixar o corpo aí e vamos embora! Meu pobre Volvo... – bufei. Por mim, estava de boa. Nessie fez uma carinha de Gato de Botas do Shrek e se aproximou de Edward. Tomara que ela não peça o que eu estou pensando, eu não quero meu marido tendo ataques purpurinados pelo resto da vi... existência! – o que é pior que ataques purpurinados por uma vida.

- Papaizinho querido do meu coraçãozinho... – manhava Nessie. Ah, não! Não peça NADA! – Posso te pedir uma coisinha? – ele ergueu uma sobrancelha e eu fechei minha cara com minhas duas mãos. – Posso ficar com a GaGa? – tá, Edward ficou em estado de choque. Meu Deus, eu não tinha visto NADA igual desde que ele soube da suspeita de eu estar grávida de Ness – e sinto cada vez mais que deveria ter tirado essa monstrinha.

Preciso dizer o que aconteceu depois? Bem, eu pus a GaGa em meu colo e pus uma coleira em Edward – a coleira de Jake, que Edward obrigava Nessie a fazer Jake usar durante os passeios – e pendurei-a na minha cintura. Sim, Edward foi arrastado. Eu não tenho quatro braços!

~*~

Nessie abriu a porta para mim. Adentrei a sala – na qual Alice, Emmett e Rosalie estavam assistindo um filme. Claro que eu me tornei o centro das atenções quando apareci arrastando o Edward.

- LADY GAGA?! – exclamaram todos juntos. Pois é, né; esse era o verdadeiro centro das atenções – Edward poderia ter queimado que aqueles desnaturados ainda estariam fitando a... mulher. Infelizmente era ela. Vida de merda, vou te contar. Carlisle, ao me ver, no alto da escada, correu pra ver o que aconteceu com Edward. Meu Deus, em um minuto, a casa mais silenciosa do mundo se tornou a casa mais barulhenta! Que zona é essa?!

- Calma, gente, eu já vou explicar tudo... – disse, monótona. – É O 2012 ACONTECENDO! SALVEM-SE TODOS! – gritei, histérica, provocando alvoroço. – EDWARD É UMA BICHONA, NESSIE TÁ VIRANDO UMA ROSE JÚNIOR E LADY GAGA TÁ SE TRANSFORMANDO EM MEUS BRAÇOS! – gritei, sério, se eu fosse capaz, já teria desmaiado. Tá um baita de um clima ruim! Quando eu parei de falar, todos pararam, e iniciaram-se os comentários, eu mereço!

- Eu S-A-B-I-A que o Edward dava ré no kibe! – preciso do Emmett que disse essa merda? Pois bem, foi ele. Mostrei o meu dedo pra ele – e eu acho que meu dedo do meio aumentou dois centímetros com a transformação. Aposto... Ops! Tempo demais com o Emmett!

- Rose Júnior?! – gritou Jasper, parecendo outra bichona. Já sabia de onde vinham as péssimas influências gays do Edward. Ele tava com uma cara de “tem creme de pepino estragado no meu rosto”.

- Se transformando? A Lady GaGa? Pensei que tava tendo um ataque epilético – bufou Rose. Ataque epilético o caralho... Eita, se ela não me ajudasse tanto com a Nessie, eu pulava no pescoço dela. E... Ela tava lixando unha. Sei que é estranho, mas ela lixa unha 24 horas por dia, sendo que a unha dela não se lixa, e nem cresce.

- Bella, o Edward está em estado de choque? – perguntou Carlisle. Assenti. Ele recolheu a coleira e Emmett ajudou-o a arrastar Edward. Esme correu atrás, aflita.

- Beells... – aproximou-se Alice, acanhada. – Posso conferir se a GaGa é mesmo hermafrodita? – perguntou ela com seu olharzinho e seu sorrisinho próprios.

- Não! Que indecência é essa, Alice? – disse eu, tentando fugir do efeito do rostinho de anjo de Alice. – Você não vai revistar os Países Baixos da Lady GaGa! – disse, rígida.

- Hunf... Eu não queria mesmo! – disse Alice, virando a cara. – E que péssimo gosto você tem, prefiro a Beyoncé, né Rose? – Alice aproximou-se de Rose.

- Ah, sim, eu também prefiro, aliás, amo a Mariah, a Alicia... Só odeio a Shakira porque ela é loira e a bunda dela é quase maior que a minha! – sussurrava Rose – mas eu entendia perfeitamente. – Mas como Bella é estranha, não me surpreende que goste de coisas estranhas como essa loira estranha... Ela então... Não tem comparação comigo! – ria Rose, de Lady GaGa.

Oh My God! A defunta tava se debatendo no meu colo e eu nem tinha dado conta! Bem... Rose estava certa, aquela mulher parecia estar tendo um ataque epilético. E o mais estranho é que o sangue dela cheirava pessimamente! O que essa garota tem nas veias? Soda cáustica, urina, ferrugem, sal...? Até o sangue dela era de péssima qualidade! Deve ser efeito daquela tintura toda que ela usa no corpo! E... Mesmo antes do acidente, ela já usava essa maquiagem de defunta! Eu vi aquele clipe dela, meu Deus, os olhos dela corroeram! Será que era lixo tóxico? Será que Edward tava certo e todas as hermafroditas eram assim? Agora, sim, eu realmente estava com medo.

Joguei ela na mesa de jantar – Esme não vai gostar nada disso – e ela começou a me agarrar, me puxar para a mesa. Oh My God! Uma hermafrodita inconsciente vai me estuprar! Que jeito horrível de morrer! Ainda bem que minha força de recém-criada – apesar de menor – ainda estava em alta. Venci uma queda de braço com o Emmett há um mês atrás, só que... Ele não tem, mas ela tem a força de recém-criada!

Não foi preciso muito esforço pra me livrar de GaGa – mentira DESCARADA, ela quase fez o trabalho que Edward não faz há um tempinho ali mesmo, na cozinha! –, mas a partir daí, eu fiquei bem longe dela. Esme entrou na cozinha, naquele momento. Sua face expressava um susto.

- Bella! Você tá abusando de uma mulher em cima da minha mesa de jantar, só porque seu marido tá com problemas psicológicos? – bem, a seca eu não podia negar, mas eu não ia suprir minhas necessidades com aquela hermafrodita.

- Calma Esme! Sua imaginação é fértil, hein? – brinquei, mas ela ainda parecia assustada. – Não estou trocando Edward, eu o amo, e nunca que eu transaria com isso, mesmo que eu seja super fã dela. E... bem, estamos sim, na seca, mas isso não importa... – pelo visto, não importava o ato, e sim onde ele estava sendo realizado: a mesa de jantar que Esme me impedira de dilacerar durante minha queda de braço com Emmett; bem, agora ela estava suja de sangue – dos ruins – e sua louça estava quebrada.

- Oh, Bella, minha pobre loucinha e minha mesinha de jacarandá, agora tá manchada de sangue, minha toalha já era e eu tenho que recolher todos esses caquinhos da minha louça, minha porcelana da Rainha Elisabeth I, que eu adorava tanto... – às vezes, minha sogrinha ficava parecendo o que ela era: uma sogra.

- Desculpa, Esme... eu tô muito estressada... Edward delirando, Rose implicando, Emmett falando merda, Jasper agindo muito estranhamente, Alice armando pra cima da defunta e... Tem uma diva pop se transformando nos meus braços! – desabafei. Sério, aquela última hora deixara muitas coisas entaladas em minha garganta.

- Querida... – Esme alisou meus cabelos e afastou-os de minha face. – A eternidade não é tão fácil quanto você imagina... São muitos obstáculos, mas tenho de admitir que, após sua chegada, essa casa se tornou um ímã para a confusão! – dizia ela, recolhendo cacos de vidro e jogando na pia, e jogando alguns tecidos manchados num cesto de roupas sujas. Puxa, ela sempre tão boazinha falando isso para mim, na cara dura?! Né, mas eu sabia que eu era esse ímã, e não podia negar. – Bella, tire essa... mulher – ela também ainda estranhava – de cima de minha mesa de jantar... – ela empurrou GaGa e ela caiu no chão, bruscamente. Levei um susto, será que ela se machucou? Tanto faz, né... O corpo dela já tava todo fudido... Nem foi preciso muito pra hermafrodita se agarrar no meu pé. Meu Deus, será que todas as criaturas estranhas têm uma tara por mim? – Muito obrigada, Bella – disse ela, sorrindo.

- De nada, Esme... De nada... – sussurrei, monótona; ela me ouviu. Por trás da porta da cozinha, ouvia Emmett, Rosalie, Alice e Jasper, conversando, e ouvindo minha conversa com Esme. Aff!

- Aposto cem dólares que a Lady GaGa é hermafrodita, e o Edward vai pegar ela! – apostava Emmett. Ah, as desvantagens de se ter um irmão urso é que o cérebro dele é relativamente menor que o cérebro dos demais.

- Aposto trezentos dólares e uma mecha do meu cabelo que a Lady GaGa é hermafrodita e que ela vai arrombar o Edward! – apostava Rose. Ugh, vadia loira! – agora eu tinha permissão para chamá-la assim. Cabelo? Que inútil – por mais que sejam os fios de ouro de Rosalie.

- Aposto quinhentos e um cartão de crédito que a Lady GaGa é hermafrodita, vai arrombar e matar o Edward e depois vai pegar a Bells! – Alice?! Ah, baixinha, até você! Que droga, ah, se eu pego ela...

- Aposto oitocentos e meus discos do Simple Plan, My Chemical Romance e Green Day que a GaGa vai pegar a Bella pra valer! – ele ria; hunf, sempre que podia, aproveitava uma chance de não ser o “cara que não comparece”.

- Aposto minha louça da Elizabeth e minha mesa de jantar que ela é mulher e que vai trazer muita confusão pra essa casa... – disse uma quinta voz, que não estava ali no meio, e sim atrás de mim. Esme. Ri baixo.

- Tá, podem parar com essas apostas, eu não vou pegar ninguém, não tem nenhuma hermafrodita aqui e Edward... não vai ser arrombado... – disse, envergonhada. Se pudesse corar, teria corado.

- Bellinha! É muito feio ouvir por trás das portas! – aff, e o que o senhor tava fazendo, hein senhor Emmett?! – A senhora não tem nem um ano e já tá aprontando! – Rose e Alice riam discretamente, enquanto eu bufava. Senhora?! Faça-me o favor!

- E a loi... – ela olhou para baixo, e todos desviaram seus olhares. – ra... – completou, boquiaberta. Levantei seu queixo, fechando sua boca. – Credo, essa coisa é tarada! Mesmo inconsciente... ela tá transando com seu pé... – ela se rebatia, se mexia e fazia movimentos estranhos.

- Pois é! – afirmei. Passei, entre eles, com a garota estranha agarrada em meu pé. Eu parecia o mais natural possível, enquanto as faces dos outros se contorciam em olhos arregalados, e lábios moldados em surpresa.

~*~

- Bells? – Jake dispersou-me de meus devaneios; uma movimentação entre as moitas e aparece ele, com seu jeans surrado. Correu até mim. – Bells, que bicho, é esse grudado no seu pé, se rebatendo?! Quer que eu mate? – ele fez alguma posição de kung fu, acho que a da Tigresa. Hunf, mais um purpurinado na casa eu não ia aguentar.

- É mais fácil ela te matar... – disse, monótona. Ele mexeu na defunta com a ponta dos pés. – Jake, Edward atropelou a Lady GaGa e agora ela tá se contorcendo nos meus braços pra se transformar... – disse, tremendamente animada (sarcasmo).

- LADY GAGA?! – perguntou Jake, animado. – P-P-P-POKER-P-P-P-POKER FACE! – ele imitava as coreografias do clipe exatamente corretas, assim como a voz. OMG, uma loba em nossa família! Era só o que faltava! – Eu amo essa mulher! Apesar de ser mais a lobinha da Shakira... – os olhos dele brilharam ao falar o nome da loira “com bunda quase tão grande quanto a da Rose” – que nós sabemos que, na verdade, é maior que a da Rose.

- Hey, olha o respeito! – disse, dando um tapa na cabeça dele. – Nessie convenceu Edward a trazê-la para cá, e ele tá tendo uns ataques nervosos – ele riu, e eu o fuzilei com os olhos. – E agora todo o pessoal tá neurótica, e a gente mesmo não sabe como e o que a própria Lady GaGa vai fazer.

- Edward não tá dando conta do recado? Interessante... – bufei e revirei os olhos com o comentário. – Nessie até que tem bom gosto e... oh, Bella! Como você tá fedendo! Eu não sabia que vampiros soltavam...

- Não é nada disso, Jacob! Esse é o cheiro dessa criatura – apontei para a mulher que dormia sobre meu pé – que estaria adormecido, se ainda pulsasse sangue. – Sei lá, vai ver que é o cheiro que as hermafroditas têm...

- ELA NÃO É HERMAFRODITA! Não acredito que você disse isso pra minha GaGuinha! – esperneou ele. Esme estava certa – essa mulher nem acordou e já tá causando confusão. – GaGuinha, ela não disse isso de propósito, viu? – ele falava... COM A DEFUNTA. – E você! – ele apontou para mim. – Nunca mais levante a voz com ela! – ele acariciava... A DEFUNTA.

Revirei os olhos e deixei GaGa ali na varanda; ela e Jake que se entendam, eu preciso é tomar um porre e passar três dias na gandaia, pra me tocar no que a minha vida tá se transformando. “E então, GaGuinha, me conta? Como você teve a ideia de Poker Face? Num sonho? É mesmo?” – Jacob tava... PQP, mano, para mundo que eu quero descer! Tinha que ser Jake, agora os vampiros são a vida dele...

~*~

- E então, Carlisle? Edward vai ficar bem? – perguntei, bastante preocupada ao ver o meu marido deitado numa maca de psiquiatria. – Ele... tá em estado de choque e ele vai voltar... normal?

- Bem... – Carlisle tirou o estetoscópio dos ouvidos e terminou algumas anotações em sua prancheta. – Edward está em estado de choque, talvez até mais grave que o de quando ele descobriu sua gravidez. Digamos que ele terá constantes mudanças de humor, certas alterações de humor... e frequentes ataques... – ele não encontrava o nome para aqueles ataques.

- Purpurinados... – completei, em voz baixa; ele me ouviu. – E quanto à GaGa, o que eu faço? – perguntei, afinal, eu tinha me tornado o homem da casa.

- Onde ela está? Seria melhor avaliá-la, ela não parece ser comum pelo que me fora relatado. Sangue não atrativo, possível... hermafrodita? – assenti à pergunta. – E... muitos sangramentos... – ele anotava mais.

- Carlisle, ela tá conversando com Jake. – disse eu. Ele franziu a testa. – Não, ela ainda não acordou... ele que tá obcecado por ela... – disse, trincando os dentes. Carlisle riu, baixo.

- Pode trazê-la aqui? – perguntou Carlisle. Neste momento, Jacob entrou pela porta, carregando GaGa em seus braços.

- Jake! É muito feio ouvir conversas atrás da porta! – ralhei, como se ele fosse uma criança. Sorrimos, com humor. – Bem... A DEFUNTA... tá aí, né... – fiz um sinal indicando o cadáver de GaGa.

- Puxa, que cheiro! – ri e Jake revirou os olhos. – É melhor deixá-la sobre a maca hospitalar do segundo andar. – completou Carlisle. Jake fez questão de de carregá-la em seu colo. Atrás da porta, encontramos Alice.

- E então, ela é ou não é? – perguntou Alice, curiosa. Carlisle e eu nos entreolhamos; seguimos para o segundo andar, deixando Edward sobre aquela maca psiquiátrica; era deprimente ver ele naquele lastimável estado, apesar de eu estar muito confusa pelo que anda acontecendo.

Subimos as escadas com Alice nas pontas dos pés, Jacob se exibindo com uma diva pop nos braços, Carlisle anotando naquela maldita prancheta, e eu – extremamente preocupada e confusa, pelo estrago que fizera a menos de um ano naquela família.

Logo isso despertou Esme – que subia enquanto secava alguns talheres –, Emmett – que jogava videogames... Nem vou comentar sobre isso! –, Rose – que pintava as unhas... Meu Deus, o que essa mulher tanto faz com as unhas?! –, e Jasper, que estava com um disco do Simple Plan nas mãos... Não vou dizer nada... porque eu também escuto... – MAS NÃO SOU EMO! NEM DEPRESSIVA – aliás, animada demais.

Deu até dó de ver a mulher (hermafrodita ?) se contorcendo naquele estado, na mesma mesa em que eu me contorcera há uns tempos aí. Dolorosas lembranças... e então, uma leve melancolia me veio à cabeça; como seria a vida dela? Será que ela estava feliz antes de morrer, ou a vida dela estava um lixo? E como ela reagirá? Como Rose, como se sua vida tivesse sido tirada? Ou como Alice: apenas um fato... Esse é o grande mistério.

Aquela mulher atraía olhares de todos nós; não tirávamos os olhos de seu corpo, de seu comportamento. Carlisle levantou a pálpebra esquerda dela, com cuidado; dava para ver o vermelho do veneno e do sangue sendo injetados em seus olhos castanhos. Castanhos chocolate. Uma rápida ternura invadiu meu corpo; Carlisle voltou a fechar os olhos dela.

Repentinamente, um baque profundo atingiu nossos ouvidos; o único que não pareceu abalado foi Carlisle. Já eu, parecia a mais abalada – lê-se assustada –. O comportamento dela se reverteu a uma só posição; ela estava dieitada, como se estivesse dormindo. Cortes e machucados não estavam sinalizados em sua pele; já haviam cicatrizado. Carlisle sentiu a pele de sua palma, e não pareceu ter nenhuma reação adversa; enfim, seus olhos se abriram. Transformação l-i-t-e-r-a-l-m-e-n-t-e rápida. Seus olhos nos encaravam; olhos de vermelho vivo, brilhante e sorridente.

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